Revolução Iraniana: diferenças entre revisões

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[[FicheiroImagem:Mohammad Reza Pahlavi.png|thumb|O [[Xá]] [[Mohammad Reza Pahlevi]].]]
 
A '''Revolução Iraniana''', ocorrida em [[1979]], transformou o [[Irã]] - até então comandado pelo [[Xá]] [[Mohammad Reza Pahlevi]] - de uma [[monarquia]] [[autocracia|autocrática]] pró-Ocidente, em uma [[república islâmica]] [[teocracia|teocrática]] sob o comando do [[aiatolá]] [[Ruhollah Khomeini]].
Para efeito de análise histórica, a [[Revolução]] Iraniana é dividida em duas fases:
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decidiu enfrentar os religiosos com violência, prendendo e matando manifestantes. Não se sabe quantos morreram nesta campanha: o regime de Pahlevi falou em 86 mortos; os religiosos afirmaram que foram milhares.
 
De [[1963]] a [[1967]] a economia iraniana cresceu consideravelmente, graças aos aumentos do preço do [[petróleo]] e também com a [[exportação]] de [[aço]]. A [[inflação]] cresceu no mesmo período e, embora a economia crescesse, o padrão de vida dos pobres e das [[classe média|classes médias]] urbanas não melhorava. Ao invés disso, apenas a rica elite e os intermediários das companhias ocidentais é que se beneficiavam das extravagâncias do xá. O governo também dispendia grandes somas na compra de [[armamento]]s modernos, particularmente dos [[Estados Unidos]].
 
Enfrentando crescente oposição de líderes religiosos e de pequenos empresários, o regime do xá decidiu, em [[1975]], empreender um novo esforço para controlar a sociedade iraniana. Este esforço visava diminuir o papel do islamismo na vida do reino, ressaltando, para isto, as conquistas das civilizações pré-islâmicas do país, especialmente a civilização [[Pérsia|persa]]. Nesta linha, em [[1976]] o calendário islâmico, lunar, foi banido do uso público e substituído por um calendário solar. Publicações [[marxismo|marxistas]] e islâmicas também sofreram forte censura.
 
As reformas do xá também ficaram conhecidas como a ''[[Revolução Branca (Irão)|Revolução Branca]]''. Também foi abolido o [[feudalismo|regime feudal]] (dividindo terras dos líderes religiosos, o que diminuiu suas rendas) e dado direito ao voto às mulheres (o que foi visto pelos líderes religiosos como um plano para "trazer as mulheres para as ruas").
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À medida que a [[classe média]] urbana se educava e se expunha aos valores ocidentais, parte dela passou a acusar o regime do xá como parte do problema. Além disso, após sua restauração em 1953, a posição do xá tornou-se particularmente perigosa. Isto em grande parte devido aos seus fortes laços com o Ocidente, a [[corrupção]] interna, as reformas impopulares e a natureza despótica de seu regime, especialmente a repressão da [[polícia política]], conhecida como [[Savak]].
 
No início da década de 1970 o preço do petróleo cresceu rapidamente, e o descontentamento com a corrupção, os gastos supérfluos e a violenta repressão aumentaram. A decadência interna foi bem ilustrada com a comemoração dos 2500 anos da fundação do [[Império Persa]], ocorrida em outubro de [[1971]] em [[Persépolis]], com três dias de celebrações a um custo total de [[dólar|US$]] 30 milhões. Dentre as extravagâncias havia 1 tonelada de [[caviar]] preparada por 200 ''chefs'' vindos diretamente de [[Paris]]. Enquanto isto, muitos no país sequer tinham comida ou moradia decente.
 
À medida que a desigualdade crescia, os protestos por mudanças aumentavam. Até mesmo elementos pró-ocidentais no Irã se incomodaram com a crescente autocracia e a crescente repressão da polícia secreta. Muitos deixaram o país antes da revolução, enquanto outros começaram a se organizar. Ao mesmo tempo, um movimento populista passou a se organizar nas mesquitas, através de sermões que denunciavam a maldade do Ocidente e dos valores ocidentais. O choque entre uma crescente população jovem e um regime que não oferecia nem os avanços de um estado moderno, nem a estabilidade de uma sociedade tradicional, criaram as condições para uma revolução.
 
== Protestos e revolução ==
[[FicheiroImagem:Ayatollah Khomeini young.jpg|thumb|leftesquerda|O jovem [[aiatolá]] [[Ruhollah Khomeini|Khomeini]].]]
 
Em [[1977]], após pressões por [[direitos humanos]] feitas pelo então presidente norte-americano [[Jimmy Carter]] (que ameaçou embargar o suprimento de armas), o regime do xá fez concessões, libertando 300 prisioneiros políticos, relaxando a censura e reformando o sistema judicial. Este relaxamento conduziu ao aumento de protestos da oposição e escritores passaram a reivindicar a liberdade de pensamento. Ao mesmo tempo, a política de reforma agrária implementada pelo xá sob pressão da administração Carter enfureceu os mulás (líderes religiosos), que declararam uma guerra santa ao xá.
 
[[FicheiroImagem:Imam Khomeini in Mehrabad.jpg|thumb|right|200px|Regresso de [[Ruhollah Khomeini]] ao [[Irão]]/[[Irã]], chegada ao aeroporto de Mehrabad em [[Teerão]] ou [[Teerã]].]]
 
Em [[1978]] uma série de protestos, iniciada com um ataque à figura de Khomeini na imprensa oficial do país, criou um ciclo ascendente de violência. Em 8 de setembro de [[1978]] ocorreu a [[sexta-feira negra]], um massacre perpetrado pelo exército que provocou cerca de 90 mortos. Este acontecimento foi o princípio do fim do regime do xá, até que, em [[12 de dezembro]] daquele ano, cerca de 2 milhões de pessoas inundaram as ruas de [[Teerã]] para protestar contra o xá. O [[exército]] começou a se desintegrar, à medida que os soldados se recusaram a atirar nos manifestantes e passaram a desertar. O xá concordou em introduzir uma constituição mais moderada, porém já era tarde para isto. A maioria da população já era leal a Khomeini e, quando ele pediu o fim completo da monarquia, o xá foi forçado a abandonar o país, a [[16 de janeiro]] de 1979. O xá, antes de se sair do Irã, nomeou para primeiro-ministro [[Shapour Bakhtiar]], mas este esteve no poder apenas 36 dias (suprimiu os jogos de cassino, a [[Savak]], mas faltava-lhe o apoio popular). [[Ruhollah Khomeini]] não queria colaboração com ele, porque o considerava como um traidor e um colaboracionista. Bakhtiar, vendo que era impossível ter qualquer peso político (os funcionários impediram a sua entrada no edifício governamental por ordem de Khomeini), saiu do país e refugiou-se em Paris.
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Khomeini retornou da [[França]] em [[1 de fevereiro]] convidado pela revolução antixá que prosseguia e rapidamente afastou os elementos mais moderados, criando uma república islâmica onde se tornou o líder supremo.
 
Muitos dos costumes ocidentais (vestuário ocidental, minissaia, [[maquiagem]]/[[maquilhagem]], música ocidental, jogo, cinema etc.) foram proibidos pelo novo regime que considerava que corrompiam a juventude [[Irão|iraniana]]. Foram reintroduzidos os castigos corporais para quem violasse os preceitos da [[shariaxaria]] (sexo fora do casamento, [[adultério]], consumo de álcool etc.) e a pena de morte foi aplicada não só nos defensores do xá (sobretudo ministros e militares do anterior regime), como também em prostitutas, homossexuais, [[marxismo|marxistas]] e membros de outras igrejas {{Carece de fontes}}.
 
==Ver também==
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*[[História do Irão]]
*[[Crise de reféns no Irã]]
 
 
{{Guerra Fria}}