Catão, o Velho: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 60:
== Consulado ==
=== Lex Oppia ===
Em {{AC|195|x}}, Catão foi eleito cônsul junto ao seu antigo amigo e patrono, [[Lúcio Valério Flaco (cônsul em 195 a.C.)|Lúcio Valério Flaco]], que comprometeu Catão com a sua esposa Licínia, com a que Catão se casou aos 39 anos. Durante o consulado de Catão e Flaco, aconteceu uma grande disputa legal que deu ao manifesto os arraigados ideais conservadores do cônsul. Em {{AC|215|x}}, durante o apogeu da [[Segunda Guerra Púnica]], um [[tribuno da plebe]] chamado [[Caio Ópio]] aprovara uma lei (a denominada ''[[Lex Oppia]]''). Esta lei tinha por objeto a restrição do luxo às mulheres, para o qual instaurava uma série de proibições, entre as quais cabe citar a proibição de levar joias de um valor superior a uma onça de ouro, a proibição de levar vestidos de várias cores, etc. Com [[Aníbal]] derrotado e a economia da [[República Romana|República]] novamente próspera graças ao confisco dos tesouros cartagineses, já não havia necessidade de continuar aplicando a ''Lex Oppia''. Em consequência, os tribunos [[Marco Fundânio]] e [[Lúcio Valério]] tentaram efetuar uma reprovação da lei, mas encontraram a oposição dos seus colegas [[Marco Júnio Bruto (tribuno)|Marco Júnio Bruto]] e [[Tito Júnio Bruto]]. Esta disputa legislativa gerou um maior interesse que os assuntos administrativos e estatais. As mulheres de mediana idade plantavam-se nas imediações do [[Fórum Romano]] e pediam que restaurassem os direitos das mulheres romanas. Cada vez mais decididas, as matronas rogaram aos pretores, cônsules e consulares a reprovação da lei, mas Catão mostrou-se inflexível e realizou um grosseiro discurso cujo núcleo foi resgatado por Tito Lívio. Ao final, as mulheres conseguiram o que queriam.<ref>[[Lívio]], ''História de Roma'', xxxiv. 1, 8.</ref> As mulheres, para celebrar o seu sucesso, desfilaram em procissão pelas ruas da capital luzindo as joias e os vestidos mais voluptuosos possíveis, os quais eram por fim legais.<ref>[[Valério Máximo]], ix. 1. §3.</ref>
 
Este assunto porém não danou em excesso a imagem pública de Catão. Quando venceu o seu consulado, foi designado [[procônsul]] ao cargo da província de [[Hispânia Citerior]].
Linha 99:
== Censorado ==
 
Catão foi eleito [[censor romano|censor]] em {{AC|184|x}} junto ao seu antigo patrono [[Lúcio Valério Flaco (cônsul em 195 a.C.)|Lúcio Valério Flaco]]. Com uma firme reputação como soldado, Catão preferiu servir o estado no seu lar, escrutando a conduta dos candidatos a honras públicas e dos generais no campo de batalha. Embora não se implicasse na persecução dos [[Cipiões]] ([[Públio Cornélio Cipião o Africano|Africano]] e [[Lúcio Cornélio Cipião Asiático|Asiático]]) por corrupção, sim que foi a sua vontade a que animou o ataque político contra eles. Cipião foi absolto por aclamação, após recusar-se a defender-se das suas acusações.<ref>[[Michel de Montaigne]] põe em boca de Cipião as palavras: ''"Vamos lá, concidadãos, vamos dar graças aos deuses pela vitória que atingi contra os cartagineses tal dia como hoje"'' ([http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/01372719700248615644802/index.htm Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes], Alicante, 2003).</ref> Apesar disso, o escândalo das acusações acabou com a vida pública do Africano, quem teve de se retirar para a sua vila de [[Literno]]. A inimizade de Catão com Cipião remontava à campanha da África, quando se enfrentou este pelo seu esbanjamento na repartição da pilhagem entre as tropas e pelo luxo e a extravagância de que Cipião fazia gala.
 
Contudo, Catão tinha uma tarefa ainda mais séria, pois opunha-se à expansão da cultura [[helenismo|helênica]] que ameaçava com destruir a áspera simplicidade do modo de vida romano. Considerava esta resistência à invasão cultural como a sua missão especial. Catão exibia esta determinação com mais firmeza no seu censorado, razão pela qual seria apodado "o Censor". Revisou com uma severidade inusitada as listas de senadores e cavaleiros, expulsando aqueles que considerava que não eram merecedores do mesmo, quer por motivos morais quer pela ambição destes. A expulsão de [[Lúcio Quíncio Flamino]] por crueldade foi um exemplo do seu rígido modo de entender a [[justiça]].