Consonância e dissonância: diferenças entre revisões
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Consonância pode ser definida de várias maneiras:
* '''Razão entre [[
** '''Coincidência dos [[harmônico]]s''': consonância é a maior coincidência dos harmônicos ou dos [[Harmônica|parciais]] (''ondas parciais'' ou ''componentes''<ref>As ''ondas parciais'' podem ser [[harmônica]]s, quando suas
** '''Fusão ou coincidência de padrões''': os fundamentais podem ser percebidos pela coincidência de padrões na análise individual dos parciais para formar um modelo que melhor se ajuste harmonicamente (Gerson & Goldstein, 1978) ou pelos sub-harmônicos mais apropriados (Terhardt, 1974). Os harmônicos também podem ser juntados perceptivelmente numa única entidade, com as consonâncias sendo aqueles intervalos que são propensos a serem mais facilmente confundidos com os [[uníssono]]s, os [[Intervalo (música)|intervalos justos]], por causa das múltiplas estimativas dos fundamentais, que ocorrem nos intervalos justos, para um [[Tonalidade|tom]] harmônico (Terhardt, 1974). Segundo estas definições, os parciais [[Harmonia|inarmônicos]], que de outra maneira seriam [[Espectro sonoro|espectros]] harmônicos, são processados separadamente (Hartmann et al., 1990), a menos que a
** '''Duração do [[Período (física)|período]] ou coincidência com o [[Neurónio|disparo neural]]''': com a duração do disparo neural periódico, resultante do estímulo feito por duas ou mais [[onda]]s, números inteiros mais baixos criando períodos menores ou comuns ou maior coincidência entre o disparo neural e, portanto, consonância (Patternson, 1986; Boomsliter & Creel, 1961; Meyer, 1898; Roederer, 1973, p. 145-149). Tons puros estimulam o cérebro, que responde exatamente com o mesmo período ou com múltiplos do período do tom puro produzido.
* '''[[Espectro sonoro|Banda crítica]]''': Consonâncias são [[Altura (música)|alturas]] bem distantes das bandas críticas.
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Em música, '''dissonância''' é a qualidade dos sons parecerem "instáveis" e de terem uma necessidade natural de serem [[Resolução (música)|resolvidos]] para uma consonância estável. Tanto consonância como dissonância são palavras aplicáveis à [[harmonia]], [[acorde]]s e [[Intervalo (música)|intervalos]] e, por extensão, à [[melodia]], e mesmo ao [[ritmo]] e à [[Métrica (música)|métrica]]. Conquanto haja fatos neurológicos e físicos ponderosos, importantes para se entender a ideia de dissonância, a definição precisa de dissonância é condicionada culturalmente – definições de e convenções sobre o uso, relativas à dissonância, variam muito entre os diferentes estilos, tradições e culturas musicais. Entretanto, as ideias básicas de dissonância, consonância e resolução existem de alguma forma em todas as tradições musicais que têm um conceito de melodia, harmonia e tonalidade.
Mais confusão sobre a ideia de dissonância é criada pelo fato dos músicos e escritores algumas vezes utilizarem a palavra "dissonância" e seus termos relacionados de uma maneira precisa e cuidadosamente definida, mais
A despeito do uso
=== Dissonância e estilo musical ===
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As dissonâncias têm sido entendidas e escutadas de maneiras diferentes nas diversas tradições, culturas, estilos e períodos musicais. Relaxamento e tensão têm sido usados como analogia desde os tempos de [[Aristóteles]] até os nossos dias.<ref>DELONE et. al. 1975. p. 290</ref>
No início do [[Música Renascentista|Renascimento]], intervalos como, por exemplo, a quarta justa, eram considerados como grandes dissonâncias que deviam ser imediatamente resolvidas. A ''regola delle terze e seste'' ('"regra das terças e sextas"), exigia que as consonâncias imperfeitas fossem resolvidas por uma consonância perfeita de um semi intervalo de segunda maior numa voz e e por um intervalo de segunda maior na outra (Dahlhaus [[1990]], p. 179). O Anônimo 13 permitia duas ou três consonâncias imperfeitas, o ''Optima introductio'' três ou quatro e o Anônimo 11 (século XV) quatro ou cinco. Por volta do final do [[século XV]], as consonâncias imperfeitas não eram mais consideradas "sonoridades tensas", mas "sonoridades independentes", como evidenciado pelo argumento de Adam von Fulda, permitindo suas sucessões, conforme registrado por Gerbert:<ref>vol. 3, página 353</ref>
{{quote2|Embora os eruditos no passado proibissem todas as sequências com mais de três ou quatro consonâncias imperfeitas, nós, que somos mais modernos, as permitimos.<ref>ibid., página 179</ref>}}
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Os estilos musicais são como idiomas no sentido de que certos fatos físicos, fisiológicos e neurológicos criam conexões que afetam enormemente o desenvolvimento de todas as linguagens. Não obstante, culturas e tradições diferentes têm incorporado as possibilidades e limitações criadas por tais fatos neurológicos e físicos a uma vasta gama de sistemas vivos da linguagem humana. Não se deve minimizar a importância dos fatos subjacentes, nem a importância da cultura, ao atribuir um significado específico a esses fatos.
Por exemplo, duas notas tocadas simultaneamente mas com
A dissonância sensorial e sua manifestações perceptivas (batimento sonoro e aspereza) estão intimamente relacionadas às flutuações de amplitude do sinal sonoro. Flutuações na amplitude descrevem variações no valor máximo do sinal sonoro (amplitude) em relação a um ponto de referência e são resultantes da interferência entre as ondas sonoras. O princípio da interferência define que as amplitudes de duas ou mais fontes vibratórias combinadas (ondas sonoras) pode resultar numa amplitude maior do que as amplitudes das fontes vibratórias (interferência construtiva) ou menor (interferência destrutiva), dependendo da relação entre suas fases. Duas ou mais fontes vibratórias (ondas) com
As variações de amplitude podem ser enquadradas em três categorias perceptíveis, superpostas, relacionadas às taxa de variação da flutuação. Flutuações lentas da amplitude (≈≤20 por segundo) são percebidas como variações de sonoridade chamadas de batimentos sonoros. À medida que aumenta a taxa de variação da amplitude, ou seja a velocidade com que a amplitude muda de valor, o som resultante parece ser constante para o ouvinte e é percebido como uma aspereza. Se a velocidade de variação da amplitude aumenta ainda mais, a aspereza atinge uma tensão máxima e, a seguir, diminui gradualmente até desaparecer (≈≥75-150 flutuações por segundo, dependendo da
Supondo que, conforme indicado pela lei acústica de Ohm (ver Helmholtz, 1885; plomp, 1964), o ouvido realize uma análise de
a) Se a velocidade de flutuação for menor do que a largura de banda do filtro, só é percebido um tom ou com batimento sonoro ou com aspereza;
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No caso de taxas de flutuação comparáveis com a largura de banda do filtro audível, o grau (intensidade), a taxa (velocidade de variação) e a forma das flutuações da amplitude, são variáveis que são manipuladas por músicos de várias culturas para explorar as sensações de batimento sonoro e aspereza, fazendo da variação da amplitude uma ferramenta importante na produção do som musical. Por outro lado, quando não há um batimento sonoro ou uma aspereza pronunciada, o grau (intensidade), a taxa (velocidade de variação) e a forma das flutuações complexas de amplitude, são variáveis que continuam a ser importantes devido às suas interações com os componentes do espectro do sinal. Esta interação se manifeta perceptualmente em termos de variações de altura ou timbre junto com a introdução de combinações de tonalidades (Vassilakis, 2001, 2005, 2007).
As sensações de batimento sonoro e aspereza, associadas a certos sinais complexos são, portanto, frequentemente entendidas em termos de interações do componente senoidal dentro da mesma faixa de
{{Audio|Dissonance-M2-to-unison.ogg|Dois tons movendo-se de uma 2ª maior para um uníssono.}}<ref>Este arquivo ilustra a rudeza e as oscilações do batimento sonoro que gradualmente diminuem à medida que o intervalo se move para o [[uníssono]]</ref>
* Razões entre
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|[[Ficheiro:Dissonancia-a220-a440.jpg|center|thumbnail|535px|Análise [[Espectro sonoro|espectral]] de dois tons divergentes]]
{{Audio|Dissonance-a220-a440-slide.ogg|Dois tons senoidais divergentes.}}<ref>Tons senoidais são [[Onda triangular|ondas triangulares]] filtradas que têm fundamentais fortes, sem harmônicos pares (2x a
{{Audio|Dissonance-a220-a440-slide-sawtooth.ogg|Dois tons divergentes com onda em forma de dente de serra.}}<ref>A [[onda dente de serra]] tem harmônicos fortes tanto pares como ímpares que tornam alguns momentos da dissonância mais audíveis.</ref>
A base física para a observação de Pitágoras pode ser constatada na análise espectral acima e no arquivo sonoro acompanhante. Nos pontos em que as razões das
Diferentemente, quando a razão entre as
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* No ouvido humano o efeito dessas razões diferentes podem ser percebidas por meio de um dos seguintes mecanismos:
** Fusão ou coincidência de padrões: as
** '''Duração do período ou coincidência com o disparo neural''': coincidência com a duração do disparo neural periódico, resultante do estímulo feito por duas ou mais ondas: números inteiros maiores criam períodos maiores ou menos coincidência entre o disparo neural e, portanto, disssonância (Patternson, 1986; Boomsliter & Creel, 1961; Meyer, 1898; Roederer, 1973, p. 145-149). Tons puros estimulam o cérebro (disparo neural), que responde exatamente com o mesmo período ou com múltiplos do período do tom puro produzido.
* Dissonância também é definida como a quantidade de batimento sonoro entre dois harmônicos não comuns ou parciais (''sobretons'') (Helmholtz, 1877/1954). Terhardt (1984) chama isso de "dissonância sensorial". Segundo esta definição, a dissonância não depende apenas da qualidade do intervalo entre duas notas, mas dos harmônicos e, portanto, da qualidade ([[timbre]]) dessas notas. A dissonância sensorial, isto é, a presença de batimento sonoro e/ou rudeza no som, é associada à inabilidade do ouvido interno resolver plenamente os componentes espectrais com padrões de excitação que se sobreponham às bandas críticas.
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