Filosofia helenística: diferenças entre revisões

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{{História da filosofia ocidental}}
 
[[FicheiroImagem:Gustave Boulanger - Theatrical Rehearsal in the House of an Ancient Rome Poet - WGA2930.jpg|miniaturadaimagem|Em Roma antiga, a escola filosófica mais popular e divulgada foi o estoicismo.]]
 
A '''filosofia helenística''' estende-se, em um primeiro momento, da morte de [[Alexandre, o grande|Alexandre]] ({{AC|323 a.C.|x}}) ao fim da [[República Romana|República Romana]] e à vitória de [[Augusto|Augusto]] na [[Batalha de Áccio|Batalha de Ácio]], portanto durante aquilo que historiadores da cultura convencionaram como [[helenismo]]. As correntes formadas neste período, todavia, influenciam vastamente a [[filosofia]] posterior, permitindo considerar-se como filosofia helenística muito da filosofia ocidental que se estende até o [[século III{{+séc|século III d.C.]]}}, como o posterior [[Neoplatonismo|neoplatonismo]].<ref>Chauí, 2010, p. 14</ref>
 
== Filosofia de uma nova época ==
A partir do processo histórico que se formava desde o [[século {{-séc|VI a.C.]]}} até o [[Liga de Delos|imperialismo ateniense]] e toda a instabilidade política e econômica posterior,<ref>AUSTIN, Michel; VIDAL-NAQUET, Pierre. O tempo das crises. In: ''Economia e Sociedade na Grécia Antiga''. Lisboa: Edições 70, 1986.</ref> o período de [[Alexandre, o Grande]] e o contexto seguinte construíram-se pouco a pouco com novas noções sobre o pertencimento do indivíduo no mundo.<ref>FERGUSON, John. Cosmópolis; Pólis. In: ''A Herança do Helenismo''. Lisboa: Verbo, 1973</ref><ref>ORRIEUX, Claude; PANTEL, Pauline Schmitt. L'époque hellénistique. In: ''Histoire grecque''. Paris: PUF, 2004.</ref> Nesse contexto, diferente da [[Grécia Antiga]], o pensamento foi gradativamente alterando-se, sofrendo até mesmo influências das religiões orientais, criando-se uma lógica de [[cosmopolitismo]] - em outras palavras, de uma universalidade do pensamento humano<ref>"Os helenísticos conseguiram o que os sofistas não conseguiram: a popularização da filosofia." (Chauí, 2010, p. 36)</ref>, aplicável a todos os indivíduos. Sendo assim, não teria mais como base as restrições existentes do referencial da [[pólis]], naturalmente um conceito restritivo, pois fechada em si, [[autonomia|autônoma]], mesmo que conectada a outras<ref>Chauí, 2010, p. 19-20</ref>.
 
A princípio, as correntes que compõem a filosofia helenística compartilham uma oposição intensa à [[filosofia clássica]], [[Platão|platônica]] e [[Aristóteles|aristotélica]], mesmo possuindo em suas bases pontos fortemente clássicos. Destacam-se as ideias de que [[ética]] e [[física]], sobretudo para [[Estoicismo|estóicos]] e [[Epicurismo|epicuristas]], apoiavam uma à outra, sendo indivisíveis para que seu conhecimento fosse perfeito; um forte [[materialismo]], recusando-se à [[Transcendência (filosofia)|transcendência]] - forte, por exemplo, no pensamento aristotélico, embora este materialismo não se aplique exatamente a todas as correntes (como a dos [[Neoplatonismo|neoplatônicos]]); as formas sistemáticas que tornam as correntes filosóficas em [[doutrina|doutrinas]], firmes em suas verdades, sendo que estas articulam os saberes da física, da ética e da [[lógica]];<ref>"(...)cada sistema apresenta-se como conjunto articulado de verdades, constituindo uma totalidade coerente e autossuficiente. Daí, pouco a pouco, o ensino das doutrinas tende a ser mais importante do que novas investigações que, embora realizadas continuamente, são consideradas acréscimos ao corpo doutrinário e não refutações ou inovações." (Chauí, 2010, p. 16)</ref> a noção de que cabia ao estudo da filosofia a função de estabelecer caminhos (condutas) capazes de conduzir à [[felicidade]], a chamada "medicina da alma".<ref>"Assim, malgrado as diferenças, pode-se, finalmente, apontar como traço comum às escolas helenísticas o ''racionalismo ético'' ou a convicção de que é possível definir regras [[Razão|racionais]] universais para a conduta humana cuja exemplaridade é oferecida pela figura do filósofo como sábio ou homem virtuoso que não se deixa corromper pela boa fortuna nem abater-se pelo infortúnio, capaz de ensinar aos outros o caminho da vida feliz, fazendo da filosofia uma sabedoria de vida." (Chauí, 2010, p. 17)</ref>
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== Escolas helenísticas ==
=== Ceticismo ===
[[FicheiroImagem:Petrarca-Meister 001.jpg|thumb|[[Pirro de Élis]], imagem retratando uma anedota contada por [[Sexto Empírico]]. Ao alcançar a ''ataraxía'', o filósofo manter-se-ia sereno e impassível.]]
 
O ceticismo caracterizou-se como uma corrente de pensamento que surgiu primeiramente com [[Pirro de Élis]], contemporâneo de [[Alexandre, o grande|Alexandre]]. Denominada de [[pirronismo]], é a primeira filosofia cética e é considerada a mais radical.<ref>Abbagnano, 2014, p. 891</ref> Tem como uma de suas características principais o natural impedimento do [[dogmatismo]], uma vez que é ideal ao filósofo abster-se de juízo, ou seja, manter um constante estado de dúvida para com verdades possíveis, impedindo-as de serem naturalizadas, ou até mesmo possíveis em sua existência.<ref>Chauí, 2010, p. 57-59</ref> Além disso, o filósofo cético, especialmente o que estiver diretamente ligado ao Pirronismo, deveria ter outras três qualidades: ser “incapaz de falar”, com isso incapaz de sentenciar uma “verdade”; ser desprendido de paixões, assim não sendo guiado, e retirado de sua serenidade por ilusões dos sentidos; e por fim ser sereno, livre da confusão do mundo. Este último conceito, porém, exige uma explicação melhor: a indiferença (1ª qualidade) e a insensibilidade (2ª qualidade) garantiriam um estado de tranquilidade mental sem a necessidade de constantes formulações intelectuais e afetivas e, assim sendo, o filósofo manteria sua felicidade, consciente da ausência de respostas e livre da constante tensão que seria a busca pela verdade.<ref>Chauí, 2010, p. 59-60</ref>
 
[[Pirro]] fez parte da expedição de Alexandre pela Ásia e entrou em contato com correntes de pensamento orientais. Uma possível influência dos [[Gimnosofistas|gimnosofistas]] indianos permitiu o desenvolvimento da filosofia de Pirro, mas este também articulou saberes provenientes de correntes do pensamento [[Escola megárica|megárico]], [[Cinismo|cínico]] e [[Demócrito|democriteano]]. Aqui a ''ataraxía'', essa serenidade ideal do filósofo, estabelece-se graças ao vazio interior de representações enquanto se mantém e aceita a dúvida, conceito permitido pela influência oriental.<ref>Chauí, 2010, p. 53-54</ref> Sobre as origens, também se considera o pensamento megárico como o precursor ocidental mais antigo,<ref>Abbagnano, 2014, p. 152</ref> aqui sempre considerando que é de vital importância a ideia de que não se possa arbitrar entre verdade ou falsidade em determinado questionamento. Os megáricos já refletiam sobre isso: vê-se aqui um exemplo do enraizamento das filosofias helenísticas em filosofias anteriores, mesmo que sejam conflitantes e opostas, uma vez que sejam filosofias de contextos diferenciados.
 
Outros filósofos continuaram o pensamento cético, embora alguns destes tenham considerado o ceticismo de forma diferente, como os da chamada terceira [[Academia]], que teve como representante inicial [[Carnéades|Carnéades de Cirene]] no século {{-séc|II a. C.}} Houve ainda alguns pensadores viventes da [[era cristã]] que retomaram o ceticismo mais rigoroso, entre eles [[Sexto Empírico]], do século {{+séc|II d. C.}}<ref>Abbagnano, 2014, p.151</ref> Definir o ceticismo como escola pode ser algo controverso, uma vez que ele rejeita o dogmatismo - o próprio Sexto Empírico comenta que o ceticismo apenas teria uma escola enquanto fosse conduta de vida, e não mera instituição enraizada em um dogma.<ref>Chauí, 2010, p. 46</ref>
 
==== Representantes ====
*[[Pirro de Élis|Pirro]] (ca. [[360 a.C.]]—360— ca. [[{{AC|270 a.C.]]|x}})
*[[Tímon (filósofo)|Tímon]] (ca. [[325 a.C.]]—325— ca. [[{{AC|235 a.C.]]|x}})
*[[Arcesilau|Arcesilau]] (ca. [[316 a.C.]]—316— ca. [[{{AC|241 a.C.]]|x}})
*[[Carnéades|Carnéades]] (ca. [[214 a.C.]]—214— ca. [[{{AC|129 a.C.]]|x}})
*[[Enesidemo|Enesidemo]] ([[Século I{{+séc|Séc. I d.C.]]}})
*[[Agripa (filósofo)|Agripa]] ([[Século I{{séc|Séc. I d.C.]]— [[Século II|Séc. II d.C.]]}}—I)
*[[Sexto Empírico|Sexto Empírico]] (ca. [[160|160 d.C.]]—160— ca. [[210|210 d.C.]])
 
=== Epicurismo ===
[[FicheiroImagem:Busto di epicuro, da villa papiri ercolano, copia romana da orig. del 250 ac. ca, MANN.JPG|miniaturadaimagem|[[Epicuro|Epicuro de Samos]]]]
 
O epicurismo surge como uma doutrina diferenciada, em um contexto em que a filosofia costumava preocupar-se com os aspectos subjetivos e mais abstratos. [[Epicuro]] rejeita qualquer conhecimento que provenha de algo transcendente aos sentidos e afirma que a felicidade está ao alcance do homem através dessa filosofia voltada à verdade, distanciada do divino e ligada a uma noção mecânica do universo. Epicuro teria nascido em meio à [[História de Atenas|cultura ateniense]] - assim, sua filosofia pode ser entendida como essencialmente grega.<ref>Petit, 1987, p. 93</ref> Existiriam no epicurismo três características básicas: um [[atomismo]] descendente de [[Demócrito]], que permitiria a Epicuro explicar que o universo era formulado em princípio pela [[matéria]] (além de uma outra realidade, invisível, intangível) e que a alma seria mortal; a crença na indiferença dos deuses, posto que existiriam mas, uma vez que teriam atingido a felicidade, não viveriam com o propósito de dar forma ou reger o universo; e uma noção fixa acerca dos sentidos, considerando-os verdadeiros caminhos para a compreensão da verdade e o alcance do bem, sendo o bem aqui entendido por prazer.<ref>Abbagnano, 2014, p. 390</ref> Esse prazer seria, em última instância, a ausência de perturbação, ou seja, a ''ataraxía''. A verdade traduzida por aquilo que estava ao alcance do homem seria, então, o caminho para a felicidade e para a liberdade.
 
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==== Representantes ====
*[[Epicuro]] (ca. [[341 a.C.]]–341– ca. [[{{AC|270 a.C.]]|x}})
*[[Metrodoro de Lâmpsaco (o jovem)|Metrodoro de Lâmpsaco]] (ca [[31331/330 a.C.]]– ca. [[{{AC|277 a.C.]]|X}})
*[[Colotes]] (ca. [[320 a.C.]]–320– ca. [[{{AC|268 a.C.]]|x}})
*[[Hermarco (filósofo)|Hermarco]] (ca. [[325 a.C.]] – ca. [[{{AC|250 a.C.]]|X}})
*[[Leontina (filósofa)|Leontina]] ([[século {{-séc|III a.C.]]}})
*[[Carneisco]] ([[século {{-séc|III a.C.]]}})
*[[Rabírio (epicurista)|Rabírio]] ([[século {{-séc|I a.C.]]}})
*[[Zenão de Sídon|Zenão]] (ca. [[150 a.C.]]–150– ca. [[{{AC|75 a.C.]]|X}})
*[[Filodemo de Gadara|Filodemo]] (ca. [[110 a.C.]]–110– ca. [[{{AC|40 a.C.]]|X}})
*[[Lucrécio]] (ca. [[99 a.C.]]–99– ca. [[{{AC|55 a.C.]]|X}})
 
=== Estoicismo ===
[[FicheiroImagem:Zeno of Citium Zapf.jpg|miniaturadaimagem|[[Zenão de Cítio]]]]
 
O estoicismo também se formou com influências das correntes de pensamento anteriores. Uma de suas máximas era algo já defendido pelo megáricos, que era a negação, ou ao menos a contestação, à noção de uma multiplicidade universal ou de constantes mudanças no cosmos.<ref>Abbagnano, 2014, p. 758</ref> Com essa simples característica, nota-se a famosa distinção entre estoicismo e epicurismo,<ref>Chauí, 2010, p. 113</ref> na medida em que o primeiro lida com uma ideia de universo e de divindade totalmente ligada a uma unidade (seria o mundo, um só, por exemplo, e o divino, uma força imanente na natureza, da qual seriamos parcelas menores<ref>Chauí, 2010, p. 115</ref>), enquanto que o segundo dedica-se à crença das constantes transformações dos átomos e da multiplicidade de mundos<ref>Chauí, 2010, p. 99</ref>.
 
O estoicismo teve como grande característica a capacidade de se adequar aos contextos em que se encaixava, sobrevivendo durante cinco séculos<ref>Chauí, 2010, p. 118</ref> e tornando-se a corrente filosófica mais influente e duradoura do período helenístico<ref>Chauí, 2010, p. 116</ref>. Dessa longa duração e da pouca importância dada a uma ortodoxia dogmática,<ref>Chauí, 2010, p. 117</ref> surgiu uma variedade de doutrinas dentro da filosofia estóicaestoica que articulavam física, ética e lógica de maneiras distintas, criando escalas de importância diferentes entre as três. Houve também quem desconsiderasse uma das três, supondo não haver utilidade, e diversas mudanças ocorreram nas concepções estóicasestoicas conforme chegou o [[Império Romano|período imperial romano]]. Algo que dificulta a compreensão do estoicismo mais antigo é o fato de as fontes terem sido perdidas e os relatos conhecidos virem de opositores do mesmo.<ref>Chauí, 118-119</ref>
 
[[Zenão de Cítio|Zenão de Cítio]], fundador da [[Estoicismo|escola do pórtico]], nasceu em [[Chipre|Chipre]], onde havia forte influência grega à época.<ref>Chauí, 2010, p. 119</ref> Em Atenas, como [[meteco]] [[Fenícia|fenício]], Zenão não tinha direito à cidadania ateniense. Impossibilitado de comprar uma residência, ele ensinava sob um [[pórtico]], e assim a filosofia estóicaestoica nasce como uma filosofia, em grande parte, de estrangeiros instalados em um território tradicionalmente grego.<ref>Petit, 1987, p. 91-92</ref> Uma ideia notável de Zenão e claramente ligada ao pensamento dos megáricos e ao dos cínicos é a corporeidade da alma e a inexistência de entidades incorpóreas, uma vez que as ideias adviriam do pensamento e não existiriam por si próprias, contrariamente a Platão.<ref>Chauí, 2010, p. 120.</ref>
 
Outras características primordiais do estoicismo são as seguintes: a existência de uma teoria dos [[Signo linguístico|signos]], antecedente à [[Semiótica|semiologia]] atual; a ideia de que, como o animal seria guiado por instinto, o homem seria guiado por razão; um claro cosmopolitismo; e a busca e o elogio do equilíbrio em relação às paixões dos sentidos.<ref>Abbagnano, 2014, p. 438</ref> Além de tudo isso, o princípio do ''[[Logos|logos]]'' é muito importante para a filosofia estóicaestoica: caracterizado de acordo com [[Heráclito|Heráclito]], foi tomado pelos estóicosestoicos como princípio ativo da matéria, aquilo que daria forma ao mundo, a essência da própria divindade,<ref>Abbagnano, 2014, p. 728</ref> à qual estariam submetidas a lógica, a ética e a física e conforme a qual as três se articulariam e dariam estrutura ao sistema filosófico.<ref>Chauí, 2010, p. 123</ref>
 
O estoicismo influenciou importantes líderes políticos, como [[Tibério Graco]] e [[Cleômenes III]] de [[Esparta]].<ref>Petit, 1987, p. 93</ref> No entanto, essa escola filosófica não se manteve estática, idêntica à filosofia desenvolvida por Zenão, tal como no caso do epicurismo. No [[século {{-séc|II a.C.]]}}, [[Panécio de Rodes|Panécio]] trouxe significativas inovações ao estoicismo, inclusive graças ao contato com a cultura romana.<ref>Chauí, 2010, p. 178</ref> Além disso, [[Posidônio]], que veio logo em seguida, também trouxe mutações à doutrina do estoicismo e supostamente, com uma escola em [[Rodes]], suplantou a de Atenas e passou a ensinar jovens [[patrícios]] romanos, levando ainda mais da filosofia estóicaestoica para o mundo romano.<ref>Chauí, 2010, p. 181</ref> De fato, desenvolveu-se uma corrente romana do estoicismo bastante expressiva, através de [[Sêneca]], [[Epiteto]] e do imperador [[Marco Aurélio]].
 
==== Representantes ====
*[[Zenão de Cítio|Zenão]] (ca. [[333 a.C.]]- ca. [[{{AC|263 a.C.]]|x}})
*[[Cleantes de Assos|Cleantes]] (ca. [[330 a.C.]]- ca. [[{{AC|230 a.C.]]|x}})
*[[Crisipo de Solis|Crisipo]] (ca. [[280 a.C.]]- ca. [[{{AC|208 a.C.]]|x}})
*[[Diógenes da Babilônia|Diógenes]] (ca. [[230 a.C.]]- ca [[{{AC|150 a.C.]]|x}})
*[[Panécio de Rodes|Panécio]] (ca. [[185 a.C.]]- ca. [[{{AC|110 a.C.]]|x}})
*[[Posidônio]] (ca. [[135 a.C.]]- ca. [[{{AC|51 a.C.]]|x}})
*[[Marco Pórcio Catão Uticense|Catão]] (ca. [[95 a.C.]]- ca. [[{{AC|46 a.C.]]|x}})
*[[Sêneca]] (ca. [[{{AC|4 a.C.]]|x}}- ca. [[{{DC|65 d.C.]]|x}})
*[[Epiteto]] (ca. [[55 d.C.]]- ca. [[135 d.C.]])
*[[Marco Aurélio]] (ca. [[121 d.C.]]- ca. [[180 d.C.]])
 
=== Cinismo ===
[[FicheiroImagem:Antisthenes bust.jpg|200px|miniaturadaimagem|Antístenes, um discípulo de Sócrates, fundador da escola cínica.]]
 
O [[cinismo]] (do grego ''κυνικός'', canino) era uma seita [[ascética]] de filósofos começando com [[Antístenes]] no quarto século a.C.{{-séc|IV}} e até o século 5 d.C.{{+séc|V}}, ou seja, começou no período clássico, mas persistiu por todo o período helenístico. Eles defendiam que se deve viver uma vida de virtude, de acordo com a natureza, rejeitando todos os desejos convencionais de riqueza, poder político, força ou fama e viver uma vida livre de posses. O nome cinismo, é referência ao estilo de vida dos cachorros (''kynos''). Cultuavam a indiferença, a falta de pudor e culpa, mas cultivando amizades e expulsando seus inimigos.<ref>Scholium on Aristotle's Rhetoric, quoted in Dudley 1937, p. 5</ref>
 
Para os cínicos, o objetivo da vida era a [[Eudaimonia]], lucidez (ἁτυφια) e liberdade. Assim, os principais defeitos humanos são vistos como a ignorância, arrogância, insensatez, [[hubris]] e vaidade.<ref>Navia, Luis E. Classical Cynicism: A Critical Study. pg 140.</ref>
 
Apenas no século {{séc|XIX}} o sentido da palavra cinismo, passou a significar descrença na sinceridade e bondade dos homens.
 
==== Representantes ====
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=== Escola peripatética ===
[[FicheiroImagem:Theophrastus (cropped).jpg|miniaturadaimagem|200px|Teofrasto, o discípulo de Aristóteles que herdou sua escola.]]
 
A [[Escola peripatética]] ou '''''Peripatoi''''' (do grego περιπατητικός, que caminha), fundada por [[Aristóteles]], permaneceu existindo ao longo da época helenística.<ref>Chauí, 2010, p. 14</ref> Aristóteles morreu um ano após Alexandre e a direção do [[Liceu]] ficou a cargo de [[Teofrasto]].<ref>Chauí, 2010, p. 81</ref> O pensamento aristotélico se manteve como base fundamental, embora novas tendências na noção de [[Universalismo|universalidade]] tenham se estabelecido.<ref>FERGUSON, John. Cosmópolis. In: ''A Herança do Helenismo''. Lisboa: Verbo, 1973, p. 35</ref> Chegando ao [[século {{-séc|I a.C.]]}}, [[Andrônico de Rodes]] gerou uma nova tendência para a filosofia, de produzir comentários acerca das obras do mestre, atendo-se destaque em particular à figura de Aristóteles.<ref>Abbagnano, 2014, p. 707.</ref>
 
Para os ''peripatos'' o modo de obter a felicidade estava em encontrar a moderação (média) entre dois extremos (ausência e excesso). Assim, para uma vida de virtudes era importante um equilíbrio entre razão, hábitos e natureza. <ref>"Peripatetic philosophy" entry in Lieber, Wigglesworth & Bradford 1832, p. 22</ref>
 
==== Representantes ====
*[[Teofrasto]] (ca. [[372 a.C.]]- ca. [[{{AC|287 a.C.]]|x}})
*[[Estratão de Lâmpsaco|Estratão]] (ca. [[335 a.C.]]- ca. [[{{AC|69 a.C.]]|x}})
*[[Andrônico de Rodes|Andrônico]] ([[século {{-séc|I a.C.]]}})
*[[Alexandre de Afrodísias]] ([[século {{+séc|III d.C.]]}})
 
=== Neopitagorismo ===
[[FicheiroImagem:Apollonius of Tyana.jpg|miniaturadaimagem|200px|[[Apolônio de Tiana]], foi seu mais notável defensor.]]
 
O [[neopitagorismo]] surgiu no [[século {{-séc|I a.C.]]}}, em que a [[Pitágoras|doutrina pitagórica]] era revivida por alguns filósofos da época - logo, estaria assim incluída dentre as escolas filosóficas helenísticas.<ref>Chauí, 2010, p. 14</ref> Aparentemente, não haveria muita originalidade nessa doutrina, sendo ela apenas uma retomada do [[Escola pitagórica|pitagorismo anterior]], com suas características bem reconhecidas, dentre elas a valorização dos [[Número|números]] como elementos essenciais para a compreensão e a constituição do universo e o [[misticismo]],<ref>Abbagnano, 2014, p. 826</ref> caracterizado pela crença na mudança da [[alma]] de um corpo a outro.<ref>Abbagnano, 2014, p. 779</ref>
 
Considera-se também que, em seus textos, os representantes de tal doutrina teriam características que futuramente passaram a ser comuns ao [[neoplatonismo]], que surgiria posteriormente.<ref>Abbagnano, 2014, p. 826</ref>
 
==== Representantes ====
*[[Públio Nigídio Fígulo]] (ca. [[98 a.C.]]- ca. [[{{AC|45 a.C.]]|x}})
*[[Apolônio de Tiana]] ([[{{AC|2|x}} a.C.]]- ca. [[{{DC|98 a.C.]]|x}})
*[[Nicômaco de Gerasa]] (ca. [[60]] - [[século {{+séc|II d.C.]]}})
 
=== Platonismo ===
[[FicheiroImagem:Arcesilaus and Carneades.jpg|miniaturadaimagem|ArcesilausArcesilau e Carneades.]]
 
[[Platonismo]] é o nome dado à filosofia mantida e desenvolvido pelos seguidores de [[Platão]]. O conceito central foi a [[teoria das formas]]: o [[Transcendência (filosofia)|transcendente]], possui [[arquétipo]]s perfeitos, dos quais objetos no mundo cotidiano são cópias imperfeitas. A forma mais elevada foi a [[Forma do Bem]], a fonte do ser, que só pode ser conhecida pela [[razão]].
 
No terceiro século [[antes da era comum]](antes de cristo){{-séc|III}}, [[ArcesilausArcesilau]] adotou o [[ceticismo]], que se tornou um princípio central da escola até {{AC|90 a.C.|x}}, quando [[Antíoco de Ascalão|Antíoco]] adicionou elementos estoicos, rejeitando ceticismo. Com a adoção do misticismo oriental no século 3 d.C.{{+séc|III}}, o platonismo evoluiu para [[neoplatonismo]] e teve grande influência sobre a [[filosofia cristã]].<ref>"Platonism." Cross, F. L., ed. The Oxford dictionary of the Christian church. New York: Oxford University Press. 2005</ref>
 
==== Representantes ====
*[[Espeusipo]] (407–339 a.C.407–{{AC|339|x}})
*[[Xenócrates]] (396–314 a.C.396–{{AC|314|x}})
*[[Arcesilaus]] (316–232 a.C.316–{{AC|232|x}})
*[[Carneades]] (214–129 a.C.214–{{AC|129|x}})
*[[Antíoco de Ascalão]] (130–68 a.C.130–{{AC|68|X}})
*[[Plutarco]] (46–120 a.C46–{{AC|120|x}})
 
=== Ecletismo ===
[[FicheiroImagem:Thorvaldsen Cicero.jpg|200px|miniaturadaimagem|Cícero, foi um dos principais defensores do ecletismo.]]
 
O [[ecletismo]] ( do grego ''eklektikos'', eleger) foi uma abordagem da filosofia que, ao invés de ter suas próprias doutrinas rígidas, selecionava dentre as convicções filosóficas existentes, aquelas doutrinas que pareciam mais razoáveis para cada caso.<ref>Eduard Zeller, Outlines of the History of Greek Philosophy, 13th Edition</ref>
 
Buscaram fazer um consenso entre as diversas outras escolas filosóficas. Alguns filósofos de outras escolas podem ser considerados ecléticos. Esse é o caso dos estoicos [[PanaetiusPanécio]] ({{AC|150 aC.|x}}) e [[Posidônio]] ({{AC|75 aC.|X}}) e dos novos acadêmicos [[Carneades]] ({{AC|155 aC.|x}}) e [[Filo de Larissa]] ({{AC|75 aC.|X}}).<ref>http://www.iep.utm.edu/eclectic/</ref>
 
O sistema eclético, característico de culturas cosmopolitas como Roma, não se restringiu a filosofia, avançando pelas artes, ciências, religiões e política.
 
=== Representantes ===
*[[VarroVarrão ReatinusReatino]] (116-{{AC|27 a.C.|X}})
*[[Cícero]] (106-{{AC|43 a.C.|x}})
*[[Sêneca, o jovem]] ({{AC|4 a.C.|x}} - {{DC|65 d.C.|x}})
 
==Ver também==