Diferenças entre o esperanto e o ido: diferenças entre revisões

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No entanto, os Esperantistas afirmam que a concordância do adjetivo com o nome torna possível uma maior liberdade na organização das palavras, e de certa forma uma redundância maior. Em alguns casos, o [[língua inglesa|inglês]] e o Esperanto de fato têm a mesma quantidade de redundância, o inglês por sua conjugação verbal em terceira pessoa, e o Esperanto por causa da concordância nome-adjetivo. Já o Ido, que não tem nenhuma destas, não tem aquela redundância.
 
Diferenças maiores aparecem, no entanto, com a derivação de muitas palavras. Por exemplo, em Esperanto, a palavra ''krono'' significa "coroa", e substituindo o sufixo nominal ''o'' pelo verbal ''i'' se obtém por derivação o verbo ''kroni'' "coroar". Entretanto, se alguém começar com o verbo ''kroni'', "coroar", e substituir o sufixo verbal ''i'' pelo nominal ''o'' para criar um substantivo, o resultante não seria a palavra "coroação", mas sim o original "coroa". Isto é porque o radical ''kron-'' é inerentemente um nome: com o sufixo nominal ''-o'' a palavra simplesmente significa a coisa em si, enquanto o sufixo verbal ''-i'' significa uma ação feita com a coisa. Para obter a palavra que significa a execução da ação "coroar" ("coroação") é necessário usar o sufixo ''-ado'', que retém a idéia verbal, de ação. Assim, é necessário saber a qual parteé daa falaraiz de cada raizuma dedas palavras em Esperanto pertence.
 
O Ido introduziu alguns sufixos na tentativa de tornar mais clara a morfologia de uma dada palavra, de tal forma que não se tornasse necessário memorizar sua raiz. No caso da palavra ''krono'' "coroa", o sufixo ''-izar'' "cobrir com" é acrescido para criar o verbo ''kronizar'' "coroar". Deste verbo é possível remover o sufixo verbal ''-ar'' e o substituir com o nominal ''-o'', criando a palavra ''kronizo'' "coroação". Ao não permitir que um nome seja usado diretamente como verbo, tal como permite o Esperanto, as raízes verbais do Ido podem ser reconhecidas sem a necessidade de memorizá-las.
 
Entretanto esta solução é apenas parcial, e com outras derivações ainda faz-se necessário saber as palavras em Ido que servem como raízes. A principal diferença é que o Ido corresponde de forma mais aproximada ao que se espera das [[línguas românicas]], enquanto o Esperanto parece mais influenciado pela [[semântica]] eslava. ESteEste aspecto do Esperanto foi simplesmente assumido desta forma por seu inventor, e não foi explicitado quando o Ido surgiu.
 
===Vocabulário===
Apesar de tanto o Esperanto quanto o Ido compartilharem um vasto vocabulário, há muitas diferenças importantes. O Ido usa o [[alfabeto latino]] com 26 letras ao todo, sem nenhum caractere ou [[diacrítico]] especial. De modo oposto, o Esperanto elimina as letras "desnecessárias" "[[q]]", "[[w]]", "[[x]]" e "[[y]]"; e acrescenta "[[ĉ]]", "[[ĝ]]", "[[ĥ]], "[[ĵ]]", "[[ŝ]]" e "[[ŭ]]". Deixando de lado estas pequenas diferenças de grafia, o Ido consegue corrigir aquelas que foram percebidas como deficiências do Esperanto.
 
Entretanto, o Ido não consegue ter a plena correspondência de "uma letra, um fonema" que o Esperanto tem, e usa três [[dígrafo]]s ''qu'', ''sh'' e ''ch''. A correspondência "uma letra, um fonema" tem sido usada por quase todas as línguas planejadas visando facilitar o aprendizado. Os falantes de Esperanto, entretanto, podem usar "cx", "gx", "hx, "jx", "sx" e "ux" como dígrafos, de acordo com o ''Fundamento'', apesar de preferirem não usá-los quando assim é possível. O Dr. Zamenhof usava "ch", "gh", "hh", "jh", "sh" e "u". Foi o advento dos [[computador]]es que substituiu a letra "x", uma vez que ela não existe em Esperanto.
 
====InternationalmenteInternacionalmente====
Os criadores do Ido achavam que muito do Esperanto era ou internacionalmente irreconhecível, ou desnecessariamente deformado. O Ido busca corrigir isto com radicais de palavras considerados mais "internacionais" ou mais "corretos". Isto pode se dar algumas vezes às custas dos processos de construção simplificados do Esperanto. A seguir temos alguns exemplos, primeiramente em Esperanto e em seguida em Ido, com os sinônimos em [[Língua inglesa|inglês]], [[língua francesa|francês]], [[língua alemã|alemão]], [[língua italiana|italiano]] e [[língua espanhola|espanhol]] para comparação:
 
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Note que 4 das línguas escolhidas neste comparativo são línguas românicas e que o inglês também possui muitas influências do francês e do [[latim]]. Em comparação, o Esperanto é de certo modo mais influenciado pelo vocabulário germãnicogermânico e pela semântica eslava, e dá prioridade à composição de novas palavras com o acréscimo de afixos[[afixo]]s.
 
====Afixos====
O Ido postula que o prefixo ''mal-'' (criando uma palavra com o significado diametralmente oposto à palavra-raiz) no Esperanto é excessivamente utilizado, e que isto pode ser inapropriado uma vez que ele possui significados negativos, depreciativos, em muitas línguas, e propõe ''des-'' como alternativa em alguns casos. O Ido também usa uma série de palavras opostas no lugar de um prefixo. Por exemplo, ao invés de ''malbona'' ("ruim", o oposto de "''bona'', "bom"), o Ido usa ''mala''; ou ao invés de ''mallonga'' ("curto", o oposto de ''longa'', "longo/a"), ''kurta''. Uma das razões apresentadas para isto é tornar a fala mais inteligível: o primeiro livro de gramática do Ido afirma que uma das razões para adotar a palavra de origem [[latim|latina]] ''sinistra'' para "esquerdo" ao invés de ''maldextra'' (''mal-'' somado à palavra ''dextra'', ou ''dekstra'', para "direito") é que freqüentemente apenas a última ou as duas últimas sílabas são escutadas e entendidas quando se grita uma palavra.
 
O Ido não diferencia o gênero masculino em uma palavra. Por exemplo, ''frato'' significa "irmão do sexo masculino" em Esperanto, porém "irmão" (independente do gênero, masculino ou feminino) em Ido. O Ido usa os sufixos ''-ino'' ("feminino", usado como no Esperanto) e ''-ulo'' ("masculino", porém não deve ser confundido com o mesmo sufixo em Esperanto que significa "pessoa"). Assim, "irmã" fica ''fratino'' (da mesma forma que em Esperanto), porém irmão é ''fratulo''. Para alguns grupos há três palavras separadas: ''patro'' ("pai"), ''matro'' ("mãe"), e ''genitoro'' ("genitor/a"). Compare isto com o Esperanto ''patro'', ''patrino'' e ''gepatroj'', respectivamente. A última é especialmente difícil em Esperanto, uma vez que o prefixo ''ge-'' significa "os dois gêneros juntos" e é intrinsecamente um plural, significando assim "genitores" ao invés de "genitor". Pode-se dizer ''unu el la gepatroj'', "um dos pais/genitores". No entanto há um sufixo não oficial em Esperanto que significa "masculino": ''-ic^oiĉo-''.
 
====Correlativos====
O Ido não usa a tabela regular de [[correlativo]]s tal como o Esperanto, porém usa radicais derivados do Latim. Desta forma, a palavra em Esperanto ''kio'' equivale à palavra em ido Ido ''quo'', "o que", "o qual". Em Esperanto ''tie'', tem o equivalente em Ido ''ibe'', "ali", etc.
 
===Nomes próprios===
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====Nomes padrão====
Tal como dissemos anteriormente, a maioria dos prenomes europeus têm equivalentes em Esperanto: "John"/"João"/"Giovanni" é ''Johano'', "Alexander"/"Alexandre"/"Alessandro" é ''Aleksandro'', etc. Como em algumas culturas o sobrenome antecede o prenome, e em outras é o oposto, é prática entre vários escritores em Esperanto escrever os sobrenomes em [[caixa alta|letra maiúscula]], apesar disso não ser comum em publicações. "John Smith" seria assim grafado "John SMITH" ou "Johano SMITH". A maioria dos nomes não-ocidentais não têm equivalentes e são transcritos de forma mais próxima possível da ortografia em Esperanto.
 
O Ido, por outro lado, simplesmente deixa o nome como ele é: "John Smith" é "John Smith" também em Ido. Nomes próprios de línguas que não usam o alfabeto latino são transcritos o mais foneticamente possível. O Ido não usa maiúsculas[[caixa alta]] para nomes próprios.
 
====Nomes de lugares====
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==Número de falantes==
A estimativa mais confiável para o número de falantes do Esperanto no mundo é de 1,6 milhão, apesar destas estimativas variarem enormemente. Da mesma forma, estimativas para o número de falantes de Ido são pouco precisas, de apenas 500 a alguns milhares é o mais comum. É também importante diferenciar o total de falantes do total de apoiadores: as duas línguas se parecem tanto uma com a outra que em poucas semanas de estudo permitemsão aosuficientes para o falante de uma entender a outra com pouca dificuldade, e há certo número pessoas que aprendeuaprenderam o Ido mais por curiosidade porém preferem apoiar o Esperanto, por ser mais falado, e vice-versa. O número de participantes nas respectivas conferências internacionais é também bastante diferente: as conferências sobre Esperanto variam de 2000 a 3000 participantes por ano, enquanto as conferências em Ido tiveram entre 13 e 25 participantes na última década. Estas línguas também têm conferências regionais durante o ano numa base bem menos formal, e com um número bem menor de participantes.
 
==História==
A história da relação entre o Esperanto e o Ido é cheia de rivalidades e sentimentos de traição, assim como de grandes mal-entendidos. Muitos Esperantistas se sentiram traídos pelo movimento Ido, e muitos Idistas acham que sua língua não tem o respeito que merece.
 
Em [[1900]], [[Louis Couturat]], depois de correspondências iniciais com o fundador do Esperanto, [[L. L. Zamenhof]], criou a Delegação para a Adoção de uma Língua Auxiliar Internacional. Em [[1907]] em [[Viena]] a delegação se encontrou para escolher uma língua auxiliar internacional dentre as muitas candidatas que surgiram. A maioria dos Esperantistas acreditava que o Esperanto iria facilmente vencer. No entanto, quando Couturat apresentou seu projeto então embrionário, - uma série de reformas no Esperanto que posteriormente se transformaram no Ido, - e exigiu uma resposta dentro de um mês, muitos no movimento pró-Esperanto se sentiram traídos. Alguns Esperantistas até acusaram Couturat e seu colega, o Marquês [[Louis de Beaufront]] de conspiração, dizendo que a Delegação Internacional era simplesmente um palco para a apresentação do Ido.
 
Os Idistas tendem a ver as coisas de modo diferente. Eles notam que muitas das mudanças que o Ido adotou em relação ao Esperanto foram aquelas originalmente propostas pelo próprio Zamenhof em seu ''Esperanto Reformado'', as quais foram rejeitadas pela maioria dos falantes desta língua. Oa Idistas perceberam que o Esperanto tinha diversas falhas em vários aspectos, e que, ao contrário de uma conspiração contra a língua, as propostas levadas por Courutat eram simplesmente melhorias urgentemente necessárias.
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[[Categoria:Esperanto]]
[[Categoria:Ido]]
[[Categoria:Línguas artificiais]]
 
[[en:Esperanto and Ido compared]]