Crimeia romana: diferenças entre revisões

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== Reino do Bósforo ==
{{AP|Reino do Bósforo}}
Na [[Antiguidade]], a Crimeia era conhecida como "Quersoneso Táurica" ({{lang-la|''"Chersonesus Taurica"''}}, uma referência aos tauros, descendentes dos antigos [[cimérios]]. Muitos colonistas gregos se assentaram na região e sua principal cidade era Quersoneso. Em {{AC|114|x}}, o Reino do Bósforo aceitou a [[soberania]] de [[Mitrídates IV Eupator]], [[rei do Ponto]], que prometeu protegê-lo das tribos [[cítios|cítiascitas]]. Por quase cinco séculos depois da derrota de Mitrídates pelo general romano [[Pompeu]], a Crimeia permaneceu sob controle romano.
 
[[Imagem:Greek colonies of the Northern Euxine Sea (Black Sea)-pt.svg|thumb|400px|Mapa de Táurica com os nomes antigos e os modernos representados.]]
 
Roma começou seu domínio sobre Táurica no {{AC|século I|x}} ocupando a porção oriental da península (o [[Reino do Bósforo]]) e a [[colônia grega]] ocidental de [[Quersoneso Táurica|Quersoneso]].<ref>[http://www.chersonesos.org/?p=history_ant&l=eng#7 Romans in Chersonesos]</ref>. O interior manteve-se apenas sob controle nominal romano<ref>[http://www.pontos.dk/publications/books/bss-8-files/bss-8-15-novicenkova Romans in Taurus mountains]</ref>. Eles construíram ainda um templo a [[Júpiter Doliqueno]] na costa do porto de [[Balaclava (Ucrânia)|Balaclava]], chamado na época de "Porto de Símbolo" (''"Symbolon Limen"'')<ref>[http://www.chersonesos.org/?p=out_ant_simbolon&l=eng Symbolon Limen]</ref>.
 
Em 67, Nero preparou uma expedição militar para conquistar para Roma toda a costa norte do [[mar Negro]], entre a [[Geórgia]]-[[Azerbaijão]] até a moderna [[Romênia]]-[[Moldávia]], mas sua morte interrompeu o projeto. É provável que, por isto, ele tenha colocado a Táurica sob controle direto romano e criou o castro de Cárax<ref>Marco Bais. ''Albania caucasica: ethnos, storia, territorio attraverso le fonti greche, latine e armene'' p. 86</ref>. Nero estendeu a província romana da [[Mésia Inferior]] até {{ilc|Tiras|Tyras}}, [[Ólbia Pôntica|Ólbia]] e Táurica.
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=== Cárax ===
A maior [[Castro romano|assentamento militar romano]] em [[Táurica]] era '''Cárax''', localizado numa área de quatro [[hectare]]s perto do moderno castelo conhecido como "[[Ninho da Andorinha]]" em [[YaltaIalta]]. Quando, entre 62 e 66, as guarnições romanas foram instaladas na região, os legionários construíram uma fortaleza e a guarneceram com uma sub-unidade (''vexillatio'') do "Esquadrão Ravena". Cárax era um ponto estratégico muito importante, pois permitiu que os romanos mantivessem o controle sob a navegação ao longo da costa crimeia.
 
O acampamento militar foi totalmente modernizado na época de [[Vespasiano]] com o objetivo de proteger [[Quersoneso]] e outros centros comerciais da região da ameaça dos [[cítioscitas]]<ref>Artigo "Харакс" na [[Grande Enciclopédia Soviética]], 3rd edition, 1969–78.</ref>. No final do {{séc|I}}, as forças romanas foram evacuadas da península. Décadas depois, o acampamento foi restaurado por um ''[[vexillatio]]'' da {{lknb|I Legião Itálica}} e abrigou um destacamento da [[IX Legião Cláudia]] no final do {{séc|II}}. Nesta época, uma nova muralha de pedra foi acrescentada à fortaleza e uma nova estrada foi construída, ligando Cárax a Quersoneso<ref>[http://www.chersonesos.org/?p=out_ant_haraks&l=eng Charax castrum]</ref>.
 
O campo foi definitivamente abandonado pelos romanos no final do {{séc|III}}.
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== Império Bizantino ==
{{AP|QuérsonTema (Thema)de Quérson|Principado de Teodoro}}
[[Imagem:Byzantine Empire Themes 1025-pt.svg|thumb|upright=1.5|Mapa das divisões administrativas do [[Império Bizantino]] por volta de 1025. O '''ThemaTema de Quérson''' aparece no alto, no à direta do centro, na região da [[Crimeia]].]]
 
O [[Império Bizantino]] retomou o controle da região durante o reinado de [[Justiniano I]] no {{séc|VI}}. No final deste mesmo século, provavelmente no fim do reinado de Justiniano, a Táurica tornou-se o [[ThemaTema de Quérson]], que incluía também o Bósforo e a costa sul da Crimeia.
 
Esta ampliação da Táurica bizantina resultou na elevação do status do governador da região. Na segunda metade do {{séc|VI}}, as autoridades civil e militar da região foram deixadas ao encardo que um representante militar chamado "duque de Quérson" (''"doux Chersonos"''). Além disso, a cidade de Quersoneso foi utilizada pelos romanos como destino preferido para [[banimento]]s: [[São Clemente de Roma]] foi exilado para lá e ajudou a converter a população local. Outro exilado foi [[{{lknb|Justiniano |II]]}}, que teria destruído a cidade como vingança.
 
A maior parte da Crimeia romana sucumbiu às hordas dos [[cazares]] no final do {{séc|VII}}. Em meados do {{séc|VIII}}, os rebeldes [[godos da Crimeia]] foram executados pelos novos comandantes e sua cidade, Doros ([[Mangup]]) foi ocupada. Um ''"tudun"'' cazar foi designado como governante residente em Quersoneso já em 690, apesar do fato de esta cidade ainda estar, nominalmente, sob controle bizantino. Os imperadores, porém, controlavam apenas a costa sul, uma situação que se manteve até o {{séc|XIII}}, quando o controle passou para o [[Império de Trebizonda]], um dos [[estados sucessores bizantinos]] depois do [[saque de Constantinopla]] em 1204. Outro estado sucessor, o [[Principado de Teodoro]], perdurou até 1475, quando foi finalmente conquistado pelo [[Império Otomano]]<ref>{{cite book|last=Vasiliev|first=A.A.|title=The Goths in the Crimea|date=1936}}</ref>.