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'''9) Uso do verbo ficar:'''
:''Após o leilão, a empresa brasileira ficou com a empresa de Duque de Caxias.'' - A empresa brasileira foi vendida ficando com a de Duque ou a brasileira comprou a de Duque e por isso ficou com ela?
Retomando a ambiguidade lexical (também chamada de polissêmica) constata-se o problema da plurivocidade de significados que uma mesma unidade lexical pode ter. <ref>CUMPRI, M. L.  ''A ambiguidade e seus direcionamentos nos tratados linguísticos''. e-scrita Revista do Curso de Letras da UNIABEU Nilópolis, v.3, Número 1 B , Jan -Abr. 2012</ref>
 
De acordo com EMPSON (1955) <ref>EMPSON, W. ''Seven types of ambiguity''. New York: Meridian books (published by The Noonday Press), 1955.</ref> em ''“Seven types of ambiguity''” a ambiguidade é um fenômeno em amplo sentido, a ponto de ser considerado como foco de análise de qualquer nuance verbal que dê espaço para diferentes reações a um mesmo extrato de língua.
{{Referências}}
 
Segundo LYONS (1987) <ref>LYONS, J. ''Língua(gem) e linguística - uma introdução''. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S. A., 1987.</ref>, a ambiguidade provém de uma imperfeição do falante ou de uma deficiência do sistema da língua. Esse pensamento dá suporte às abordagens linguísticas que indicam a necessidade de criar [[Tipologia linguística|tipologias]] da ambiguidade e dicotomizar fenômenos como a [[polissemia]] e a [[Homonímia (taxonomia)|homonímia]]. Também, ao mesmo tempo, atribui-se um caráter positivo para a ambiguidade por acreditar que ela é uma característica fundamental da linguagem.
{{Lógica}}
 
Grandes discussões têm sido feitas acerca da ambiguidade estrutural (sintática) que é estabelecida a partir do posicionamento dos constituintes dentro do enunciado. As teorias linguísticas analisam a ambiguidade por meio de uma lente [[Semântica categorial|semântica]] ou por meio de uma lente formalista, o ponto de vista [[Gerativismo|gerativista]] é o de que a ambiguidade existe quando há mais de uma derivação para uma dada sentença. (RUWET, 1968 apud LE GOFFIC 1981).<ref name=":0">LE GOFFIC, P. ''Ambiguïté linguistique et activité de langage''.1981. 654 pages. These (Doctorat d’ Etat) –Département de Recherches Linguistiques, Universite de Paris VII, Paris, 1981.</ref>
 
Enquanto uma propriedade inerente de determinados enunciados, a ambiguidade é um fato da língua e não da fala, pois é parte integrante da competência linguística dos sujeitos e se manifesta pelo desempenho. E as manifestações na ''performance'' seriam definidas como equívoco, embora um enunciado possa ser ambíguo sem que haja qualquer tipo de equívoco, de forma que ele possa ser interpretado diferentemente em cada ocorrência.
 
LE GOFFIC (1981)<ref name=":0" /> aponta a existência de dois grandes tipos de definição de  ambiguidade. Um de origem semântica e outro de origem formal. O de origem semântica considera que um enunciado é ambíguo quando for susceptível de duas ou mais interpretações: é a dúvida sobre a intenção de significação do emissor e uma variante lógica, ou seja, a ambiguidade de um enunciado se dá quando ele corresponder a várias proposições diante de valores de verdade diferentes. O de origem formal diz que um enunciado será ambíguo quando ele possuir uma descrição (representação) a um dado nível e duas ou mais descrições (representações) a outro nível.
 
Todo enunciado interpretado supõe uma desambiguização inconsciente e quando a ambiguidade é reconhecida é foi emersa. O reconhecimento, ou seja, a conscientização da ambiguidade é um fenômeno excepcional do discurso, pois a interpretação, comumente, é espontânea e não nos dá a sensação de termos resolvido um possível equívoco. Mesmo que haja enunciados que podem ser reconhecidos como ambíguos aos olhos do linguista, podem passar despercebidos justamente porque o problema da interpretação já foi resolvido inconscientemente. <ref>CUMPRI, M. L. ''Contribuições ao estudo da ambiguidade da linguagem: uma proposta linguístico-educacional''. Tese de doutorado. UNESP. Araraquara, 2012</ref>
 
Para KATZ e FODOR (apud LE GOFFIC 1981)<ref name=":0" /> o problema da ambiguidade está relacionado à língua, pois uma frase isolada tem todas as interpretações possíveis, entre as quais o contexto efetua uma seleção; KOOIJ, (1971) <ref>KOOIJ, J. ''Ambiguity in natural language''. Amsterdan: North Holland Publishing Company, 1971.</ref> reporta-a à fala por crer que as leituras de um enunciado, isoladamente, são apenas um subgrupo de leituras que ele pode ter na língua em uso.
 
Segundo FERREIRA (1994),<ref>FERREIRA, M. C. L. ''A resistência da língua nos limites da sintaxe e do discurso: da ambiguidade ao equívoco.'' Tese de doutorado. UNICAMP. Campinas, 1994</ref> a ambiguidade oscila de "um mal necessário" com o qual é preciso saber lidar e conviver a uma "característica constitutiva", que é inerente à língua  e precisa ser considerada.
 
{{== Referências}} ==
<references />{{Lógica}}
{{Falácias}}
{{Figuras de linguagem}}