Dissolução da União Soviética: diferenças entre revisões

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{{Info/Evento histórico
{{Sem-fontes|data=janeiro de 2013}}
{{|nome = Dissolução da União Soviética}}
|imagem = 1991 coup attempt1.jpg
O enfraquecimento do governo da [[União Soviética]] levou a uma série de eventos que terminaram por causar a '''dissolução da União Soviética''', um processo gradual que ocorreu entre cerca de [[19 de janeiro]] de [[1990]] a [[31 de dezembro]] de [[1991]].
*|legenda = Tanques na [[Praça Vermelha]] durante o [[Tentativa de golpe de Estado na União Soviética em 1991|Golpe de Agosto de 1991]]
|outros_nomes =
|participantes = Povo da União Soviética<br>Governo federal<br>[[Repúblicas da União Soviética]]<br>Repúblicas autônomas
|localização = {{URSS}}
|data = 26 de dezembro de 1991
|resultado = Dissolução da União Soviética em [[Ex-repúblicas soviéticas|repúblicas independentes]]
}}
A [[União Soviética]] foi dissolvida em 26 de dezembro de 1991, como resultado da declaração nº. 142-Н do [[Soviete Supremo da União Soviética]]. A declaração reconheceu a independência das antigas [[Repúblicas da União Soviética|repúblicas soviéticas]] e criou a [[Comunidade de Estados Independentes]] (CEI). No dia anterior, o presidente soviético [[Mikhail Gorbachev]], o oitavo e último [[Lista de líderes da União Soviética|líder da União Soviética]], renunciou, declarou seu cargo extinto e entregou seus poderes - incluindo o controle dos códigos do [[Bomba nuclear|arsenal nuclear]] soviético - para o [[Presidente da Rússia|presidente russo]], [[Boris Yeltsin]]. Naquela noite às 19h32, a [[Bandeira da União Soviética|bandeira soviética]] foi baixada do [[Kremlin de Moscou]] pela última vez e a substituída pela [[Bandeira da Rússia|bandeira russa]] pré-revolucionária.<ref>{{cite news|url=http://www.nytimes.com/learning/general/onthisday/big/1225.html#article |title=Gorbachev, Last Soviet Leader, Resigns; U.S. Recognizes Republics' Independence |work= New York Times |accessdate=27 de abril de 2015}}</ref>
 
Anteriormente, de agosto a dezembro, todas as repúblicas individualmente, incluindo a própria [[Rússia]], se separaram da União. Na semana anterior da dissolução formal da URSS, 11 repúblicas - todas, exceto os [[Estados bálticos]] e a [[Geórgia]] - assinaram o [[Protocolo de Alma-Ata]] estabelecendo formalmente a CEI e declarando que a União Soviética tinha deixado de existir.<ref>{{cite news|author=|url= http://www.nytimes.com/1991/12/22/world/end-soviet-union-text-declaration-mutual-recognition-equal-basis.html |title=The End of the Soviet Union; Text of Declaration: 'Mutual Recognition' and 'an Equal Basis' |work= New York Times |date=22 de dezembro de 1991 |accessdate=30 de março de 2013}}</ref><ref>{{cite news|url=http://www.nytimes.com/learning/general/onthisday/big/1225.html#article |title=Gorbachev, Last Soviet Leader, Resigns; U.S. Recognizes Republics' Independence |work= New York Times |accessdate=30 de março de 2013}}</ref> As [[revoluções de 1989]] e a dissolução da URSS também assinalaram o fim da [[Guerra Fria]].
== Histórico ==
 
Várias das [[ex-repúblicas soviéticas]] têm mantido laços estreitos com a [[Federação Russa]] e formaram organizações multilaterais, como a [[Comunidade Econômica Eurasiática]], a [[União da Rússia e Bielorrússia]], a [[União Aduaneira da Eurásia]] e a [[União Econômica Eurasiática]] para reforçar a cooperação econômica e militar. Algumas, no entanto, se juntaram à [[Organização do Tratado do Atlântico Norte]] (OTAN) e [[União Europeia]].
=== Antecedentes ===
{{Artigo principal|Era Gorbachev (1985-1991)|Tentativa de golpe de Estado na União Soviética em 1991}}
[[Imagem:Cold_War_Map_1980.svg|thumb|esquerda|350px|Alianças nos anos 80.]]
 
== Histórico ==
A política de [[perestroika|abertura econômica]] e [[glasnost|política]] levada a cabo por [[Mikhail Gorbatchev]], [[Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética|secretário-geral do Partido Comunista]] no final dos [[anos 1980]], desencadeou mobilizações pela independência de povos minoritários no país. Sob pressão externa e atravessando uma crise econômica, o governo central concordou com a reorganização do país numa [[União das Repúblicas Socialistas Soviéticas]], conferindo maior poder às administrações locais.
{{União Soviética}}
=== Antecedentes ===
{{Artigo principal|Era Gorbachev (1985-1991)|Colapso econômico da União Soviética|Tentativa de golpe de Estado na União Soviética em 1991}}
 
A política de [[perestroika|abertura econômica]] e [[glasnost|política]] levada a cabo por [[Mikhail Gorbatchev]], [[Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética|secretário-geral do Partido Comunista]] no final dos [[anos 1980]], desencadeou mobilizações pela independência de povos minoritários no país. Sob pressão externa e atravessando uma crise econômica, o governo central concordou com a reorganização do país numa [[União das Repúblicas Socialistas Soviéticas]], conferindo maior poder às administrações locais. Em agosto de [[1991]], um [[golpe de estado]] depôs Gorbachev por três dias; a [[linha-dura]] do Partido Comunista tentou reassumir o controle da URSS e impedir o prosseguimento das reformas.
 
Liderada por [[Boris Ieltsin]], a população revoltosa forçou a volta de Gorbachev ao governo. Em resposta ao golpe, o Partido Comunista soviético foi banido da Rússia pelo então presidente Ieltsin. Após sua restituição, Gorbachev não possuía mais que um poder esvaziado, e o controle da União fora enfraquecido. Em [[25 de dezembro]] de 1991 Gorbachev renunciou à presidência da URSS e em [[31 de dezembro]] todas as funções administrativas do país cessaram de existir.
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O golpe de agosto de 1991 praticamente abriu as comportas para o movimento de independência das repúblicas que compunham a União Soviética. As repúblicas do Báltico já tinham tentado separar-se em 1990, mas foram severamente reprimidas. Com o fracasso do golpe, o cenário mudou totalmente. As forças conservadoras estavam derrotadas e quem mandava realmente era Bóris Yeltsin – e não mais Gorbatchev, cujo poder estava completamente esvaziado.
 
Já no mês seguinte, setembro, as repúblicas da [[Letônia]], [[Estônia]] e [[Lituânia]], uma após a outra, reafirmaram, agora em caráter definitivo, suas declarações de independência. A própria [[Rússia]] foi um dos primeiros países a reconhecer a independência dessas repúblicas. Estava aberto o processo para as outras, que em sua grande maioria também se declararam independentes. Outra consequência importante do golpe foi a suspensão, determinada por Yeltsin em toda a Rússia, das atividades do [[Partido Comunista]], que implicou até mesmo o confisco de seus bens. A [[KGB]], o poderoso serviço secreto soviético, teve sua cúpula dissolvida.
[[Imagem:Boris Yeltsin 19 August 1991-1.jpg|thumb|esquerda|[[Boris Yeltsin|Yeltsin]] em um tanque desafiando o [[Tentativa de golpe de Estado na União Soviética em 1991|Golpe de Agosto de 1991]].]]
[[Imagem:Changes in borders post cold war.png|thumb|260pxesquerda|Mundaças nas fronteiras nacionais soviéticas após o fim da [[Guerra Fria]].]]
 
Gorbatchev admitiu a implosão da União Soviética, mas ainda tentou manter o vínculo entre as repúblicas, propondo a assinatura do chamado Tratado da União. Mas suas palavras não tiveram eco, e o processo de separação se tornou irreversível. Em 4 de setembro de 1991, [[Gorbatchev]], como presidente da União Soviética, [[Boris Iéltsin]], na qualidade de presidente da Rússia, e mais os líderes de outras nove repúblicas, em sessão extraordinária do Congresso dos Deputados do Povo, apresentaram um plano de transição para criar um novo Parlamento, um Conselho de Estado e uma Comissão Econômica Inter-Republicana. Embora tentasse estabelecer os parâmetros para uma nova união entre as diversas repúblicas, esse plano, na verdade, significava o desmantelamento formal da estrutura tradicional do poder soviético. De qualquer forma, a proposta acabou sendo aprovada.
Outra consequência importante do golpe foi a suspensão, determinada por Yeltsin em toda a Rússia, das atividades do [[Partido Comunista]], que implicou até mesmo o confisco de seus bens. A [[KGB]], o poderoso serviço secreto soviético, teve sua cúpula dissolvida.
 
Percebendo a importância de Gorbatchev para a estabilidade da nação, naquele momento, Yeltsin prometeu o apoio da República russa ao novo plano. Enquanto isso, os líderes ocidentais também davam sinais de uma clara preferência pela permanência de Gorbatchev no poder, embora demorassem a assumir o compromisso de uma ajuda econômica mais efetiva à União Soviética. O agravamento da situação econômica era justamente o que tornava mais delicada a posição de Gorbatchev. Decididamente, o povo soviético tinha perdido a paciência com os problemas econômicos, que se manifestavam na vida diária de cada cidadão. A desorganização da economia era visível nas prateleiras vazias dos supermercados e nas filas intermináveis para comprar os produtos mais corriqueiros, como sabonete ou farinha de trigo.
Gorbatchev admitiu a implosão da União Soviética, mas ainda tentou manter o vínculo entre as repúblicas, propondo a assinatura do chamado Tratado da União. Mas suas palavras não tiveram eco, e o processo de separação se tornou irreversível.
 
Aprovado o plano de mudanças, faltava ainda conseguir a assinatura do Tratado da União com todas as repúblicas. Mas em 1º de dezembro de 1991 a situação se precipitou com a consolidação da independência da Ucrânia, aprovada em plebiscito por 90% da população. Uma semana depois, numa espécie de golpe branco contra Gorbatchev, os presidentes das repúblicas da Rússia, Ucrânia e Bielo-Rússia, reunidos na cidade de Brest (Bielo-Rússia), criaram a Comunidade de Estados Independentes (CEI), decretando o fim da União Soviética. Diante disso, [[James Baker]], secretário de Estado norte-americano, declarou: “O Tratado da União, sonhado pelo presidente Gorbatchev, nunca esteve tão distante. A União Soviética não existe mais”. De fato, em 17 de dezembro Gorbatchev foi comunicado de que a União Soviética desapareceria oficialmente na passagem de Ano Novo. No dia 21 de dezembro, os líderes de 11 das 15 repúblicas soviéticas reuniram-se em Alma Ata, capital do [[Casaquistão]], para referendar a decisão da Rússia, Ucrânia e Bielo-Rússia e oficializar a criação da Comunidade de Estados Independentes ([[Comunidade dos Estados Independentes|CEI]]) e o fim da [[União Soviética]].
Em 4 de setembro de 1991, [[Gorbatchev]], como presidente da União Soviética, [[Boris Iéltsin]], na qualidade de presidente da Rússia, e mais os líderes de outras nove repúblicas, em sessão extraordinária do Congresso dos Deputados do Povo, apresentaram um plano de transição para criar um novo Parlamento, um Conselho de Estado e uma Comissão Econômica Inter-Republicana. Embora tentasse estabelecer os parâmetros para uma nova união entre as diversas repúblicas, esse plano, na verdade, significava o desmantelamento formal da estrutura tradicional do poder soviético. De qualquer forma, a proposta acabou sendo aprovada.
 
Percebendo a importância de Gorbatchev para a estabilidade da nação, naquele momento, Yeltsin prometeu o apoio da República russa ao novo plano.
[[Imagem:Changes in borders post cold war.png|thumb|260px|Mundaças nas fronteiras nacionais soviéticas após o fim da [[Guerra Fria]].]]
 
Enquanto isso, os líderes ocidentais também davam sinais de uma clara preferência pela permanência de Gorbatchev no poder, embora demorassem a assumir o compromisso de uma ajuda econômica mais efetiva à União Soviética.
 
O agravamento da situação econômica era justamente o que tornava mais delicada a posição de Gorbatchev. Decididamente, o povo soviético tinha perdido a paciência com os problemas econômicos, que se manifestavam na vida diária de cada cidadão. A desorganização da economia era visível nas prateleiras vazias dos supermercados e nas filas intermináveis para comprar os produtos mais corriqueiros, como sabonete ou farinha de trigo.
 
Aprovado o plano de mudanças, faltava agora conseguir a assinatura do Tratado da União com todas as repúblicas. Mas em 1º de dezembro de 1991 a situação se precipitou com a consolidação da independência da Ucrânia, aprovada em plebiscito por 90% da população.
 
Uma semana depois, numa espécie de golpe branco contra Gorbatchev, os presidentes das repúblicas da Rússia, Ucrânia e Bielo-Rússia, reunidos na cidade de Brest (Bielo-Rússia), criaram a Comunidade de Estados Independentes (CEI), decretando o fim da União Soviética.
 
Diante disso, James Baker, secretário de Estado norte-americano, declarou: “O Tratado da União, sonhado pelo presidente Gorbatchev, nunca esteve tão distante. A União Soviética não existe mais”.
 
De fato, em 17 de dezembro Gorbatchev foi comunicado de que a União Soviética desapareceria oficialmente na passagem de Ano Novo.
 
No dia 21 de dezembro, os líderes de 11 das 15 repúblicas soviéticas reuniram-se em Alma Ata, capital do [[Casaquistão]], para referendar a decisão da Rússia, Ucrânia e Bielo-Rússia e oficializar a criação da Comunidade de Estados Independentes ([[Comunidade dos Estados Independentes|CEI]]) e o fim da [[União Soviética]].
 
== Repúblicas ==
{{Artigo principal|[[Repúblicas da União Soviética]]|Ex-repúblicas soviéticas}}
 
Constitucionalmente, a União Soviética era uma [[federação]] das Repúblicas Socialistas Soviéticas (RSSs) e da [[República Socialista Federativa Soviética da Rússia]] (RSFSR), embora a regra do altamente centralizado [[Partido Comunista]] soviético fez federalismo meramente nominal.
 
O Tratado sobre a criação de a URSS foi assinado em dezembro de [[1922]] por quatro repúblicas da fundação, a RSS da [[Rússia]], RSS da [[Transcaucásia]], RSS ucraniano e RSS bielo-russa.
 
Em 1924, durante a delimitação nacional na Ásia Central, as RSSs do Uzbequistão e o Turcomenistão foram formadas a partir de partes do Turquestão, das ASSR do RSFSR e duas dependências Soviética, a [[Khorezm]] e RSS [[Bukhara]].
 
Em 1929, o [[Tadjiquistão]] foi dividido a partir da RSS do [[Uzbequistão]]. Com a Constituição de 1936, os constituintes da República Socialista Federativa Soviética da Transcaucásia, ou seja, da RSSs da Geórgia, Arménia e Azerbaijão, foram elevada à repúblicas da União, enquanto o [[Cazaquistão]] e Quirguistão foram separados da RSFS da Rússia.
 
Constitucionalmente, a União Soviética era uma [[federação]] das Repúblicas Socialistas Soviéticas (RSSs) e da [[República Socialista Federativa Soviética da Rússia]] (RSFSR), embora a regra do altamente centralizado [[Partido Comunista]] soviético fez federalismo meramente nominal. O Tratado sobre a criação de a URSS foi assinado em dezembro de [[1922]] por quatro repúblicas da fundação, a RSS da [[Rússia]], RSS da [[Transcaucásia]], RSS ucraniano e RSS bielo-russa. Em 1924, durante a delimitação nacional na Ásia Central, as RSSs do Uzbequistão e o Turcomenistão foram formadas a partir de partes do Turquestão, das ASSR do RSFSR e duas dependências Soviética, a [[Khorezm]] e RSS [[Bukhara]]. Em 1929, o [[Tadjiquistão]] foi dividido a partir da RSS do [[Uzbequistão]].
Em agosto de 1940 a União Soviética formou o RSS da [[Moldávia]] a partir de partes da RSS da [[Ucrânia]] e partes da [[Bessarábia]] anexou da [[Roménia]], bem como anexo os [[Estados bálticos]], a [[Estónia]], [[Letónia]] e da [[Lituânia]]. A RSS Carélio-Finlandesa, foi dividido a partir do RSFSR março de 1940 e incorporada em 1956.
 
Com a Constituição de 1936, os constituintes da República Socialista Federativa Soviética da Transcaucásia, ou seja, da RSSs da Geórgia, Arménia e Azerbaijão, foram elevada à repúblicas da União, enquanto o [[Cazaquistão]] e Quirguistão foram separados da RSFS da Rússia. Em agosto de 1940 a União Soviética formou o RSS da [[Moldávia]] a partir de partes da RSS da [[Ucrânia]] e partes da [[Bessarábia]] anexou da [[Roménia]], bem como anexo os [[Estados bálticos]], a [[Estónia]], [[Letónia]] e da [[Lituânia]]. A RSS Carélio-Finlandesa, foi dividido a partir do RSFSR março de 1940 e incorporada em 1956. Entre julho de 1956 e setembro de [[1991]], havia 15 repúblicas na União Soviética (ver mapa abaixo).
Entre julho de 1956 e setembro de [[1991]], havia 15 repúblicas na União Soviética (ver mapa abaixo).
 
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== Ver também ==
* [[Pacto de Belaveja]]
* [[Colapso econômico da União Soviética]]
* [[Dissolução da Iugoslávia]]
* [[Dissolução da Tchecoslováquia]]
* [[Previsões do colapsoReunificação da URSSAlemanha]]
* [[História da Federação Russa]]
* [[Tentativa de golpe de Estado na União Soviética em 1991]]
* [[Tratado da União dos Estados Soberanos]]
 
{{referências}}
 
== Ligações externas ==
*{{commonscat-inline|Collapse of the Soviet Union|Dissolução da União Soviética}}
 
{{esboço-históriaru}}
{{Portal3|União Soviética|Comunismo|História}}
{{Revoluções}}
{{Guerra Fria}}