Ístria: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
ajustes
ajustes + tradução de notas
Linha 10:
|}
 
A '''Ístria''' (''Istra'' em [[língua croata|croata]] e [[língua eslovena|esloveno]]; ''Istria'' em [[língua italiana|italiano]] e ''Istrien'' em [[língua alemã|alemão]]) é a maior península no [[mar Adriático]] (cerca de 3.600 km²), situada entre o [[golfo de Trieste]], os [[Alpes Dináricos]] e o [[golfo dode QuarnaroCarnaro]]. É dividida entre três países: Croácia, Eslovênia e Itália. <ref name="Pope-Neubauer">Marcel Cornis-Pope, John Neubauer, [http://books.google.com/books?id=5pAwqsSyTlsC&pg=PA364&dq=istria+is+shared+by+three+countries&hl=cs&ei=LhqVTMODK4OC4Qas_5DQAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CDEQ6AEwAA#v=onepage&q=istria%20is%20shared%20by%20three%20countries&f=false ''History of the literary cultures of East-Central Europe: junctures and disjunctures in the 19th And 20th Centuries''], John Benjamins Publishing Co. (2006), ISBN 90-272-3453-1</ref><ref name="Day-East-Thomas">Alan John Day, Roger East, Richard Thomas, [http://books.google.com/books?id=dt2TXexiKTgC&pg=PA280&dq=istria+croatia+slovenia+italy&hl=cs&ei=-B6VTO-GAcOU4Aak6MWGBA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2&ved=0CDQQ6AEwATgU#v=onepage&q=istria%20croatia%20slovenia%20italy&f=false ''A political and economic dictionary of Eastern Europe''], Routledge, 1<sup>sr</sup> ed. (2002), ISBN 1-85743-063-8</ref> A maior parte da Ístria pertence à Croácia: uma pequena parte que compreende as cidades costeiras de [[Izola]] (''Isola''), [[Portorož]] (''Portorose''), [[Piran]] (''Pirano'') e [[Koper]] (''Capodistria'') reentra no território da Eslovênia, enquanto uma parte mínima da península, limitada ao entorno das [[comuna italiana|comunas]] de [[Muggia]] e de [[San Dorligo della Valle]], se encontra na [[Itália]].
 
A costa ocidental da Ístria tem 242,5 km e com as ilhas 327,5 km. A costa oriental tem 202,6 km e com as ilhas alcança 212,4 km. O comprimento total da costa é de 445,1 km (a costa recortada corresponde ao dobro da rede de estradas litorâneas. A costa da Ístria eslovena tem cerca de 50 km.
Linha 17:
 
=== Território ===
A península tem uma forma triangular e no interior é limitada pelo vale do [[rio Rosandra]], do vale de [[ErpelleHrpelje-CosinaKozina]] (''Erpelle-Cosina'') e do sulco de [[Podgrad]] (''Castelnuovo d'Istria''). Distinguem-se três tipologias de paisagem, cada um dominado por uma cor característica.
 
A Ístria branca, dominada por rochas calcáreas e de morfologia montanhosa, eleva-se até 1396&nbsp;m com o [[monte Maggiore (Croácia)|monte Maggiore]] e extende-se na zona setentrional e oriental, as mais escassamente povoadas. É a paisagem típica da [[Cicceria]].
 
A Ístria amarela (ou cinza), leva seu nome da cor do seu terreno, rico de rochas sedimentares como a argila, areia e calcário. ocupa a zona central da região e se estende do [[golfo de Trieste]] ao [[Quarnarogolfo de Carnaro]].
 
A Ístria vermelha, que apresenta um estrato de terra vermelha apoiado sobre rochas calcáreas, é um planalto que se extende da zona meridional e ocidental (as mais densamente povoadas) até atingir a costa.
Linha 83:
 
=== República de Veneza ===
{{Imagem dupla|right|Joan Blaeu, Atlas Maior - Venedig.png|312|Italia 1796.png|190|Mapa dos domínios venezianos no século XVI<ref>L'autore{{Nota de rodapé|O autor, Blaeu, nonnão segnalaassinala sullano mappamapa lao conteacondado asburgicahabsbúrgico dide [[Pazin]] (''Pisino''), poichépois ilo suoseu Atlanteatlas sibaseia-se basana sull'operaobra delde 15701750 ''[[Theatrum Orbis Terrarum]]'' dide [[Abraham Ortelius]] cheque riportarelata datidados politicipolíticos anteriorianteriores ala 1536 (quando PisinoPazin era veneziana da unum secoloséculo).</ref>}}|Possessões da [[República de Veneza]], pouco antes de sua queda}}
 
A área costeira e as cidades da Ístria passaram à influência [[República de Veneza|veneziana]] no {{séc|IX}}. Em 15 de fevereiro de 1267, [[Poreč]] (''Parenzo'') foi formalmente incorporada ao estado veneziano.<ref>John Mason Neale, [https://books.google.com/books?id=-4ImAAAAMAAJ&pg=PA76 ''Notes Ecclesiological & Picturesque on Dalmatia, Croatia, Istria, Styria, with a visit to Montenegro''], pg. 76, J.T. Hayes - London (1861)</ref>
Linha 102:
Entre os séculos XIV e XVI, numerosos pastores [[romenos]] refugiaram-se na Ístria durante as invasões otomanas e (misturandos-se com os locais ladinos, segundo Antonio Ive)<ref>Antonio Ive, ''I dialetti ladino-veneti dell'Istria''</ref> formaram uma população de [[língua istrorromena]], ainda presente em [[Seiane]] e nos vales em torno do [[monte Maior]] de Ístria, nas proximidades de [[Rijeka]] (Fiume).
 
Durante os primeiros séculos da época moderna, e em particular no século XVII, a região foi devastada por guerra e pestilência, perdendo grande parte da sua própria população.<ref>Sotto{{Nota ilde profilorodapé|Sob demograficoo catastroficaperfil fudemográfico, foi catastrófica a l'epidemia delde 1630, cheque decimòdizimou laa popolazionepopulação istriana,. (AEm [[Poreč]] (''Parenzo'') adpor esempioexemplo, sopravvisserosobreviveram solosomente trentatrinta residentiresidentes, mentreenquanto [[Koper]] (''Capodistria'') perseperdeu circacerca ide duedois terziterços deidos propripróprios abitanti)habitantes. Cfr. a tale proposito: <ref>Raoul Pupo, ''Il lungo esodo'' (pag. 15), Milano, Rizzoli, 2005, ISBN 88-17-00562-2.</ref>}} Para encher o vácuo que se havia criado, o governo da República de Veneza repovoou amplas zonas da Ístria vêneta com colonos de diversas etnias [[Eslavos|eslavas]] (além de [[gregos]] e [[albaneses]]).<ref>Raoul Pupo, ''Il lungo esodo'' (pag. 15), Milano, Rizzoli, 2005, ISBN 88-17-00562-2</ref> A Ístria assumiu assim a sua característica composição étnica, coma costa e centros urbanos de língua [[Língua vêneta|istrovêneta]] e [[Língua istriota|istriota]] e o interior habitado prevalentemente de eslavos e outras populações de origem [[Balcãs|balcânica]].
 
=== Monarquia de Habsburgo (1797–1805) ===
Linha 111:
 
==== Período habsbúrgico ====
[[Imagem:Istria (ethnic).JPG|thumb|Mapa etnográfico da Ístria e do QuarneroCarnaro em 1880]]
[[Imagem:Litorale austriaco 1897.jpg|thumb|Litoral Austríaco em 1897]]
Em 1814, a ístria retornou ao domínio do [[Império Austríaco]]. Em 1825, foi constituída a península istriana, unindo o território anteriormente [[República de Veneza|veneziano]] ao território anteriormente já austríaco, com o acréscimo das ilhas dedo [[Quarnarogolfo de Carnaro]],: [[Cres]] (''Cherso''), [[Lošinj]] (''Lussino'') e [[Krk]] (''[[Veglia]]''). No âmbito das várias reformas constitucionais do Império Austríaco, em 1861 foi criada a [[Dieta Istriana]], com sede em [[Poreč]] (''Parenzo'').
 
Quando Veneza se rebelou em 1848, em algumas localidades da costa ocidental reapareceu um sentimento de pertencimento ao antigo poder dominante, unido a uma nova consciência nacional. A vigilância das autoridades foi reforçada, e em consequência a situação permaneceu relativamente calma.
Linha 119:
Importante foi a transferência de Veneza a [[Pula (Croácia)|Pula]] (''Pola''), da principal base da [[Marinha Imperial Austríaca]]. Tal decisão foi tomada em seguida à [[Primeira Guerra de Independência Italiana]] em 1848-1849.
 
Em poucos anos, Pula teve um grande desenvolvimento, passando de poucas centenas de habitantes a 30-40 mil no final do {{séc|XIX}}. Naquela época, a Ístria era habitada por [[italianos]], [[croatas]], [[eslovenos]] e grupos menores de [[valáquios]], [[istrorromenos]] e [[sérvios]]. Com a deliberação de 12 de novembro de 1866, o conselho de ministros do [[Império Austro-Húngaro]], sob pressão do imperador [[Francisco José I da Áustria|Francisco José I]], iniciou uma política de desitalianização da Ístria, "com energia e sem indulgência alguma", favorecendo o elemento [[Eslavos|eslavo]], por ele considerado mais maleável. A conivência entre a coroa imperial austríaca e o elemento eslavo é demonstrada nos anais da reunião do Conselho da Coroa na data de 12 de novembro de 1866 ("Medidas contra o elemento italiano em alguns territórios da Coroa"), quando o imperador Francisco José deu ordens taxativas a todas as autoridades centrais de agir sistematicamente para "opor-se de modo resoluto ao influxo do elemento italiano ainda presente em alguns ''Kronlander'' e de mirar à germanização ou eslavização, conforme as circusntânciascircunstâncias, das zonas em questão, com toda a energia e sem nenhum resguardo, mediante um adequado empréstimo de encargos a magistrados políticos e professores, bem como através da influência da imprensa no [[Tirol Meridional]], [[Dalmácia]] e [[Litoral Adriático]].".{{Nota de rodapé|A ordem do imperador se intitulava "Misure contro l’elemento italiano in alcuni territori della Corona", ou seja ''Maßregeln gegen das italienische Element in einigen Kronländern'': ''Se. Majestät sprach den bestimmten Befehl'' aus, daß auf die entschiedenste Art dem Einflusse des in einigen Kronländern noch vorhandenen italienischen Elementes entgegengetreten und durch geeignete Besetzung der Stellen von politischen, Gerichtsbeamten, Lehrern sowie durch den Einfluß der Presse 'in Südtirol, Dalmatien und dem Küstenlande auf die Germanisierung oder Slawisierung der betreffenden Landesteile' je nach Umständen mit aller Energie und ohne alle Rücksicht hingearbeitet werde.'' Se. Majestät legt es allen Zentralstellen als strenge Pflicht auf, in diesem Sinne planmäßig vorzugehen. A deliberação é repetida em ''Die Protokolle des Österreichischen Ministerrates 1848/1867. V Abteilung: Die Ministerien Rainer und Mensdorff. VI Abteilung: Das Ministerium Belcredi, Wien, Österreichischer Bundesverlag für Unterricht, Wissenschaft und Kunst 1971; a citação aparece na Sezione VI, vol. 2, sessão de 12 de novembro de 1866, p. 297}}
 
Segundo o censo austríaco de 1910, sobre um total de {{Fmtn|404309}} habitantes na Ístria, havia a seguinte distribuição<ref>''I censimenti della popolazione dell'Istria, con Fiume e Trieste, e di alcune città della Dalmazia tra il 1850 e il 1936'' di Guerrino Perselli</ref>:
* 168.116 (41,6%) falavam [[Língua servo-croata|serbo-croata]]{{Nota de rodapé|Os censos austríacos não faziam distrinçãodistinção entre [[língua sérvia]] e [[língua croata]]}}, (dialetos ''kajkavo'' e híbridos ''štokavo-ciakavo'') prevalentemente concentrados na zona central da península e na costa oriental;
* 147.416 (36,5%) falavam [[Língua italiana|italiano]] ([[Língua vêneta|istrovêneta]] e [[Língua istriota|istriota]] na maior parte) prevalentemente concentrados ao longo da costa ocidental e em algumas cidadezinhas do interior
* 55.365 (13,7%) falavam [[Língua eslovena|esloveno]] prevalentemente concentrados na zona rural norte ocidental
Linha 628:
|-
|}
Esses dados referem-se a todo o marquesado da Ístria, que administrativamente compreendia também áreas não pertencentes à penínsulas – entre as quais as ilhas de [[Cres]] (''Cherso'') e [[Lošinj]] (''Lussino'') – cuja população tinha ligeira maioria [[Croatas|croata]], com prevalência italiana em [[Mali Lošinj]] (''Lussinpiccolo''), naquele tempo uma das mais dinâmicas cidades de toda a costa adriática oriental) e a ilha de [[Krk]] (''[[Veglia]]'') – ou localidades [[Carso|cársicas]] no confim setentrional, cujo pertencimento à Ístria não era de aceitação geral como [[Podgrad]] (''Castelnuovo d'Istria''), habitada prevalentemente por [[eslovenos]]. Por essa razão, os dados foram criticados por historiadores e linguistas italianos como [[Matteo Bartoli]]. Outra crítica que é feita ao censo de 1910 refere-se à nacionalidade dos funcionários designados a efetuar a coleta e que, sendo empregados comunais tinham a possibilidade de maipular os resultados do censo.{{Nota de rodapé|Portanto nas comunas com administração italiana (cerca de 70% das comunas istrianas)<ref>''Istria. Storia, cultura, arte'' di Dario Alberi, 2ª ed., Trieste 2001, p. 103</ref>, o número de italianos podia ser sobreavaliado, assim como nas comunas com administração eslava (30% das comunas istrianas), podia ser aquele de eslovenos ou de croatas.<ref>''Irredentismo adriatico'' di Angelo Vivante, Firenze 1912, p. 158-164; ''Autour de Trieste'' di Carlo Schiffrer, 1946, p. 16-17)</ref>}}
 
Segundo o historiador esloveno Darko Darovec ''alcança-se em Ístria uma série de disputas ligadas à manipulação política por parte italiana''.<ref>''Rassegna di storia istriana'' di Darko Darovec, Biblioteca Annales, Koper/Capodistria, 1993, versão online: http://razor.arnes.si/~mkralj/istra-history/i-index.html)</ref>
Linha 647:
Em seguida à vitória italiana na [[Primeira Guerra Mundial]] com o [[Tratado de Saint-Germain-en-Laye]] (1919) e o [[Tratado de Rapallo (1920)]], a Ístria torna-se parte do [[Reino de Itália (1861-1946)|Reino de Itália]].
 
O censo de 1921 derrubou os resultados da pesquisa austríaca de 1910, seja quando refere-se à Veneza Júlia no conjunto, seja pela Ístria em particular, indicando na região uma maioria de população culturalmente italiana. Segundo o censo daquele ano, a população istriana pertencente ao grupo linguístico italiano era composta de {{Fmtn|199942}} pessoas (58,2% do total). Seguia-se o grupo croata, predominante segundo os dados do censo anterior, com {{Fmtn|90262}} falantes (26,3%), e o esloveno com {{Fmtn|47489}} (13,8%). As restantes {{Fmtn|5708}} pessoas (1,7%) estavam classificadas como "outros".<ref>Guerrino Perselli, ''I censimenti della popolazione dell'Istria, con Fiume e Trieste, e di alcune città della Dalmazia tra il 1850 e il 1936'', Trieste-Rovigno, Unione Italiana-Università Popolare di Trieste, 1993, p. 469</ref>. Também este censo, como o precedente, foi objeto de críticas: muitos istrianos de língua croata definiram-se como italianos e em algumas localidades (Briani, fração de Fianona, Sanvincenti, etc.) os dados obtidos eram escassamente representativos da realidade linguística das respectivas comunas. Apesar dessas críticas, durante a conferência de paz os dados desse censo foram geralmente utilizados{{esclarecer|os tratados são de 1919 e 1920:Como é possível?}}, junto àqueles de 1910, pelos representantes dos países participantes.{{Nota de rodapé|''ComeComo siverificou-se verificòna poiconferência allade conferenzapaz perapós laa paceSegunda dopoGuerra la seconda guerra mondialeMundial, normalmente venivanolevava-se preseem inconsideração considerazionesomente soltantoas leestatísticas statisticheaustríacas austriache delde 1910, cheque denunciaronodenunciaram unauma maggioranzamaioria slavaeslava, e ilo censimentocenso italiano delde 1921, cheque confermavaconfirmava leas speranzeesperanças deglidos italiani circaitalianos unasobre lorosua superioritàsuperioridade numericanumérica,''<ref>''Trieste, 1941-1954, la lotta politica, etnica e ideologica'' dide Bogdan C. Novak, pag.21 Milano 1973, traduz. italiana dade: Trieste, 1941-1954. ''The ethnic, political and ideological struggle'', di Bogdan C. Novak, Chicago-London 1970</ref>}} {{Nota de rodapé|SecondoSegundo Jean-Baptiste Duroselle, ila confinefronteira jugoslavoiugoslava tracciatotraçada nelem 1947 era basatobaseada suinos datidados deldo censimento austriacocenso austríaco.<ref>''Le conflit de Trieste 1943-1954'' dide Jean-Baptiste Duroselle, Bruxelles, 1966, pag.229</ref>.Em Inrealidade, realtànão nonfoi vennelevado tenutoem contoconta neppurenem delmesmo censimentoo delcenso de 1910, perchéporque comecomo ebberessaltou a rilevare loo storicohistoriador istriano [[Diego De Castro]] <ref>''Il problema di Trieste, Genesi e sviluppi della questione giuliana in relazione agli avvenimenti internazionali'', 1943-1952, Bologna, 1953</ref>a laIugoslávia Jugoslaviaincorporou incorporò nelem 1947 territoriterritórios dadesde sempre etnicamente italianiitalianos.}}
 
O historiador [[Carlo Schiffrer]] retificou os resultados do censo de 1921 {{Esclarecer|com base em que?}} como se pode evidenciar na tabela reproduzida em seguida. Com as retificações de Schiffrer, a etnia italiana na Ístria continuava a ter uma predominância numérica sobre o grupo nacional de origem eslava, mas menos acentuada em relação à aquela resultante dos dados do censo de 1921.
Linha 710:
=== Ocupação alemã ===
[[Imagem:Paul Hausser.jpg|thumb|upright=0.7|esquerda|General [[Paul Hausser]]]]
Em seguida ao [[Armistício de Cassibile]], desde 2 de outuboroutubro de 1943 até a derrota da Alemanha nazista,a Ístria foi ocupada por forças militares alemãs, que a incorporaram oficialmente à chamada Zona de Operações do Adriático (OZAK - ''Operations Zone Adriatisches Küstenland'') retirando-as totalmente do controle da recém-nascida [[República Social Italiana]], e anexando-a de fato à Alemanha do [[Terceiro Reich]], ainda que formalmente não tenha sido pproclamadaproclamada a anexação.
 
A ocupação teve início na noite de 2 de outubro de 1943, sob o comando do general [[SS]] [[Paul Hausser]], comandante da ''2. Panzerkorps-SS'' que executou a Operação Nubifragio, com a qual os alemães assumiram o controle militar da Zona de Operações do Litoral Adriático. Os alemães penetraram na Ístria com três colunas, precedidas de fortes bombardeamentos aéreos, alcançando em poucos dias todas as principais localidades. Os destacamentos partisans foram derrotados ou obrigados a fugir. A operação iniciada nos primeiros dias de outubro, concluiu-se em 9 de outubro com a conquista de [[Rovinj]] (''Rovigno'').
 
{{Imagem dupla|right|Litorale Adriatico.svg|180|1945-05-01GerWW2BattlefrontAtlas.jpg|220|Zona de operações do Litoral Adriático (setembro 1943 – maio 1945|Mapa militar americano que representa a situação dos frontes europeus em 1º de maio de 1945}}
A administração civil foi confiada ao supremo comissário [[Friedrich Rainer]]. Realizou-se assim o projeto de [[Adolf Hitler]], [[Heinrich Himmler]], e [[Joseph Goebbels]] de ocupar militarmente e depois da guerra concluída anexar todos os vastos territórios que já estiveram sob domínio do [[Império Austro-Húngaro]]. oO supremo comissário alemão criou o Tribunal Especial de Segurança Pública para julgar atos de hostilidade à autoridade alemã, a colaboração com o inimigo, as ações de sabotagem. O tribunal não era obrigado a seguir as normas processuais normais e pedidos de clemência podiam ser acolhidos só por Rainer.
 
O comandante militar da região, [[Ludwig Kübler]], travou uma luta cruel e sem quartel ao movimento partisan comandado por [[Josip Broz Tito]], através do uso de forças armadas colaboracionistas italianas (além de forças eslovenas, croatas, sérvias e russas). No Litoral Adriático, operaram de fato várias formações entre as quais dois destacamentos regulares do exército da [[República Social Italiana]] (''Battaglione Bersaglieri Mussolini'' e ''Reggimento Alpini Tagliamento''), a ''Milizia Difesa Territoriale'' (o novo nome desejado por Rainer para a Guarda Nacional Republicana na OZAK), as brigadas negras, a Ispetoria Especial de Pública Segurança para a Veneza Júlia (da qual fez parte a famigerada Banda Collotti), a Guarda Cívica, os batalhões italianos voluntários de polícia, a polícia alemã e váriso destacamentos de colaboracionistas eslovenos, croatas, sérvios e russos-cossacos do Cáucaso.