Antioxidante: diferenças entre revisões

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=== Ácido úrico ===
 
O ácido úrico (AU) é uma oxipurina produzida a partir da [[xantina]] pela enzima [[xantina oxidase]], sendo um produto intermediário do metabolismo da [[purina]].<ref name = Enomoto2005>{{cite journal |pages=195–205 |doi=10.1007/s10157-005-0368-5 |title=Roles of organic anion transporters (OATs) and a urate transporter (URAT1) in the pathophysiology of human disease |year=2005 |last1=Enomoto |first1=Atsushi |last2=Endou |first2=Hitoshi |journal=Clinical and Experimental Nephrology |volume=9 |issue=3 |pmid=16189627}}</ref> Na quase totalidade dos animais terrestres, a [[urato oxidase]] serve seguidamente de catalisador na oxidação de ácido úrico em [[alantoína]].<ref name=Wu1989>{{cite journal |pages=9412–6 |doi=10.1073/pnas.86.23.9412 |title=Urate Oxidase: Primary Structure and Evolutionary Implications |year=1989 |last1=Wu |first1=X. |journal=Proceedings of the National Academy of Sciences |volume=86 |issue=23 |pmid=2594778 |pmc=298506 |last2=Lee |first2=CC |last3=Muzny |first3=DM |last4=Caskey |first4=CT}}</ref> Note-se porém que, nos humanos e na maioria dos primatas, embora o gene da urato oxidase esteja presente não é funcional, pelo que este estágio de processamento do AU não ocorre.<ref name=Wu1989/><ref name=Wu1992>{{cite journal |doi=10.1007/BF00163854 |pages=78–84 |title=Two independent mutational events in the loss of urate oxidase during hominoid evolution |year=1992 |last1=Wu |first1=Xiangwei |last2=Muzny |first2=Donna M. |last3=Chi Lee |first3=Cheng |last4=Thomas Caskey |first4=C. |journal=Journal of Molecular Evolution |volume=34 |pmid=1556746 |issue=1}}</ref> As razões evolucionárias que explicam esta perda da conversão úrica em alantoína são ainda tópico de especulação,<ref name=Alvarez2010>{{cite journal |pages=2010–5 |doi=10.1093/rheumatology/keq204 |title=Uric acid and evolution |year=2010 |last1=Alvarez-Lario |first1=B. |last2=Macarron-Vicente |first2=J. |journal=Rheumatology |volume=49 |issue=11 |pmid=20627967}}</ref><ref name=Watanabe2002>{{cite journal |pages=355–60 |doi=10.1161/01.HYP.0000028589.66335.AA |title=Uric Acid, Hominoid Evolution, and the Pathogenesis of Salt-Sensitivity |year=2002 |last1=Watanabe |first1=S. |journal=Hypertension |volume=40 |issue=3 |pmid=12215479 |last2=Kang |first2=DH |last3=Feng |first3=L |last4=Nakagawa |first4=T |last5=Kanellis |first5=J |last6=Lan |first6=H |last7=Mazzali |first7=M |last8=Johnson |first8=RJ}}</ref> mas os efeitos antioxidantes do AU têm levado à proposição por parte dos investigadores que esta mutação tenha sido benéfica para os primeiros primatas e hominídeos.<ref name=Watanabe2002/><ref name=Johnson2010>{{cite journal |first1=Richard J. |last1=Johnson |first2=Peter |last2=Andrews |first3=Steven A. |last3=Benner |first4=William |last4=Oliver |pmid=20697570 |pmc=2917125 |year=2010 |title=Theodore E. Woodward award. The evolution of obesity: Insights from the mid-Miocene |volume=121 |pages=295–305; discussion 305–8 |journal=Transactions of the American Clinical and Climatological Association}}</ref> Estudos sobre a aclimatação a altitudes elevadas sustentam a hipótese de que o AU age como antioxidante através da mitigação do stress oxidativo causado pela [[hipóxia|hipóxia hipoxémica]].<ref name=Baillie2007>{{cite journal |pages=1473–8 |doi=10.1378/chest.06-2235 |title=Endogenous Urate Production Augments Plasma Antioxidant Capacity in Healthy Lowland Subjects Exposed to High Altitude |year=2007 |last1=Baillie |first1=J. K. |last2=Bates |first2=M. G. D. |last3=Thompson |first3=A. A. R. |last4=Waring |first4=W. S. |last5=Partridge |first5=R. W. |last6=Schnopp |first6=M. F. |last7=Simpson |first7=A. |last8=Gulliver-Sloan |first8=F. |last9=Maxwell |first9=S. R. J. |journal=Chest |volume=131 |issue=5 |pmid=17494796}}</ref> Em estudos animais que investigam doenças derivadas do stress oxidativo, a introdução de AU tanto previne a doença, como a ameniza, tendo levado investigadores a propor que o facto seja devido às propriedades antioxidantes do ácido.<ref name = Hooper2000>{{cite journal |pmid=10744626 |url=http://www.fasebj.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=10744626 |year=2000 |last1=Hooper |first1=DC |last2=Scott |first2=GS |last3=Zborek |first3=A |last4=Mikheeva |first4=T |last5=Kean |first5=RB |last6=Koprowski |first6=H |last7=Spitsin |first7=SV |title=Uric acid, a peroxynitrite scavenger, inhibits CNS inflammation, blood-CNS barrier permeability changes, and tissue damage in a mouse model of multiple sclerosis |volume=14 |issue=5 |pages=691–8 |journal=The FASEB journal}}</ref> A proposta tem sido confirmada por estudos relativos ao mecanismo antioxidante do AU.<ref name = Santos1999>{{cite journal |pages=285–94 |doi=10.1006/abbi.1999.1491 |title=Uric Acid Oxidation by Peroxynitrite: Multiple Reactions, Free Radical Formation, and Amplification of Lipid Oxidation |year=1999 |last1=Santos |first1=C |journal=Archives of Biochemistry and Biophysics |volume=372 |issue=2 |pmid=10600166 |last2=Anjos |first2=EI |last3=Augusto |first3=O}}</ref> Gwen Scott explica o significado desta descoberta, propondo que "os níveis de ácido úrico no soro estão inversamente associados à incidência de [[esclerose múltipla]] (EM) nos humanos, uma vez que os pacientes de EM mostram baixos níveis de AU e indivíduos com [[Gota (doença)|gota]] raramente desenvolvem a doença. Além disso, a administração de AU é terapêutica em Encefalomelite Alérgica Experimental (EAE)<ref>Experimental Allergic Encephalomyelitis</ref>, um modelo animal de EM."<ref name = Hooper2000/><ref name = Scott2002>{{cite journal |pages=16303–8 |doi=10.1073/pnas.212645999 |title=Therapeutic intervention in experimental allergic encephalomyelitis by administration of uric acid precursors |year=2002 |last1=Scott |first1=G. S. |journal=Proceedings of the National Academy of Sciences |volume=99 |issue=25}}</ref><ref name=Fuhua2007>{{cite journal |pages=188–96 |doi=10.1177/1352458507082143 |title=Serum uric acid levels of patients with multiple sclerosis and other neurological diseases |year=2007 |last1=Fuhua Peng |last2=Bin Zhang |last3=Xiufeng Zhong |last4=Jin Li |last5=Guihong Xu |last6=Xueqiang Hu |last7=Wei Qiu |last8=Zhong Pei |journal=Multiple Sclerosis |volume=14 |issue=2 |pmid=17942520 |first1=F |first2=B |first3=X |first4=J |first5=G |first6=X |first7=W |first8=Z}}</ref> Enquanto que o mecanismo de actuação antioxidante do AU está bem estudado, a alegação de que os seus níveis têm uma relação directa com a EM é ainda controversa e requer mais investigação antes de poderem ser retiradas conclusões sólidas.<ref name = Massa2009>{{cite journal |pages=1643–8 |doi=10.1007/s00415-009-5170-y |title=Serum uric acid and risk of multiple sclerosis |year=2009 |last1=Massa |first1=Jennifer |last2=O’Reilly |first2=E. |last3=Munger |first3=K. L. |last4=Delorenze |first4=G. N. |last5=Ascherio |first5=A. |journal=Journal of Neurology |volume=256 |issue=10 |pmid=19468784 |pmc=2834535}}</ref><ref name=Amorini2009>{{cite journal |pages=1001–6 |doi=10.1016/j.clinbiochem.2009.03.020 |title=Increase of uric acid and purine compounds in biological fluids of multiple sclerosis patients |year=2009 |last1=Amorini |first1=Angela M. |last2=Petzold |first2=Axel |last3=Tavazzi |first3=Barbara |last4=Eikelenboom |first4=Judith |last5=Keir |first5=Geoffrey |last6=Belli |first6=Antonio |last7=Giovannoni |first7=Gavin |last8=Di Pietro |first8=Valentina |last9=Polman |first9=Chris |journal=Clinical Biochemistry |volume=42 |issue=10–11 |pmid=19341721}}</ref> Quando comparado com os demais/todos os outros antioxidantes, o AU é o que tem a maior concentração no soro,<ref name=Glantzounis/> e proporciona cerca de metade da capacidade antioxidante serológica total'.<ref>{{cite journal |pages=615–31 |doi=10.1016/0891-5849(93)90143-I |title=Towards the physiological function of uric acid |year=1993 |last1=Becker |first1=B |journal=Free Radical Biology and Medicine |volume=14 |issue=6 |pmid=8325534}}</ref> A actividade antioxidante do ácido úrico é igualmente complexa, dado que não reage contra todos os oxidantes, como por exemplo os [[superóxido]]s, mas reage contra o [[peroxinitrito]],<ref name = Sautin2008>{{cite journal |pages=608–19 |doi=10.1080/15257770802138558 |title=Uric Acid: The Oxidant-Antioxidant Paradox |year=2008 |last1=Sautin |first1=Yuri |last2=Johnson |first2=Richard |journal=Nucleosides, Nucleotides and Nucleic Acids |volume=27 |issue=6}}</ref> [[peróxido]]s, e [[ácido hipocloroso]].<ref name=Enomoto2005/> Entre os muito factores de risco de uma terapia com AU encontra-se a preocupante associação entre níveis elevados de AU (hiperuricemia) e a patologia reumatológica conhecida como gota.<ref name=Eggebeen2007>{{cite journal |last=Eggebeen |first=Aaron T |pmid=17910294 |url=http://www.aafp.org/link_out?pmid=17910294 |year=2007 |title=Gout: An update |volume=76 |issue=6 |pages=801–8 |journal=American family physician}}</ref> Por si só, o risco de gota relacionado com altos níveis de AU (415–530 μmol/L) é apenas de 0,5% por ano, valor que aumenta para 4,5% se considerarmos níveis supersaturados de AU (535+ μmol/L).<ref name=Campion1987>{{cite journal |pages=421–6 |doi=10.1016/0002-9343(87)90441-4 |title=Asymptomatic hyperuricemia. Risks and consequences in the normative aging study*1 |year=1987 |last1=Campion |first1=E |journal=The American Journal of Medicine |volume=82 |issue=3 |pmid=3826098 |last2=Glynn |first2=RJ |last3=Delabry |first3=LO}}</ref> A maioria destes estudos mencionados determinou as acções antioxidantes do AU dentro de níveis fisiológicos normais,<ref name=Baillie2007/><ref name=Sautin2008/> tendo alguns encontrado actividade antioxidante a níveis tão altos como 285 μmol/L.<ref name=Nazarewicz2007>{{cite journal |pages=435–40 |doi=10.1089/rej.2007.0540 |title=Effect of Short-Term Ketogenic Diet on Redox Status of Human Blood |year=2007 |last1=Nazarewicz |first1=Rafal R. |last2=Ziolkowski |first2=Wieslaw |last3=Vaccaro |first3=Patrick S. |last4=Ghafourifar |first4=Pedram |journal=Rejuvenation Research |volume=10 |issue=4 |pmid=17663642}}</ref> Os efeitos do ácido úrico em condições como [[Acidente vascular cerebral|AVCs]] e [[Enfarte agudo do miocárdio|enfartes]] ainda não foram completamente compreendidos, tendo alguns estudos estabelecido uma ligação entre altos níveis de AU e aumento da mortalidade,<ref name=Dimitroula/><ref name=Strazzullo>{{cite journal |pages=409–14 |doi=10.1016/j.numecd.2007.02.011 |title=Uric acid and oxidative stress: Relative impact on cardiovascular risk |year=2007 |last1=Strazzullo |first1=P |last2=Puig |first2=J |journal=Nutrition, Metabolism and Cardiovascular Diseases |volume=17 |issue=6}}</ref> enquanto outros, mais cautelosos, não mostram qualquer associação.<ref name = Sautin2008/> Esta situação pode dever-se à activação do ácido úrico como mecanismo de defesa perante o stress oxidativo, mas agindo em vez disso como um pró-oxidante em casos onde transtornos metabólicos fazem disparar a sua produção para níveis bastante superiores ao normal.<ref name=Sautin2008/><ref name=Dimitroula>{{cite journal |pages=238–42 |doi=10.1097/NRL.0b013e31815c666b |title=The Role of Uric Acid in Stroke |year=2008 |last1=Dimitroula |first1=Hariklia V. |last2=Hatzitolios |first2=Apostolos I. |last3=Karvounis |first3=Haralambos I. |journal=The Neurologist |volume=14 |issue=4 |pmid=18617849}}</ref><ref name=Strazzullo/>journ
 
=== Ácido ascórbico ===