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Em estilo diferente e em diferente escala outras se fizeram para gerar menos pathos e um entendimento menos agudo de realidades contemporâneas. Até onde poderão ir? Em que medida certas vaidades de autor ferem os espectadores? Será que esta moda perversa terá futuro? Não há muitos filmes destes. Serão muitos os que se seguem? Será que se adaptam às definições modernas? [[Ilustração]] e [[alusão]] ("recording" and "interpretation") <ref>[https://muse.jhu.edu/journals/film_history/summary/v019/19.2donato.html Docufictions: an intervew with Matin Scorsese on documentary film]</ref>são polos opostos em diferentes modos de capturar o real, quer no cinema quer em qualquer outra forma de expressão artística. As técnicas de ilustração são objectivas e implicam fidelidade àquilo que é representado: o [[representante]], o [[significante]]. A alusão representa matéria subjectiva.
 
[[Robert Flaherty]] ilustraria aquilo que filmava com uma estética apelativa capaz de seduzir espectadores ingénuos: selvagens nobres e belos de países longínquos. Fazia isso com imagens fortes ao serviço de produtores gananciosos. Do mesmo modo seduzido por tais encantos, Jean Rouch, mais que tudo um homem de ciência, aventurou-se em tentativas extremas. Servindo-se de lentes neutras, com um sentido bem diferente da poesia, põe-se a filmar pretos em África com o nobre propósito de descobrir que gente eles são. Submete-se ao confronto em duas frentes, cingindo a estética a imagens despretensiosas e a estética a princípios estritos, coisa indispensável para fazer surgir a verdade.
 
Depois, servindo-se de novas ferramentas, novos aventureiros tentarão ir mais longe, nos dois sentidos, uns pela necessidade de entreter os espectadores, outros pelo simples prazer da descoberta. Ambos serão bem sucedidos, de uma maneira ou doutra. Ambos, cientes do que fazem, aceitarão submeter-se ao julgamento da História. Certos deles podem ser vistos na encruzilhada certa, lá onde se encontram.