Miguel Alexandrovich da Rússia: diferenças entre revisões

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== Família e infância ==
O grão-duque Miguel Alexandrovich Romanov nasceu em [[São Petersburgo]] no dia [[9 de dezembro]] de [[1878]], sendo o quarto filho do czarevich Alexandre Alexandrovich (futuro [[Alexandre III da Rússia|Alexandre III]]) e da sua esposa, a antiga princesa dinamarquesa, conhecida na Rússia por [[Maria Feodorovna]]. Misha, como era conhecido pela sua família e amigos mais próximos, era, sem dúvida, o filho preferido dos seus pais. O seu pai subiria ao trono em [[1881]], após o assassinato do seu avô, [[Alexandre II da Rússia]].
[[Ficheiro:1888. Семья императора Александра III.jpg|thumb|200px|left|Miguel (1º da esq.) com a sua família]]
O grão-duque Miguel Alexandrovich Romanov nasceu em [[São Petersburgo]] no dia [[9 de dezembro]] de [[1878]], sendo o quarto filho do czarevich Alexandre Alexandrovich (futuro [[Alexandre III]]) e da sua esposa, a antiga princesa dinamarquesa, conhecida na Rússia por [[Maria Feodorovna]]. Misha, como era conhecido pela sua família e amigos mais próximos, era, sem dúvida, o filho preferido dos seus pais. O seu pai subiria ao trono em [[1881]], após o assassinato do seu avô, [[Alexandre II da Rússia]].
 
[[Ficheiro:1888. Семья императора Александра III.jpg|thumb|200pxupright=0.8|leftdireita|Miguel (1º da esq.) com a sua família]]
A infância de Miguel foi passada sobretudo no Palácio de Gatchina, localizado nos arredores de São Petersburgo, antiga residência do seu trisavô [[Paulo I da Rússia]]. Neste palácio vivia-se num ambiente relaxado de casa de campo e simplicidade sem grandes luxos. Enquanto [[Alexandre III da Rússia]] era austero e dominador como czar e com outros membros da família, com os seus filhos era um pai devoto e relaxado, especialmente com Miguel. [[Nicolau II da Rússia]] era conhecido como uma criança tímida e insegura, mas, pelo contrário, Miguel era amistoso e mostrava bem a confiança interior de filho predilecto.
 
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== Casamento e exílio ==
[[Ficheiro:MishaNatasha-1.jpg|thumb|left|250pxupright=0.8|Miguel com a esposa NataliaNatália]]
NataliaNatália Wulfert era descrita pelos seus contemporâneos como uma bonita jovem de 18 anos e com um espírito independente quando conheceu Miguel em [[1906]]. Filha de um advogado de [[Moscovo]], casou-se pela primeira vez aos 16 anos com o director musical de Bolshoi Mamontv. Enquanto estava casada com Wulfer, conheceu Misha e, segundo relatos, houve uma atracção imediata de ambos os lados. Pouco tempo depois tornaram-se amantes e o grão-duque, seguindo a lei, escreveu ao seu irmão Nicolau para lhe pedir permissão para se casar com ela.
 
A família real britânica tinha o seu desdém por ver os seus membros casar com pessoas divorciadas, mas os princípios dos [[Romanov]] eram ainda mais complexos. De acordo com as leis paulinas, os membros da família imperial estavam proibidos de contrair "matrimónios desiguais." Assim, os membros da família eram obrigados a unir-se com outras famílias reais ou aristocráticas que fossem aprovadas pelo czar. Durante o reinado de [[Nicolau II da Rússia|Nicolau II]], a grande maioria dos casamentos "escandalosos" envolveram uniões entre membros da família com cidadãos russos fora da aristocracia. Por exemplo, a sua irmã mais nova, Olga Alexandrovna, casou-se com um coronel muito respeitável, mas sem qualquer ligação à aristocracia. Por isso a oposição da família ao casamento de Miguel com NataliaNatália não se deveu tanto à sua falta de origens aristocráticas, mas sim ao facto de esta ser divorciada.
 
Nicolau não aceitou o casamento e deixou-o bem claro quando enviou o seu irmão para um posto de comando afastado em Orel. NataliaNatália foi enviada para umas longas "férias" pela Europa. Os amantes trocaram vários telegramas e cartas e, finalmente, não conseguíram manter-se afastados. Viveram juntos sem se casarem durante vários anos. Em [[1910]], NataliaNatália deu à luz o único filho do casal, [[Jorge Mikhailovich, Conde Brassov|Jorge]], que recebeu o nome em honra do irmão mais velho de Miguel, o grão-duque [[Jorge Alexandrovich]]. Apenas dois eventos interromperam o silêncio entre Nicolau e Miguel: a grave crise de hemofilia de Alexis na [[Polónia]] em [[1912]] e a [[Primeira Guerra Mundial]].
 
Quando Miguel recebeu a notícia da gravidade do estado de saúde de Alexis na casa de férias da família em [[Spala]], na [[Polónia]], entrou em pânico. Ele e NataliaNatália tinham vivido como vagabundos imperiais, viajando pela [[Europa]] com o seu filho bebê. Contudo, se Alexis morresse, Miguel tornar-se-ia novamente herdeiro ao trono e não queria sê-lo sem NataliaNatália a seu lado como esposa legítima. Com a falta de saúde do sobrinho e o fim aparente de gestações de Alexandra, Miguel temia que o facto de ainda não ainda não se ter casado com NataliaNatália fosse utilizado para o atirar para um casamento imperial com outra mulher, por isso, durante a crise, casou-se com a sua companheira em Viena, numa Igreja Ortodoxa Sérvia. Fê-lo para que o seu irmão Nicolau ou a Igreja Ortodoxa Russa não pudessem afastar NataliaNatália que recebera agora o apelido de [[Romanov]].
 
A atitude de desafio de Miguel em relação à sua família pode ser comparada ao que o seu primo [[Eduardo VIII do Reino Unido]] faria anos mais tarde com [[Wallis Simpson]], uma divorciada americana que o levaria a abdicar do trono de Inglaterra. Para os românticos o amor que unia Miguel e NataliaNatália pode ser inspirador, mas para [[Nicolau II da Rússia]], este acto foi visto como traição que deixou o Czarczar zangado e devastado, principalmente devido ao facto de o irmão ter escolhido uma altura tão complicada como era a possível morte do herdeiro ao trono. A zanga entre os dois irmãos intensificou-se e não seria resolvida até ao rebentar da Primeira Guerra Mundial dois anos mais tarde.
 
== A Primeira Guerra Mundial ==
[[Ficheiro:Mikhail Alexandrovich.jpg|thumb|235pxupright=0.8|right| Grão-duque Miguel durante a [[Primeira Guerra Mundial]]]]
Nicolau não pediu a ajuda de Miguel imediatamente após o rebentar do conflito em Agosto de [[1914]]. Foi o melhor amigo de Miguel, o general Ivan Ivanovich, que se colocou entre os dois irmãos e intercedeu por Miguel, sugerindo que ele deveria ser nomeado comandante da "Divisão Selvagem."
 
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== Miguel no trono ==
Alguns historiadores consideram Miguel o último [[czar]] da Rússia. O que não deixa qualquer dúvida é que ele foi nomeado oficialmente como sucessor de [[Nicolau II da Rússia|Nicolau II]] e, se as coisas tivessem sido diferentes, poderia mesmo ter chegado a [[czar]]. Contudo, ele herdou uma situação que, a cada hora que passava, se ia complicando cada vez mais, fugindo ao seu controlo ou de alguém. Alexandre [[Kerensky]] e outros líderes da [[Duma]] deixaram bem claro que não poderiam garantir a sua segurança se ele decidisse assumir o poder. Seria um czar sem corte nem apoiantes.
 
O manifesto de Miguel, datado do dia 3 de março de [[1917]], é um documento de grande importância devido ao que significou para a família Romanov que, pela primeira vez, escolheu não usar violência para manter o seu poder. Miguel repudiava o uso da força para assegurar a coroa e essa filosofia mantêmmantém-se até hoje entre os descendentes da família nomeadamente quanto a uma possível restauração da monarquia.
 
O seu manifesto dizia:
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== Exílio e execução ==
Muitos dos [[Romanov]] que permaneceram na Rússia, excepto os que se refugiavam na [[Crimeia]], foram enviados para os [[montes Urais]] durante a Primaveraprimavera de [[1918]]. A todos eles foi assegurada segurança e liberdade pelos [[bolcheviques]]. Miguel gostou da relativa liberdade durante muitas semanas e sentia-se aliviado por NataliaNatália e o filho terem escapado.
 
Na noite de [[11 de junho]] de [[1918]], um grupo de bolcheviques entrou de rompante no quarto de hotel de Miguel e ordenou-lhe que se preparasse para ser transferido para um local seguro. Quando ele protestou e tentou telefonar ao líder do [[Partido Bolchevique]] local que lhe tinha prometido a sua liberdade as linhas foram cortadas. Ele vestiu-se, foi puxado pelo colarinho e atirado para dentro de um carro juntamente com o seu secretário, o britânico Brian Johnson.
 
Os homens conduziram-no para for a da cidade de [[Perm]], onde tinha permanecido em exílio, até uma área de floresta. Ambos foram mortos a tiro pelo grupo. Um relatório indica que Miguel, depois de estar ferido, correu em direcção ao seu amigo com os braços abertos, apenas para ser morto com um tiro no peito. Um dos assassinos usou o relógio de Johnson durante vários anos como recordação.