Orígenes: diferenças entre revisões

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|legenda = Orígenes
|nacionalidade =
|data_nascimento = c. [[185]]
|local_nascimento= [[Alexandria]]
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|local_morte = [[Tiro]]
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'''Orígenes Adamâncio''' (em [[língua grega{{langx|grego]]el|Ὠριγένης ὨριγένηςΑδαμάντιος}}), cognominado '''Orígenes de Alexandria''' ou '''Orígenes de Cesareia''' ou ainda '''Orígenes, o Cristão''' ([[Alexandria]], [[EgiptoEgito romano|Egito]], [[c.]] [[185]] — [[Cesareia (Capadócia)|Cesareia]], ou, mais provavelmente, [[Tiro]], [[253]]<ref name = JER/>), foi um [[teologia|teólogo]], [[filósofo]] [[neoplatônico]] [[patrístico]] e é um dos [[Padres gregos]].
 
Um dos mais distintos pupilos de [[Amônio de Alexandria]]<ref name=EUS619>{{citar livro|nome=[[Eusébio de Cesareia]]|título=História Eclesiástica|url=http://www.newadvent.org/fathers/250106.htm|volume = VI|capítulo=19|subtítulo=Circumstances Related of Origen.|língua=inglês}}</ref>, Orígenes foi um prolífico [[escritor]] [[cristão]], de grande erudição, ligado à [[Escola Catequética de Alexandria]], no período pré-[[Primeiro Concílio de Niceia|niceno]].<ref>ORÍGENES de Alexandria ou de Cesareia ou o Cristão. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Origenes.html>. Acesso em: 7 nov. 2009.</ref>
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''O maior erudito da Igreja antiga'' - segundo J. Quasten - nasceu de uma família cristã egípcia e teve como mestre [[Clemente de Alexandria]].
 
Assumiu, em [[203]], a direção da escola catequética de [[Alexandria]] - fundada por um [[estóicoestoico]] chamado [[Panteno]], que se havia convertido à mensagem de [[Jesus]] - atraindo muitos jovens estudantes pelo seu carisma, conhecimento e virtudes pessoais.
 
Depois de ter também frequentado, desde [[205]], a escola de [[Amônio Sacas]], fundador do [[neo-platonismo]] e mestre de [[Plotino]], apercebeu-se da necessidade do conhecimento apurado dos grandes filósofos.
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Orígenes, então, passou a morar num lugar onde Jesus havia muitas vezes estado: [[Cesareia Palestina|Cesareia]], na [[Palestina]], onde prosseguiu suas actividades com grande sucesso, abrindo a chamada [[Escola de Cesareia]]. Na sequência da onda de perseguição aos cristãos, ordenada por [[Décio]], Orígenes foi preso e torturado, o que lhe causou a morte, por volta de [[253]].
 
Os seus ensinos foram condenados ainda pelo [[Concílio de Alexandria]] de [[400]] e pelo [[Segundo Concílio de Constantinopla]], em [[533]], o que demonstra terem perdurado até ao [[século {{séc|VI]]}}.
 
== A produção teológica ==
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{{Quote2|''A importância do Espírito Santo: <br />O Espírito sopra onde quer'' (Jo 3, 8). Isto significa que o Espírito é um ser substancial e não, como alguns afirmam, uma simples força ou actividade de Deus sem existência individual. O Apóstolo (São Paulo), depois de enumerar os dons do Espírito, prossegue: ''"um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um de acordo com a sua vontade"'' (1 Cor 12, 11). Portanto, se actua e distribui de acordo com a sua vontade, é um ser substancial activo, e não uma mera actividade ou manifestação.|''Fragm. in Jo.'' 37.}}
 
Orígenes, além dos seus trabalhos teológicos, dedicou-se ao estudo e à discussão da filosofia, em especial [[Platão]] e os filósofos [[estóicosestoicos]].<br/>No seu pensamento, podemos referir a tese da pré-existência da [[alma]] e a doutrina da "[[Apocatástase|apocatastase]]", ou seja, da restauração universal (palingenesia), ambas posteriormente condenadas no [[Segundo Concílio de Constantinopla]], realizado em [[553]], por serem formalmente contrárias ao núcleo irredutível do ensinamento bíblico -, embora estudiosos modernos e contemporâneos reconheçam inequivocamente que a primeira era mais «atribuída a Orígenes (por outros) do que propriamente defendida por ele».<br />Segundo o renomado livro sobre a ''História da Filosofia'', de Reale e Antiseri,<ref>REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. ''História da Filosofia'': Patrística e Escolástica. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2005. v. 2, p. 44-45.</ref> a condenação de algumas doutrinas de Orígenes se deu muito pelos exageros cometidos pelos seus discípulos, os origenistas.
 
Ao contrário do que afirmam certos teosofistas - como, por exemplo [[Geddes MacGregor]] no seu livro de 1978 ''"Reincarnation in Christianity: A New Vision of the Role of Rebirth in Christian Thought"'' -, Orígenes era totalmente contrário à doutrina da [[metempsicose]] (renascimento do ser humano em animais). Profundo conhecedor deste conceito a partir da filosofia grega, afirma que a metempsicose (transmigracãotransmigração) "é totalmente alheia à Igreja de Deus, não ensinada pelos [[Apóstolos]] e não sustentada pela Escritura" (''"Comentário ao Evangelho de Mateus"'' XIII, 1, 46–53).
 
Orígines, embora não duvidando de que o texto sagrado seja invariavelmente verdadeiro, insiste na necessidade da sua correcta interpretação. Assim, teve a suficiente percepção para distinguir três níveis de leitura das escrituras: 1- o ''Literal'' 2- o ''Moral''; 3- o ''Espíritual'', que é o mais importante e também o mais difícil. Segundo Orígenes, cada um destes níveis indica um estado de consciência e amadureciamento espiritual e psicológico.
 
=== Santíssima Trindade ===
Orígenes como é comum nos escritores [[cristãos]] influenciados pelas doutrinas derivadas de [[Platão]] coloca as Idéias platônicas na Mente Divina, na Sabedoria de Deus. O Filho de Deus, Segunda [[pessoa (cristianismo)|pessoa]] da Trindade, é a Sabedoria biblicabíblica: Mente de Deus, substancialmente subsistente:
 
{{Quote2|''[…] Deus sempre foi Pai, e sempre teve o Filho unigênito, que, conforme tudo o que expusemos acima, é chamado também de sabedoria (…) nesta sabedoria que sempre estava com o Pai, estava sempre contida, preordenada sob a forma de idéias, a criação, de modo que não houve momento em que a idéiaideia daquilo que teria sido criado não estivesse na sabedoria…(Orígenes. ''Os princípios'', livro I, 4, 4-5.)}}
 
Influenciado pelo medioplatonismo e pelo inicio do [[neoplatonismo]] Orígenes admite certa subordinação do Filho ao Pai, é importante ressaltar que tal subordinação foi exagerada por seus adversários. E que apesar de discordar da perfeita paridade entre o Pai e o Filho, na História da Filosofia de Giovanni Reale afirma que Orígenes defende que o Pai e o Filho possuem a mesma essência.
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=== A Contra Celso e a ''exegese alegórica'' ===
 
Orígenes dedicou uma de suas obras contra [[Celso (filósofo)|Celso]], considerado um dos primeiros críticos da doutrina do [[cristianismo]]. Do que sabemos de Celso foi o próprio Orígenes quem nos deu a conhecer, inclusive a sua obra a ''Alêthês Lógos'' (''O logos verdadeiro'') e o livro "Discurso contra os Cristãos", obra em que Celso coloca claramente a forma como o [[judaismojudaísmo]] e Cristianismo se tornaram cópias de outras religiões, tanto na questão dos mitos da [[arca de Noé]] como a [[circuncisão]] onde Celso firma que os Judeus receberam essa tradição dos egípcios.
 
A partir de Orígenes, sabemos ainda apenas que ele é do século {{séc|II}}, e que escreveu a sua obra por volta de 178, e, portanto, sob o reinado do imperador [[Marco Aurélio]] (que se deu de 161 a 180). {{Quote2|''A Alêthês Lógos, de Celso, coloca em questão vários assuntos da crença relacionados à criação e à unidade de Deus, à encarnação e ressurreição de Jesus, aos profetas, aos milagres, etc. Ela questiona também assuntos da vida religiosa, não só sobre a moral, mas também sobre a participação da Igreja e dos cristãos na vida política e social.<ref>SPINELLI, M. ''Helenização e recriação de sentidos''. Porto Alegre: Edipucrs, 2002, p.&nbsp;84.</ref>}}
 
Na seqüênciasequência, Spinelli analisa esses vários pontos que a ''Contra Celso'' de Orígenes se propõe a combater. A obra exegética de Orígenes se concentra sobretudo no tratado que ele desenvoleudesenvolveu ''Sobre os princípios'' (''Perì archôn''). A exegese difundida e aplicada por ele está apoiada no que o judeu [[Fílon de Alexandria]] ({{AC|20 a.C|x}} a {{DC|42 d.C.|x}}) concebeu como intepretaçãointerpretação alegórica dos textos sagrados do judaísmo.
{{Quote2|''Filon era de opinião de que o texto bíblico, de um modo geral, carecia de ser interpretado historicamente (no sentido da crítica das fontes, da origem do texto e de seu contexto). Dado que as palavras tinham um sentido escondido, mas admirável e profundo, era necessário adentrar-se nessa profundeza, a fim de trazer à tona, além do sentido magnífico, todo o seu valor… É nessa mesma perspectiva de Fílon (representante da Escola Bíblica Judaica), e no ambiente das escolas exegéticas de Alexandria… que se desenvolveu a exegese de Orígenes.<ref>Ibid., p.&nbsp;135.</ref>}}