Microeconomia: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Paul Samuelson.gif|thumb|right|[[Paul Samuelson|Paul Anthony Samuelson]], um dos pais fundadores da microeconomia, autor de um dos manuais mais marcantes da história ''Economics'' (primeira edição em 1948) juntamente com os ''Princípios de economia política'' de [[John Stuart Mill]] (primeira edição de 1848) e os ''Princípios de economia política'' de [[Alfred Marshall]] (primeira edição de 1890).]]
 
A '''Microeconomia''' é definida como um problema de alocação de recursos escassos em relação a uma série possível de fins. Os desdobramentos lógicos desses problemas levam ao estudo do comportamento [[economia|econômico]] individual de [[consumidor]]es e [[firmas]], bem como a distribuição da [[produção]] e [[renda|rendimento]] entre eles. A Microeconomia é considerada a base da moderna teoria econômica, estudando suas relações fundamentais. As famílias são consideradas [[oferta|fornecedores]] de [[trabalho]] e [[capital]], e [[demanda]]ntes de bens de consumo. As firmas são consideradas [[demanda]]ntes de trabalho e fatores de produção e [[oferta|fornecedoras]] de produtos.
 
Os consumidores maximizam a utilidade a partir de um orçamento determinado. As firmas maximizam lucro a partir de custos e receitas possíveis.
 
A microeconomia procura analisar o [[mercado]] e outros tipos de mecanismos que estabelecem preços relativos entre os produtos e serviços, alocando de modos alternativos os [[fatores de produção|recursos]] dos quais dispõe determinados indivíduos organizados numa sociedade.
 
A microeconomia preocupa-se em explicar como é gerado o preço dos produtos finais e dos fatores de produção num equilíbrio, geralmente perfeitamente competitivo. Divide-se em:
 
* [[Teoria do Consumidor]]: Estuda as [[preferências do consumidor]] analisando o seu comportamento, as suas escolhas, as restrições quanto a valores e a demanda de mercado. A partir dessa teoria se determina a curva de demanda.
 
* [[Teoria da Firma]]: Estuda a estrutura econômica de organizações cujo objetivo é maximizar lucros. Organizações que para isso compram fatores de produção e vendem o produto desses fatores de produção para os consumidores. Estuda estruturas de mercado tanto competitivas quanto monopolisticas. A partir dessa teoria se determina a curva de oferta.
 
* [[Teoria da Produção]]: Estuda o processo de transformação de fatores adquiridos pela empresa em produtos finais para a venda no mercado. Estuda as relações entre as variações dos fatores de produção e suas conseqüência no produto final. Determina as curvas de custo, que são utilizadas pelas firmas para determinar o volume ótimo de oferta.
 
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Efetivamente, o foco de interesse da microeconomia é, antes de tudo, o estudo das escolhas dos agentes económicos, isto é, da forma estes procedem dado um conjunto de diferentes opções, comparando os benefícios e inconvenientes para a prossecição dos seus objetivos ou para a satisfação dos seus interesses - o postulado [[utilidade (economia)|utilitarista]].
 
A [['''microeconomia]]''' estuda as interações que ocorrem nos [[mercado]]s em função da informação existente e da [[Regulação econômica|regulação estatal]]. Distingue-se o mercado de um produto ou serviço dos mercados de [[fator de produção|fatores de produção]], tais como os recursos naturais, o [[capital (economia)|capital]] e o [[trabalho (economia)|trabalho]].
A teoria compara os agregados da quantidade global demandada pelos compradores e a quantidade fornecida pelos vendedores, o que determina o [[preço]].
Constroi modelos que descrevem como o mercado pode conseguir o equilíbrio entre o preço e a quantidade, ou como pode reagir às alterações do mercado ao longo do tempo, que é o que se denomina de mecanismo da [[Lei da oferta e da procura|oferta e da procura]].
As estruturas de mercado, como sejam a [[concorrência perfeita]] e o [[monopólio]], são analisados em função das suas consequências, em termos de comportamento e da [[eficiência económica]].
A análise de um mercado é feita a partir de hipóteses simplificadoras: [[Racionalidade económica|racionalidade dos agentes]], [[equilíbrio parcial]] (parte-se do pressuposto de que os outros mercados não são afetados). Uma análise em [[equilíbrio geral]] permite avaliar as consequências sobre os outros mercados, e pode permitir compreender as interações e os mecanismos que podem levar a um equilíbrio <ref>{{Citar livro | autor=Varian, Hal R | título= Intermediate microeconomics : a modern approach | ano = 1987 | editora = W.W. Norton | local = New York | isbn = 978-0-393-95554-5| página=461-463}}</ref>.
 
 
 
 
== Conceito ==
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Cada ponto na curva mostra uma [[Produto potencial|produção potencial total]] máxima para a economia, que é a produção máxima de um bem, dada uma quantidade de produção do outro bem.
 
O ponto '''A''' no gráfico, por exemplo, mostra que '''F<sub>A</sub>''' de comida e '''C<sub>A</sub>''' de computadores podem ser produzidos quando a produção é eficiente. Assim como '''F<sub>B</sub>''' de comida e '''C<sub>B</sub>''' de computadores (ponto '''B''').
 
A [[escassez]] é representada na figura pelas pessoas poderem querer, mas não poderem consumir, para além da FPP.
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Ao longo da FPP, escassez significa que escolher mais de um bem implica ter menos do outro. Ainda assim, numa [[economia de mercado]], o movimento ao longo da curva pode ser explicado como uma [[Utilidade (economia)|escolha]] que os agentes vêm como preferível.
 
Por construção, cada ponto na curva mostra a [[eficiência produtiva]], por maximizar a produção para um total dado de insumos. Um ponto "dentro" da curva é possível mas representa ineficiência produtiva (uso de insumos com desperdício), no sentido de que a produção de um ou ambos os bens poderia aumentar movendo-se no sentido nordeste em direção a um ponto na curva. Um exemplo de ineficiência pode ser de uma alta taxa de [[desemprego]] durante uma [[recessão]]. Estar na curva pode ainda não satisfazer completamente a eficiência alocativa (também apelidado de ''eficiência de Pareto'') se a curva não consistir numa combinação de produtos que os consumidores tenham preferência face a outros pontos ou combinações.<ref>Samuelson, Paul A., and William D. Nordhaus (2004). ''[[Economics (livro)|Economics]]'', ch. 1, "C. Society's Technogical Possibilities" section.</ref>
 
Muito da [[economia aplicada]] em [[políticas públicas]] está preocupada em determinar como a eficiência de uma economia pode ser aumentada.<ref>Samuelson, Paul A., and William D. Nordhaus (2004). ''Economics'', ch. 2, "Efficiency" section.</ref>
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A teoria de oferta e demanda explica os preços e as quantidades dos bens transacionados numa economia de [[mercado]] e as respetivas variações.
Na [[Microeconomia|teoria microeconômica]] em particular, refere-se à determinação do preço e quantidade num mercado de [[Competição perfeita|concorrência perfeita]].
Tem tido um papel fundamental na construção de [[Modelo económico|modelos]] para outras estruturas de mercado (como [[monopólio]],[[oligopólio]] e [[competição monopolística]]) e para outras abordagens teóricas.
 
=== Externalidades ===
{{AP|Externalidades}}
Esta área da economia estuda se os mercados levam em consideração de maneira adequada todos os benefícios e custos sociais. Uma [[externalidade]] ocorre quando há custos ou benefícios sociais significativos advindos da produção ou do consumo que não são refletidos nos preços de mercado. Por exemplo, a poluição do ar pode ser considerada uma externalidade negativa e educação pode ser uma externalidade positiva. Os governos, no papel de um [[planejador social]] benevolente, frequentemente estabelecem impostos ou restringem a venda de bens que geram externalidades negativas e fornecem subsídios ou de alguma forma promovem a compra de bens que causam externalidades positivas com o intuito de corrigir distorções nos preços causadas por essas externalidades.<ref name="Laffont, J.J 1987 p. 263-65">[[Jean-Jacques Laffont|Laffont, J.J.]] (1987). "Externalities,"," ''The New Palgrave: A Dictionary of Economics'', v. 2, p. 263-65.</ref>
 
A economia do meio- ambiente estuda os assuntos relativos à degradação, recuperação ou preservação do [[meio ambiente]]. Em particular, externalidades da produção ou do consumo, como a poluição do ar, podem levar a [[Falha de mercado|falhas de mercado]]. A disciplina considera como políticas públicas podem ser usadas para corrigir tais falhas. Opções incluem regulação que reflita uma [[análise de custo-benefício]] ou soluções de mercado que alterem incentivos como [[Comércio de emissões|multas por emissão]] ou redefinição de direitos de propriedade.<ref name="Kneese, Allen K. 1987 pp. 159-64">Kneese, Allen K., and Clifford S. Russell (1987). "environmental economics," ''The New Palgrave: A Dictionary of Economics'', v. 2, pp. 159-64.</ref><ref name="Samuelson, Paul A. 2004 p. 18">Samuelson, Paul A., and [[William Nordhaus|William D. Nordhaus]] (2004). ''[[Economics (livro)|Economics]]'', cap. 18, "Protegendo o Meio-Ambiente." McGraw-Hill.</ref> A economia do meio- ambiente não deve ser confundida com novas escolas de pensamento econômico referidas como [[Economia ecológica]].
 
=== Economia agrícola ===
{{Artigo principal|Economia agrícola}}
A economia da agricultura é uma das mais antigas e mais bem estabelecidas áreas da economia. É o estudo das forças econômicas que afetam o setor agrícola e o impacto do setor agrícola no resto da economia. É uma área da economia que, graças à necessidade de se aplicar a teoria microeconômica a situações complexas do mundo real, tem contribuído com avanços importantes de aplicação mais geral; o papel do risco e da incerteza, o comportamento das famílias e as ligações entre [[direito de propriedade]] e incentivos. Mais recentemente áreas como o comércio internacional de ''commodities'' e meio- ambiente tem recebido grande atenção. <ref>Colman, D and Young, T (1989) Principles of Agricultural Economics: Markets and Prices in Less Developed Markets and Prices</ref>
 
=== Economia financeira ===
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{{Artigo principal|[[Economia gerencial]]}}
 
A economia gerencial aplica análise [[microeconomia|microeconômica]] para especificar decisões nas organizações. Ela se aproveita pesadamente de métodos quantitativos como [[pesquisa operacional]] e programação e também de métodos estatísticos como a [[regressão]] ausentes a certeza e informação perfeita. Um tema unificador é a tentativa de [[Otimização|otimizar]] decisões de negócios, inclusive minimização de custo por unidade e maximização de lucro, dados os objetivos da firma e limitações impostas pela tecnologia e condições de mercado.<ref>NA (2007). "managerial economics". {{Referência a livro | título = The New Encyclopaedia Britannica | date = | páginas = v. 7, p. 757 | editora = The New Encyclopaedia Britannica | local = Chicago | id = ISBN 0-85229-423-9}}</ref><ref>Hughes, Alan (1987). "managerial capitalism". [[The New Palgrave: A Dictionary of Economics]], v. 3, pp. 293-96.</ref>
 
=== Finanças públicas ===
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=== Economia do bem-estar ===
{{Artigo principal|[[Economia do bem-estar]]}}
A economia do bem-estar é um ramo da economia que usa técnicas [[microeconomia|microeconômicas]] para determinar simultaneamente [[eficiência de alocação]] dentro de uma economia e a [[Distribuição (economia)|distribuição]] de renda associada a ela. Ela tenta medir o [[bem-estar social]] examinando as atividades econômicas dos indivíduos que compõem a sociedade.<ref>Feldman, Allan M. ((1987). "welfare economics," ''The New Palgrave: A Dictionary of Economics'', v. 4, pp. 889-95.</ref>
 
== Teoria microeconómica tradicional ==
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A teoria tradicional surge no contexto do [[equilíbrio geral]] walrasiano e tende a "assimilar o funcionamento real da sociedade ao do modelo de equilíbrio geral abstrato" <ref name=" Cahuc_p10 ">{{Citar livro | autor=Cahuc | ano=1993 | página = 10}}</ref>.
 
 
=== Mercado e imperfeições de mercado ===
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=== Externalidades === <!--TODO: rever e fundir com secção #Mercado e imperfeições de mercado-->
Esta área da economia estuda se os mercados levam em consideração de maneira adequada todos os benefícios e custos sociais. Uma [[externalidade]] ocorre quando há custos ou benefícios sociais significativos advindos da produção ou do consumo que não são refletidos nos preços de mercado. Por exemplo, a poluição do ar pode ser considerada uma externalidade negativa e educação pode ser uma externalidade positiva. Os governos, no papel de um [[planejador social]] benevolente, frequentemente estabelecem impostos ou restringem a venda de bens que geram externalidades negativas e fornecem subsídios ou de alguma forma promovem a compra de bens que causam externalidades positivas com o intuito de corrigir distorções nos preços causadas por essas externalidades.<ref>[[Jean-Jacques Laffont|name="Laffont, J.J.]] (1987). "Externalities,"," ''The New Palgrave: A Dictionary of Economics'', v. 2, p. 263-65.<"/ref>
 
A economia do meio- ambiente estuda os assuntos relativos à degradação, recuperação ou preservação do [[meio ambiente]]. Em particular, externalidades da produção ou do consumo, como a poluição do ar, podem levar a [[Falha de mercado|falhas de mercado]]. A disciplina considera como políticas públicas podem ser usadas para corrigir tais falhas. Opções incluem regulação que reflita uma [[análise de custo-benefício]] ou soluções de mercado que alterem incentivos como [[Comércio de emissões|multas por emissão]] ou redefinição de direitos de propriedade.<ref> name="Kneese, Allen K., and Clifford S. Russell (1987). "environmental economics," ''The New Palgrave: A Dictionary of Economics'', v. 2, pp. 159-64.<"/ref><ref> name="Samuelson, Paul A., and [[William Nordhaus|William D. Nordhaus]] (2004). ''[[Economics (livro)|Economics]]'', capp. 18, "Protegendo o Meio-Ambiente." McGraw-Hill.</ref> A economia do meio- ambiente não deve ser confundida com novas escolas de pensamento econômico referidas como [[Economia ecológica]].
 
=== Novas teorias: compreendendo melhor a concorrência imperfeita ===
A partir dos dos anos 1970, o paradigma dominante na [[microeconomia]] sofre uma inflexão<ref name="Akerlof">{{Citar livro|autor=Akerlof|ano=1970}}</ref> de modo a melhor integrar todas as anomalias e imperfeições do mercado. Para [[Pierre Cahuc]] "a nova microeconomia foi construída progressivamente, a partir de críticas dispersas, muitas inicialmente de forma isolada, ao modelo walrasiano" <ref name="Cahuc_p10"/>. De uma forma mais geral, para a economista [[Anne Perrot]], o edifício teórico da microeconomia tradicional deixava "desarmado o economista que procurasse uma representação positiva do funcionamento do mercado" <ref name="Perrot_p4">{{Citar livro|autor=Perrot|ano=1998|página=4}}</ref>. Esta mudança aconteceu num momento em que a [[macroeconomia]] buscava os seus fundamentos microeconómicos, de forma que iria gerar alguma convergência entre os dois campos.
 
O quadro geral da nova microeconomia é preferencialmente reduzido à análise de um só mercado e o seu estudo científico baseia-se mais em constatações que se julga serem representativas do funcionamento da economia (que são apelidados de "factos estilizados" <ref>{{Citar livro|autorname=Perrot|ano=1998|página=4}}<"Perrot_p4"/ref>).
 
A nova microeconomia enfatiza os problemas relativos aos estímulos, à [[Economia da informação|informação]] e à [[teoria dos jogos]].
Por "estímulo" entende-se toda a ação de um [[agente económico]] (incluindo o Estado) que levem a certos agentes económicos adotar este ou aquele comportamento. Esta noção tem todo o sentido se considerarmos que a informação disponível é inevitavelmente limitada por um agente económico desejoso de incentivar outros agentes a ter comportamentos do seu interesse.
A teoria dos jogos, por seu lado, é um ramo da [[matemática aplicada]] que estuda as interações estratégicas entre agentes. Segundo essa teoria, os agentes escolhem as estratégias que maximizam os seus benefícios, sendo dadas as estratégias que os outros agentes irão escolher. Propõem um modelo formal das situações em que os decisores interagem com outros agentes.<ref>{{Citar livro|autor=Bastable,Vernon|ano=1987|p=|id=Bastable Vernon 1987}}</ref>.
A teoria dos jogos generaliza a abordagem de maximização desenvolvida anteriormente para a análise de mercados. Foi desenvolvida a partir do livro de 1944 ''Theory of Games and Economic Behavior'', de [[John von Neumann]] e [[Oskar Morgenstern]]. É também empregue em numerosos domínios não económicos: estratégia nuclear, [[ética]], [[ciência política]] e teoria evolucionista.<ref>{{Citar livro|autor=Aumann|título=The New Palgrave|ano=1987|página=460-482|id=Aumann 1987}}</ref>
 
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A nova microeconomia pode ser usada pela [[economia industrial]], [[economia do trabalho]] e pela [[economia pública]], devido à sua capacidade para se aproximar das preocupações práticas de certos industriais.<ref name="Perrot_p4"/>
 
== {{Ver também}} ==
 
 
 
== {{Ver também}} ==
* [[Macroeconomia]]
* [[Economia Internacional]]
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{{Referências|col=2}}
 
 
{{economia}}