Frente Nacional de Libertação de Angola: diferenças entre revisões

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A UPA, enraizada principalmente entre os [[Bakongo]] mas com aderentes também entre os [[Mbundu|Ambundu]] e os [[Ovimbundu]], foi o primeiro movimento anti-colonial a desenvolver actividades de envergadura em Angola. Iniciou a sua luta armada na região do norte de Angola em {{DataExt|15|3|1961}}, nomeadamente no [[Lista de municípios de Angola por ordem alfabética|concelho]] do [[Uíge]], estendendo-se mais tarde para o sul, até à actual província do [[Bengo]]. Ela teve como retaguarda de luta o ex-[[Congo Belga]], actual [[República Democrática do Congo]], a seu tempo liderada pelo falecido General [[Mobutu Sese Seko]] que - no quadro da sua política regional - manteve boas relações com o líder da UPA/FNLA, [[Holden Roberto]]. Este apoio possibilitou a constituição em [[Léopoldville]] (hoje [[Kinshasa]]), imediatamente depois da formação da FNLA, do GRAE ([[Governo Revolucionário Angolano no Exílio]]), cujos vice-presidentes eram de proveniência Ambundu, e cujo secretário geral era [[Jonas Savimbi]], [[Ovimbundu|Ocimbundu]] e posteriormente fundador da [[UNITA]]. O braço armado do GRAE era o ELNA (Exército de Libertação Nacional de Angola) cujos comandantes provinham de várias partes de Angola, inclusive de [[Cabinda]]. Nem o MPLA nem a [[FLEC]] quiseram participar do GRAE, o que viria a ser decisivo para a complexa e contraditória configuração da luta anti-colonial em Angola. <ref> A fonte principal para esta parte é o vol. I de livro de referência de John Marcum: ver "Bibliografia". Veja também Lúcio Lara (org.), ''Um amplo movimento: Itinerário do MPLA através de documentos de Lúcio Lara'', especialmente o vol. II ''(1961-1962)'', Luanda: Ed. Lúcio Lara, 2006</ref>
 
A luta armada desenvolvida pela FNLA contra a potência colonial teve fortes limitações. A pesar dos apoios por parte de Mobutu, mas também durante algum tempo da parte da [[China]] e da [[Roménia]]<ref> Ao dar este apoio, os últimos países fizeram deliberadamente frente à então [[União Soviética]] que tinha optado por um apoio exclusive ao MPLA</ref>, o ELNA não conseguiu resistir ao contra-ataque militar português. Não teve a capacidade de manter o controle sobre qualquer parcela do território angolano, no Nordeste do país, embora tivesse marcado um mínimo de presença, sob a forma de actividades de guerrilha. Uma tentativa de abrir uma segunda frente no leste de Angola, não foi para além da constituição de um pequeno núcleo de guerrilha, ao Norte de [[Luena]], cujas actividades foram mais simbólicas.
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[[Ficheiro:EmblemaUPA.jpg|thumb|esquerda|160px|Emblema da UPA.]]
 
Durante a primeira fase pós-colonial, a FNLA quase desapareceu da cena. Uma vez que o MPLA tinha instalado um regime monopartidário que, a partir de 1977, professava o marxismo-leninismo, outros movimentos ou partidos - portanto também a FNLA - não podiam, durante este período, ter uma existência legal em Angola. Por outro lado, e ao contrário da UNITA, a participação da FNLA na Guerra Civil foi muito fraca e acabou por deixar de existir. O movimento entrou numa fase de degenerescência, cujo indicador porventura mais forte foi o facto de Holden Roberto passar a residir em Paris durante muitos anos. Outro outro indicador forte foi a passagem para o lado do MPLA de alguns dos seus dirigentes, como Johnny Eduardo Pinock Eduardo e Henrique Vaal Neto que chegaram a fazer parte de um Governo de Reconciliação Nacional.
 
que chegaram a fazer parte de um Governo de Reconciliação Nacional. {{Referências}}
Quando, no fim dos anos 1980, o governo do MPLA anunciou a passagem de Angola para um sistema de democracia multipartidária, marcando primeiras eleições para 1992, a FNLA constituiu-se em partido político. Porém, os resultados do escrutínio foram-lhe extremamente desfavoráveis: nas eleições legislativas obteve 2.40%, e nas eleições presidenciais Holden Roberto obteve 2.11%. Estes resultados reflectem a radical perda de credibilidade da FNLA mesmo entre os Bakongo onde, por sinal, se constituíram vários outros partidos que concorreram às eleições sem sucesso, diminuindo ainda mais o eleitorado da FNLA.
 
O conjunto destes desenvolvimentos levou à divisão do partido em duas alas, sendo um delas liderada pelo [[sociologia|sociólogo]] Lucas Ngonda, professor da [[Universidade Agostinho Neto]]. A aproximação das segundas eleições legislativas em Angola, em 2008 levou a que as duas alas negociassem o reencontro que no entanto não se realizou, tendo Holden Roberto falecido em 2007.
 
Nas eleições de 2008 a FNLA obteve ainda menos votos do que em 1992, ficando-se pelos 1.11% e deixando de ser um actor político relevante. Entretanto, a liderança do partido continua a ser disputada ente Lucas Ngonda e um dos líderes históricos da FNLA, Ngola Kabango. <ref> ''Novo Jornal'' 23/12/2011.</ref> Nas [[Eleições Gerais em Angola 2012|eleições de 2012]], a percentagem do votos foi sensivelmente a mesma, mas o partido perdeu mais um deputado, ficando reduzido a apenas 2 representantes na Assembleia Nacional.
 
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==Bibliografia==