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{{Literatura}}
== feijaoClassificação ==
'''Prosa''' é o nome que se dá à forma de um texto escrito em parágrafos. O termo deriva do latim ''prosa'', que significa discurso direto, livre, em linha reta.{{harvRef|name="moi371"|Moisés|2002|p=371}} Trata-se da expressão do "não eu"{{harvRef|Moisés|1982|p=270}} (ou do objeto<ref name="moi372"/>), por meio de [[metáfora]]s univalentes.<ref name="moi84"/> Em um texto em prosa, as metáforas são exploradas com parcimônia, visando criar uma imagem objetiva e concreta da realidade, o que o diferencia do [[poesia|texto poético]].{{harvRef|name="moi84"|Moisés|1996|p=84}} Porém, a linguagem da prosa não é pura denotação.<ref name="moi84"/> Quando a obra chega ao seu [[epílogo]], e termina a narrativa, a conotação se manifesta fortemente.<ref name="moi372"/> Portanto, a prosa faz uso da linguagem denotativa conotativa, ao contrário da linguagem poética, que é predominantemente conotativa.<ref name="moi372"/>
 
"Prosa" pode designar uma forma (um texto escrito sem divisões rítmicas intencionais -- alheias à sintaxe, e sem grandes preocupações com [[ritmo]], [[métrica (poesia)|métrica]], [[rima]]s, [[aliteração|aliterações]] e outros [[elemento sonoro|elementos sonoros]]), e pode designar também um tipo de conteúdo (um texto cuja função linguística predominante não é a poética, como por exemplo, um livro técnico, um romance, uma lei, etc...). Na acepção relativa à forma, "prosa" contrapõe-se a "[[verso]]"; na acepção relativa ao conteúdo, "prosa" contrapõe-se a "[[poesia]]".
 
[[Aristóteles]] já observava, em sua "''Poética''", que nem todo texto escrito em verso é "[[poesia]]", pois na época era comum se usar os versos até em textos de natureza científica ou filosófica, que nada tinham a ver com poesia. Da mesma forma, nem tudo que é escrito em forma de prosa tem conteúdo de prosa.
 
== Classificação ==
[[Imagem:DomCasmurroMachadodeAssis.jpg|thumb|esquerda|180px|''[[Dom Casmurro]]'' é um texto em prosa do tipo ''romance''.]]
jao e o pé de feijaum é um baita de um dugongo!
A prosa divide-se em dois tipos básicos: a narrativa e a demonstrativa. A prosa narrativa, compreende a histórica e de ficção, enquanto a prosa demonstrativa reúne a oratória e a prosa didática (tratados, ensaios, diálogos e cartas).<ref name="moi371"/>
 
A prosa também pode ser classificada pela função, dividindo-se em narrativa (ou de ficção); argumentativa (tratados); dramática (texto teatral); informativa (livros didáticos, manuais, enciclopédias, jornais e reportagens); e contemplativa (ensaios).<ref name="moi371"/> A prosa considerada literária compreende o conto, a novela, o romance, a crônica, o apólogo e o texto teatral. As demais formas não são estudadas no campo da Literatura,{{harvRef|name="moi372"|Moisés|2002|p=372}} Porém, a essência da prosa literária está nas prosas de ficção: o [[conto]], a [[novela]] e o [[romance]].{{harvRef|name="moi84"|Moisés|1996|p=87}}<ref name="moi372"/>
 
O [[conto]] é um tipo de história mais curta, construído geralmente com um único conflito, com poucas personagens. A [[novela]] também é um tipo de história curta, que pode apresentar um ou mais conflitos (normalmente de tamanho intermediário entre o [[conto]] e o [[romance]], com a particularidade de a [[novela]] ter um andamento mais episódico, dando a impressão de capítulos separados. Já o [[romance]] é um tipo de história onde há um conflito principal, prolongado com conflitos secundários, vindos dos painéis de época, das divagações filosóficas, da observação dos costumes e hábitos.
 
O tempo é um dos aspectos mais importantes da prosa de ficção.{{harvRef|Moisés|1996|p=101}} O tempo cronológico é específico do conto e da novela, embora possa ocorrer no romance linear. Já o tempo metafísico é característico do romance, e em especial, do romance introspectivo.{{harvRef|Moisés|1996|p=102}}
 
=== Prosa poética ===
{{artigo principal|Prosa poética}}
[[Imagem:Roman Yakobson.jpg|thumb|direita|140px|[[Roman Jakobson]] propôs o termo [[prosa poética]].]]
O linguista [[Roman Jakobson]] define "[[poesia]]" a partir das funções da linguagem: "[[poesia]]" é o texto em que a função poética predomina sobre as demais. Assim, um texto escrito em forma de prosa pode ser considerado de "[[poesia]]", se sua função principal, sua finalidade, for poética. A tal texto pode-se dar o nome de [[prosa poética]] ou poesia em prosa. Pois é "prosa" em sua forma; mas "[[poesia]]" em sua função, em sua essência, nos sentimentos que transmite.
 
Historicamente, o marco de início da [[prosa poética]] é geralmente associado aos [[simbolismo|simbolistas]] [[França|franceses]], entre os quais [[Baudelaire]] e [[Mallarmé]]; no [[Brasil]] esse início também está associado aos simbolistas, principalmente ao Poeta Negro: o grande [[Cruz e Sousa]], que tem cinco obras em [[prosa poética]]: [[Tropos e Fantasias]] ([[1893]]); [[Missal]] ([[1893]]); [[Evocações]] ([[1898]]); [[Outras Evocações]] (obra póstuma) e [[Dispersos]] (obra póstuma).
 
A partir do [[século XX]] o gênero foi adotado por muitos poetas e poetisas, de estilos e inclinações muito diversos. A essas obras está reservado esse novo espaço, que já de saída inclui algumas obras de poetas como [[Cláudio Willer]] e [[José Geraldo Neres]] que já faziam parte de nosso acervo. Hoje apresentamos um novo poeta adepto desse gênero: [[Jorge Amaral]].
 
== História ==
 
Enquanto a poesia surgiu nos primórdios da atividade literária, a prosa desenvolve-se na [[Idade Média]]. A prosificação das [[canção de gesta|canções de gesta]] deu origem às novelas. O romance surge no século XVIII e o conto desenvolve-se no fim da Idade Média e início do [[Renascimento]]. No entanto, há registos isolados anteriores, como o embrião de novela ''Ciropédia'', de [[Xenofonte]]{{harvRef|name="moi320"|Moisés|2002|p=320}} e o conto ''[[As Mil e Uma Noites]]''.<ref name="moi372"/>
 
== No Brasil ==
[[Imagem:Jose de Alencar.jpg|thumb|120px|esquerda|O romancista brasileiro [[José de Alencar]]]]
A prosa barroca no Brasil surge no século XVII, com a oratória dos jesuítas, tendo como nome central o [[Padre Antônio Vieira]].{{harvRef|Bosi|2006|p=43}} No século XVIII, surgem os primeiros grêmios literários e eruditos, na Bahia e no Rio de Janeiro, denominados "academias".{{harvRef|Bosi|2006|p=48}} Surgem também os atos acadêmicos, sessões de várias horas em homenagem a pessoas ou a datas religiosas, compreendendo sermões, poemas e óperas.{{harvRef|Bosi|2006|p=50-51}} No século XIX, textos em prosa têm grande influência na história do país. Destacam-se os panfletos de [[Frei Caneca]], condenado à morte pela participação na [[Confederação do Equador]], e, principalmente, os ensaios de [[Hipólito da Costa]] em ''[[O Correio Braziliense]]'' contribuíram para a [[Independência do Brasil|independência]] e as crônicas de [[Evaristo da Veiga]] na ''Aurora'' influenciaram a abdicação de [[Pedro I do Brasil|Dom Pedro I]].{{harvRef|Bosi|2006|p=85}} A prosa do [[Modernismo]] inclui nomes como o de [[José de Alencar]] (''[[O Guarani]]'', romance de 1857), [[Álvares de Azevedo]] (''[[Noite na Taverna]]'', conto de 1855), [[Manuel Antônio de Almeida]] (''[[Memórias de um Sargento de Milícias]]'', de 1854) e Joaquim Manuel de Macedo (''[[A Moreninha]]'', romance de 1844).
 
== Na África ==
[[Imagem:Castro Soromenho em 1957.jpg|thumb|120px|direita|O romancista angolano [[Castro Soromenho]]]]
Em [[Cabo Verde]], a prosa literária antecedeu a poesia,{{harvRef|Veiga|1998|p=118}} e em [[Moçambique]], o conto tem sido o gênero literário mais importante no período pós-independência,{{harvRef|Lopes|2004|p=307}} tendo [[Orlando Mendes]] como pioneiro no romance.{{harvRef|Medina|1996|p=123}} Em [[Angola]], a primeira novela surge com [[Alfredo Troni]] em 1882 (''Ngá Mutúri''), mas o primeiro romance tipicamente angolano é ''O Segredo da Morta'' (1929), de [[Assis Júnior]].{{harvRef|Santilli|2003|p=293}} Destacam-se posteriormente ''Terra Morta'' (1949), de [[Castro Soromenho]],{{harvRef|Santilli|2003|p=296}} e mais recentemente os autores [[Luandindo Vieira]],{{harvRef|Medina|1996|p=134-135}} [[Boaventura Cardoso]],{{harvRef|Macêdo|2007|p=107}} [[Manuel Rui]]{{harvRef|Macêdo|2007|p=119}} e [[Ruy Duarte]].{{harvRef|Macêdo|2007|p=135}} Em [[Guiné-Bissau]], destaca-se a prosa de [[Fausto Duarte]],{{harvRef|Augel|2007|p=111}} [[Abdulai Silla]],{{harvRef|Augel|2007|p=113-114}} Odete Semedo, Filinto de Barros.{{harvRef|Augel|2007|p=293}}
 
{{referências|col=3}}
 
== Bibliografia ==
{{dividir em colunas}}
* {{citar livro|último=Augel|primeiro=Moema Parente|título=O desafio do escombro|subtítulo=
nação, identidades e pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau|ano=2007|local=Rio de Janeiro|editora=Garamond|edição=|páginas=422|língua3=pt|isbn=9788576171348|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8576171341|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Abdala Júnior|primeiro=Benjamin|título=Literatura, história e política|subtítulo=
literaturas de língua portuguesa no século XX|ano=2007|local=|editora=Atelie Editorial|edição=2|páginas=285|língua3=pt|isbn=9788574803418|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8574803413|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Bosi|primeiro=Alfredo|título=História concisa da literatura brasileira|ano=2006|local=São Paulo|editora=Cultrix|edição=43|páginas=528|língua3=pt|isbn=9788531601897|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8531601894|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Castello|primeiro=José Aderaldo|título=A Literatura Brasileira|subtítulo=origens e unidade (1500-1960)|ano=2004|local=São Paulo|editora=EDUSP|edição=1 (1ª reimp)|páginas=583|volume=2|língua3=pt|isbn=9788531405051|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8531405068|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Lopes|primeiro=José de Sousa Miguel|título=Cultura acústica e letramento em Moçambique|subtítulo=em busca de fundamentos antropológicos para uma educação intercultural|ano=2004|local=São Paulo|editora=EDUC|edição=|páginas=672|língua3=pt|isbn=9788528302851|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8528302857|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Lopes|primeiro=Nei|título=Enciclopédia brasileira da diáspora africana|ano=2004|local=São Paulo|editora=Selo Negro|edição=2|páginas=715|língua3=pt|isbn=9788587478214|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8587478214|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Macêdo|primeiro=Tânia|coautores=Chaves, Rita de Cássia Natal; Santilli, Maria Aparecida; Flory, Suely Fadul Villibor|título=Literaturas de língua portuguesa|subtítulo=
marcos e marcas. Angola|ano=2007|local=São Paulo|editora=Arte & Ciência|edição=|páginas=171|língua3=pt|isbn=9788574733395|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8574733393|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Medina|primeiro=Cremilda|título=Povo e Personagem|ano=1996|local=Canoas|editora=Editora da ULBRA|edição=|páginas=245|língua3=pt|isbn=9788585692261|url=http://books.google.com.br/books?isbn=858569226X|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Moisés|primeiro=Massaud|título=A Análise Literária|ano=1996|local=São Paulo|editora=Cultrix|edição=14|páginas=270|língua3=pt|isbn=9788531600111|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8531600111|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Moisés|primeiro=Massaud|título=Dicionário de Termos Literários|ano=2002|local=São Paulo|editora=Cultrix|edição=11|páginas=520|língua3=pt|isbn=9788531601309|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8531601304|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Moisés|primeiro=Massaud|título=Literatura|subtítulo=mundo e forma|ano=1982|local=São Paulo|editora=Cultrix|edição=|páginas=368|língua3=pt|isbn=9788531602337|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8531602335|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Paladino|primeiro=Claudia Amorim Mariana|título=Cultura e Literatura Africana e Indígena|ano=2012|local=Curitiba|editora=IESDE Brasil|edição=|páginas=180|língua3=pt|isbn=9788538709657|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8538709658|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Santilli|primeiro=Maria Aparecida|título=Paralelas e tangentes|subtítulo= entre literaturas de língua portuguesa|ano=2003|local=São Paulo|editora=Arte & Ciência|edição=|páginas=339|língua3=pt|isbn=9788574730998|url=http://books.google.com.br/books?isbn=8574730998|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Veiga|primeiro=Manuel|título=Cabo Verde|subtítulo= Insularidade e literatura|ano=1998|local=|editora=Karthala|edição=|páginas=253|língua3=pt|isbn=9782865378272|url=http://books.google.com.br/books?isbn=2865378276|acessodata=12 de janeiro de 2013|ref=harv}}
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[[Categoria:Prosa]]