Bismarck (couraçado): diferenças entre revisões

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====Última batalha====
Com o leme de bombordo emperrado, o ''Bismarck'' agora navegava em um grande círculo, incapaz de fugir das forças de Tovey. Apesar da falta de combustível ter diminuído o número de navios britânicos, os couraçados ''King George V'' e ''Rodney'' ainda estavam disponíveis, junto com os cruzadores pesados ''Norfolk'' e [[HMS Dorsetshire (40)|HMS ''Dorsetshire'']].<ref>{{harvnb|Bercuson & Herwig |2003, |pp. =271–271}}</ref> No dia [[26 de maio]], Lütjens enviou uma mensagem ao quartel general: "Navio sem controle. Lutaremos até a última bala. Vida longa ao Führer".<ref>{{harvnb|von Müllenheim-Rechberg |1980, |p. =182}}</ref> O humor da tripulação ficou cada vez mais depressivo, especialmente enquanto as mensagens do comando naval chegavam no navio. No anoitecer, oO ''Bismarck'' brevemente disparou contra o ''Sheffield'' ao anoitecer, mas o cruzador rapidamente fugiu. O ''Sheffield '' perdeu contato visual na baixa visibilidade; o grupo de cinco contratorpedeiros do Capitãocapitão Philip Vian recebeu a tarefa de manter contato com o ''Bismarck'' durante a noite.<ref>{{harvnb|Bercuson & Herwig |2003, |p. =279}}</ref>
 
Os navios encontraram o ''Bismarck'' às 22h38min; os alemães rapidamente atacaram com sua bateria principal. Depois de dispararem três vezes, eles escarrancharam o contratorpedeiro polonês ORP ''Piorun''. A embarcação polonesa continuou a 12&nbsp;km até ser quase atingida, forçando sua retirada.<ref name=garzke237 /> Durante toda a noitemadrugada e início da manhã, os contratorpedeiros de Vian atormentaram constantemente o ''Bismarck'', iluminando-o com sinalizadores e disparando vários torpedos, mas nenhum acertou. Entre 5h00min e 6h00min, a tripulação alemã tentou lançar um dos aviões [[Arado Ar 196]] para carregar o diário de guerra do navio, imagens do confronto contra o ''Hood'' e outros documentos importantes. O terceiro impacto do ''Prince of Wales'' havia danificado a tubulação de vapor e a catapulta, deixando-a inoperante. Sem poder lançar a aeronave, a tripulação simplesmente a jogou para fora da embarcação.<ref>{{harvnb|Garzke & Dulin |1985, |pp. =237–238}}</ref>
 
[[Ficheiro:Rodney firing on Bismarck.png|thumb|300px|O ''Rodney'' disparando contra o ''Bismarck''.]]
Depois da aurora do dia [[27 de maio]], o ''King George V'' liderou o ataque, com o ''Rodney'' seguindo-o pelo lado bombordo; Tovey queria navegar diretamente para o ''Bismarck'' até ficar a 8oito milhas náuticas (15&nbsp;km) de distância. Nesse momento, ele viraria para o sul e colocaria seus navios em um curso paralelo com o inimigo.<ref>{{harvnb|Bercuson & Herwig |2003, |pp. =286–287}}</ref> Às 8h43min, vigias do ''King George V'' avistaram o ''Bismarck'' a aproximadamente 23&nbsp;km de distância. Quatro minutos depois, o ''Rodney'' abriu fogo com seus dois canhões dianteiros de 406&nbsp;mm, seguindo pelo ''King George V'' e sua bateria principal de 356&nbsp;mm. O ''Bismarck'' contra-atacou às 8h50min; com seu segundo disparo, ele escarranchou o ''Rodney''.<ref>{{harvnb|Bercuson & Herwig |2003, |pp. =288–289}}</ref>
 
EsquantoEnquanto a distância diminuía, as baterias secundárias também começaram a atirar. O ''Norfolk'' e o ''Dorsetshire'' aproximaram-se e atiraram com seus canhões de 203&nbsp;mm. Às 9h02min, uma bala de 406&nbsp;mm do ''Rodney'' acertou a superestrutura dianteira do ''Bismarck'', matando centenas de homens e danificando seriamente as duas torres de tiro dianteiras. De acordo com sobreviventes, esse tiro provavelmente matou Lindemann e Lütjens e o resto da equipe da ponte.<ref>{{harvnb|Bercuson & Herwig |2003, |pp. =290–291}}</ref> A bateria da proa estava desabilitada, apesar de ter conseguido atirar uma última vez às 9h27min.<ref>{{harvnb|Garzke & Dulin |1985, |p. =239}}</ref> Uma das balas do ''Bismarck'' explodiu a 6seis mmetros da proa do ''Rodney'' e deixou seu tubo de torpedo do lado estibordo danificado – o mais perto que o ''Bismarck'' chegou de atingir seu inimigo.<ref name=kennedy246 >{{harvnb|Kennedy |1991, |p. =246}}</ref> A estação principal de controle da artilharia foi rapidamente destruída. O tenente Burkard Freiherr von Müllenheim-Rechberg na estação de controle traseira assumiu o controle de fogo para as torres da popa. Ele conseguiu disparar três salvos antes de uma bala destruir o direcional de tiro, incapacitando o equipamento. Ele deu ordem para as armas ainda ativas atirarem independentemente, porém, todas as quatro torres principais estariam neutralizadas até às 9h31min.<ref>{{harvnb|Bercuson & Herwig |2003, |p. =291}}</ref>
 
[[Ficheiro:Battleship Bismarck burning and sinking 1941.jpg|thumb|left|270px|O ''Bismarck'', visto de um dos navios da Marinha Real, queima no horizonte.]]
Às 10h00min, os dois couraçados de Tovey já haviam atirado mais de setecentas balas. O ''Bismarck'' havia sido reduzido a ruínas, em chamas da proa a popa. Ele tinha uma inclinação de 20° para bombordo e a popa estava quase na linha d'água. O ''Rodney'' aproximou-se até 2700 m, seus canhões completamente na horizontal, e continuou a atirar no casco destruído. Tovey não podia parar de atirar até que os alemães abaixassem suas bandeiras (indicado rendição) ou ficasse claro que estavam abandonando o navio.<ref>{{harvnb|Bercuson & Herwig |2003, |pp. =292–293}}</ref> O ''Rodney'' disparou dois torpedos a partir de seu lado bombordo, afirmando ter acertado um – algoquealgo que, de acordo com Ludovic Kennedy, "se for verdade, [é] a única instância na história de um couraçado torpedeando outro".<ref name=kennedy246 />
 
O primeiro oficial de vigília Hans Oels ordenou que os homens nos conveses inferiores abandonassem o navio; ele instruiu a equipe da engenharia a abrir as comportas à prova d'água e preparar explosivos para afundar o navio.<ref>{{harvnb|Bercuson & Herwig |2003, |p. =293}}</ref> Gerhard Junack, o oficial engenheiro chefe, ordenou que seus homens armassem cargas explosivas com um estopim de nove minutos, porém o intercomunicador quebrou, e ele enviou um mensageiro para confirmar a ordem de afundar a embarcação. O mensageiro nunca retornou, então Junack armou cargas e ordenou que a tripulação abandonasse o navio.<ref name=gaack >{{harvnb|Gaack & Carr |2011, |pp. =80–81}}</ref> Ele e seus companheiros ouviram as explosões enquanto subiam para o convés.<ref name=zatterling281 >{{harvnb|Zatterling & Tamelander |2009, |p. =281}}</ref> No meio tempo, Oels correu pelo ''Bismarck'' mandando seus homens abandonarem os postos. Depois de chegar no convés, uma explosão o matou junto com outros.<ref>{{harvnb|Bercuson & Herwig |2003, |p. =295}}</ref>
 
[[Ficheiro:HMS Dorsetshire Bismarck survivors.jpg|thumb|180px|O ''Dorsetshire'' resgata sobreviventes do ''Bismarck''.]]
Os quatro navios britânicos dispararam mais de 2800 balas no ''Bismarck'', acertando mais de quatrocentas, porém não conseguiram afundá-lo. Por volta das 10h20min, com baixo combustível, Tovey ordenou que o ''Dorsetshire'' afundasse a embarcação alemã com torpedos, dispensando seus couraçados da batalha.<ref>{{harvnb|McGowen |1999, |p. =56}}</ref> O navio britânico atirou dois torpedos contra o lado estibordo do ''Bismarck'', acertando um. O ''Dorsetshire'' então foi para o lado bombordo e disparou novamente, acertando. No momento desses ataques, o navio estava tão inclinado para o lado que o convés já estava parcialmente inundado.<ref name=zatterling281 /> Parece que o último torpedo pode ter sido detonado contra o lado bombordo da superestrutura do ''Bismarck'', que já estava debaixo d'água. Às 10h35min, o ''Bismarck'' emborcou para o lado bombordo e lentamente afundou pela popa.<ref name=garzke246 >{{harvnb|Garzke & Dulin |1985, |p. =246}}</ref> Alguns sobreviventes relataram terem visto Lindemann em posição de sentido na proa enquanto o navio afundava.<ref name=zatterling282 >{{harvnb|Zatterling & Tamelander |2009, |p. =282}}</ref> Junack, que já havia abandonado o navio quando ele emborcou, não viu nenhum dano no casco do lado estibordo.<ref name=gaack /> von Müllenheim-Rechberg afirmou a mesma coisa, porém achou que o lado bombordo, que já estava debaixo d'água, havia sofrido danos maiores.<ref name=zatterling282 /> Por volta de quatrocentos homens caíram na água;<ref name=gaack /> o ''Dorsetshire'' e o HMS ''Maori'' aproximaram-se e jogaram cordas para resgatar sobreviventes. Às 11h40min, o capitão do ''Dorsetshire'' ordenou o fim do resgate depois de vigias terem avistado aquilo que acreditaram ser um Uu-boot. O ''Dorsetshire'' resgatou 85 homens e o ''Maori'' outros 25.<ref>{{harvnb|Bercuson & Herwig |2003, |p. =297}}</ref> Um Uu-boot mais tarde resgatou três homens, e um barco de arrasto alemão achou outros dois. Um dos homens resgatados pelos britânicos morreu no dia seguinte. De uma tripulação de 2200 homens, apenas 114 sobreviveram.<ref name=garzke246 />
 
O ''Bismarck'' foi mencionado na ''Wehrmachtbericht''no (relatório das forças armadas) três vezes durante a Operação Rheinübung. A primeira foi um relato da Batalha do Estreito da Dinamarca;<ref>''{{harvnb|Die Wehrmachtberichte'' |1985, |pp. =538–540}}</ref> a segunda um breve relato de sua destruição;<ref>''{{harvnb|Die Wehrmachtberichte'' |1985, |p. =542}}</ref> e a terceira um relato exagerado afirmando que ele havia afundado um contratorpedeiro britânico e abatido cinco aeronaves.<ref>''{{harvnb|Die Wehrmachtberichte'' |1985, |p. =544}}</ref> Em 1959, [[C. S. Forester]] publicou o romance ''Last Nine Days of the Bismarck''. O livro foi adaptado para a cinema no ano seguinte com ''[[Sink the Bismarck!]]'', que mostrava o ''Bismarck''navio afundando um contratorpedeiro e derrubando dois aviões.<ref>{{harvnb|Niemi |2006, |p. =99}}</ref> No mesmo ano, Johnny Horton lançou a canção "Sink the Bismark".<ref>{{harvnb|Polmar & Cavas |2009, |p. =251}}</ref>
 
==Destroços==