Condado de Edessa: diferenças entre revisões

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|evento_início= [[Teodoro de Edessa]] é reconhecido senhor de [[Edessa (Mesopotâmia)|Edessa]]
|ano_início = 1095
|evento1 = [[{{lknb|Balduíno |I |de Jerusalém|Balduíno I]]}} herda o território e torna-o num condado [[cristianismo|cristão]]
|ano_evento1 = 1098
|data_evento1 = 9 de Março
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|ano_evento2 = 1144
|data_evento2 = 24 de Dezembro
|evento_fim = [[Nur ad-DinNoradine]] conquista [[Turbessel]]
|ano_fim = 1150
|p1 = Império Bizantino
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|mapa= Map County of Edessa 1098-1131-pt.svg
|legenda_mapa= Evolução territorial do Condado de Edessa entre 1098 e 1131.
|capital= [[Edessa (Mesopotâmia)|Edessa]] ([[1095]]-[[1144]]) / [[Turbessel]] ([[1144]]-[[1150]])
|latd=
|latm=
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|forma_de_governo= Suserania heriditária
|título_líder= Condes de Edessa
|líder1= [[{{lknb|Balduíno |I |de Jerusalém|Balduíno I]]}}, [[adopção|filho adoptivo]] de [[Teodoro de Edessa]]
|ano_líder1= [[1098]]–[[1100]]1098–1100
|líder2= [[{{lknb|Balduíno |II |de Jerusalém|Balduíno II]]}}, primo de Balduíno I
|ano_líder2= [[1100]]–[[1118]]1100–1118
|líder3= [[{{lknb|Joscelino |I |de Edessa|Joscelino I]]}}, primo de Balduíno II
|ano_líder3= [[1119]]–[[1131]]119–1131
|líder4= [[{{lknb|Joscelino |II |de Edessa|Joscelino II]]}}, filho de Joscelino I (apenas [[título nobiliárquico|titular]] a partir de [[1149]])
|ano_líder4= [[1131]]–[[1159]]1131–1159
|líder5= [[{{lknb|Joscelino |III |de Edessa|Joscelino III]]}}, filho de Joscelino II (apenas conde titular)
|ano_líder5= [[1159]]-c.[[1190]]
|título_governante= [[Governador]]es ou [[Regência (sistema de governo)|Regentes]]
|ano_governante1= [[1095]]-[[1098]]
|governante1= [[Teodoro de Edessa]], governador [[Arménia|arménio]] de [[Edessa (Mesopotâmia)|Edessa]]
|ano_governante2= [[1104]]–[[1108]]1104–1108
|governante2= [[Tancredo da Galileia]], regente
|ano_governante3= [[1104]]–[[1108]]1104–1108
|governante3= [[Ricardo de Salerno]], governador
|ano_governante4= [[1118]]
|governante4= [[GaléranGalerano dude Puiset]], senhor de Bira, governador, primo de Balduíno II
|era= [[Idade Média]]
|evento_anterior1=
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Este [[estado cruzado]] diferenciava-se dos outros por ser o único não costeiro ao [[mar Mediterrâneo]]. Estava afastado dos restantes e em relações menos boas com o seu vizinho mais próximo, o [[Principado de Antioquia]]. Metade do território, incluindo a sua capital, encontrava-se a [[leste]] do [[rio Eufrates]], muito a leste dos restantes vizinhos cristãos, tornando-o particularmente vulnerável. A parte a [[oeste]] do Eufrates era controlada a partir da [[Fortaleza (arquitetura militar)|fortaleza]] de [[Turbessel]]. Os seus principais vassalos eram Turbessel, Bira ([[Biredjik]]), Marache ([[Kahramanmaraş]]) e Melitene ([[Malatya]]).
 
Apesar de ser um dos maiores estados cruzados, era o menos populoso. A cidade de [[Edessa (Mesopotâmia)|Edessa]] tinha cerca de 10.000{{formatnum|10000}} habitantes, mas o resto do [[condado]] consistia principalmente de fortalezas. A oeste ficava o [[Principado de Antioquia]], a leste passava do [[rio Eufrates]], pelo menos no período de maior extensão territorial. Também ocupou terras até à [[Arménia]] no [[norte]]. A [[sul]] e leste estavam as poderosas cidades [[muçulmanos|muçulmanas]] de [[Alepo]], [[MossulMoçul]] e [[AlMesopotâmia Superior|al-Jazira]] (território que englobava os actuais [[nordeste]] da [[Síria]] e [[noroeste]] do [[Iraque]]).
 
Os habitantes de Edessa em principalmente [[assírios]], jacobitas ortodoxos e [[Igreja Apostólica Armênia|cristãos ortodoxos arménios]], com alguns [[Igreja Ortodoxa|ortodoxos gregos]] e [[muçulmanos]]. Apesar de o número de latinos ter sempre permanecido pequeno, tinha um [[patriarca]] [[catolicismo|católico romano]], e a queda da capital foi o [[catalisador]] da [[Segunda Cruzada]] em [[1146]].
 
== Fundação ==
O domínio de Edessa não foi completamente uma criação da [[Primeira Cruzada]]. Em [[1050]] a cidade ainda era [[bizantina]], e depois o [[general]] [[Arménios|armênio]] [[Filareto Bracâmio]] tomou-a em [[1077]], passando a governar um [[principado]] que se estendia de [[Antioquia]] (atual [[Antáquia]]) a [[Edessa (Mesopotâmia)|Edessa]] (atual [[Şanlıurfa]]). O seu poder e a sua localização geográfica perturbavam os [[turcos]] [[seljúcidas]], que lhe conquistaram rapidamente a maior parte das suas terras, deixando-lhe apenas os arredores de [[Marache]]. A cidade de Edessa foi tomada em [[1086]].
 
[[Imagem:Baldwin of Boulogne entering Edessa in Feb 1098.JPG|thumb|esquerda|200px|Entrada de [[Balduíno I de Jerusalém|Balduíno de Bolonha]] em [[Edessa (Mesopotâmia)|Edessa]] em [[1098]],<br>[[pintura]] de [[Joseph-Nicolas Robert-Fleury|J.Robert-Fleury]], 1840]]
 
Em [[1095]], um antigo [[tenente|lugar-tenente]] de Filareto, [[Teodoro de Edessa|Teodoro]], eliminou as forças turcas da cidadela e tornou-se senhor da cidade. Resistiu aos ataques seljúcidas, mas teve de pedir ajuda aos [[cruzados]] que vinham cercar [[Antioquia]] em [[1098]], a caminho de [[Jerusalém]]. [[Balduíno I de Jerusalém|Balduíno de Bolonha]], irmão de [[Godofredo de Bulhão]] respondeu ao apelo. Separou-se do grosso do exército cruzado, dirigindo-se para a [[Cilícia]] a [[sul]] e depois Edessa a [[leste]].
 
Balduíno impôs-se pouco a pouco, ameaçou partir para se juntar aos restantes cruzados e obrigou [[Teodoro de Edessa]] a adoptá-lo como filho e herdeiro. Teodoro professava a [[cristianismo|fé cristã]] [[Igreja Ortodoxa|ortodoxa grega]], em conflito com a [[Igreja Apostólica Armênia|ortodoxia arménia]] dos seus súbditos. A [[9 de março]] de [[1098]] foi assassinado, desconhecendo-se se Balduíno esteve envolvido no assunto. Seja como for, este sucedeu-lhe, tomando o título de [[conde]], uma vez que já era conde de [[Verdun (Meuse)|Verdun]], e prestando [[vassalagem]] ao seu irmão [[Godofredo de Bulhão]], [[rei de Jerusalém|soberano de Jerusalém]].
 
Os [[francos]] criaram boas relações com os seus súbitos [[arménios]], e houve vários casamentos entre os dois grupos - os três primeiros condes casaram-se com mulheres arménias. A esposa de Balduíno morreu em [[1097]] e, depois de este suceder a Teodoro, casou-se com [[Arda da Arménia|Arda]], filha de Teodoro de Marache, um [[nobre]] local. [[{{lknb|Balduíno |II |de Jerusalém|Balduíno II]]}} casar-se-ia com [[Morfia de Melitene|Morfia]], filha de [[Gabriel de Melitene]], e [[{{lknb|Joscelino |I |de Edessa|Joscelino I]]}} com uma filha do príncipe [[Constantinoarmênio I da Arménia{{lknb|Constantino |I]] do [[Reino Arménio |da Cilícia]]Arménia}}.
 
Para as boas relações com os arménios, Balduíno I teve o mérito de repelir os turcos com eficácia, o que lhe permitiu aumentar os seus domínios até ao [[rio Eufrates]]. Tencionava levar o condado até [[DyarbekirDiarbaquir]] e depois [[MossulMoçul]], mas entretanto chegou a notícia da morte de Godofredo, protector do [[Santo Sepulcro]].
 
Assim, em [[1100]] Balduíno tornou-se [[rei de Jerusalém]] e o Condado de Edessa passou para o seu primo [[{{lknb|Balduíno |II |de Jerusalém|Balduíno de Bourcq]]}}. [[Joscelino I de Edessa|Joscelino de Courtenay]] juntou-se ao conde e tornou-se senhor da [[Fortaleza (arquitetura militar)|fortaleza]] de [[Turbessel]] no [[rio Eufrates]], um importante posto avançado de protecção contra os [[turcos]] [[seljúcidas]], que controlava o oeste do Eufrates e definia a [[fronteira]] com [[Antioquia]].
 
== Conflitos com os territórios vizinhos ==
Balduíno II continuou a política do seu predecessor. Fez alianças com os senhores arménios de Marache e Melitene, alargando a sua suserania até estes territórios. Rapidamente se envolveu nos assuntos regionais, ajudando a assegurar o resgate de [[Boemundo I de Antioquia]] dos [[turcos]] [[danismendidas]] em [[1103]] e, aliado ao principado deste, atacou o [[Império Bizantino]] na [[Cilícia]] em [[1104]]. Ainda no mesmo ano tentou tomar [[Harã]], primeira etapa para a conquista de [[Mossul]]Moçul, mas os dois soberanos foram derrotados e aprisionados na [[Batalha de Harã|batalha]].
 
[[Imagem:BaudouinDeBoulogneAndThe Armenians.jpg|thumb|esquerda|300px|[[Balduíno I de Jerusalém|Balduíno de Bolonha]] e os [[arménios]] ([[iluminura]] da [[Crónica (historiografia)|crónica]] de [[Guilherme de Tiro]], [[1286]])]]
 
[[Tancredo da Galileia]], primo de Boemundo tornou-se [[Regência (sistema de governo)|regente]] de Edessa, até Balduíno e Joscelino serem resgatados em [[1108]]. Na prática, foi [[Ricardo de Salerno]] que governou o território e o defendeu contra os turcos, apesar de perder a parte norte do condado. Quando foi libertado, [[Balduíno II de Jerusalém|Balduíno II de Edessa]] teve de lutar contra o regente do seu condado para retomar o controlo da cidade. Tancredo acabou por ser derrotado, mas Balduíno teve de se aliar a alguns governantes [[muçulmanos]] locais.
 
Em [[1110]], todas as terras a leste do [[rio Eufrates]] foram perdidas para MossulMoçul. No entanto, tal como em outros ataques, a este não se seguiu uma investida contra a cidade de Edessa, uma vez que os governantes [[Islão|islâmicos]] precisavam em primeiro lugar de consolidar o seu próprio poder.
 
Quando [[{{lknb|Balduíno |I |de Jerusalém|Balduíno I]]}} morreu em [[1118]], [[{{lknb|Balduíno |II |de Jerusalém|Balduíno II]]}} tornou-se [[rei de Jerusalém]]. Apesar de [[{{lknb|Eustácio |III |de Bolonha]]}}, irmão de Balduíno I, ter mais direito sucessório, estava em [[Reino da França|França]] e hesitou antes de aceitar o [[Monarquia|reino]]. O agora rei colocou inicialmente um primo seu, [[GaléranGalerano dude Puiset]], como governador do condado.
 
Edessa foi então oferecida a [[{{lknb|Joscelino |I |de Edessa|Joscelino]]}} em [[1119]], que manteve o Senhorio de Turbessel como seu território e da sua descendência. Mas foi aprisonadoaprisionado mais uma vez em [[1122]], e quando Balduíno II foi tentar socorrê-lo também foi capturado, deixando Jerusalém sem rei. Em [[1123]] um grupo de cinquenta arménios, disfarçados de [[mercador]]es, ganharam acesso à cidadela onde Joscelino estava detido e, com o sacrifício da maioria dos seus, durante o combate permitiram a fuga do conde, que conseguiu obter a libertação de Balduíno no ano seguinte. Joscelino conseguiu alargar o condado e chegar até ao [[rio Tigre]] a norte de MossulMoçul.
 
== Queda do condado ==
[[Joscelino I de Edessa|Joscelino]] I morreu em batalha em [[1131]] e foi sucedido pelo seu filho [[{{lknb|Joscelino |II |de Edessa|Joscelino II]]}}. Mas por esta altura o governante [[seljúcida]] [[Zengi]] unira [[Alepo]] e [[MossulMoçul]], começando a ameaçar Edessa. Joscelino II descurou a segurança do condado, envolveu-se nas querelas [[teologia|teológicas]] sírias e desentendeu-se com os [[Condado de Trípoli|condes de Trípoli]], que depois lhe recusaram ajuda.
 
Zengi cercou Edessa em [[1144]], conseguindo tomá-la a [[24 de Dezembro]] desse ano. Joscelino II continuou a governar as terras a oeste do [[rio Eufrates]] a partir de [[Turbessel]], e conseguiu tirar proveito da morte de Zengi e da revolta da população arménia, em Setembro de [[1146]], para retomar a sua antiga capital.
 
A cidade foi mais uma vez perdida em novembro, e Joscelino escapou por pouco. Os [[arménios]] foram massacrados e os [[sírios]] expulsos, apesar da sua francofobia. A [[4 de Maio]] de [[1150]], o conde foi capturado na tomada de Turbessel por [[Nur ad-DinNoradine]], filho de Zengi, e aprisionado em [[Alepo]] até à sua morte em [[1159]]. A sua esposa vendeu o que restava do [[condado]] ao [[imperador bizantino]] [[Manuel I Comneno]]. Depois, juntamente com a sua família, mudou-se com o tesouro da venda para o [[Reino de Jerusalém]], para perto de [[Acre (Israel)|Acre]].
 
As terras do condado foram conquistadas por Nur ad-DinNoradine e pelo [[sultão]] de [[Sultanato de Rum|Rum]] no ano seguinte. Edessa foi o primeiro [[estado cruzado]] a ser criado, e também o primeiro a ser perdido.
 
{{Commonscat|County of Edessa}}