O estado da administração otomana nos Bálcãs continuou a deteriorar-se ao longo do [[século XIX]], com o governo central, ocasionalmente, perdendo o controle sobre províncias inteiras. As reformas impostas pelas potências europeias pouco fizeram para melhorar as condições da população cristã, e, ao mesmo tempo conseguiram desagradar uma parcela considerável da população muçulmana. A [[Bósnia e Herzegovina]] sofreu pelo menos duas ondas de rebelião por parte da população muçulmana local, a mais recente em 1850. A [[Áustria]], consolidada após a turbulência da primeira metade do século, procurou revigorar sua antiga política de expansão à custa do [[Império Otomano]]. Enquanto isso, os, principados nominalmente autônomos, mas de facto independentes, a [[Principado da Sérvia|Sérvia]] e o [[Principado de Montenegro|Montenegro]], também procuravam se expandir para regiões habitadas por seus compatriotas. Os sentimentos nacionalistas e irredentistas eram fortes e foram incentivados pela [[Rússia]] e seus agentes.
Em [[4 de agosto]] de [[1854]], durante a [[Guerra da Crimeia]], o Império Otomano teve seus primeiros [[Dívida pública otomana|empréstimos estrangeiros]]. <ref> Douglas Arthur Howard: "The History of Turkey", page 71.</ref> O império entrou em empréstimos posteriores, em parte para financiar a construção de ferrovias e linhas telegráficas, e até certo ponto para financiar os déficits entre as receitas e os gastos suntuosos da corte imperial, como a construção de novos palácios no [[estreito de Bósforo]], em [[Istambul]]. Alguns analistas financeiros notaram que as condições destes empréstimos eram excepcionalmente favoráveis para os bancos franceses e britânicos, o qual lhes facilitavam; enquanto outros observaram que as condições refletiam a vontade da administração imperial para refinanciar constantemente suas dívidas. <ref>"Gold for the Sultan: Western Bankers and Ottoman Finance, 1856–1881", by Christopher Clay, London, 2001.</ref> A grande soma de dinheiro também foi gasta para a construção de novos navios para a [[Marinha Otomana]] durante o reinado do sultão [[Abd-ul-Aziz]] (r. 1861-1876). Em [[1875]], a marinha otomana tinha 21 [[couraçado]]s e 173 navios de guerra de outros tipos, que formaram a terceira maior frota naval do mundo, depois das marinhas de guerra britânicas e francesas. Todos esses gastos, no entanto, colocaram uma enorme pressão sobre a [[tesouraria]] otomana. Nesse meio tempo, uma seca severa na [[Anatólia]] em [[1873]] e as inundações em [[1874]] provocaram fome e descontentamento generalizado no coração do império. A escassez agrícola impediu a cobrança de impostos necessários, o que obrigou o governo otomano dar calote em seus pagamentos do empréstimo externo em outubro de [[1875]] e aumentar os impostos em todas as suas províncias, incluindo nos Bálcãs.
A decisão de aumentar os impostos para o pagamento de dívidas do Império Otomano para os credores estrangeiros provocou uma indignação nas províncias balcânicas, que culminou com a Grande Crise do Oriente (1875-1878) e, finalmente, a [[Guerra Russo-Turca (1877-1878)]], que forneceu independência ou autonomia para as nações cristãs nos territórios balcânicos do império, com o subsequente Tratado de Berlim em 1878.
== Consequências ==
As revoltas e guerras da Grande Crise do Oriente (1875-1878) foram desastrosas para a economia otomana já em dificuldades, e a [[Administração da Dívida Pública Otomana]] foi criada em [[1881]], o que deu o controle das receitas do Estado otomano a credores estrangeiros. <ref name=books.google.com.tr>{{citecitar web|last1=Krasner|first1=Stephen D.|title=Sovereignty: Organized Hypocrisy|url=http://books.google.com.tr/books?id=tHJ5m56sBX4C&pg=PA135&lpg=PA135&dq=the+Ottoman+Empire+took+its+first+foreign+loans&source=bl&ots=z8eQRDEkwj&sig=zTCxdqm0YkHcjhb9skWZ-IIIFKU&hl=tr&sa=X&ei=kdr8U_mCN8fNygOqlYC4BQ&ved=0CCsQ6AEwAg#v=onepage&q=the%20Ottoman%20Empire%20took%20its%20first%20foreign%20loans&f=false|website=http://books.google.com.tr|accessdate= }}</ref> Isso fez os credores [[Obrigação (economia)|obrigacionistas]] europeus, atribuírem direitos especiais a ADPO para recolher vários tipos de receitas fiscais e aduaneiras. Nesse meio tempo, a [[França]] [[Ocupação francesa da Tunísia|ocupou]] o [[Beylik da Tunísia]] dos otomanos em 1881, sob o pretexto que as tropas tunisianas tinham atravessado a fronteira para a [[Argélia francesa|sua colônia, a Argélia]], que também [[Argélia otomana|pertenceu anteriormente]] ao Império Otomano até [[1830]]. Um ano depois, em 1882, o [[Império Britânico]] [[Ocupação britânica do Egito|ocupava]] o [[Quedivato do Egito]] dos otomanos, com o pretexto de dar assistência militar aos otomanos para colocar abaixo a [[Revolta de Urabi]] (a Grã-Bretanha declarou mais tarde o Egito como um [[Sultanato do Egipto|protetorado britânico]] em 5 de novembro de [[1914]], em resposta à decisão do governo otomano de aderir a [[Primeira Guerra Mundial]] em do lado das [[Potências Centrais]]. <ref>[http://wwi.lib.byu.edu/index.php/Treaty_of_Lausanne Articles 17, 18 and 19 of the Treaty of Lausanne (1923)]</ref>). O governo otomano [[Convenção de Chipre |já havia arrendado]] [[Chipre]] à Grã-Bretanha em 1878, em troca de apoio britânico no [[Congresso de Berlim]] no mesmo ano (Chipre, assim como o Egito, foi declarado um protetorado britânico em 5 novembro de 1914 <ref>[http://wwi.lib.byu.edu/index.php/Treaty_of_Lausanne Articles 20 and 21 of the Treaty of Lausanne (1923)]</ref>) Ao controlar Chipre e Egito, a Grã-Bretanha ganhou uma posição importante no Mediterrâneo Oriental; enquanto a França aumentou suas terras na costa do Mediterrâneo Ocidental na [[África do Norte]], acrescentando a Tunísia ao seu império como um [[Protetorado Francês da Tunísia|protetorado francês]].
Em 1878, a [[Áustria-Hungria]] estacionou guarnições militares no [[Vilayet da Bósnia]] e em [[Sanjak de Novi Pazar]], que formalmente (''de jure'') continuaram a serem territórios otomanos. Tirando partido do ambiente caótico que se seguiu à [[Revolução dos Jovens Turcos]] em [[1908]], a Bulgária [[Independência da Bulgária|declarou sua independência formal]] em 5 de outubro de 1908. No dia seguinte, a Áustria-Hungria [[crise bósnia|anexou unilateralmente]] a Bósnia em 6 de outubro de 1908, mas retirou suas forças militares de Novi Pazar a fim de chegar a um compromisso com o governo otomano e evitar uma guerra (o Império Otomano perderia Sanjak de Novi Pazar nas [[guerras balcânicas]] de 1912-1913.)
===Bibliografia===
*{{citecitar booklivro|last=Branković|first=Slobodan|title=Great eastern crisis and Serbia, 1875-1878|url=http://books.google.com/books?id=cmjVPgAACAAJ|year=1998|publisher=Svetska srpska zajednica, Institut srpskog naroda}}
*{{citecitar booklivro|last1=Király|first1=Béla K.|last2=Rothenberg|first2=Gunther Erich|title=War and Society in East Central Europe: Insurrections wars and the eastern crisis in the 1870s|url=http://books.google.com/books?id=M2HfAAAAMAAJ|year=1985|publisher=Brooklyn College Press|isbn=978-0-88033-090-9}}
{{tradução/ref|en|Great Eastern Crisis (1875–78)}}
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