Contact (romance): diferenças entre revisões

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Tanto o livro escrito por Sagan em 1985 como o filme adaptado por Zemeckis em 1997 têm em comum a discussão entre razão e fé, e o filme é razoavelmente fiel à idéia principal do livro. A idéia é a de que a ciência e a razão também podem ser meios através dos quais uma pessoa pode experimentar uma fascinação sobre o Universo que as pessoas geralmente associam exclusivamente à religião e à fé. A forma como essa idéia é tratada porém é a principal diferença entre os dois: no filme, se podemos ter certeza de um contato, ele não foi com os extraterrestres mas sim com este senso de fascinação que leva a personagem central a acreditar em um plano maior no Universo. No livro, nós não só temos certeza de que houve um contato com uma civilização extraterrestre mas, surpresa, entramos em contato direto com Deus - sobre esse contato porém é melhor falar um pouco depois.
 
[[Imagem:Wormhole.jpg|thumb|right|150px350px|'''A máquina''']]
O filme pode ser entendido como uma versão toda própria: ao discutir o ceticismo e a crença, nós somos levados ao final a questionar por nós mesmos se acreditamos que houve ou não um contato com alienígenas. O personagem Sol Hadden, o multibilionário e gênio excêntrico, pode ter pregado a maior peça de todos os tempos na humanidade, lançando um satélite secreto que transmite uma mensagem à Terra como se a fonte fosse Vega. Nessa mensagem, Hadden codifica as instruções para construção de uma máquina complexa que parece ser um meio de transporte, mas que ao invés disso simplesmente induz alucinações no único ocupante. As coisas podem ter ocorrido assim, por outro lado os alienígenas sugerem a Ellie Arroway que talvez esta incerteza sobre o contato seja em si uma forma de preparação para um contato mais aberto no futuro. Esta versão cinematográfica é elegante e um raro exemplo de inteligência em Hollywood, ecoando a brincadeira de Orson Welles quando transmitiu uma dramatização de 'A Guerra dos Mundos' e também o promissor conceito da preparação de contato. Talvez isto possa perdoar os pequenos clichês típicos como o romance insípido entre Arroway e o revendo Palmer Joss ser elevado a uma trama central (isso pode ser uma analogia às descobertas de Arroway, mas não pareceu funcionar bem), bem como Hadden tornar-se um personagem tão poderoso que talvez pudesse ser chamado de Deus, sendo inclusive aparentemente onisciente.
 
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[[Imagem:Dodecahedron12.jpg|thumb|right|150px350px|'''A esfera''']]
Sagan é muito criativo e perspicaz ao dar a forma de um dodecaedro à cápsula que viajará pelo Universo, e isso ecoa sua discussão na série Cosmos da perfeição geométrica do dodecaedro. Os ufologistas discutem como o disco e a esfera, ou o triângulo, os charutos e os cones seriam formas geométricas simples, elegantes e perfeitas para naves extraterrestres, mas isso porque não imaginam que se os extraterrestres quisessem demonstrar perfeição geométrica, poderiam construir suas naves como poliedros regulares. Como aprendemos no colegial (ou ensino médio), só existem cinco: o tetraedro, o octaedro, o cubo, o icosaedro e o dodecaedro. O tetraedro, octaedro e icosaedro são compostos de triângulos, o cubo é bem, composto de quadrados e o dodecaedro de pentágonos. Embora nós todos aprendamos no colegial que só existem cinco sólidos regulares e a demonstração matemática disto, os assim chamados sólidos platônicos não eram de conhecimento de todas civilizações. É provavelmente preciso conhecer um pouco de geometria para conhecer todos os cinco sólidos regulares e saber que eles são todos que existem. Os gregos conheciam os cinco, mas os pitagóricos consideravam o dodecaedro um conhecimento secreto. Cada um dos quatro sólidos regulares era associado a um elemento natural, e o quinto, o dodecaedro foi tido como um conhecimento místico que só poderia ser associado ao Cosmo, à própria quintessência. Os pitagóricos já consideravam o número cinco sagrado, e um quinto sólido regular composto de doze pentágonos deve ter sido demais para eles. O conhecimento do dodecaedro era então para ser guardado como um segredo, algo como a descoberta dos números irracionais que demoliam sua noção de que o Universo podia ser reduzido a uma perfeição de números inteiros.