Trindade (cristianismo): diferenças entre revisões
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A [[Teologia cristã|doutrina]] [[Cristianismo|cristã]] da '''Trindade''' (do latim ''trinitas'' "tríade", de ''trinus'' "tripla")<ref>{{Citar web|título = trinity|url = http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/trinity|obra = www.oxforddictionaries.com|acessadoem = 2016-01-04}}</ref> define [[Deus no cristianismo|Deus]] como três [[Pessoa (filosofia)|pessoas]] [[consubstanciais]],<ref>The Family Bible Encyclopedia, 1972. p. 3790.</ref> expressões ou [[Hipóstase|hipóstases]]:<ref name="Catholic_Encyclopedia">Ver discussão em {{CathEncy|wstitle=Person|língua=en}}</ref> o [[Deus, o Pai|Pai]], o [[Deus, o Filho|Filho]] ([[Jesus]] [[Cristo]]) e o [[Espírito Santo]]; "um Deus em três pessoas". As três pessoas são distintas, mas são uma "substância, essência ou natureza".<ref name="def-lateran">Definição do [[Quarto Concílio de Latrão]] citada no [http://www.vatican.va/archive/ENG0015/_P17.HTM#1FT Catechism of the Catholic Church, 253] {{en}}</ref> Neste contexto, a "natureza" é ''o que'' se é, enquanto a "pessoa" é ''quem'' se é.<ref name="thelogy-sanity">{{citar web|url=http://www.ignatiusinsight.com/features2011/fsheed_trinityts_may2011.asp |title=Frank Sheed, ''Theology and Sanity'' |publisher=Ignatiusinsight.com |date= |accessdate=3 de novembro de 2013|language=inglês}}</ref><ref name="understanding-trinity">{{citar web|url=http://www.credoindeum.org/thetrinity |title=Understanding the Trinity |publisher=Credoindeum.org |date=16 May 2012 |accessdate=3 de novembro de 2013|language=inglês}}</ref><ref name="baltimore-catechism">{{citar web|url=http://quizlet.com/13288028/baltimore-catechism-no-1-lesson-7-flash-cards/ |title=Baltimore Catechism, No. 1, Lesson 7 |publisher=Quizlet.com |date= |accessdate=3 de novembro de 2013|language=inglês}}</ref>
De acordo com este [[mistério]] central da maioria das [[Fé salvadora|religiões
Enquanto os [[Padres da Igreja]] viram até mesmo elementos no [[Antigo Testamento]], como o aparecimento de três homens a [[Abraão]] no capítulo 18 do [[Gênesis|Livro de Gênesis]], como prenúncios da Trindade, foi no [[Novo Testamento]] que eles viram uma base para desenvolver o conceito da Trindade. O mais influente dos textos do Novo Testamento, visto como implicador do ensino da doutrina da Trindade foi Mateus 28:19, que manda batizar "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Reflexão, proclamação e diálogo levaram à formulação de uma doutrina adaptada para corresponder aos dados da [[Bíblia]]. O esquema mais simples da doutrina foi elaborado em grande parte no [[século IV]], rejeitando o que foi considerado não ser consonante com a crença cristã em geral. Além disso, essa elaboração continuou nos séculos seguintes.<ref>"Trinity, doctrine of" in ''The Oxford Dictionary of the Christian Church'' (Oxford University Press, 2005. ISBN 978-0-19-280290-3) {{En}}</ref>
A palavra
== Fundamentos bíblicos ==
[[Imagem:Angelsatmamre-trinity-rublev-1410.jpg|thumb|upright=1.0|''Os três anjos que visitaram [[Abraão]], como [[símbolo]] da Trindade'' <br><small>Ícone ortodoxo por [[Andrei Rublev]]</small>]]
[[File:Holy Trinity Santarém May 2015-1a.jpg|thumb|A ''Santíssima Trindade'', por um mestre português desconhecido (século XVI). Museu Diocesano de Santarém, Portugal.]]
A doutrina
*''«Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo»''<ref>Lucas 3:22 e Mateus 3:17</ref>
*E na fórmula tardia de Mateus:<ref>Mateus 28:19</ref> ''«Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo»''.
*No relato em que a
*Na criação do homem se apresenta um criador ''plural''": «Façamos o homem a nossa imagem e semelhança»"(Gn 1,26)
*No episódio da torre de Babel o Senhor Deus fala no plural: "«Vamos: Desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro.»”(Gn 11,7)
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[[Kerigma]] (do [[Língua grega|Grego]] κήρυγμα, ''kérygma'') significa ''mensagem'', ''pregação'', ''proclamação''. Desde o acontecimento pascal e sua proclamação catequética - génese da experiência e da reflexão trinitária - até à formulação conceptual do mistério trinitário, um longo percurso foi trilhado. Na verdade, desde a proclamação primitiva da morte e ressurreição de [[Jesus]],<ref>Atos 2:22-36</ref> passando pelas primeiras afirmações do [[Novo Testamento]] da plena divindade de Jesus,<ref>Romanos 9:5; Tito 2:13</ref> da personalidade do [[Espírito Santo]]<ref>João 14:16</ref> e o surgir das primeiras fórmulas trinitárias<ref>II Coríntios 13:13</ref> até ao [[Credo niceno-constantinopolitano]], um tortuoso caminho foi burilado pelas primeiras gerações de cristãos.
Defensores da doutrina trinitária afirmam que a [[Igreja antiga|Igreja primitiva]] já acatava plenamente essa ideia, com base nos escritos de [[Inácio de Antioquia]], [[Inácio aos Efésios|Carta aos Efésios]], 9, 1; 18, 2, e na [[I Clemente|Primeira Carta de Clemente Romano]] 42; 46, 6<ref>{{citar web|url = http://www.earlychristianwritings.com/text/1clement-lightfoot.html| título = Texto completo de I Clemente| publicado = Early Christian writings| língua = inglês| acessodata = 05/02/2011}}</ref>. Mas, do ponto de vista histórico, um dos primeiros a utilizar, no Ocidente cristão, o termo "
Na realidade, mais do que a partir da especulação teórica e abstracta - que mais tarde viria a ser preponderante -, a afirmação teológica da "Trindade" ocorreu sobretudo a partir do uso dos textos bíblicos em ambiente litúrgico eclesial. Esta doutrina, de facto, foi-se apoiando e alicerçando no âmbito da práxis baptismal (veja-se ''[[Didaquê]]'' 7, 1; [[Justino Mártir]], ''Apologia'' 1, 61, 13) e eucarística (veja-se Justino, ''Apologia'' 1, 65.67; [[Hipólito de Roma]], ''Tradição Apostólica'' 4-13).
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Estes credos foram progressivamente formulados e ratificados pela Igreja dos séculos III e V, em reação a algumas noções envolvendo a natureza da Trindade, a posição de Cristo nela e a divindade do Espírito, tais como as do [[arianismo]], do [[docetismo]], do [[modalismo]] e a dos [[pneumatómacos]] - nome dado àqueles que negavam a divindade pessoal da terceira pessoa da Trindade -, que foram depois declaradas como heréticas na medida em que atentariam contra o essencial da Revelação. Estes credos foram mantidos não só na [[Igreja Católica]] e [[Igreja Ortodoxa|Ortodoxa]], mas também, de algum modo, pela maioria das [[igrejas protestantes]], sendo inclusive citados na liturgia de igrejas luteranas e igrejas reformadas.
O [[credo de Niceia]], que é uma formulação clássica desta doutrina, usou o termo ''[[homoousia]]'' (em grego: da mesma substância) para definir a relação entre as três pessoas. A ortografia desta palavra difere em uma única letra grega, "iota", da palavra usada por não-trinitários do mesmo tempo, ''[[homoiousia]]'', (grego: de substância semelhante): um facto que se tornou proverbial, a ponto de certos adversários do cristianismo nessa época afirmarem que os cristãos se digladiavam por causa de uma vogal, ilustrando assim as profundas divisões ocasionadas por aparentemente pequenas imprecisões, especialmente em ''Teologia''.
=== Investigação e conclusão teológica de Santo Agostinho ===
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[[Ficheiro:Adoração da Santíssima Trindade.jpg|thumb|upright=1.3|''Adoração da Santíssima Trindade'',<br><small>por [[Albrecht Dürer]], no ''[[Kunsthistorisches Museum]]''</small>. <br>O [[Deus-Pai|Pai]] segura a cruz do [[Deus-Filho|Filho]] e o [[Espírito Santo]] em forma de pomba sobre a cabeça do [[Deus-Pai|Pai]]. Os três são adorados pelos [[anjos]] e [[santos]].]]
As três pessoas da Santíssima Trindade estabelecem uma comunhão e união perfeita, formando
* [[Deus Pai|Pai]] – Não foi criado nem gerado. É o "princípio e o fim, princípio sem princípio" da vida e está em absoluta comunhão com o Filho e com o Espírito Santo. Foi o Pai que enviou o seu Filho, [[Jesus|Jesus Cristo]], para salvar-nos da morte espiritual, pelo [[sacrifício vicário]]. Isto revela o amor infinito de Deus sobre os homens e o não-abandono aos seus filhos adoptivos. O Pai, a primeira pessoa da Trindade, é considerado como o pai eterno e perfeito. É atribuído a esta pessoa divina a criação do mundo.
* [[Jesus|Filho]] –
* [[Espírito Santo]] – Não foi criado nem gerado.
=== ''Prosopon'' e ''hypostasis'' ===
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