Securitização: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Dexbot (discussão | contribs)
m Removing Link GA template (handled by wikidata)
Linha 9:
Essa prática se aplica tanto a empresas como a estados. No início dos [[anos 1990]], o governo brasileiro deu início a um processo de reestruturação da dívida pública através de securitização. A proposta do [[Plano Brady]], consistia na troca dos empréstimos anteriores por novos títulos, que poderiam ser negociados posteriormente no mercado, com alongamento dos prazos e redução do [[serviço da dívida]]. Assim, débitos oriundos de dívidas assumidas pelos estados e por empresas estatais brasileiras foram repactuados e transformados em [[títulos públicos]] emitidos para os credores originais.<ref>Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional.[http://www.tesouro.fazenda.gov.br/divida_publica/livro_divida.asp ''Dívida Pública: A Experiência brasileira'']. Ver especialmente [http://www.tesouro.fazenda.gov.br/divida_publica/downloads/Parte%201_2.pdf Parte 1 - Capítulo 2. "História da dívida pública no Brasil: de 1964 até os dias atuais"], por Guilherme Binato Villela Pedras.</ref>
 
==Origem histórica da Securitizaçãosecuritização==
Em fevereiro de 1970, o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos Estados Unidos criou a primeira transação envolvendo um [[ativo financeiro]] lastreado em [[hipoteca]]s. A Associação Nacional da Hipoteca do Governo dos EEUU (''Government National Mortgage Association'', GNMA, mais conhecida como ''Ginnie Mae'') começou então a vender ativos lastreados por uma carteira de empréstimos hipotecários.<ref name="germansecur">"Asset-Backed securities in Germany: the sale and securitization of loans by German credit institutions". ''Deutsche Bundesbank Monthly Report'', julho de 1997.</ref>Créditos habitacionais transformavam-se assim em [[Valor mobiliário|títulos]], que passavam a ser negociados nos [[mercado financeiro|mercados financeiro]] e de [[mercado de capitais|capitais]].<ref>CIBRASEC Companhia Brasileira de Securitização. [http://www.cibrasec.com.br/duvidas.html O que é securitização de créditos imobiliários?]</ref>
Entre 1950 e 1970, o [[aumento demográfico]] aumentou a necessidade de concessão de [[crédito à habitação]], principalmente nos [[subúrbios]] dos [[Estados Unidos]].
 
A par de uma redução do capital dos bancos financiadores desses créditos, a solução para responder à crescente necessidade de possíveis [[mutuários]] passou pela securitização de [[ativos imobiliários]].
Em 1985, as técnicas de securitização, originalmente desenvolvidas para o mercado de hipotecas, foram aplicadas, pela primeira vez, a créditos não hipotecários, a saber, os contratos de empréstimos para aquisição de automóveis, os quais viriam a lastrear o segundo maior fundo em volume de ativos (superado apenas pelos fundos lastreados em hipotecas), que se tornou um atraente produto das chamadas [[finanças estruturadas]], sobretudo por ter um prazo de vencimento consideravelmente mais curto que o das hipotecas.<ref name="assetsecur">"Asset Securitization Comptroller's Handbook", Comptroller of the Currency Administrator of National Banks, 1997.</ref> A primeira operação de securitização de empréstimos para compra de automóveis, no valor de 60 milhões de dólares, teve origem no Marine Midland Bank e foi realizada em 1985 pela ''Certificate for Automobile Receivables Trust'' (CARS, 1985-1).<ref name="house">Asset securitization and secondary markets : hearings before the Subcommittee on Policy Research and Insurance of the Committee on Banking, Finance, and Urban Affairs. House of Representatives. One Hundred Second Congress, first session.[http://babel.hathitrust.org/cgi/pt?id=pst.000019260860 "Hearing before the U.S. House subcommittee on Policy Research and Insurance in "Asset Securitization and Secondary Markets"] (31 de julho de 1991), p. 13</ref>
Posteriormente, na [[década de 80]] a atividade se espalhou para outros produtos, passando a operar, além dos ativos imobiliários, ativos de alienações fiduciárias de veículos. Mas foi nas décadas de 90 e 2000 que a securitização evoluiu e atingiu novos mercados, passando a atuar juntamente ao comércio, à indústria, às operadoras de cartões de crédito.
 
No inicio da primeira década de 2000, enquanto o mercado de securitização crescia, os bancos estavam confiantes que poderiam vender hipotecas dos seus balanços facilmente. Esta redução de risco diminuía os padrões de empréstimo, onde os bancos chegavam mesmo a emprestar a mutuários sem qualquer credibilidade financeira, os tais apelidados de NINJA, que eram pessoas sem rendimento, sem emprego e sem ativos (NINJA = No Income, No Jobs and Assets). Esta nova conduta estaria na base da [[Crise econômica de 2008-2009]].
Em 1986, ocorre a primeira venda de títulos envolvendo contratos de cartões de crédito, com o lançamento de um fundo de 50 milhões de dólares, lastreado em empréstimos obtidos através de cartões de crédito. Os rendimentos oferecidos eram suficientemente altos, compensando a perdas esperadas e os custos administrativos bem superiores aos do mercado hipotecário. <ref name="assetsecur"/>
 
Nos [[anos 1990]], a securitização foi aplicada ao mercado de [[seguro]]s e [[resseguro]]s, alcançando um volume de aproximadamente 15.000 milhões de dólares em emissões, no ano de 2006, quando ocorreu uma "ruptura de mercado", em consequência do [[furacão Katrina]], nos Estados Unidos.
 
No início da [[década de 2000]], o mercado de securitização expandiu-se ainda mais, enquanto os bancos, animados com as possibilidades de expansão aparentemente ilimitadas do mercado de títulos lastreados em [[hipoteca]]s, inflavam esse mercado ao reduzir gradativamente suas exigências para a concessão de empréstimo até o ponto de conceder crédito aos chamados "ninja" (do inglês '''''n'''o '''i'''ncome, '''n'''o '''J'''obs, no '''a'''ssets''), isto é, a pessoas que não tinham renda comprovada, nem emprego, nem ativos que pudessem ser dados como garantia do empréstimo. Esses créditos de [[Cálculo de risco| alto risco]] estariam na origem da [[crise do subprime]] de 2007-2008, que marca o início da [[Grande Recessão]].
 
Como consequência da contração de crédito precipitada pela [[crise das hipotecas subprime]], o mercado de títulos respaldados por empréstimos securitizados caiu de modo significativo. As taxas de juros subiram, desde então, para os empréstimos securitizados de ativos tais como [[hipoteca]]s, crédito estudantil e financiamento para aquisição de veículos.<ref>[http://www.nytimes.com/2008/08/13/business/worldbusiness/13credit.html "Mechanism for Credit Is Still Stuck"]. Por Vikas Bajaj. ''[[The New York Times]]'', 12 de agosto de 2008.</ref>
 
==Vantagens e Desvantagens==