Maria de Lourdes Pintasilgo: diferenças entre revisões
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{{Info/Político
| nome=Maria de Lourdes Pintasilgo
| imagem=Maria de Lourdes Pintasilgo
| pais=de {{PRT}}
| mandato=[[1 de Agosto]] de [[1979]] até [[3 de Janeiro]] de [[1980]]
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| profissão=[[Engenheira]] Químico-Industrial
}}
'''Maria de
Maria de
== Biografia ==
=== Família ===
Maria de
Maria de
=== Formação ===
Em 1937, a família de Maria de
Em 1953, com 23 anos, licenciou-se em Engenharia Químico-Industrial, pelo [[Instituto Superior Técnico]] de Lisboa, numa época em que eram poucas as mulheres que enveredavam pela área da engenharia. Entre os 250 alunos do seu curso, apenas 3 eram mulheres. Com a opção por esta licenciatura, desejava mostrar que o desafio do mundo industrial e a novidade da técnica eram também acessíveis às mulheres.<ref name="Infopédia"/>
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=== Papel na Igreja e intervenção cívica ===
A actividade profissional que vinha exercendo, não prejudicou o seu compromisso cristão. Esta dimensão de crente foi indissociável dos seus empenhamentos sociais, sendo o horizonte da justiça a sua ambição política. Em 1957, depois de uma passagem pelos Estados Unidos da América, fundou em Portugal, com Teresa Santa Clara Gomes, o movimento internacional Graal. Entre 1964 e 1969, enquanto vice-presidente internacional do Graal, foi coordenadora de programas de formação e de projectos-piloto no domínio da emancipação da mulher, do desenvolvimento, da acção sócio-cultural e no domínio de uma evangelização enraizada no seu tempo. Neste período representou o Graal em actividades internacionais, nomeadamente no III Congresso Mundial do Apostolado dos Leigos, realizado em Roma (1967). Simultaneamente foi designada, pelo Papa Paulo VI, representante da Igreja Católica num grupo de ligação ecuménica com o Conselho Mundial das Igrejas (1966-1970). No Graal em Portugal foi
Em Novembro de 1969, recusou o convite do presidente do Conselho, Marcelo Caetano, para integrar a lista de deputados à [[Assembleia Nacional (Portugal)|Assembleia Nacional]].
Maria de
Entre 13.05.1970 e 23.09.1973, trabalhou como consultora junto do Secretário de Estado do Trabalho e Previdência, do Ministério das Corporações e Previdência Social. Presidiu ainda, novamente a convite de Marcelo Caetano, ao Grupo de Trabalho para a Participação da Mulher na Vida Económica e Social (na dependência da já referida Secretaria de Estado). No exercício dessas funções, integrou a Delegação Portuguesa à Assembleia Geral da ONU, tendo aí realizado cinco intervenções, subordinadas às problemáticas: o direito dos povos à auto-determinação (Novembro de 1971), a juventude (Dezembro de 1972), a condição feminina (Novembro de 1972), a situação social no mundo (Outubro de 1971), a liberdade religiosa (Dezembro de 1972).<ref name="Infopédia"/>
Manteve-se no Ministério das Corporações e Previdência Social até à instituição da Comissão para a Política Social relativa à Mulher, por decreto n.º 482/73, de 27 de Setembro, da qual foi nomeada presidente. Esta comissão sofreu, com o decreto-lei n.º 47/75 de 1 de Fevereiro, uma mudança de designação, passando a ser referenciada como Comissão da Condição Feminina, agora dotada de autonomia administrativa. Maria de
=== Vulto da democracia ===
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Em 01.05.1975, retomou a presidência da Comissão da Condição Feminina, permanecendo em funções até à tomada de posse como embaixadora junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, em 08.08.1975, onde realizou um trabalho notável durante quatro anos. Permaneceu como embaixadora delegada de Portugal junto da UNESCO (Paris) até 1979, embora administrativamente tenha conservado o cargo até 27.05.1981. Foi eleita, por quatro anos, membro do Conselho Executivo da UNESCO, por proposta dos países ocidentais, durante a Conferência Geral de 1976, realizada em Nairobi, pelo reconhecimento das suas capacidades na resolução de problemas difíceis e pelo seu conhecimento profundo em matérias como ciência, educação e cultura.
Em [[19 de julho]] de [[1979]], foi indigitada pelo presidente da República, general Ramalho Eanes, para chefiar o V Governo Constitucional (01.08.1979 – 03.01.1980), um governo de gestão incumbido de preparar as eleições legislativas intercalares marcadas para 2 de Dezembro desse ano. Ao aceitar desempenhar aquelas funções, Maria de
Em 1980, apoiou a candidatura do general Ramalho Eanes à Presidência da República. Entre 01.10.1981 e 01.02.1985, exerceu funções como consultora do presidente da República, António Ramalho Eanes, gerindo durante essa época o dossier Timor-Leste. Dotada de um estilo carismático foi dinamizadora de importantes movimentos sociais e cívicos, resultantes da sua preocupação com o aprofundamento da democracia. De nomear entre outros: a Rede de Mulheres (1980-1986), a Plataforma Inter-Grupos, o Movimento para o Aprofundamento da Democracia (MAD), surgido entre 1982 e 1985, e a Plataforma Europeia para o Ambiente.
Foi candidata independente às eleições presidenciais de 1986, as mais competitivas e polarizadas do regime democrático português, onde pela primeira vez os candidatos eram civis e não já militares. Sem o apoio de qualquer máquina partidária e gozando do prestígio que recolhera enquanto primeira-ministra, Maria de
Entre 1987 e 1989 foi deputada no Parlamento Europeu, na qualidade de independente integrada no Grupo Socialista.
=== Projecção internacional ===
Desde nova que a sua experiência cristã e mais tarde os seus empenhamentos sociais, cívicos e políticos, são atravessados pela dimensão internacional. No final dos anos setenta era já uma prestigiada intelectual católica, com uma carreira política meritória, reconhecida em Portugal e no estrangeiro. Porém, durante a década de oitenta, foi no plano internacional que Maria de
Foi membro do conselho directivo do World Policy Institute da New School of Social Research, em Nova Iorque (1982). Em 1983 torna-se membro do Conselho de Interacção de Ex-Chefes de Governo, organismo criado por Kurt Waldheim, Leopold Senghor e Helmut Schmit, ocupando a sua vice-presidência entre 1988 e 1993, por designação do Comité Executivo. Foi igualmente membro do Conselho Directivo da Universidade das Nações entre 1983 a 1989, por designação do Secretário-Geral da ONU, do Director-Geral da UNESCO e da Santa Sé. De 1989 a 1991 foi membro do Conselho da Ciência e da Tecnologia ao Serviço do Desenvolvimento, eleita pela Assembleia Geral da ONU, e membro do Grupo de Peritos da OCDE sobre A Mudança Estrutural e o Emprego das Mulheres (1990-1991), a convite do Secretário-Geral daquela organização.
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Entre 1990 e 1992 foi conselheira especial do Reitor da Universidade das Nações Unidas. De 1992 a 1994 foi presidente do Grupo de Peritos do Conselho da Europa sobre Igualdade e Democracia. Por convite conjunto dos Governos da Holanda, Suécia, Noruega, Alemanha, Canadá, Reino Unido e Japão da ONU, do Banco Mundial e de várias Fundações Americanas, entre 1992 e 1997, foi presidente da Comissão Mundial Independente sobre a População e Qualidade de Vida.
Presidiu, entre 1993 e 1998, ao Conselho Directivo do WIDER/UNU, Instituto Mundial de Investigação sobre Desenvolvimento Económico da Universidade das Nações Unidas. Maria de
Participou ainda em numerosos simpósios, encontros, colóquios em universidades, institutos religiosos e organizações cristãs, entidades internacionais (OCDE, ONU, UNITAR, OIT, NATO, UNESCO), em associações e movimentos de mulheres, fóruns políticos e sociais dos cinco continentes, com a análise de temas relacionados com os vários aspectos da intervenção das mulheres na sociedade civil, do desenvolvimento e da qualidade de vida, da cidadania, da teologia e espiritualidade cristã, da democracia e reforma do Estado.
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== Títulos honoríficos ==
Maria de
Recebeu o doutoramento “honoris causa” pela Universidade Católica de Louvaina, em 02.02.1990.
Foi agraciada<ref name="OHop">{{citar web|url=http://www.ordens.presidencia.pt/?idc=153|título=Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas|autor=|data=|publicado=Presidência da República Portuguesa|acessodata=2013-01-03 |notas=Resultado da busca de "Ruivo da Silva de Matos".}}</ref> com a Grã-Cruz da [[Ordem Militar de Cristo]], a 9 de Abril de 1981, tornando-se na primeira mulher agraciada nessa Ordem com esse grau, com<ref name="OHop"/> a Grã-Cruz da [[Ordem do Infante D.
== Obras publicadas ==
A obra publicada de Maria de
* ''Sulcos do nosso querer comum'' (Porto, Ed. Afrontamento, 1980);
* ''Imaginar a Igreja'' (Lisboa, Ed. Multinova, 1980);
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* ''Dimensões da mudança''. Prefácio de [[Eduardo Prado Coelho]]. 2.ª ed., Porto, Afrontamento, 1985.
* ''As minhas respostas'' (Lisboa, Ed. D. Quixote, 1985).
Prefaciou ainda a segunda edição das ''Novas Cartas Portuguesas'', de [[Maria Isabel Barreno]], [[Maria Teresa Horta]] e [[Maria Velho da Costa]] (1974). Assinou o Pré-Prefácio e o Prefácio da 3.ª edição daquela obra, em 1980. Em 1999, prefaciou também a obra de Maria Regina Tavares da Silva,'' A Mulher – Bibliografia Portuguesa Anotada (1518-1998)''. A escrita e as investigações que conduziu caracterizam-se pela criação de alternativas aos paradigmas existentes, pela proposta de um diálogo interdisciplinar e por grande independência da sua reflexão política. Saliente-se ainda que, a divulgação do seu pensamento foi em grande medida feita através de longas entrevistas e debates, editados por publicações nacionais e estrangeiras, comprovando os seus dotes excepcionais de comunicadora e pensadora.
{{Referências|
==Ligações externas==
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{{Começa caixa}}
{{Caixa de sucessão
|título = [[Anexo:Lista de primeiros-ministros de Portugal|Primeiro-ministro de Portugal]]
|anos = ''([[V Governo Constitucional de Portugal|V Governo Constitucional]])''<br />[[1979]]-[[1980]]
|antes = [[Carlos Alberto da Mota Pinto]]
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