Gaita mirandesa: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Foram revertidas as edições de 82.154.239.188 para a última revisão de Vítor, de 17h16min de 6 de março de 2016 (UTC)
Picodunna (discussão | contribs)
Correcções Técnicas e terminologia Gaita Mirandesa
Linha 1:
{{Sem-fontes|data=março de 2016}}
[[Ficheiro:Gaita Mirandesa.jpg|miniaturadaimagem|Gaita Mirandesa - réplica de instrumento histórico]]
[[Imagem:Transmontana01.jpg|thumb|393px|Gaita de fole]]
 
A '''gaita de fole mirandesa''', também designada '''gaita transmontana''' e '''gaita trasmontana''', ou simplesmente por '''gaita de fole''', '''gaita de foles''' ou '''gaita''', está entre os modelos mais arcaizantes de [[gaita de fole|gaitas de fole]] conhecidas, no que se refere a sua afinação e trajetória.
 
Linha 13 ⟶ 12:
Essa rica porém frágil tradição correu sério risco de extinção já a partir de [[1960]], quando o antropólogo português [[Ernesto Veiga de Oliveira]] passou a fazer recolhas pelo país e a alertar para o risco da perda de tão singular manifestação cultural. Os motivos para tal queda de popularidade são os mais variados: desde os tradicionalmente ligados a qualquer gaita de fole – como a concorrência com outros instrumentos, feito o violão, o órgão e o acordeão – até o êxodo das populações jovens para áreas urbanas ou mesmo a emigração (especialmente [[Brasil]] e [[França]]), rompendo com as tradições pastoris de suas origens. Uma das consequências mais notórias da obliteração do instrumento é o limitado repertório tradicional hoje conhecido, variando pouco de região para região. Muitas músicas, transmitidas apenas oralmente, eram conhecidas, à época das recolhas de Oliveira, ainda por uns poucos músicos, considerados como a última geração de gaiteiros tradicionais, da qual ainda restam alguns poucos.
 
Lentamente, ao longo das últimas duas décadas, trabalhos de resgate vêm sendo promovidos por diversos grupos por todo Portugal, a reinserir o instrumento na cultura lusitana. Grande parte do repertório remanescente e imagens de diferentes instrumentistas e suas gaitas mirandesas estão compilados em alguns acervos, como os de Veiga de Oliveira, [[Sons da Terra]] e da [[Associação Gaita de Fole]]. Também, uma série de novos instrumentistas solo e grupos musicais vêm surgindo, como o Grupo Lua Nova de Mogadouro, [[Urze de Lume]], [[Galandum Galundaina]], [[Lenga Lenga - Gaiteiros de Sendim]] e [[Trasga]], grupos das terras de Miranda,[[Gaiteiros de Lisboa]] e [[Gaitafolia]], os quais vêm produzindo muito material novo para a gaita transmontana. Não obstante, foi o trabalho de investigação de GalandunJorge GalundainaLira lideradodesde por1985 Jorgeaté Liraaos atédias 2007de hoje, incluindo a [[Padronização e Reconhecimento da gaita mirandesa|Padronização e Reconhecimento da gaita Mirandesa]], que decisivamente contribuiu para aumentar exponencialmente os novos instrumentistas.
 
==Morfologia==
A gaita mirandesa compartilha diversos aspectos estruturais com gaitas de regiões vizinhas: a [[gaita sanabresa]], a [[gaita zamorana]] e a [[gaita alistana]]. Muito se discute se realmente é válida a distinção entre elas, tamanha suas semelhanças, mas há de se lembrar que um objeto não se define apenas por sua estrutura, mas sim por seu contexto, sua tradição, suas técnicas e seu repertório, a formar um significado específico para determinada população.
 
Constituída sempre de apenas um bordão baixo com palhão (duas oitavas abaixo) e um ponteiro cônico com palheta dupla, ao passo que sua bolsa também possui um desenho característico, a usar o couro inteiro doda pele de um cabrito, montando o ponteiro no pescoço, o soprete e o bordão em cada pata (dianteira). As pata de trás não são usadas e o "odre" fecha-se amarrando pela barriga do animal.
 
Essa gaita é maispor comumentetradição construída em madeira de [[buxo]] e- eventualmente com anéis de corno. Ainda hoje há poucos construtores deste modelo de gaita, sendo um mito urbanocorrente que geralmente era construída de forma artesanal pelos próprios gaiteiros, o que não corresponde geralmente à verdade. Contudo, cada vez mais artesãos dedicados à construção de instrumentos musicais voltam-se para esta gaita, não apenas em Portugal mas noutros países também, sobretudo [[Galiza]] e Brasil.
 
[[Imagem:Palheta.jpg|thumb|200px|Palheta dupla de ponteiro transmontanoMirandês]]
A veste da bolsa costuma trazer padrões coloridos, além de adornos pendurados nos bordões e franjas típicas, como na maioria das gaitas ibéricas.
 
===Afinação e digitação===
É em sua afinação que se encontra a maior peculiaridade da gaita mirandesa. Ao passo que sua nota fundamental pode ser em Si, Sib ou Lá, com a subtónica (não-sensível) um tom abaixo, configura o modo dórico em muitas recolhas, parecendo a alguns, umestranhos instrumentoos oriental.intervalos Éda discutívelescala do ponteiro (sic: Rodney Gallop), mas essa estranheza deve-se à impreparação para a interpretação do modo, que apresenta uma terceira menor e uma sexta maior. Curiosamente, feita a mesma apreciação perante a execução de música medieval (i.e ex. Cantigas de Santa Maria) este modo tendeé o modo exacto para interpretar tais peças e essa estranheza não é, por ninguém denotada. O que pode ser uma evidência da matriz antiquíssima do instrumento. Erradamente, houve quem interpretasse este modo como "Menor", o que viria a ser o modo eólio, dado a típica disposiçāo nāo temperada do ponteiro das gaitas conservadas, mase éfoi no padrão eólio que se fixaram as gaitas construídas na zona de Lisboa., Seupor isolamentoanalogia entreàs asgaitas montanhasSanabresas, portuguesasnomeadamente a recolhida por Ernesto Veiga de Oliveira a Juan Prieto Chimeno, 1962, Rio de Onor: aldeia com uma realidade totalmente distinta da realidade do Planalto Mirandês. O isolamento do Planalto Mirandês conservou até ao final dos anos 90 caracteristicas específicas da região, porventura advindas da raíz dos séculos, à parte das tendências musicais que o Ocidente passou a estabelecer a partir do [[Barroco]], como a predileção pelo modo [[jônio]] e um aumento do [[timbre]]. No entanto, a terceira menor na escala base do ponteiro em digitação aberta, aparece às vezes em instrumentos concretos em [[Sanábria]], [[Astúrias]] e [[Galiza]], sendo em digitação fechada se obtém a terceira maior. A palheta do ponteiroéponteiro é robusta e fortelarga, com um volume bem audível, típico de um instrumento de ar-livre. Sua digitação étida não écomo tradicionalmente aberta, poderia ser semi fechada praticada por alguns gaiteiros antigos, e soa uma oitava não-cromática. Seu único bordão baixo soa na tónica duas oitavas abaixo do ponteiro.
 
==Repertório==
Linha 33 ⟶ 32:
=={{Ver também}}==
* [[Associação Gaita de Fole]]
* [[Galandum Galundaina]]
 
=={{Ligações externas}}==
* [http://www.gaitadefoles.net/gaitadefoles/transmontana2.htm Sobre a gaita transmontanaMirandesa]
 
{{esboço-instrumento-musical}}