História da Itália: diferenças entre revisões

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{{Mais-fontes|data=março de 2013}}
{{História de Itália|imagem=|legenda=}}
A [[Itália]] é um país da Europa meridional que faz fronteira ao norte com [[França]], [[Suíça]], [[Áustria]] e [[Eslovénia|Eslovênia]], cujo território principal forma uma [[península]] no [[mar Mediterrâneo]] e inclui duas grandes ilhas, a [[Sicília]] e a [[Sardenha]]. Sofreu, historicamente, a influência de [[etruscos]], [[gregos]] e [[celtas]] antes de ser unificada em {{AC|262|x}} pelo [[Roma Antiga|domínio romano]]. [[Roma]] continua a ser a capital da Itália até hoje. O nome ''Itália'' vêm da Roma antiga. Os romanos chamavam de Itália o [[sul]] da [[península Itálica]] ou [[Península Apenina|Apenina]], que significa "terra de [[boi]]s" ou "terra de [[pasto]]s".
 
== Antiguidade ==
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[[Ficheiro:She-wolf suckles Romulus and Remus.jpg|thumb|upright=0.8|left|A [[lupa capitolina]], símbolo da [[Roma Antiga]].]]
A Itália influenciou bastante o desenvolvimento cultural e social de toda a Europa mediterrânea, bem como teve muita influência sobre a cultura europeia, pois importantes culturas e civilizações existiram no país. No terceiro milénio a.C., foi povoada por populações mediterrâneas que ali se estabeleceram com o nome de [[lígures]] (na península) ou [[sicanos]] (na [[Sicília]]). No segundo milénio a.C., com as migrações indo-europeias, instalou-se uma civilização específica, dita "[[Terramares|dos terramares]]", na planície do [[Rio Pó|Pó]]; os últimos a chegar, os [[vilanovianos]], praticavam a incineração e faziam uso do [[ferro]] Em aproximadamente {{AC|1000|x}}, dois grupos [[Povos itálicos|itálicos]] (ou italiotas) constituíram o cerne da população da Itália. No século VIII a.C., os [[etruscos]] instalaram-se entre o Pó e a [[Campânia]], dominando a região central da [[península Itálica]] durante séculos; os [[Grécia Antiga|gregos]] estabeleceram [[Colônia (história)|colônias]] e postos comerciais na Sicília e na costa meridional da Itália ([[Magna Grécia]]). No século IV a.C., os [[celta]]s ocuparam a planície do Pó. A civilização etrusca conheceu seu apogeu nos séculos VI e V a.C.
 
=== Roma Antiga ===
{{Artigo principal|[[Roma Antiga]]}}
 
==== Reino de Roma ====
{{Artigo principal|[[Reino de Roma]]}}
A realeza ou [[monarquia]] [[Roma Antiga|romana]] vai desde as [[fundação de Roma|origens de Roma]] à queda da realeza em {{AC|509|x}} Ou seja, vai desde o momento lendário de sua fundação em 21 de abril de {{AC|753|x}}<ref>{{Referência a livro
| Autor = JANNUZZI, Giovanni
| Título = Breve historia de Italia
| Subtítulo =
| Edição = 1
| Local de publicação = Buenos Aires
| Editora = Letemendía
| Ano = 2005
| Páginas = 80 p.
| Volumes = 1
| Volume = 1
| ID = ISBN 987-21732-7-3}}</ref>, até o final da monarquia em {{AC|509|x}}, quando o último rei, [[Tarquínio, o Soberbo]] (último dos reis [[Tarquínios]]), foi expulso, instaurando-se a [[República Romana]]. A documentação desse período é precária, e até mesmo o nome dos reis são desconhecidos, citando-se apenas os reis lendários, apresentados nas obras de [[Virgílio]] ("[[Eneida]]") e [[Tito Lívio]] ("História de Roma").
 
==== República Romana ====
{{Artigo principal|[[República Romana]]}}
A '''República Romana''' (do [[latim]] ''res publica'', "coisa pública") é o termo utilizado por convenção para definir o [[Estado]] [[Roma Antiga|romano]] e suas [[província romana|províncias]] desde o [[Queda da monarquia romana|fim do Reino de Roma]] em {{AC|509|x}} (quando o [[Tarquínio Soberbo|último rei]] foi deposto) ao estabelecimento do [[Império Romano]] em {{AC|27|x}}
 
Roma aproveitou-se das dissensões entre os diferentes povos da Itália para conquistar progressivamente o conjunto da península, dominando ao mesmo tempo, depois de derrotar [[Cartago]], o conjunto do [[Mediterrâneo]] ocidental. O latim, a língua do vitorioso, impôs-se em toda a Itália. Entre {{AC|91|x}} e [{{AC|89|x}}, a [[Guerra Social (91–88 a.C.)|Guerra Social]] obrigou Roma a conceder a [[cidadania romana]] a todos os habitantes da [[península Itálica]]. Entre {{AC|58|x}} e {{AC|51|x}}, com [[Júlio César]], a Itália conquistou a [[Gália]].
 
==== Império Romano ====
{{Artigo principal|[[Império Romano]]}}
[[Imagem:Statue-Augustus.jpg|thumb|esquerda|upright=0.6|O imperador [[Augusto]], na [[Augusto de Prima Porta|Estátua da Prima Porta]]]]
O '''Império Romano''' é a fase da história da [[Roma Antiga]] caracterizada por uma forma [[autocracia|autocrática]] de governo. O Império Romano sucedeu a [[República Romana]] que durou quase 500 anos ({{AC|509|x}} – {{AC|27|x}}) e tinha sido enfraquecida pelo conflito entre [[Caio Mário]] e [[Lúcio Cornélio Sula]] e pela [[Segunda Guerra Civil da República de Roma|guerra civil]] de [[Júlio César]] contra [[Pompeu]].<ref group=nota>Durante estas lutas, centenas de senadores morreram, e o [[senado romano]] foi renovado com legalistas do [[primeiro triunvirato]] e depois do [[segundo triunvirato]].</ref> Muitas datas são comumente propostas para marcar a transição da república ao império, incluindo a data da indicação de Júlio César como ditador perpétuo {{AC|44|x}}), a vitória do herdeiro de [[Augusto|Otaviano]] na [[Batalha de Áccio]] (2 de setembro de {{AC|31|x}}), ou a data em que o senado romano outorgou a Otaviano o título honorífico [[Augusto (título)|augusto]] (16 de janeiro de {{AC|27|x}} a.C.).<ref group =nota>[[Augusto]] oficialmente proclamou ter salvo a República Romana e cuidadosamente disfarçou seu poder sob formas republicanas: [[Cônsul (Roma Antiga)|cônsules]] continuaram a ser eleitos, [[tribuno]]s dos plebeus continuaram a servir a justiça, e senadores ainda debatiam na cúria romana. Porém, era Otávio, e cada um de seus sucessores após ele, quem influenciava tudo e controlava as decisões finais e, em última análise, tinha as [[legiões romanas|legiões]] para garanti-lo, caso fosse necessário.</ref> Otávio incorporou a [[Gália Cisalpina]] à Itália, empurrando as suas fronteiras para o Norte.
 
A partir de Augusto, a Itália tornou-se o centro de um vasto império, que ela dirigia e que a alimentava. O [[cristianismo]], introduzido no século I e perseguido durante muito tempo, triunfou no século IV em Roma, que se tornou a sede do papado.
 
[[Imagem:Roman Empire map.svg|thumb|upright=1.0|O [[Império Romano]]]]
No século IV, o [[Imperador romano|imperador]] [[Constantino I|Constantino]] reconstruiu e ampliou a cidade grega de [[Bizâncio]], chamando-a de "Nova Roma". Após sua morte, a cidade foi renomeada [[Constantinopla]] (atual [[Istambul]]) e gradualmente transformou-se na capital do Império, originando o que mais tarde seria chamado de [[Império Bizantino]]. [[Roma]] permaneceu como capital do [[Império Romano do Ocidente|Império do Ocidente]] até sua queda em {{DC|476|x}}. Após a morte do imperador [[Teodósio I]], em {{DC|395|x}}, o império foi definitivamente dividido em dois.
 
No século V, com as [[invasões bárbaras]], o Império do Ocidente reduziu-se à Itália, que tampouco foi poupada. [[Alarico I|Alarico]], rei dos [[visigodos]], [[Saque de Roma (410)|saqueou Roma]] em {{DC|410|x}}. Seguiu-se o [[Saque de Roma (455)|saque]] do [[vândalos|vândalo]] [[Genserico]] em {{DC|455|x}}.
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== Idade Média ==
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| header =Península Itálica na Idade Média
| align = right
| image1 = Ostrogothic Kingdom.png
| alt1 =
| caption1 = Itália em {{DC|500|x}} - [[Reino Ostrogodo]]
| image2 = The Byzantine State under Justinian I-pt.svg
| alt2 =
| caption2 = Itália em {{DC|550|x}} - Parte do [[Império Bizantino]]
}}
Em {{DC|476|x}}, [[Odoacro]], rei dos [[hérulo]]s, depôs o imperador [[Rômulo Augústulo]], pondo fim ao [[Império Romano do Ocidente]], e assumindo o título de rei da Itália. Esta data foi convencionada para marcar o início da [[Idade Média]].
 
Em {{DC|488|x}}, [[Teodorico, o Grande]], rei dos [[ostrogodo]]s, invadiu a [[península Itálica]] e se proclamou soberano absoluto, mas após sua morte ({{DC|526|x}}), seu reino entrou em decadência. [[Justiniano I]], imperador romano do Oriente, restabeleceu a autoridade [[Império Bizantino|bizantina]] na maior parte da península e [[Ravena]] tornou-se capital da [[Exarcado de Ravena|Itália bizantina]].
 
Em {{DC|568|x}}, os [[lombardos]], outro povo germânico, invadiram a península e a controlaram quase toda, com exceção do enclave bizantino ao norte, o [[Exarcado de Ravena]]. Além do [[Reino Lombardo]], os lombardos fundaram os [[ducado]]s de [[Ducado de Espoleto|Espoleto]] e [[Ducado de Benevento|Benevento]].
 
A partir de então, a Itália teve três capitais: [[Roma]], sede do papado; Ravena, onde ficava o [[exarca]], representante do [[Império Romano do Oriente|imperador]]; [[Pavia]], onde se tinha fixado o rei lombardo.
 
=== Os lombardos ===
{{Artigos principais|[[Reino Lombardo]], [[Lombardos]]}}
Em {{DC|560|x}}, o novo e enérgico rei lombardo [[Alboíno]] derrotou os vizinhos [[gépidas]], os fez seus súditos e, em {{DC|566|x}}, casou sua filha Rosamund com o rei Cunimond. Na primavera de {{DC|568|x}}, Alboíno liderou os lombardos junto com outros [[povos germânicos]], [[bávaros]], gépidas, [[saxões]] e [[búlgaros]], através dos [[Alpes]], com uma população de 400.000 a 500.000 pessoas, para invadir o norte da [[península Itálica]], derrotando os [[Império Bizantino|bizantinos]] e fundando o [[Reino Lombardo]].
 
Depois da morte de Alboíno, em {{DC|572|x}}, ocorreu um vazio no poder que propiciou a união de diferentes grupos sob o comando de um líder regional chamado [[duque]]. Os lombardos, como fizeram anteriormente os [[godos]], abraçaram o credo denominado [[arianismo]], o que originou contínuos confrontos religiosos com os habitantes nativos do país, majoritariamente [[católico]]s. Por fim, a conversão à fé católica do rei lombardo [[Agilolfo]] (reinou entre {{DC|590|x}} -{{DC|615|x}}) trouxe no seu bojo um período de relativa calma. Os lombardos, que pretendiam consolidar seu poder político, começaram a fazer incursões no território papal. Em {{DC|754|x}}, o [[papa Estêvão II]] pediu ajuda aos [[francos]], convertidos à fé católica um século antes.
 
=== Dos francos ao Renascimento ===
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| header =
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| image1 = Charlemagne.jpg
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| caption1 = [[Carlos Magno]], estátua em [[Frankfurt]]
| image2 = Italy 1000 AD-pt.svg
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| caption2 = Itália no ano 1000
| image3 = Italia 1494-es.svg
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| caption3 = Itália em 1494
}}
No século VIII, o papa pediu ajuda aos [[francos]] contra os avanços [[lombardos]]. Sob a forte liderança de [[Pepino, o Breve]], e posteriormente de seu filho, [[Carlos Magno]], os francos derrotaram os lombardos e depuseram seu último rei. Graças à proteção de Pepino e Carlos Magno, constituíram-se os [[Estados Pontifícios]]. Em {{DC|774|x}}, Carlos Magno proclamou-se rei dos lombardos.
 
Em {{DC|775|x}}, Carlos Magno estabeleceu com o [[Papa Leão III]] o acordo que por um lado permitiu-lhe ser ungido como imperador do [[Sacro Império Romano-Germânico|Império Sacro-Romano]] pelo papa, por outro lado o comprometeu a promover a difusão do [[cristianismo]] em seus domínios, respeitando [[Roma]] como sede do cristianismo, defendendo-a inclusive das investidas do [[Império Bizantino]]. Seu domínio na [[península Itálica]] se concentrou na [[Lombardia]], ao [[Norte]] que passou a fazer parte do [[Dinastia carolíngia|Império Carolíngio]], enquanto ao [[sul]] de Roma, os conquistadores [[árabes]] da [[Sicília]] e o Império Bizantino disputavam o domínio.
 
A influência carolíngia, entretanto, foi dificultada no século IX com as incursões [[Sarraceno|sarracenas]] e [[Normando|normandas]] no Sul, e a fragmentação [[Feudalismo|feudal]]. Após {{DC|875|x}}, os imperadores renunciaram à defesa da Itália, que, dado o enfraquecimento do papado, caiu na [[anarquia]] (século X).
 
No século X, o rei da [[Germânia]] [[Oto I]] foi coroado imperador em Roma ({{DC|962|x}} e a Itália foi integrada ao [[Sacro Império Romano Germânico]]. As cidades do norte da atual Itália passaram a ficar mais independentes entre si, tornando-se centros [[economia|econômicos]] e [[política|políticos]] importantes. Nos meados do século XI, o papado reagiu, sacudindo o jugo imperial.
 
Os longos conflitos entre o papa e o imperador (1073-1266), dos quais a Itália foi, com frequência, o principal alvo, debilitaram, na realidade, os dois poderes, enquanto nascia (séculos XI-XII) uma Itália comercial, urbana, independente e rica.
 
A [[querela das Investiduras]] (1075-1122) encerrou-se com a vitória do papado sobre o império. Apoiados por Roma, os normandos de [[Roberto Guiscardo]] criaram um reino no Sul da Itália. Entre 1122-1250, surgiu uma nova força, a das cidades, erigidas em [[comunas]] e enriquecidas pelo crescimento econômico ([[Pisa]], [[Gênova]], [[Florença]], [[Milão]] e [[Veneza]]). Quando o conflito entre Roma e o Império recrudesceu com a [[querela do Sacerdócio e do Império]] (1154-1250), que permitiu ao imperador [[Frederico Barbarossa]] conquistar o reino normando, as cidades foram obrigadas a envolver-se nele e dilaceraram-se entre [[guelfos]] (partidários do papa) e [[gibelinos]] (partidários do imperador).
 
A partir do século XIII, o poder, nas cidades, passou às mãos de [[potentados]]. Na Itália do Norte, dominavam quatro grandes cidades-Estado ([[Florença]], [[Gênova]], [[Veneza]] e [[Milão]]), sendo [[San Marino]] uma remanescente dessas cidades-Estado setentrionais. Na Itália central, o papado, forçado a deixar Roma por [[Avinhão]] (1309 - 1376), foi enfraquecido pelo [[Grande Cisma do Ocidente]] (1378-1417). O Sul da Itália foi entregue a [[Carlos de Anjou]] e a [[Sicília]], à coroa de [[Reino de Aragão|Aragão]], pondo fim às pretensões imperiais sobre a Itália. O Sul da península, entretanto, ficou dividido pelas lutas entre os [[angevino]]s e os aragoneses (séculos XIV-XV).
 
No século XIV, a [[península Itálica]] foi campo de batalha para os [[França|franceses]], os aragoneses e os [[Suíça|suíços]]. No final do século XV, a Itália foi invadida pela França e, mais tarde, pelo imperador [[Carlos V de Habsburgo|Carlos V]], que subjugou a maior parte do território em 1550. A França, pelo [[Tratado de Cateau-Cambrésis]], renunciou às suas pretensões à parte transalpina (1559), e os aragoneses, herdeiros de Carlos V na Itália, dominaram o sul da península durante dois séculos.
 
Apesar disso, o século XIV foi uma época de grande desenvolvimento em função da atividade comercial das quatro [[repúblicas marítimas]], [[República de Veneza|Veneza]], [[República de Gênova|Génova]], [[Pisa]] e [[Amalfi]], e da atividade financeira dos banqueiros de Florença. O desenvolvimento econômico e a riqueza da Itália permitiram um grande desenvolvimento [[cultura]]l e [[Arte|artístico]], conhecido como [[Renascimento]], que se irradiou pela [[Europa]]. Nesta época viveu [[Dante Alighieri]], o maior escritor italiano, que escreveu sua obra [[A Divina Comédia]] num dialeto neolatino toscano, diferente de seus contemporâneos que preferiam escrever em latim (idioma dos antigos romanos). A língua italiana atual evoluiu a partir deste dialeto e só não pode ser considerada como latim vulgar "puro" por ter influências dos dialetos da região da Toscânia.
 
No século XV, surgiu no norte uma nova potência, o [[ducado de Saboia]]. Nas cidades, onde famílias principescas sobrepujaram o [[República|regime republicano]], assistiu-se ao apogeu do [[Renascimento Cultural|Renascimento]] (Florença).
 
== Renascimento ==
{{Artigo principal|[[Renascimento]]}}
 
[[Ficheiro:Possible Self-Portrait of Leonardo da Vinci.jpg|thumb|upright=0.6|Autorretrato de [[Leonardo da Vinci]].]]
O [[Renascimento]] é a ponte entre e [[Idade Média]] e a [[Idade Moderna|Era Moderna]]. O saber passou a ser o centro de todas as atenções nesta época. A Itália ofereceu à humanidade nestes séculos contribuições de homens notáveis em muitos campos do conhecimento, como por exemplo: na [[Pintura]] e [[Escultura]]: [[Michelangelo]], [[Rafael Sanzio|Rafael]], [[Ticiano]], [[Tintoretto]] e [[Leonardo da Vinci]]; na [[Arquitetura]]: [[Filippo Brunelleschi]]; na [[Física]]: Leonardo da Vinci, talvez o gênio mais eclético da [[humanidade]]; nas [[Ciência Política|Ciências Políticas]]: [[Maquiavel]]; nas [[contabilidade|Ciências Contábeis]]: [[Luca Pacioli]].
 
A influência da [[Igreja Católica]] continuou sendo muito grande, e por muitas vezes, Roma estabeleceu confrontos abertos com as cidades-estado apoiada por potências estrangeiras, como por exemplo, [[Papa Alexandre VI]], que favoreceu a influência espanhola na Itália. O país, então dividido entre cidades-estado rivais, passou a sofrer grande influência espanhola (1559-1700).
 
O domínio [[Espanha|espanhol]] e [[Império Austríaco|austríaco]] (séculos XVII - XVIII), o desmembramento extremo do país e o deslocamento das vias marítimas em detrimento do [[Mediterrâneo]] provocaram o declínio econômico da península, centro da [[Contra-Reforma]]. Pouco a pouco, as velhas cidades perderam sua influência em proveito do [[Reino da Sardenha]] ([[casa de Saboia]]).
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== ''Risorgimento'' ==
{{Artigo principal|[[Risorgimento]]}}
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| header = ''Risorgimento''
| align = left
| image1 = Italy 1796.svg
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| caption1 = Itália em 1796
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| caption2 = Itália em 1843
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| caption3 = Unificação de Itália e anexação francesa de [[Nice]] e de [[Saboia]], 1860.
}}
No século XVIII, o [[tratado de Utrecht]] (1713) submeteu o país à dominação dos [[Habsburgo]] da [[Monarquia de Habsburgo|Áustria]]. Na [[Toscana]] e no [[reino de Nápoles]], que, com [[Parma]], retornaram às mãos dos [[Bourbon]] da [[Espanha]] (1734), implantou-se uma política reformista e esclarecida. Entre 1792 e 1799, a Itália permaneceu sob a influência da [[França]], que anexou a [[Saboia]] e [[Nice]] e ocupou a [[república de Gênova]]. Foram instituídas efêmeras "[[repúblicas irmãs]]". Entre 1802 e 1804, [[Napoleão Bonaparte]] conquistou o conjunto da península e instituiu, no norte, a "[[República Italiana (1802-1805)|República Italiana]]". Entre 1805 e 1814, esta tornou-se [[Reino de Itália (1805-1814)|Reino de Itália]], tendo Napoleão Bonaparte como soberano; o reino de Nápoles, ocupado em 1806, foi confiado a [[José Bonaparte]] e depois (1808) a [[Joaquim Murat]].
 
Em 1814, a Itália reassumiu a divisão anterior (12 [[estados]]). A dominação austríaca foi restaurada no norte e no centro. A oposição dos italianos ao domínio [[Império Austríaco|austríaco]] manifestou-se em um sentimento cada vez mais forte em favor da unidade nacional e da independência, cujo primeiro sintoma foi o nascimento de uma rede de sociedades secretas que desempenharam um papel de vital importância no transcurso das revoluções de 1820, fortemente reprimidas pela Áustria.
 
Entre 1820 e 1821, conspirações de sociedades secretas ([[Carbonária|carbonários]]) contra o retorno do [[absolutismo]], duramente reprimidas. Entre 1831 e 1833, eclodiram novas revoltas, inspiradas pelo republicano [[Giuseppe Mazzini|Mazzini]], fundador do movimento [[Jovem Itália]].
 
As insurreições liberais e nacionais não obtiveram resultado em 1820, 1831 e 1848. As novas forças do ''Risorgimento'' criaram esperanças de independência dos governos austríaco e francês. O [[Reino da Sardenha]] (com [[Carlos Alberto da Sardenha|Carlos Alberto]] e, mais tarde, [[Vítor Emanuel II]] e seu ministro [[Conde de Cavour|Cavour]]) assumiu a sua liderança e obteve o apoio da França. Em 1859, as tropas franco-sardas derrotaram a Áustria (campanha da Itália), que foi obrigada a deixar a [[Lombardia]]. Em 1860, a França recuperou Nice e a Saboia. A união dessas regiões com o Piemonte deu origem a movimentos revolucionários na Itália central e no [[Reino de Nápoles]], conquistado por [[Giuseppe Garibaldi|Garibaldi]] (general e herói italiano).
Em 1861, houve a proclamação do [[Anexo:Lista de reis da Itália|reino da Itália]], tendo Vítor Emanuel como soberano e [[Turim]] (substituída por [[Florença]] a partir de 1865) como capital. Em 1866, o reino ampliou-se com a inclusão do [[Vêneto]], graças à ajuda [[Reino da Prússia|prussiana]]. A unificação completa do país, entretanto, foi concluída apenas em 20 de setembro de 1870, quando [[Roma]] foi conquistada, tornando-se a capital. Em consequência da unificação, a Itália desenvolveu amplamente seus recursos econômicos e militares.
 
[[Ficheiro:With Victor Emmanuel.jpg|thumb|upright=1.0|[[Giuseppe Garibaldi]] e [[Vítor Emanuel II]], por [[Sebastiano De Albertis]] (1828-1897).]]
Em 1876, o chefe de governo passou a ser [[Francesco Crispi]], anticlerical e hostil à França. Vítor Emanuel II foi sucedido por [[Humberto I]] (1878), assassinado em 1900, e por [[Vítor Emanuel III]].
 
Num esforço para juntar-se à ''Escalada para a [[África]]'', o ''premier'' e ministro italiano dos assuntos exteriores, Crispi, reivindicou a colônia da [[Eritreia]] (1889), mas o malogrado avanço para a [[Etiópia]] culminou em uma derrota decisiva (1896) na [[batalha de Adowa]].
 
Entre 1903 e 1914, [[Giovanni Giolitti|G. Giolitti]], presidente do Conselho, restabeleceu a ordem e o equilíbrio econômico. A [[política externa]], dominada pelas [[Irredentismo|reivindicações irredentistas]], resultou na [[Guerra ítalo-turca]] (1911-1912). Durante o conflito, a Itália conquistou o norte de [[Trípoli]] e o [[Dodecaneso]] e, e em 1914, ocupou grande parte da [[Líbia]], declarando-a parte integral do país em 1939. Criou assim um império colonial na África que incluía, além da Líbia, a chamada [[África Oriental Italiana]], composta das atuais [[Eritreia]], [[Somália Italiana]] e Etiópia.
 
== Fascismo ==
{{Artigo principal|[[Fascismo]]}}
[[Ficheiro:Benito Mussolini in 1937.jpg|thumb|esquerda|100px|[[Benito Mussolini]].]]
A Itália participou da [[Primeira Guerra Mundial]] ao lado dos [[Tríplice Entente|Aliados]] (1915 a 1918), satisfazendo apenas parte das suas ambições com a conquista de [[Trentino]] e do [[Alto Adige]] (ou [[Tirol Meridional]]), e depois [[Fiume]].
 
Em 1922, [[Benito Mussolini|Mussolini]], depois da [[marcha sobre Roma]] dos seus [[camisas-negras]], foi nomeado primeiro-ministro pelo rei e instaurou um regime totalitário, o [[fascismo]].
 
Mussolini, o ''[[duce]]'' (chefe), consolidou a unificação italiana com o [[Tratado de Latrão|"''Concordato''"]] com a [[Igreja católica]] que abriu mão de grande parte de seu território, restringindo o Estado do [[Vaticano]] a uma pequena área na Cidade de Roma.
 
O ditador Mussolini estava determinado a criar um novo Império Romano, invadiu com sucesso a Etiópia (1935), ligando-a à [[Eritreia]] e à [[Somália]] Italiana para formar a [[África Oriental Italiana]], e a [[Albânia]] (1939).
 
Em junho de 1940, sonhando com a união completa da "[[Irredentismo|Itália irredentista]]", Mussolini, que constituíra em 1936 o [[Potências do Eixo|Eixo Roma–Berlim]] e, em 1939, assinara com o ''[[III Reich]]'' o [[pacto de Aço]], entrou na [[Segunda Guerra Mundial]] ao lado do [[Japão]] e da [[Alemanha]] de [[Adolf Hitler|Hitler]]. Mas os reveses das potências do Eixo, a perda de seu império no norte da África e o desembarque anglo-americano na [[Sicília]] trouxeram a queda e a prisão de Mussolini por ordem do rei (1943). Um governo presidido pelo [[marechal]] [[Badoglio]] assinou o armistício e declarou guerra à Alemanha. O [[Mussolini|Duce]], libertado pelos alemães, constituiu um governo fascista no norte da Itália, a [[República Social Italiana]] ([[república de Saló]]), mas com o avanço aliado na península, foi detido e fuzilado pelos antifascistas em abril de 1945.
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== A república ==
{{Artigo principal|[[Itália republicana]]}}
[[Ficheiro:Aldo Moro br.jpg|thumb|upright=0.8|O primeiro-ministro [[Aldo Moro]], sequestrado e morto pelas [[Brigadas Vermelhas]].]]
Em 1944, com a abdicação de [[Vítor Emanuel III da Itália|Vítor Emanuel III]], seu filho, [[Humberto II da Itália|Humberto II]], tornou-se lugar-tenente geral do reino. Em 1946, depois do efêmero reinado de Humberto II, a [[república parlamentarista]] foi proclamada na Itália após um [[plebiscito]] (2 de junho de 1946). A [[Assembléia Constituinte]] redigiu o rascunho da [[Constituição]] que entrou em vigor em 1 de janeiro de 1948. A campanha eleitoral que se seguiu à aprovação da mesma coincidiu com uma intensificação da [[Guerra Fria]] e levou a Itália à beira da [[guerra civil]].
 
O período imediatamente após a guerra foi marcado por um crescimento econômico impressionante e uniforme, mas também por instabilidade política, caracterizada por frequentes mudanças de governo. O [[Democracia Cristã (Itália)|democrata-cristão]] [[Alcide De Gasperi|A. De Gasperi]], presidente do Conselho (1945-1953), empreendeu a reconstrução [[política]] e [[economia|econômica]] do país, apoiando-se na aliança com os [[Estados Unidos]].
 
Apesar da instabilidade política e de numerosas dificuldades de ordem social, a Itália recuperou-se amplamente no plano econômico e acabou por se tornar membro fundador da [[Comunidade Econômica Europeia]] ([[CEE]]) - atual [[União Europeia]] - e da [[Organização do Tratado do Atlântico Norte]] ([[OTAN]]), fundada em 4 de abril de 1949. Em 14 de dezembro de [[1955]], a Itália tornou-se um membro da [[Organização das Nações Unidas]] (ONU).
 
Entre 1958 e 1968, os [[Democracia Cristã (Itália)|democratas-cristãos]], com [[Amintore Fanfani|A. Fanfani]] e depois [[Aldo Moro]], foram os artífices de um "milagre" econômico que, todavia, não impediu o avanço eleitoral da esquerda. Em 1963, os elementos moderados do [[Partido Socialista Italiano]] (PSI) sob a direção de [[Pietro Sandro Nenni]], concordaram em fazer parte de um governo de centro-esquerda, fato que não ocorria desde 1947. O democrata-cristão Aldo Moro formou então um governo de coalizão com a participação de quatro partidos e ele mesmo assumiu o cargo de [[primeiro-ministro]]. Entre 1968 e 1972, a instabilidade política fez os governos se sucederem em ritmo acelerado. A classe política, vista como [[Corrupção política|corrupta]], foi ficando cada vez mais isolada do resto da sociedade.
 
O [[Partido Comunista Italiano]] ajustou-se com sucesso à democracia, mas durante a década de 1970 o [[terrorismo]] político, apoiado inclusive pela [[Máfia]] {{carece de fontes}}, organização criminosa de origem secular, passou a criar grande insegurança, realizando [[sequestro]]s e atentados políticos. O mais emblemático foi o sequestro e assassinato do ex-primeiro-ministro Aldo Moro pelas [[Brigadas Vermelhas]] em 1978. Este assassinato provocou uma profunda reformulação política na Itália, onde os governos da república, formados desde 1946, por coalizões dominadas pelos democratas cristãos, evidenciavam sua incompetência, sofrendo acusações de corrupção. Para restabelecer a ordem, os partidos políticos buscaram realizar a aliança mais ampla possível, que foi obtida com o "[[compromisso histórico]]" (1976-1979), união no poder dos comunistas e democratas-cristãos.
 
[[Ficheiro:Cossiga Francesco.jpg|thumb|esquerda|upright=0.7|[[Francesco Cossiga]]]]
 
Em 1981, [[Giovanni Spadolini]], líder do Partido Republicano, tornou-se o primeiro-ministro. As crises do governo de 1983 levaram à formação de um novo governo sob a direção de [[Bettino Craxi]], o primeiro chefe de governo socialista desde a guerra. Em 1984, sob sua direção, o governo firmou um acordo com o [[Vaticano]] com o qual a [[religião católica]] deixou de ser a oficial do país.
 
Em 1985, com a vitória dos [[Democracia Cristã (Itália)|democratas-cristãos]], [[Francesco Cossiga]] (1985-1992) foi eleito presidente, sucedendo ao socialista [[Sandro Pertini]]. Como [[primeiro-ministro]], manteve-se o socialista [[Bettino Craxi|B. Craxi]], até 1987, quando renunciou; sucederam-lhes na presidência do Conselho os democratas-cristãos ([[Giovanni Goria]], 1987; [[Ciriaco De Mita]], 1988; [[Giulio Andreotti|G. Andreotti]], 1989).
 
Francesco Cossiga convocou uma reforma contra a Máfia. Este processo foi longo e penoso, provocando inclusive o assassinato do juiz [[Giovanni Falcone]], responsável pela prisão de mafiosos. Em 1988 e 1989, vários brigadistas foram condenados à prisão.
 
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Em 1991, o [[Partido Comunista Italiano]] transformou-se em [[Partido Democrático de Esquerda]]. Intensificou-se a luta contra a Máfia. A partir de então, em 1992, o país aprofundou com sucesso a "''[[Operação Mãos Limpas]]''", expulsando da vida política e econômica do país personalidades envolvidas com a Máfia e a [[Corrupção política|corrupção]].
 
Em 1992, o presidente F. Cossiga foi substituído por [[Oscar Luigi Scalfaro]]. As eleições legislativas foram marcadas pela derrota dos grandes partidos tradicionais e pela emergência das "Ligas" (movimentos regionalistas e populistas) no norte da Itália. O socialista [[Giuliano Amato|G. Amato]] compôs um governo de coalizão que adotou uma política de austeridade e revisão das instituições, mantendo a luta contra a Máfia e a corrupção. Em 1993, essa política foi prosseguida por [[Carlo Azeglio Ciampi]], diretor do [[Banco Central]], que chefiava o novo governo. Iniciou-se uma reforma do sistema político, que incidiu especialmente sobre o funcionamento dos partidos e as leis eleitorais.
 
Nas eleições de 1994 uma coalizão de partidos de direita e extrema-direita, a [[Aliança Liberdade]], saiu vitoriosa. A Aliança Liberdade é formada pela [[Liga Norte]] (anteriormente chamada [[Liga Lombarda]]), a [[Aliança Nacional]] e o partido ''[[Força Itália]]'', criado pelo magnata da mídia [[Silvio Berlusconi]], que ocupou o cargo de primeiro-ministro (presidente do Conselho). Sete meses depois foi forçado a renunciar, havendo sido eleito para o cargo o economista [[Lamberto Dini]], o qual saneou as finanças e governou um ano com ministério técnico. Dini renunciou em janeiro de 1996, sendo sucedido por [[Antonio Maccanico]].
 
Nas eleições gerais celebradas no início de 1996 foi vencedora a coalizão de centro-esquerda [[O Olivo]], que levou [[Romano Prodi]] à presidência do conselho. Em 1998, foi sucedido na chefia do governo por [[Massimo D'Alema]], líder do [[Partido Democrático de Esquerda]] (PDS), herdeiro do antigo [[Partido Comunista Italiano]]. Em 1999, a Itália participou da [[Guerra do Kosovo|intervenção militar]] da [[OTAN]] e da [[Missão de Administração Interina das Nações Unidas no Kosovo|força multinacional de manutenção da paz]] no [[Kosovo]]. Em 13 de maio de 1999, [[Carlo Azeglio Ciampi|C. A. Ciampi]] foi eleito o décimo presidente da [[Itália|República Italiana]]. Ciampi é um político independente que contou, nessas presidenciais, com o apoio da coalizão de centro-esquerda e da oposição de centro-direita liderada por [[Silvio Berlusconi]]. Elegeu-se por uma ampla margem de votos no primeiro turno (707 votos de 1.010 eleitores), o que não é comum na Itália. Os analistas atribuem o grande apoio com que contou à sua imagem de economista brilhante e trabalhador e à sua independência política.
 
M. D'Alema demitiu-se depois da derrota dos partidos de centro-esquerda nas eleições regionais. [[Giuliano Amato|G. Amato]] retornou à chefia do governo. Em [[2001]], vitória, nas eleições legislativas, de uma coalizão de direita liderada por S. Berlusconi, reconduzido à presidência do Conselho. Em julho de 2003, [[Berlusconi]] assumiu a presidência da [[União Europeia|UE]] durante o período que, pelo sistema de rodízio, coube à Itália.
 
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{{Referências}}
 
{{Itália/Tópicos}}
 
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