Herodiano: diferenças entre revisões
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'''Herodiano''' (
==Vida de Herodiano==
Sobre a vida de Herodiano dispõe-se de pouca informação, sendo ele próprio que a fornece na sua ''História'' com dados escassos e imprecisos. Esta ''História'' abrange um período de 58 anos (da morte de [[Marco Aurélio]] até a entronização de
No relativo à posição que ocupava Herodiano na sociedade, também existem diversas hipóteses, embora a mais estendida seja que fosse um [[escravidão|escravo]] ou [[liberto]] imperial. Novamente, todos os argumentos baseiam-se nos dados que ele próprio inclui na sua obra.
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{{Quote|"''Eu escrevi uma história sobre os fatos posteriores à morte de Marco que vi e escutei durante toda a minha vida. E em alguns deles participei diretamente nos meus postos de serviço imperial e público.''"|HERODIANO, ''História do Império Romano após Marco Aurélio'', I.2.5.}}
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A partir desta declaração formularam-se numerosas teorias sobre a carreira de Herodiano, desde que pôde ser um procurador [[ordem equestre|equestre]] ou um [[Senado romano|senador]], até um escravo ou liberto imperial. Os autores que acreditam que pertenceria à classe senatorial baseiam-se em que Herodiano conhecia o ''senatus consultum tacitum'' pelo qual o [[Senado romano|senado]] nomeou imperadores a [[Pupieno]] e [[Balbino]], e, ao ser este tipo de resoluções segreda, o historiador tinha de ser senador para conhecê-la. Contudo, há quem demonstrou a inconsistência desta hipótese, pois, além de haver filtrações deliberadas das reuniões do senado, é improvável que o segredo se mantivesse durante muito tempo.<ref>Cf. WHITTAKER, C. R. ''op. cit.'', pág. XX.</ref> Adicionalmente, se comparar os escritos de [[Dião Cássio]] com os de Herodiano, observa-se que Dião tem muita mais experiência em assuntos senatoriais, pois ele sim era senador. Atualmente poucos apoiam esta teoria.<ref>Cf. TORRES ESBARRANCH (1985), pp. 28-29.</ref>▼
▲Os autores que acreditam que pertenceria à classe senatorial baseiam-se em que Herodiano conhecia o ''senatus consultum tacitum'' pelo qual o [[Senado romano|senado]] nomeou imperadores a [[Pupieno]] e [[Balbino]], e, ao ser este tipo de resoluções segreda, o historiador tinha de ser senador para conhecê-la. Contudo, há quem demonstrou a inconsistência desta hipótese, pois, além de haver filtrações deliberadas das reuniões do senado, é improvável que o segredo se mantivesse durante muito tempo.<ref>Cf. WHITTAKER, C. R. ''op. cit.'', pág. XX.</ref> Adicionalmente, se comparar os escritos de [[Dião Cássio]] com os de Herodiano, observa-se que Dião tem muita mais experiência em assuntos senatoriais, pois ele sim era senador. Atualmente poucos apoiam esta teoria.<ref>Cf. TORRES ESBARRANCH (1985), pp. 28-29.</ref>
Por outro lado, era muito comum que os escritores, ainda não sendo senadores, contaram com o patronato de alguma família senatorial. É possível que Herodiano fosse um [[Equites|procurador equestre]]. Assim, o termo "público" da sua cita referir-se-ia ao serviço como magistrado municipal numa carreira que o promoveria aos postos de administração imperiais.<ref>Cf. SIEVERS, R. "Über das Geschichtswerk des Herodianos", em ''Philologus'' 26 (1867), pp. 30-31.</ref>
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==Nacionalidade==
[[Imagem:Provinciaromana-BitiniaePonto-pt.svg|thumb|400px|Mapa do [[Império Romano]] em 117. À direita destaca-se a província da [[Bitínia e Ponto]], [[província romana]] que mais probabilidade têm de ser a pátria de Herodiano
A respeito da sua nacionalidade, se tem de partir do único dado seguro que se conhece: a sua origem [[gregos|grega]] ou oriental. A esta conclusão chega-se pela circunstância de a sua obra estar escrita em [[Língua grega|grego]] e de Herodiano ser um derivado dum nome grego: Herodes. Precisamente, neste nome centraram-se muitos investigadores: enquanto Ἡρῴδῆς (''Hērōdēs'') é muito comum em todas as regiões de língua grega, Ἡρωδιανός (''Hērodianós'') era menos frequente. Ao longo da História, entre os que se chamam Herodiano encontramos certos personagens aos quais se pretendeu uma relação com o historiador:
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==A ''História'' de Herodiano==
A ''História do Império Romano após Marco Aurélio'' de Herodiano é uma coleção de oito livros que cobre o período desde a morte de [[Marco Aurélio]] em
A data de composição da obra foi amplamente debatida, mas atualmente prevalece a teoria de que Herodiano a escreveu no final do reinado de [[Filipe, o Árabe]] ou a princípios do de [[Décio]] (por volta de [[250]]).<ref>Cf. BLAUFUSS, J. ''Ad Herodiani rerum Romanarum scriptoris livros V VI observationes'', Diss., Erlangen, 1893, págs. 5-6.</ref> Há, além disso, uma série de circunstâncias que apoiam esta ideia:
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* Além disso, frente à teoria de que Herodiano compôs a ''História'' durante o reinado de Gordiano III (totalmente recusada hoje) argumentou-se que devido às críticas do historiador, a publicação da obra nesse período se tornasse perigosa para ele.<ref>Cf. JOUBERT, S. ''Reserche sur la composition de l'Histoire d'Heródien'', Thèse dactyl., Paris-Sorbona, 1981, págs. 124-127.</ref>
O mais provável é que escrevesse para um público oriental, pois frequentemente explica os diferentes costumes e crenças romanas, alheias aos orientais.
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Herodiano foi elogiado e criticado em partes iguais.<ref>Cf. TORRES ESBARRANCH (1985), pp. 70 e ss.</ref> A primeira pessoa que se conhece que fez uma crítica da ''História'' de Herodiano foi o [[patriarca de Constantinopla]], [[Fócio]], no [[século IX]]. De Herodiano escreveu "''que não exagera com a hipérbole nem omite nada essencial. Em definitiva, em todas as virtudes da historiografia há poucos homens que são os seus superiores''".<ref>Foc. Bibl. code. 99.</ref> [[Zósimo (historiador)|Zósimo]] usou-o como fonte, assim como João de Antioquia, quando escreveu a sua Crônica. Séculos mais tarde, Altheim elogiou a visão ampla da sua época que teve Herodiano,<ref>Cf. ALTHEIM, F. ''Literatur und Gesellschaft in ausgehenden Alterum'' (1948), Halle, pág. 165.</ref> e F. A. Wolf aclamou por não se deixar levar pelos prejuízos nem pela superstição.<ref>Cf. WOLF, F. A. Herod. ed., Halle, 1792.</ref> Contudo, nem todos os julgamentos sobre Herodiano são positivos: por exemplo, Wolf também disse que Herodiano tinha uma deficiência na capacidade crítica, e embora os autores da ''História Augusta'' se servissem de Herodiano como fonte, também o censuraram pela sua parcialidade.<ref>Cf. ''Scriptores Historiae Augustae'', Max. XIII, 4.</ref> Adicionalmente, está constatado que Herodiano não foi a principal fonte de Zósimo. Do mesmo jeito, parece que Zonaras apenas usou Herodiano onde a história de Dião Cássio era pouco válida.
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