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O conceito de cidades nesse período ou é de um centro de retirada para monges (monastérios) ou de um lugar de pessoas "mundanas", como [[judeus]], [[banqueiro]]s e [[mercador]]es.
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Diferentemente da colonização portuguesa na [[América]], os [[Colonização espanhola da América|
[[Imagem:Planta RJ.jpg|thumb|esquerda|Planta com o traçado urbanístico de parte da [[Rio de Janeiro (cidade)|cidade do Rio de Janeiro]], na [[década de 1970]].]]▼
espanhóis]] encontraram culturas altamente urbanizadas. Os [[astecas]] no [[México]], os [[maias]] na [[Guatemala]] e os [[incas]] no [[Peru]] apresentaram, ao colonizador espanhol, não somente paisagens de grandes monumentos arquitetônicos, com [[templo]]s e [[Estátua|estatuárias]], mas também uma elevada concentração populacional em cidades com milhares de habitantes. Característica expressiva da urbanização que marcou a colonização espanhola na América, o traçado em linhas retas das ruas e praças pode ser considerado como uma imposição do plano regular das cidades. Nele, não se percebe nenhuma liberdade de adaptação desse traçado das ruas à sinuosidade do [[relevo]], como também não se verifica nenhuma valorização [[Símbolo|simbólica]] dos lugares, a exemplo das cidades gregas e da região do [[Lácio]], que valorizavam os sítios em [[acrópole]]. A cidade em formato de [[Tabuleiro (xadrez)|tabuleiro de xadrez]] foi a expressão da necessidade de dominar o território conquistado.▼
[[Imagem:Estadio Pacaembu4.jpg|thumb|direita|A [[São Paulo (cidade)|cidade de São Paulo]]: a política de [[zoneamento]] e [[planejamento]] da cidade permitiu a formação de áreas [[verticalização (urbanismo)|verticalizadas]] e horizontais lado a lado.]]▼
[[Imagem:Brasília, Brasil.jpg|thumb|esquerda|Projeto com o traçado do plano piloto de [[Brasília]]. A [[cidade]] é um exemplo de urbanização planejada.]]▼
Quanto ao [[Brasil]], o grande domínio da [[Colonização do Brasil|colonização portuguesa na América]], as culturas encontradas no seu território caracterizavam-se por um estágio de desenvolvimento bastante diferente das culturas pré-colombianas da América Espanhola, sem assentamentos humanos permanentes, com os [[Povos indígenas do Brasil|indígenas]] vivendo organizados em aldeamentos temporários: os índios permaneciam num determinado local até que recursos naturais do local em termos de [[caça]], [[pesca]] e [[Agricultura|terrenos agricultáveis]] se tornassem escassos. Quando isso acontecia depois de alguns anos, a aldeia era mudada para um novo local, e o ciclo recomeçava. Foi só no século XVI, com o início da colonização portuguesa, que surgiram os primeiros assentamentos humanos permanentes, como [[São Vicente (São Paulo)|São Vicente]] (1532) e [[Olinda]] (1535).
Enquanto as ordens espanholas mandavam evitar fundações de cidades em zonas litorâneas, as portuguesas proibiam que se fundassem cidades no interior sem permissão real, assim como qualquer penetração para o interior do território deveria ser expressamente autorizada pelo rei de Portugal.▼
▲Característica expressiva da urbanização que marcou a colonização espanhola na América, o traçado em linhas retas das ruas e praças pode ser considerado como uma imposição do plano regular das cidades. Nele não se percebe nenhuma liberdade de adaptação desse traçado das ruas à sinuosidade do [[relevo]], como também não se verifica nenhuma valorização simbólica dos lugares, a exemplo das cidades gregas e da região do [[Lácio]], que valorizavam os sítios em [[acrópole]]. A cidade em tabuleiro de xadrez foi a expressão da necessidade de dominar o território conquistado.
▲Quanto à colonização portuguesa no Brasil, os estímulos foram diferentes para a produção do território e da sua urbanização. Nos primórdios da ocupação, sua [[economia]], baseada na produção agrícola, era orientada para a [[exportação]], daí as [[planícies]] e os terraços litorâneos terem sido escolhidos para a implantação dos primeiros núcleos urbanos. Os sítios escolhidos eram os localizados próximos à [[baías]] ou [[enseada]]s junto dessas planícies. As primeiras grandes cidades brasileiras estiveram intrinsecamente ligadas à função de [[porto]] comercial e à função militar. As condições de tais sítios favoreciam não somente a ligação com as áreas de produção agrícola como também o estabelecimento seguro de bases militares para garantir a posse da colônia. Exceções foram as cidades de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], nesse período, de [[Curitiba]], no século XVII, e as cidades da mineração do século XVIII, que deslocaram o eixo da ocupação para o interior do território, como [[Ouro Preto]] em [[Minas Gerais]] e [[Goiás Velho]] em Goias
▲Enquanto as ordens espanholas mandavam evitar fundações de cidades em zonas litorâneas, as portuguesas proibiam que se fundassem cidades no interior sem permissão real, assim como qualquer penetração para o interior do território deveria ser expressamente autorizada.
Somente com a crise da agricultura em fins do século XVII e do XVIII, quando a [[mineração]] do [[ouro]] e da [[prata]] se expandiu, é que as ordenanças portuguesas se afrouxaram e foram fundadas cidades no interior do território brasileiro, como Vila Boa, hoje cidade de Goiás, no século XVIII, pelo [[bandeirante]] [[Bartolomeu Bueno da Silva]]; Vila Rica, hoje Ouro Preto, em Minas Gerais, fundada em 1811; [[Cuiabá]], em [[Mato Grosso]], fundada em 1787; [[Campinas]], em São Paulo, elevada à condição de vila em 1797, também dentro do período do [[Entradas e bandeiras|bandeirismo]] e da mineração do ouro.
Apesar de o século XVIII ter presenciado um grande avanço na fundação de [[
Foi um fenômeno constante a descontinuidade no crescimento das cidades do [[Colonização do Brasil|período colonial]] e mesmo durante o [[Brasil Império|Império]]. Os recursos naturais, à medida que se esgotavam, levavam à estagnação desses centros. As grandes cidades mais bem localizadas sempre tiveram seu crescimento de forma mais
Com a retomada do dinamismo do setor agrário da economia brasileira, no início do século XIX, as antigas cidades litorâneas retomaram seu ritmo de crescimento. A [[cana-de-açúcar]], no [[Nordeste brasileiro|Nordeste]], permitiu que cidades como [[Salvador (Bahia)|Salvador]] e [[Recife]] voltassem a crescer, garantindo-lhes o segundo e o terceiro lugares quanto ao número de habitantes entre as cidades brasileiras. O primeiro lugar passou para o [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]].
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A [[Transferência da corte portuguesa para o Brasil|transferência da Corte portuguesa, para essa cidade, em 1808]], não somente lhe permitiu o crescimento demográfico como também lhe garantiu uma transformação urbanística que a colocou muito próxima das cidades europeias. Com a implantação da Corte, a criação da [[Academia Imperial de Belas Artes]] e a presença da [[Missão Artística Francesa|Missão Cultural Francesa]], o Brasil começou a viver momentos de transformação no perfil arquitetônico de suas principais cidades. Os edifícios públicos e a residência da Corte passaram a ser construídos segundo os [[Arquitetura do neoclassicismo|modelos arquitetônicos neoclássicos]], isto é, segundo os padrões europeus.
As principais cidades brasileiras, a partir da segunda metade do [[século XIX]], passaram a receber uma enorme quantidade de melhorias técnicas, desde a implantação de sistema hidráulico, de iluminação, de transporte coletivos com tração animal e redes de esgoto até planos urbanísticos de logradouros públicos, praças e vias arborizadas.
▲[[Imagem:Planta RJ.jpg|thumb|esquerda|Planta com o traçado urbanístico de parte da [[Rio de Janeiro (cidade)|cidade do Rio de Janeiro]], na [[década de 1970]].]]
▲[[Imagem:Estadio Pacaembu4.jpg|thumb|direita|A [[São Paulo (cidade)|cidade de São Paulo]]: a política de [[zoneamento]] e [[planejamento]] da cidade permitiu a formação de áreas [[verticalização (urbanismo)|verticalizadas]] e horizontais lado a lado.]]
▲[[Imagem:Brasília, Brasil.jpg|thumb|esquerda|Projeto com o traçado do plano piloto de [[Brasília]]. A [[cidade]] é um exemplo de urbanização planejada.]]
== Urbanização Mundial ==
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