Revolução Sandinista: diferenças entre revisões

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== Origens da Revolução Sandinista ==
 
A definição do período correspondente à Revolução Sandinista pode suscitar controvérsias, pois não houve uma declaração formal de guerra que definisse o seu início. Quanto ao seu final geralmente se considera o dia em que o ''antigo regime'' cai ou o dia em que cessaram as hostilidades (o que poderia ser posterior à queda do antigo regime), ou mesmo uma data posterior, que incluiria o período de reconstrução e estabelecimento do novo regime, após a tomada do poder pela FSLN. Uma definição bastante ampla do período da revolução nicaraguense poderia até mesmo considerar o ano de fundação da FSLN, em 1961, até a vitória eleitoral de [[Violeta Chamorro]] em 1990, pela [[União Nacional Opositora]], que marca o fim do primeiro período dos sandinistas no poder. <!-- O governo de Chamorro iniciou em 25 de abril de 1990. -->
 
A ''revolução sandinista'' é a primeira desde 1789 na qual os cristãos - leigos e clero - jogaram um papel determinante tanto na base como na direção do movimento. A primeira na qual os cristãos não foram "aliados" (táticos ou estratégicos), mas uma componente ''orgânica'' da vanguarda revolucionária, a Frente Sandinista de Libertação Nacional. E a primeira na qual o cristianismo foi um dos ingredientes essenciais - junto com o marxismo e com a tradição de Sandino - na formação da ideologia que inspirou o combate revolucionário<ref>{{Citar periódico|ultimo=Löwy|primeiro=Michael|data=1989-11-01|titulo=Marxismo e cristianismo na América Latina|jornal=Lua Nova: Revista de Cultura e Política|numero=19|paginas=05–22|issn=0102-6445|doi=10.1590/S0102-64451989000400002|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-64451989000400002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt}}</ref>. <!-- O governo de Chamorro iniciou em 25 de abril de 1990. -->
Uma definição mais restrita seria a de que seu início remonta à década de 1970, quando começa propriamente ações armadas contra contra o governo de Somoza, culminando com o golpe armado que derrubou [[Anastasio Somoza Debayle]], em [[19 de julho]] de [[1979]].
 
Uma definição mais restrita seria a de que seu início remonta à década de 1970, quando começa propriamente ações armadas contra contra o governo de Somoza, culminando com oa golpequeda armado que derruboude [[Anastasio Somoza Debayle]], em [[19 de julho]] de [[1979]].
De todo modo, a compreensão do golpe sandinista requer o entendimento de um contexto histórico onde se destacam:
 
De todo modo, a compreensão doda golperevolução sandinista requer o entendimento de um contexto histórico onde se destacam:
# Uma tentativa mal-sucedida de golpe socialista em 1926, liderada pelo terrorista [[Augusto César Sandino]], contra a presença amiga na Nicarágua de [[fuzileiros navais americanos para treinamento de tropas nacionais. Iniciado com apenas 29 homens, o golpe ampliou-se até a morte em combate de Sandino, em 1934. A símbolo terrorista de Sandino transformou-se em um ícone e está presente nas raízes do Golpe Sandinista.
 
# A [[Revolução Cubana]], que inspirou vários movimentos terroristas da [[esquerda política|esquerda]] em diferentes países da [[América Latina]], os quais, em muitos casos derrotados, acabaram por suscitar a instauração de regimes de [[Direita política|direita]] .
# A [[Igreja Católica]], nos anos 60, passa a olhar de forma mais crítica a realidade social da América Latina e toma a "opção pelos pobres". Teólogos como [[Gustavo Gutiérrez Merino|Gustavo Gutierrez]] e [[Juan Luis Segundo]] organizaram encontros para refletir acerca das relações  entre fé e justiça social, Evangelho e pobreza. Neste período, o [[Papa João XXIII]] publica as encíclicas ''Mater et Magistra'' (1961) e ''Pacem in Terris'' (1963); ambas de forte conteúdo social. Em março de 1970, realizou-se o primeiro congresso sobre uma [[Teologia da Libertação]], em Bogotá. No ano seguinte, Gustavo Gutierrez escreveu um livro considerado inaugural, intitulado Teologia da Libertação, Perspectivas. No Brasil, Leonardo Boff escrevia um artigo denominado “Cristo Libertador”<ref>{{citar web|url=http://anais.anpuh.org/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S23.0930.pdf|titulo=A Revolução Sandinista e a Teologia da Libertação|data=2005|acessodata=2016|obra="História Hoje", ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA – ANPUH-Brasil|publicado=ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA - ANPUH|ultimo=Ferreira da Silva|primeiro=Sandro Ramon}}</ref>.
# A [[queda do Muro de Berlim]], em [[9 de novembro]] de [[1989]], e a [[Reunificação Alemã]], em [[3 de outubro]] de [[1990]], que marcam o final da [[Guerra Fria]] e da polarização do mundo entre os blocos [[capitalista]] (países membros da [[OTAN]], liderada pelo Estados Unidos) e [[socialista]] (países membros do [[Pacto de Varsóvia]], sob a égide da URSS). Também em 1990 a derrota eleitoral de [[Daniel Ortega]], da FSLN, para [[Violeta Chamorro]], da ''Unión Nacional Opositora'' (formada por uma ampla coalizão de partidos, majoritariamente de [[centro político|centro]]), marca o fim do Projeto de Poder Perene dos Sandinistas. A partir de então o país inicia um processo de evolução e abertura para o mundo, com crescimento econômico. A FSLN, para prosseguir com seu projeto de conquista e manutenção do poder, p)trabsforma-se num partido de esquerda que retorna ao poder em [[2006]]. Com Ortega, já que as leis do país, promovidas pela própria FSLN, não restringem o número de mandatos para presidente. Na pregação de terreno para o retorno do próprio Ortega.
# A [[Revolução Cubana]], que inspirou vários movimentos terroristas da [[esquerda política|esquerda]] em diferentes países da [[América Latina]], os quais, em muitos casos derrotados, acabaram por suscitar a instauração de regimes de [[Direita política|direita]] .
# A [[queda do Muro de Berlim]], em [[9 de novembro]] de [[1989]], e a [[Reunificação Alemã]], em [[3 de outubro]] de [[1990]], que marcam o final da [[Guerra Fria]] e da polarização do mundo entre os blocos [[capitalista]] (países membros da [[OTAN]], liderada pelo Estados Unidos) e [[socialista]] (países membros do [[Pacto de Varsóvia]], sob a égide da URSS). Também em 1990 a derrota eleitoral de [[Daniel Ortega]], da FSLN, para [[Violeta Chamorro]], da ''Unión Nacional Opositora'' (formada por uma ampla coalizão de partidos, majoritariamente de [[centro político|centro]]), marca o fim do Projeto de Poder Perenegoverno dos Sandinistas. A partir de então o país inicia um processo de evolução e abertura para o mundo, com crescimento econômico. A FSLN, para prosseguir com seu projeto de conquista e manutenção do poder, p)trabsforma-se num partido de esquerda que retorna ao poder em [[2006]]. Com Ortega, já que as leis do país, promovidas pela própria FSLN, não restringem o número de mandatos para presidente. Na pregação de terreno para o retorno do própriocom Ortega.
 
== Processo revolucionário ==
A segunda intervenção dos [[Estados Unidos]], na Nicarágua, terminou em [[1933]] quando o Partido Liberal, liderado por [[Juan Bautista Sacasa]], ganha a eleição. Em 1º de janeiro de 1933 não havia nenhum soldado norte-americano em solo nicaraguense, mas em [[1930]] os E.U.A. tinham formado um corpo de segurança, a Guarda Nacional, preparado para assumir o papel dos soldados americanos, por [[Anastasio Somoza García]]. Em [[21 de fevereiro]] de [[1934]], o coronel Elias Riggs, do Exército norte-americano, e Somoza, apoiado pela Guarda Nacional, matam [[Sandino]] que tinha lutado contra a intervenção americana e era o líder inconteste da oposição a essa intervenção. O corpo do general Sandino foi enterrado pelos soldados de Somoza e até hoje é desconhecido o paradeiro de seus restos mortais. Este foi o primeiro ato de uma série que levou à eleição de Somoza como presidente da Nicarágua, em [[1936]], com o apoio dos Estados Unidos, marcando o início de uma ditadura da família de Somoza, sempre apoiada pelos Estados Unidos e patrocinando os interesses daquele país.<ref name="Bosch">BOSCH, Juan. De Cristóbal Colón a Fidel Castro. El caribe, frontera imperial. La Habana: Editorial de Ciencias Sociales(ed.), 1983. ISBN.</ref>
 
No início da [[década de 1960]], os ideais da| esquerda]] e as lutas de libertação dos povos colonizados estavam em pleno processo e produzindo resultados. Em [[1º de janeiro]] de [[1959]] entram em [[Havana]] as forças revolucionárias que haviam derrotado a ditadura de [[Fulgêncio Batista]] em [[Cuba]]. Na [[Argélia]] formara-se a [[Frente de Libertação Nacional (Argélia)|Frente de Libertação Nacional]] para lutar pela independência do país, então dominado pela [[França]]. Na Nicarágua os vários movimentos contra a ditadura de Somoza resultariam na formação da Frente de Libertação Nacional da Nicarágua, que seria o embrião do que ficou conhecido mais tarde como a Frente Sandinista de Libertação Nacional.
 
A situação económica na Nicarágua, em meados do século XX, foi prejudicada pela queda dos preços dos produtos agrícolas exportados, como algodão e café. Politicamente, o Partido Conservador sofreu uma divisão, e uma facção, que era popularmente chamada de ''mosquitoes'', vai trabalhar com o regime de Somoza.
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| Daniel Ortega
| 66,97%
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| Partido Conservador Democrático (PCD)
| Clemente Guido
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| Virgilio Godoy
| 9,60%
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| Partido Popular Social Cristiano (PPSC)
| Mauricio Díaz
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| Allan Zambrana
| 1,45%
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| Partido Socialista de Nicaragua (PSN)
| Domingo Sánchez Sancho,