Nelson Piquet: diferenças entre revisões

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|pontos = 485.5 (481.5){{Ref|1|1}}
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|primeira corrida = [[Grande Prêmio da Alemanha de 1978 (Fórmula 1)|GP da Alemanha de 1978]]
|primeira vitoria = [[Grande Prêmio do Oeste dos Estados Unidos de 1980 (Fórmula 1)|GP do Oeste dos Estados Unidos de 1980]]
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'''Nelson Piquet Souto Maior''' ([[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[17 de agosto]] de [[1952]]) é um ex-[[automobilista]] e [[empresário]] [[brasil]]eiro, campeão do mundo de Fórmula 1 em [[1981]], [[1983]] e [[1987]].
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=== Chegada a [[Fórmula 1]] ===
Em [[1978]], na [[Fórmula 3]] inglesa, sagrou-se campeão e quebrou o recorde de [[Jackie Stewart]] de maior número de vitórias numa temporada. Sua estreia na Fórmula 1 aconteceu em um teste oferecido pela já extinta equipe BS Fabrications, de Bob Sparshott, que tinha um [[McLaren]] M23. Pouco tempo depois, ainda em 1978, Piquet estreou de fato em uma corrida, o [[Grande Prêmio da Alemanha de 1978 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Alemanha]], em [[Hockenheimring|Hockenheim]]ring, com um carro alugado da equipe [[Ensign (Fórmula 1)|Ensign]]. Neste ano, disputaria outros três GPs com o McLaren da BS Fabrications.
 
Com o carro da pequena equipe inglesa, abandonou na [[Grande Prêmio da Holanda de 1978 (Fórmula 1)|Holanda]] e na [[Grande Prêmio da Áustria de 1978 (Fórmula 1)|Áustria]], terminando em 9º lugar na [[Grande Prêmio da Itália de 1978 (Fórmula 1)|Itália]], na corrida em que morreu o piloto sueco [[Ronnie Peterson]]. De toda forma, o brasileiro já era visto por muitos como uma promessa - sua aparição meteórica rendeu elogios e uma profecia certeira do chefe de equipe da BS Fabrications, David Simms. "Aposto meu dinheiro, com quem quiser, que Nelson Piquet será campeão mundial em três anos." No GP do Canadá, já fazia a sua estreia pela [[Brabham]], com um terceiro carro da equipe então comandada por [[Bernie Ecclestone]].
 
=== As primeiras vitórias ===
E, assim, logo Piquet foi confirmado como segundo piloto para a temporada de {{AnosF1|1979}}. Na equipe inglesa, chefiada por [[Bernie Ecclestone]] e com [[Gordon Murray]] como projetista, Piquet teve como companheiro o austríaco [[Niki Lauda]], já bicampeão, que abandonou a Fórmula 1 temporariamente antes do fim da temporada. Piquet sempre atribuiu a Lauda seu aprendizado sobre como negociar contratos e comunicar suas solicitações aos engenheiros e mecânicos da equipe. O ano, porém, é marcado por alguns acidentes e muitas quebras – foram 11 abandonos em 15 corridas, apenas 3 pontos (os primeiros pontos na carreira) com o 4º lugar na [[Grande Prêmio da Holanda de 1979|Holanda]] e o 15º lugar na classificação final.
 
Já no ano seguinte, em {{AnosF1|1980}}, Piquet chegou em segundo no [[Grande Prêmio da Argentina de 1980 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Argentina]] e obteve sua primeira vitória na categoria no [[Grande Prêmio do Oeste dos Estados Unidos de 1980 (Fórmula 1)|Grande Prêmio do Oeste dos Estados Unidos]]<ref>{{Citar web |url=http://www.f1mania.net/gp3bras/old/euagp.htm |título=GP dos EUA |língua=[[Língua portuguesa|português]] |autor=Antonio Pessoa - F1 Mania |obra= |data=17/09/2001 |acessodata=22/04/2010}}</ref>, no circuito de rua de [[Long Beach (Califórnia)|Long Beach]]. Com outras duas vitórias no ano, no [[Grande Prêmio da Holanda de 1980 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Holanda]], em [[Circuit Park Zandvoort|Zandvoort]], e no da [[Grande Prêmio da Itália de 1980 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Itália]], em [[Ímola]], Piquet disputou diretamente o título com o australiano [[Alan Jones]] da [[Williams F1|Williams]], até a penúltima prova, o [[Grande Prêmio do Canadá de 1980 (Fórmula 1)|Grande Prêmio do Canadá]] – mas, nesta corrida, Piquet e Jones colidiram na largada, e, após uma segunda largada, Piquet teve que abandonar por uma quebra de motor e o vice-campeonato com 54 pontos
 
Mas em {{AnosF1|1981}} viria seu primeiro título mundial, após uma intensa batalha contra o argentino [[Carlos Reutemann]] da [[Williams F1|Williams]]. Na última etapa, o [[Grande Prêmio de Las Vegas de 1981 (Fórmula 1)|GP de Las Vegas]], também nos [[Estados Unidos]], Piquet terminou em 5º lugar marcando 2 pontos, enquanto que Reutemann não pontuou chegando em 8º; o brasileiro venceu o campeonato por apenas um ponto de diferença (50 para Piquet e 49 para Reutemann).
 
Em {{AnosF1|1982}}, como em muitos anos de carreira de Piquet, as inovações técnicas - especialmente a adoção do motor [[BMW]] [[Turbo]] - não permitiram um desempenho suficientemente competitivo. A equipe faz a estreia do novo motor alemão no [[Grande Prêmio da África do Sul de 1982 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da África do Sul]] no chassi [[Brabham BT50|BT50]]. Duas semanas após a realização na prova sul-africana, a escuderia resolveu suspender o uso do motor nas corridas seguintes<ref name="Brabham resolve refazer o carro turbo">[http://acervo.folha.com.br/fsp/1982/02/10/2//4176837 Brabham resolve refazer o carro turbo]: Folha de S.Paulo - Primeiro Caderno, Esportes, página 27 - 10 de Fevereiro de 1982</ref>, fato que foi concordado com a empresa alemã. O ponto crítico desta nova experiência foi o sistema de freios, inadequado às novas exigências do novo motor. Enquanto o projetista [[Gordon Murray]] faz modificações no chassi e no sistema de freios para que se adapte ao motor, a escuderia foi para o [[Grande Prêmio do Brasil de 1982 (Fórmula 1)|Grande Prêmio do Brasil]] em [[Jacarepaguá]], com o modelo do ano anterior, o [[Brabham BT49|BT49]]D, e motor [[Ford Cosworth]] [[Motor V8|V8]] aspirado. Com ele, Piquet venceu-a, mas um mês após a corrida sua vitória foi cassada, o mesmo aconteceu com o segundo colocado, o finlandês [[Keke Rosberg]] da [[WilliamsF1|Williams]] também com o motor Ford Cosworth aspirado<ref name="Tribunal da FISA tira a vitória de Piquet no Rio">[http://acervo.folha.com.br/fsp/1982/04/20/2//4180591 Tribunal da FISA tira a vitória de Piquet no Rio] Folha de S.Paulo - Primeiro Caderno, Esportes, página 31 - 20 de Abril de 1982</ref>. Ambos tiveram seus resultados anulados em [[Paris]], [[França]], no Tribunal de Apelações da [[Federação Internacional de Automobilismo Esportivo|FISA]] (Federação Internacional de Automobilismo Esportivo), que acolheu protestos das equipes [[Renault Sport F1|Renault]] e [[Scuderia Ferrari|Ferrari]] após a etapa brasileira. As decisões do tribunal de apelações, composto por representantes de seis países são inapeláveis. No protesto feito por Jean Sage, diretor técnico da Renault, este alegou que o carro de Piquet e de Rosberg disputaram o GP do Brasil abaixo do peso mínimo regulamentar, que é de 580 quilos, devido ao uso de um artifício não previsto pelo regulamento da FISA. E isso é verdade. Na vistoria dos carros, os comissários de prova desconfiaram da função de uma estranha "caixa preta"<ref name="Especial GP Brasil de 1982">[http://quatrorodas.abril.com.br/grid/noticias/reportagens/geral-especial-gp-brasil-1982-201008_p.shtml Especial GP Brasil de 1982] Quatro Rodas - por Marcio Ishikawa - 5 de Outubro de 2009</ref> acoplada ao Brabham, o mesmo aconteceu com o Williams. O sistema de refrigeração dos freios era feito com água, o que deixava os carros dentro do peso mínimo exigido antes da largada; porém, ao longo da corrida, a água armazenada nos carros era utilizada, o que deixava os monopostos mais leves do que os das demais equipes. Como o regulamento permitia a reposição dos fluidos antes da pesagem obrigatória, os carros voltavam a ficar dentro do regulamento. Com as duas desclassificações técnicas, o francês [[Alain Prost]] com o [[Renault RE30]]B [[Motor V6|V6]] [[Turbo]], foi declarado o vencedor da corrida. O curioso nessa decisão da FISA, tanto os carros da McLaren e da Lotus também usava o mesmo recurso da Brabham e da Williams, e não foram desclassificadas. Em Long Beach, Rosberg terminou em 2º lugar, também correu com o carro equipado com tanque de água, mas não perdeu os 6 pontos com a posição conquistada<ref name="Tribunal da FISA tira a vitória de Piquet no Rio" />.
 
Como a decisão do tribunal aconteceu na semana do [[Grande Prêmio de San Marino de 1982 (Fórmula 1)|Grande Prêmio de San Marino]], as equipes [[Associação dos Construtores da Fórmula 1|FOCA]] (Associação dos Construtores da Fórmula 1) resolvem boicotar<ref name="FOCA decide boicotar o GP de Ímola">[http://acervo.folha.com.br/fsp/1982/04/22/2//4181012 FOCA decide boicotar o GP de Ímola] Folha de S.Paulo - Primeiro Caderno, Esportes, página 19 - 22 de Abril de 1982</ref> a prova em Ímola: [[Brabham]], [[WilliamsF1|Williams]], [[Team McLaren|McLaren]], [[Team Lotus|Lotus]], [[Ligier]], [[Arrows]], [[March Engineering|March]], [[Escuderia Fittipaldi|Fittipaldi]], [[Theodore Racing|Theodore]] e [[Ensign (Fórmula 1)|Ensign]]. A partir do [[Grande Prêmio da Bélgica de 1982 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Bélgica]]<ref name="Piquet com o Turbo no agitado GP da Bélgica">[http://acervo.folha.com.br/fsp/1982/05/07/2//4183092 Piquet com o Turbo no agitado GP da Bélgica] Folha de S.Paulo - Primeiro Caderno, Esportes, página 27 - 7 de Maio de 1982</ref>, a equipe volta a utilizar o modelo BT50 com o motor BMW Turbo; com ele, Piquet marca 2 pontos com o 5º lugar na pista belga. O atual campeão não conseguiu se classificar para o [[Grande Prêmio do Leste dos Estados Unidos de 1982 (Fórmula 1)|Grande Prêmio do Leste dos Estados Unidos]] em [[Detroit street circuit|Detroit]]. Uma semana depois, o piloto brasileiro venceu em [[Circuito Gilles Villeneuve|Montreal]], o [[Grande Prêmio do Canadá de 1982 (Fórmula 1)|Grande Prêmio do Canadá]]. A prova ficou marcada com a morte logo na largada do italiano [[Riccardo Paletti]] que não conseguiu desviar da [[Scuderia Ferrari|Ferrari]] do francês [[Didier Pironi]] que não partiu. O ponto alto da temporada de Piquet foi um episódio tenso e, em segunda análise, hilariante. Quando estava próximo da fazer a troca de pneus e o reabastecimento no GP da [[Grande Prêmio da Alemanha de 1982 (Fórmula 1)|Alemanha]] em [[Hockenheimring|Hockenheim]], Piquet se aproximou do retardatário, o chileno [[Eliseo Salazar]] e tentou a ultrapassagem na ''Ostkürve'', (a chicane norte do circuito alemão). Salazar não viu Piquet se aproximando, manteve a trajetória normal, e os dois bateram. Após sair do carro, Piquet partiu para a agressão física contra Salazar, diante das câmeras de televisão, em uma cena que demonstra um pouco do seu temperamento competitivo e explosivo. "Salazar não é piloto, é motorista", declarou Piquet à época. Curiosamente, ambos haviam se conhecido quando ainda eram recém-chegados à Europa; e, muitos anos depois, chegaram a correr juntos em corridas de [[Turismo]]. Num ano marcado por problemas políticos na categoria, acidentes e mortes de pilotos, Piquet fechou o ano em 11º lugar com 20 pontos.
 
Anos mais tarde, Piquet ficou sabendo de um engenheiro do motor que trabalhou com o piloto brasileiro na equipe Brabham naquela época, que aquele famoso acidente foi a melhor coisa que podia ter acontecido à BMW, porque evitou a vergonha do motor alemão explodir em seu próprio país.
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As inovações introduzidas por Gordon Murray na Brabham não são suficientes, embora Piquet tenha conquistado 9 poles no ano. Chega a liderar por várias provas, mas abandona grande parte delas por problemas mecânicos.
 
Piquet teve uma grande vitória. O modelo [[Brabham BT53|BT53]], revisado, vai para o [[Grande Prêmio do Canadá de 1984 (Fórmula 1)|Canadá]], em [[Montreal]], com um radiador de óleo instalado no bico do carro. Durante a corrida, o radiador foi esquentando o pé do brasileiro fazendo com que o piloto praticamente abandonasse a corrida. Porém, ele seguiu adiante para vencer de forma brilhante. No podium, ele mostrava o dedo do pé com bolhas para Niki Lauda e Alain Prost. O brasileiro tenta uma reação vencendo em [[Grande Prêmio do Leste dos Estados Unidos de 1983 (Fórmula 1)|Detroit]], nos Estados Unidos, mas fica por aí. Termina o ano em 5º lugar com 29 pontos.
 
Em {{AnosF1|1985}}, a chance de brigar na frente foi impedida quando Bernie Ecclestone assinou um contrato de fornecimento dos pneus [[Pirelli]]. O desenvolvimento dos pneus italianos era um desafio de proporções gigantescas. Nenhum resultado poderia ser cobrado antes de dois ou três anos. Piquet consegue uma vitória no ano. Ela aconteceu em [[Paul Ricard]], na [[Grande Prêmio da França de 1985 (Fórmula 1)|França]]. Sob um calor infernal, o brasileiro faz uma corrida bem planejada. Ultrapassa [[Ayrton Senna]] da [[Team Lotus|Lotus]] e [[Keke Rosberg]] da [[Williams F1|Williams]]. Vai abrindo e fazendo um ritmo de corrida muito bom. As equipes de ponta com a borracha americana da [[Goodyear]] não consegue acompanhar o ritmo imposto pelo piloto brasileiro, porque o Brabham número 7 não dá nenhuma demonstração que fará a troca; Piquet vence com relativa facilidade. Foi a última vitória da equipe na categoria. Depois dessa vitória, volta a realidade. O piloto chega a conquistar a última pole da equipe em [[Circuit Park Zandvoort|Zandvoort]], na [[Grande Prêmio da Holanda de 1985 (Fórmula 1)|Holanda]]. Na semana do [[Grande Prêmio da Itália de 1985 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Itália]], Piquet fecha contrato com a [[WilliamsF1|Williams]]<ref name="Nelson Piquet assina com a Williams por dois anos">[http://acervo.folha.com.br/fsp/1985/09/05/2//4125436 Nelson Piquet assina com a Williams por dois anos] Folha de S.Paulo - Primeiro Caderno, Esportes, página 36 - 5 de Setembro de 1985</ref> na próxima temporada para ocupar a vaga deixada por Keke Rosberg. Nessa corrida, ele termina em 2º e com Senna em 3º lugar (pela primeira vez juntos no podium). Na [[Grande Prêmio da Bélgica de 1985 (Fórmula 1)|Bélgica]] em [[Circuit de Spa-Francorchamps|Spa-Francorchamps]], com a pista molhada, após a largada, Piquet escorrega na primeira curva ''La Source'' perdendo várias posições; ele fez uma enorme corrida de recuperação e terminou-a em 5º. Nas últimas três provas do campeonato, ele nem terminou. No último ano na Brabham, Piquet fecha em 8º lugar com 21 pontos.
 
=== Williams-Honda ===
No campeonato de {{AnosF1|1986}}, Piquet foi para a equipe de seus dois vice-campeões, a [[WilliamsF1|Williams]], para desenvolver, junto com seu companheiro de equipe, o inglês [[Nigel Mansell]], o projeto dos motores turbo da [[Honda]]. No primeiro ano, o carro mostrou-se competitivo, porém uma sucessão de resultados desfavoráveis e estratégias mal calculadas como na última prova da temporada (GP da Austrália), que levaram Piquet e Mansell a perder o título para Prost. Parte do fracasso se deveu a um grave acidente sofrido pelo dono da equipe, [[Frank Williams]], que o deixou afastado do comando da equipe por vários meses, e fadado a uma [[cadeira de rodas]] pelo resto da vida. Frank foi o responsável pela contratação de Piquet, enquanto o seu sócio e engenheiro-chefe da equipe, [[Patrick Head]] cumpria risca o contrato de Piquet na qual exigia a preferência no carro reserva, mas dava igual tratamento a Nigel Mansell dentro da equipe. Frank Williams chegou a declarar na época: "Se Mansell é mais rápido é impossível mandá-lo abrandar para deixar passar Piquet. Não funcionou quando Jones e Reutemann foram designados como primeiro e segundo pilotos em 1981. Por que razão deveria funcionar agora? Desde o momento que asseguremos que Nelson faça todos os testes com os carros e tenha prioridade de uso e escolha do carro reserva, ele não pode reclamar." (Anuário F1 1987 Francisco Santos pg 47).
 
No [[Grande Prêmio da Alemanha de 1986 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Alemanha]] em [[Hockenheimring|Hockenheim]] que Piquet usou a malandragem; na 15ª volta, Nigel Mansell com o carro instável errou uma freada e saiu da pista, prejudicando o rendimento dos seus pneus. O piloto avisa pelo rádio à sua equipe para colocar pneus novos nos boxes. A equipe rapidamente se prepara para recebê-lo, mas quem aparece no pit foi o Williams número 6 do piloto brasileiro. Piquet, brilhante, havia antecipado sua parada para trocá-los. Dentro do pit, pelo rádio, Patrick Head comunica ao piloto inglês para não entrar nesta volta, forçando-o a completar mais uma com os pneus bem gastos, já que a equipe estava comprometida com a execução do carro do seu companheiro de equipe.
 
Na primeira edição do [[Grande Prêmio da Hungria de 1986 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Hungria]], Piquet realizou sobre [[Ayrton Senna]], a ultrapassagem que muitos consideram como a mais bela de todos os tempos na Fórmula 1 – no fim da reta dos boxes, pelo lado de fora de uma curva de 180 graus, escorregando nas quatro rodas. O tricampeão Jackie Stewart, comentando a cena, disse que era "como fazer um ''looping'' com um [[Boeing 747]]".
 
Em {{AnosF1|1987}}, as Williams dominaram a temporada. Piquet sofreu um grave acidente logo no início do ano, emnos umtreinos testepara o [[Grande Prêmio de San Marino de 1987|Grande Prêmio de San Marino]], no circuito de [[Autódromo Enzo e Dino Ferrari|circuito de ImolaÍmola]], na mesma curva "Tamburello" que se tornaria famosa pela morte de Ayrton Senna. "Depois desse acidente, minha visão nunca mais foi a mesma, e eu perdi uma parte da noção de profundidade", declarou Piquet anos depois. Mesmo assim, Piquet e Mansell disputaram o título corrida a corrida – e Piquet, para driblar evitar que o acerto do seu carro fosse passado ao inglês, lançou mão de suas conhecidas artimanhas, como testar com uma configuração ruim do carro, que muitas vezes seria copiada pelos mecânicos de Mansell, e alterá-la completamente minutos antes do treino ou da corrida.
 
Cansado dos desentendimentos com seu companheiro Mansell, na semana do [[Grande Prêmio da Hungria de 1987 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Hungria]], Piquet é anunciado como piloto da equipe [[Team Lotus|Lotus]] para o campeonato seguinte. Ele ficou contente com a transação: "Deram-me garantias de que eu teria todo o apoio para ser o primeiro piloto. Era uma oferta que eu não podia recusar. Além do mais, estive observando a Lotus nesta temporada e aproveitei a chance de me integrar a uma equipe tão competitiva''<ref name="Pique toma o lugar de Senna na Lotus em 88">[http://acervo.folha.com.br/fsp/1987/08/07/2//4116792 Piquet toma o lugar de Senna na Lotus em 88] Folha de S.Paulo - caderno Esportes, página A18 - 7 de Agosto de 1987</ref>.
 
Nos treinos para o [[Grande Prêmio da Itália de 1987 (Fórmula 1)|GPGrande Prêmio da Itália]], em [[Circuito de Monza|Monza]], o piloto brasileiro estreia a suspensão ativa. Consegue a pole, e também vence. Na prova seguinte, o novo componente é colocado no carro do piloto inglês, mas ele não consegue um acerto adequado. Para não favorecer apenas um lado, a equipe Williams resolve retirar a suspensão dos dois carros. A alegação é que o novo componente não estava totalmente pronto para enfrentar uma corrida e que seria muito arriscada colocar uma nova tecnologia sem ainda ter uma certeza plena de que ela seria melhor e mais resistente que a suspensão tradicional. A verdade é que Mansell não entendia o funcionamento correto dela, diferente do Piquet que tirava máximo proveito. Resultado, na reta final, os dois carros voltam para a suspensão convencional em condições iguais. Nos GPs da [[Grande Prêmio da Espanha de 1987 (Fórmula 1)|Espanha]] e [[Grande Prêmio do México de 1987 (Fórmula 1)|México]], Mansell vence, com Piquet em 4º e 2º lugar respectivamente. O brasileiro vai para o [[Grande Prêmio do Japão de 1987 (Fórmula 1)|Japão]] com 12 pontos de vantagem. Nos treinos oficiais de sexta-feira no circuito de Suzuka, na ânsia de superar o tempo do seu companheiro de equipe, Mansell sofre um forte acidente, embora não o tenha causado ferimentos sérios, deixou-o sem condições para disputar a prova, e Piquet sagrou-se tricampeão mundial por antecipação.
 
Na última corrida, o [[Grande Prêmio da Austrália de 1987 (Fórmula 1)|GP da Austrália]], em Adelaide, o piloto inglês não aparece. Acabou sendo substituído pelo italiano [[Riccardo Patrese]]<ref name="Patrese substitui o inglês Mansell na Austrália">[http://acervo.folha.com.br/fsp/1987/11/12/2//4130173 Patrese substitui o inglês Mansell na Austrália] Folha de S.Paulo - Primeiro Caderno, Esportes, página A21 - 12 de Novembro de 1987</ref>.
 
=== Últimas temporadas na Lotus e na Benetton ===
A [[Honda F1|Honda]], então consagrada com o melhor motor turbo do período, deixou a Williams, e em {{AnosF1|1988}} passou a equipar a [[Team McLaren|McLaren]] e a [[Team Lotus|Lotus]]. Para a McLaren, conseguiu a contratação de [[Ayrton Senna]], e para o lugar que Senna deixara na Lotus levou Nelson Piquet com um contrato milionário. Mas o carro amarelo da lendária equipe, projetado pelo engenheiro francês [[Gérard Ducarouge]] (que trabalhou com Senna em 1985 àa 1987 na equipe), mostrou-se problemático. Mesmo tendo o motor japonês, a Lotus não tinha forças para lutar com a mesma intensidade do que a McLaren. O Lotus era 7&nbsp;km/h mais lento do que o McLaren no retão em [[Autódromo de Jacarepaguá|Jacarepaguá]]. O carro da Lotus era 2 segundos mais lento e aumentava para 3 em [[Grande Prêmio de San Marino de 1988 (Fórmula 1)|San Marino]]. O carro não reagia as modificações propostas e experimentadas pelo piloto. O diagnóstico de Piquet: excessiva torção na parte traseira do chassi. Segundo comentários da imprensa automobilística internacional, o Lotus 100T tinha a estrutura rígida de uma casquinha de sorvete. O motor não era o problema por causa do baixo rendimento do carro, mas sim o chassi que Piquet declarou publicamente que era "uma merda" e desentendeu-se completamente com Ducarouge. Com condições de disputar posições com os carros equipado com motor aspirado, o piloto terminou o campeonato em 6º lugar com 22 pontos conquistados.
 
Sem o motor Honda para {{AnosF1|1989}}, a Lotus fechou com o [[Judd (motor)|Judd]], um dos motores mais fracos da época. O time de [[Peter Warr]] contrata o projetista inglês Frank Dernie, vindo da Williams da época de Piquet. Com o novo conjunto, o modelo [[Lotus 101|101]] e motor Judd, o piloto só conseguia disputar posições pelo bloco intermediário e de vez em quando dava para marcar alguns pontos. Com equipamento fraco para brigar por melhores posições, o brasileiro não conseguiria se classificar para o [[Grande Prêmio da Bélgica de 1989 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Bélgica]]<ref name="Lotus em crise é desclassificada pela 1ª vez">[http://acervo.folha.com.br/fsp/1989/08/27/20//4095817 Lotus em crise é desclassificada pela 1ª vez] Folha de S.Paulo - caderno Esportes, página E8 - 27 de Agosto de 1989</ref> em [[Spa-Francorchamps]], o mesmo acontecendo com o seu companheiro de equipe, o japonês [[Satoru Nakajima]]; pela primeira vez na história que o time britânico ficava ausente de uma corrida e a segunda vez na carreira do tricampeão brasileiro.
 
Desiludido com as duas temporadas frustantes na Lotus, no início do mês de setembro, Piquet assinou contrato com a equipe [[Benetton Formula|Benetton]]<ref name="Piquet vai correr na Benetton no próximo ano">[http://acervo.folha.com.br/fsp/1989/09/05/20//4053778 Piquet vai correr na Benetton no próximo ano] Folha de S.Paulo - caderno Esportes, página E3 - 5 de Setembro de 1989</ref> para a temporada de {{AnosF1|1990}}; no final do mês, na semana do [[Grande Prêmio da Espanha de 1989 (Fórmula 1)|GP da Espanha]], a escuderia anglo-italiana contrata o projetista inglês [[John Barnard]]<ref name="Barnard será diretor técnico da Benetton">[http://acervo.folha.com.br/fsp/1989/09/30/20//4910092 Barnard será diretor técnico da Benetton] Folha de S.Paulo - caderno Esportes, página E4 - 30 de Setembro de 1989</ref>. Ele se junta ao piloto brasileiro num projeto ambicioso: disputar de fato o título mundial.
 
Cumprindo as últimas três provas pela escuderia britânica, o melhor que ele consegue foi o 4º lugar no [[Grande Prêmio do Japão de 1989 (Fórmula 1)|Japão]]; na última prova, o [[Grande Prêmio da Austrália de 1989 (Fórmula 1)|GP da Austrália]], com chuva, na reta ''Brabham'', Piquet acerta a traseira do [[Osella Corse|Osella]] do italiano [[Piercarlo Ghinzani]] (última corrida na carreira). Numa despedida sem grandes resultados e tendo que disputar posições com o pelotão intermediário, Piquet terminou em 8º lugar no campeonato com 12 pontos.
 
A falta de potência do motor [[Cosworth]] [[Motor V8|V8]] era compensada pelo notável equilíbrio do chassi do carro, e, após algumas boas corridas, Piquet vence o polêmico [[Grande Prêmio do Japão de 1990 (Fórmula 1)|GP do Japão]], (aquela prova, segundos depois da largada que Senna enfia o seu carro na traseira da Ferrari de Prost ao tentar fazer a primeira curva da pista e com os dois fora da pista, acabou decidindo o campeonato a favor do brasileiro da McLaren). A vitória teve sabor mais especial ainda para Piquet porque o segundo colocado foi o seu amigo de adolescência [[Roberto Moreno]], também pela Benetton, estreando como substituto de [[Alessandro Nannini]], que havia sofrido um gravíssimo acidente de helicóptero que lhe afastou em definitivo da Fórmula 1.
 
Piquet também venceu a corrida seguinte, o [[Grande Prêmio da Austrália de 1990 (Fórmula 1)|Grande Prêmio da Austrália]], após uma manobra arriscada na última volta – Nigel Mansell, que ao volante da Ferrari tentava ultrapassar o brasileiro, foi obrigado a frear fortemente e sair da pista na curva mais fechada do circuito, quando o brasileiro, simples e propositalmente, ignorou sua tentativa e seguiu o traçado normal. Um lance sarcástico típico de Piquet no GP de número 500 da história da categoria. Com o magnífico lance, Piquet terminou em 3º com 43 pontos{{ref|1|1}}, e se classificou à frente de um piloto da McLaren e da Ferrari.
 
Em {{AnosF1|1991}}, ainda na Benetton, Nelson obteve sua última vitória na F-1 no [[Grande Prêmio do Canadá de 1991 (Fórmula 1)|Grande Prêmio do Canadá]], e também em cima de Mansell – a quem Piquet se referia ironicamente como "o idiota veloz". O inglês liderava com mais de 50 segundos, e, na última volta, desacelerou para acenar para os torcedores. Por causa disso, o alternador não gerou energia suficiente para abastecer toda a eletrônica embarcada do Williams e o carro simplesmente "morreu". Após a vitória, Piquet passou pelo carro parado de Mansell acenando para o rival. Depois declarou que quando viu o carro do piloto inglês parado naquele momento "quase teve um orgasmo". Neste mesmo ano, a Benetton substituiu [[Roberto Moreno]] pelo jovem talento [[Michael Schumacher]], patrocinado pela [[Mercedes-Benz]], que até então havia disputado apenas sua corrida de estreia na Fórmula 1. Insatisfeito com as perspectivas da sua equipe para a temporada de 1992, já que o novo motor Ford Cosworth não era suficientemente potente para deixá-lo em condições de voltar a brigar por títulos, Piquet, já com 39 anos de idade e 204 GPs no currículo, decidiu abandonar a categoria máxima do automobilismo após chegar em 4º lugar (1,5 ponto){{Ref|2|2}} no chuvoso [{Grande Prêmio da Austrália de 1991|Grande Prêmio da Austrália]]. Encerrou sua carreira na principal categoria em 6º lugar com 26.5 pontos.
 
=== Após a Fórmula 1 ===
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|bgcolor="#CFCFFF"| [[Grande Prêmio do Japão de 1987|JAP]]<br /><small>15º</small><br>{{Goodyear}}
|bgcolor="#EFCFFF"| [[Grande Prêmio da Austrália de 1987|AUS]]<br /><small>Ret</small><br>{{Goodyear}}
| bgcolor="#FFFFBF"| '''73{{Ref|1|1}}'''<br />(76)'''
| bgcolor="#FFFFBF"| '''1º'''
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! [[Temporada de Fórmula 1 de 1988|1988]]
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|rowspan="2" bgcolor="#FFDF9F"| '''43{{Ref|1|1}}'''<br />(44)'''
|rowspan="2" bgcolor="#FFDF9F"| '''3º'''
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== Números ==
* '''3''' títulos mundiais de [[Fórmula 1]] em ([[{{anosF1|1981]]}}, [[{{anosF1|1983]]}} e [[{{anosF1|1987]]}})
* Temporadas na F-1: 13 - (1978-1991)
* GPs iniciados: 204
* Pódios: 60
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===[[24 Horas de Le Mans]]<ref name="241996 Hours24 ofHeures Ledu Mans">[http://www.race-database.com/driverresults/careerresults.php?driver_idyear=npiqu11996&race=1&series_id=8 1996 24 HoursHeures ofdu LeMans] Race-Database.com</ref><ref name="1997 24 Heures du Mans">[http://www.race-database.com/results/results.php?year=1997&race=1&series_id=8 1997 24 Heures du Mans] Race-Database.com</ref> ===
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