Roque Callage: diferenças entre revisões

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==Biografia==
Filho de Maria Cândida Leal de Oliveira e do imigrante italiano "Luis" (Luigi) Callage, que chegado a Santa Maria c. 1876.
 
Roque, assim como todos de sua geração, seria profundamente marcado em sua infância pela eclosão, em 1893, de um movimento armado que se estendeu a todo o Rio Grande do Sul, com o objetivo de depor o governante Júlio de Castilhos. A chamada "Revolução Federalista" atingiria a sua pequena cidade de Santa Maria em março de 1894, quando que após a luta, seria invadida por tropas revolucionárias a cavalo. É neste ambiente que começa a formação intelectual do escritor, carente de recursos próprios, Roque Callage não teve instrução acadêmica formal, sendo mesmo considerado um autodidata. Com a abertura em 1907, em Santa Maria, do "Colégio Ítalo-Brasileiro" por Umberto Ancarani, agente consular da Itália naquela cidade, foi convidado a ensinar língua portuguesa.
 
Influenciado pela leitura de [[Eça de Queirós]],ainda na adolescência, fundou o jornal "O Estudante" e logo após "O Bohemio", ambos sem grande êxito ao público.
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Em 1908, com apenas 22 anos, publica seu primeiro livro, "Prosas de Ontem". O livro é considerado fraco, inclusive pelo próprio autor. Curiosamente, num gesto de autocrítica, procurou ao longo de sua vida, recolher todos os exemplares em circulação. Todavia, tal livro hoje,na edição original, é considerado raridade bibliográfica, supondo-se existirem apenas três exemplares.
 
Mais amadurecido, transfere-se para São Gabriel(RS), assumindo a função de SecretarioSecretário municipal e jornalista nos periódicos "A Tribuna", "O Comércio" e "O Diário da Tarde". Ali casa com a senhora Anita Banali, filha de um casal de italianos originários de Pressano di Lavis. A boa repercussão de seus artigos no interior do estado consolida seu perfil de jornalista. Já seu perfil de escritor de temática regional surgiria não por uma particular tendência, mas pela atenção que Roque proporcionou ao ambiente sociológico em que vivia o Rio Grande do Sul: marginalizado pela política de "Café com Leite" na República Velha, o estado via no regionalismo uma espécie de autoafirmação.
 
Após breve experiência no Rio de Janeiro, a partir de 1920 fixa residência definitiva em Porto Alegre, onde sua carreira literária se afirma, com a publicação de "Escombros" (1910), seguido de "[[Terra Gaúcha]]" (1914), acompanhadae de sua atividade jornalística no "Correio do Povo" de Caldas Jr. Escreve sucessivamente os livros "Crônicas e Contos" (1920) e "Terra Natal" (1920) - este publicado pela Editora Globo, a maior editora de então.
 
Desde que vivia em São Gabriel, Roque Callage identificou- já havia se identificado com a oposição ao governo estadual de Borges de Medeiros. Assim, quando na Capital , já reconhecido como jornalista e escritor regionalista, integra -se ativamente ao crescente movimento de contestação politica. Em 1922, Borges resolve se candidatar, pela quinta vez, ao Governo do Estado. Desta feita, entretanto, forma-se uma aliança entre vários grupos da sociedade gaúcha, para criar uma oposição organizada. O veterano político Joaquim de Assis Brasil desafia Borges de Medeiros nas urnas.O Rio Grande do Sul fica fracionado entre "borgistas" e "assisistas". ÈÉ neste clima que o escritor é preso no café "A Barrosa", reduto de "assisistas", eé solto logo após, por nada ter sido provado contra ele,mas essa experiência pessoal, certamente viria a acirrar ainda mais sua já declarada posição anti-governista.
 
Uma vez abertas as urnas Borges é declarado vencedor, resultado declaradoconsiderado como fraude pela oposição, que liderada por Assis Brasil, adere aà revolta armada. O escritor acompanhou algumas forças revolucionárias pelo interior do estado, como jornalista para o "Correio do Povo", e reunereúne então os episódios da campanha militar em um pequeno livro "O Drama das Coxilhas" (1923), onde narra em estilo pungente, o drama daa história revolucionária. TaisO crônicaslivro , seriamfoi editadaseditado em São Paulo, por Monteiro Lobato, porpara causaescapar da censura localborgista e por conter veemente apelo pela intervenção federal no estadoRS., transformando-se em sucesso
 
A Revolução duraria onze meses, até a mediação do Governo Federal. Com a pacificação, Roque Callage retoma suas atividades, de escritor com ''Vocabulârio Gaucho'' (1926), "''Quero-Quero"'' (1927) e "''No Fogão do Gaúcho"'' (1929), todos editados pela [[Livraria do Globo]] e de jornalista, agora no recém criado jornal "Diário de Notícias " (1925), onde assinaria coluna chamada "A Cidade", plena de crônicas do cotidiano, críticas e sugestões à urbanização e modernidade de Porto Alegre.Ela se transformaria em referência da cidade na segunda metade dos anos 20 e leitura diária - amplamente comentada nos meios artísticos,culturais, acadêmicos, literários e políticos, em textos que ao mesmo tempo em que exaltavam a modernidade regional, criticavam irônicamente o Modernismo, fenômeno literário-artístico cosmopolita, que surgia em São Paulo.