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[[Ficheiro:Black-headed_Gulls,_London.jpg|350px|right|thumb|Asas em movimento: [[guinchoGuincho-comum|Guinchos-comuns]]s (''Larus ridibundus'') utilizando suas asas para voar num [[parque]] de [[Londres]].]]
 
Em [[zoologia]], uma '''asa''' (do termo [[Latim|latino]] ''ansa'', "asa de [[vaso]]") é um membro ou apêndice de um [[animalia|animal]], morfologicamente adaptado para o [[voo]] independente. Esta definição exclui as estruturas anatómicas que permitem o voo deslizante, presentes, por exemplo, os [[Esquilo voador|esquilos-voadores]]. Também são chamadas "asas" as estruturas que auxiliam a locomoção terrestre ou aquática, como as asas das [[galinha]]s, [[avestruz]]es e [[Pinguim|pinguins]] e as [[nadadeira]]s peitorais de certos [[peixe]]s.<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 179.</ref> As asas aparecem em grupos distintos de animais, não devido à existência de um antepassado comum, mas como exemplo do fenómeno de [[convergência evolutiva]] em resposta a pressões ecológicas favoráveis à capacidade de voo. As asas surgiram pelo menos quatro vezes na [[História da Terra|história geológica]], nos [[insecto]]s, [[aves]], [[morcego]]s, e [[extinção|extintos]] [[pterossauro]]s; a natureza do [[fóssil|registo fóssil]] não permite afirmar com toda a certeza que não houve na Terra outros grupos de animais com asas. Em todos os casos, o aparecimento de asas deu origem a radiações adaptativas e aumento da [[biodiversidade]]. Os animais alados são geralmente dominantes em número de espécies dentro dos respectivos grupos: os insectos são o maior grupo de animais da Terra; as aves detêm a segunda maior percentagem de espécies de [[vertebrado]]s e os morcegos são a segunda maior ordem de [[mamífero]]s.
 
Na [[evolução das aves]], uma das adaptações mais relevantes relacionadas ao voo desses animais é a [[aerodinâmica]] corpórea, principalmente a transformação dos membros anteriores em asas recobertas por penas[[pena]]s, [[Queratina|queratinizadas]], com arquitetura leve e intricada.
 
Mesmo sendo descendentes de ancestrais voadores, nem todas as espécies conseguiram ganhar o céu.
 
A exemplo dos [[Pinguim|pinguins]], as asas reduzidas em formato de [[remo]] auxiliam a natação. Outras com hábitos terrícolas, como [[ema]] e [[avestruz]], compensam as asas atrofiadas, possuindo membros posteriores desenvolvidos e adaptados para a corrida.
 
A versatilidade dos pés facilita, além da agilidade, locomoção, destreza e sustentação na captura das presas, direção e propulsão natatória nas aquatícolasespécies aquáticas, com [[membrana natatória]] entre os dedos, bem como o equilíbrio para os animais arborícolas, que se agarram aos apêndices arbóreos.
 
O processo evolutivo das aves irradiou diversas características que permitem, a elas, desfrutarem ,abertamente ou com restrições, os mais distintos ambientes do planeta: terra, ar e água.
 
O desenvolvimento dos tipos funcionais de penas (rémiges, tretrizes e retrizes), ossos pneumáticos menos densos, ausência de bexiga urinária e excreção de ácido úrico, presença de quilha (osso externo peitoral) onde se fixa a musculatura que movimentam as assas, sistemas de sacos aéreos, diminuição do crânio e do número de vértebras e postura de ovos, são transformações anatômicas e orgânicas preponderantes na conquista desses ambientes.
 
O desenvolvimento dos tipos funcionais de penas (rémiges, tretrizestetrizes e retrizes), ossos pneumáticos menos densos, ausência de bexiga urinária e excreção de ácido úrico, presença de quilha (osso externo peitoral) onde se fixa a musculatura que movimentammovimenta as assasasas, sistemas de sacos aéreos, diminuição do crânio e do número de vértebras e postura de ovos, são transformações anatômicas e orgânicas preponderantes na conquista desses ambientes.
== Sinônimos poéticos ==
[[Poesia|Poeticamente]], a asa também é chamada de '''ala''' e '''ansa'''.<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 179.</ref>
== Pterossauros ==
[[Ficheiro:Quetzalcoatlus.jpg|250px|thumb|rightesquerda|Um ''[[Quetzalcoatlus]]'': a asa é suportadasustentada apenas pelo quarto dedo.]]
 
Os [[pterossauro]]s foram [[réptil|répteis]] alados do [[Mesozoico]], que desapareceram na [[extinção K-T]] juntamente com os [[dinossauro]]s, e os primeiros vertebrados a desenvolver asas. O grupo surgiu no [[Triássico]], há cerca de 225 milhões de anos atrás, e depressa se diversificou em numerosas espécies, que iam desde pequenas dimensões, comparáveis com as aves actuais, até aos 12 metros de envergadura do ''[[Quetzalcoatlus]]''.
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== Aves ==
[[Ficheiro:Captive_Red-tailed_Hawk_at_Bacara.jpg|250px|right|thumb|''Aquila spinogaster'', com as remigesrêmiges primárias em destaque.]]
 
Hoje em dia, a capacidade de voo animal é geralmente associada ao grupo das [[aves]], onde as asas são omnipresentes, mesmo nos exemplos em que evoluíram para outras funções. As aves, enquanto grupo, surgiram há cerca de 150 milhões de anos atrás, no [[Jurássico]], a partir de um ancestral reptiliano pertencente ao grupo dos [[dinossauro]]s. O elo geralmente aceite entre réptil e ave é o ''[[Archaeopteryx]]'', que partilha características dos dois grupos, incluindo dentes e cauda de réptil e asas e penas de ave. A presença de asas e a capacidade de voo permitiu às aves ocuparem todos os ambientes naturais da Terra e tornarem-se no grupo de vertebrados mais bem sucedido da actualidade, com cerca de 86008 600 espécies descritas.
 
As asas de uma ave são constituídas por membros anteriores modificados e permitem o voo através da sua cobertura de penas, que possibilitam sustentação e conferem um formato aerodinâmico. Sem penas, a asa apresenta um formato em “V”"V" aberto. A zona anterior, junto do corpo, é constituída pelos ossos do braço e concentra os músculos de voo. A segunda parte da asa é suportadaapoiada pelos ossos do pulso e pela fusão dos ossos dos dedos. O polegar permanece livre e está ligeiramente destacado no vértice da asa, uma zona a que se dá o nome de ''álula''. Ao contrário dos pterossauros, que não possuíam revestimento corporal, uma ave depenada é incapaz de voar. As penas de uma ave são bastante especializadas em diversas funções. As penas de voo são designadas como ''remigesrêmiges'', primárias, secundárias e terciárias, em número variável consoante a espécie, caracterizadas pela rigidez e fixas aos principais ossos da asa. As penas de cobertura, as ''tetrizes'', mais macias, estão adaptadas de forma a favorecer o aerodinamismo.
 
As aves evoluíram tipos de asa muito diversos, conforme o tipo de voo mais favorável ao ambiente que cada espécie habita. Um dos factores considerados para a relação entre asa e voo é o ''quociente de aspecto'', a razão entre o comprimento e a largura média da asa. Asas com quociente de aspecto elevado e achatadas facilitam o voo deslizante que pode ser sustentado por largos períodos de tempo. Esta adaptação é particularmente útil a aves marinhas de hábitos pelágicos, como os [[albatroz]]es e [[gaivota]]s. Se para além de um quociente de aspecto elevado a asa estiver ligeiramente inclinada para trás, permite um voo muito rápido e ágil. Os [[apodidae|andorinhões]] são o melhor exemplo deste tipo de asa, tão eficiente que nunca pousam a não ser para nidificar. Por outro lado, um quociente de aspecto baixo, presente, por exemplo, na maioria dos [[Galliformes]], possibilita um descolamento rápido, essencial para a fuga de predadores. Se associado a uma envergadura elevada, o quociente de aspecto baixo implica uma área de asa muito elevada, ideal para aves como os [[condor]]es, [[abutre]]s e [[águia]]s, que realizam voos planados aproveitando correntes térmicas.
 
Com o aumento de [[biodiversidade]] e especiação, alguns grupos de aves adaptaram-se a ambientes onde o voo não é essencial. Como resposta, as asas foram modificadas para outras funções ou perderam a capacidade de permitir o voo, atrofiando. O exemplo mais drástico do fenómeno de reconversão de asas para outras funções é o grupo dos [[pinguim|pinguins]], onde as asas se transformaram em [[barbatana]]s fundamentais para a locomoção em meio aquático. O [[cormorão-das-galápagos]] evoluiu no mesmo sentido de forma independente. Em populações que colonizaram ambientes isolados livres de predadores, como ilhas oceânicas, o rumo evolutivo de muitas espécies foi o atrofio dos músculos de voo, o desaparecimento das remigesrêmiges e, por consequência, a diminuição das asas para dimensões vestigiais (exemplo: [[dodô]]). A família [[Rallidae]] reúne o maior número de exemplos de espécies que se tornaram não voadoras, ou ápteras, uma adaptação que se revelou trágica com o início da interferência do Homem no meio ambiente. O maior número de [[aves extintas|extinções de aves]] regista-se, precisamente, em grupos que perderam as asas. As aves da ordem [[Struthioniformes]], como as [[avestruz]]es e [[casuar]]es têm asas diminutas, sem nenhuma função aparente, mas compensaram a perda de voo com o desenvolvimento de patas altas e fortes capazes de locomoção terrestre eficaz.
 
== Morcegos ==
[[Ficheiro:Chalinolobus gouldii-Cayley.jpg|thumb|250px|rightesquerda|Um morcego (''Chalinolobus gouldii'') em voo: a asa é suportadasustentada por quatro dos seus cinco dedos.]]
 
Os [[morcego]]s são [[mamífero]]s alados classificados na ordem Chiroptera (do [[língua grega|grego]] ''mão'' + ''asa''), que surgiram na Terra há cerca de 55 milhões de anos, no [[Paleocénico]]. São os únicos mamíferos capazes de voar de forma independente.
 
As asas dos morcegos evoluíram a partir dedos membros anteriores, originalmente desenvolvidos para a locomoção terrestre e semelhantes àaos dos restantes mamíferos. A sua estrutura óssea é composta de braço, antebraço, ossos do pulso, ossos da mão e cinco dedos, tal como no [[ser humano]]. A asa propriamente dita é uma membrana dupla, designada ''[[patagium]]'', composta por tecidos [[pele|dérmicos]], [[sistema circulatório|vasos sanguíneos]], fibras de [[elastina]] e [[músculo|musculares]]. O patagium é muito fino e resistente. Ao contrário dos pterossauros, onde a asa está assente em apenas um dedo (o quarto), nos morcegos todos os dedos desempenham o papel de suporte do patagium, sendo pois bastante alongados. A excepção é o polegar, que permanece livre na zona do pulso e pode ter funções de fixação, a troncos de [[árvore]], por exemplo. Como no ser humano, os morcegos têm capacidade de movimentar cada dedo independentemente, o que confere uma enorme flexibilidade de movimentos às suas asas. Movendo os dedos, estes animais podem mudar o quociente de aspecto da sua asa e, assim, adaptar-se de forma imediata às necessidades do quotidiano.
 
{{wikiquote|Asa}}
{{Commons|Category:Animal wings}}
 
{{referências}}
[[Categoria:Anatomia das aves]]