Fetichismo da mercadoria: diferenças entre revisões

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{{Marxismo}}
'''Fetichismo da mercadoria''' ou ainda, como muitos preferem devido aos inúmeros significados de Fetichismo <ref> https://www.significados.com.br/fetiche/ </ref>, '''Adoração da mercadoria''' é a percepção das relações sociais envolvidas na [[produção]], não como relações entre as pessoas, mas como as relações econômicas entre o dinheiro e as [[Commodity|commodities]] negociadas no [[mercado]]. Sendo assim, o fetichismo da mercadoria transforma os aspectos subjetivos (abstração de valor econômico) em objetivos (coisas reais que as pessoas acreditam ter valor intrínseco).
==Conceito==
De acordo com a crítica de [[Karl Marx]] no âmbito da [[economia política]], oa fetichismoadoração da mercadoria surge como um fenômeno social e psicológico onde as [[mercadoria]]s aparentam ter uma vontade independente de seus produtores. Em ''[[O Capital]]'' (volume 1), Marx explica o fetichismo da mercadoria:
 
{{Quotation|"Consideremos duas mercadorias, por exemplo, ferro e trigo. As proporções, quaisquer que sejam, em que elas são trocáveis, podem sempre ser representadas por uma equação em que uma dada quantidade de trigo é igualada a certa quantidade de ferro…O que nos diz tal equação? Nos diz que, em duas coisas diferentes – em um quarter de trigo e x quintais de ferro -, existe em quantidades iguais algo comum a ambos. As duas coisas devem, portanto ser iguais a uma terceira, que em si mesma não é uma nem outra. Cada uma delas, no que se refere ao valor de troca, deve ser redutível a esta terceira coisa… Este “algo” em comum não pode ser uma propriedade natural das mercadorias. Tais propriedades são consideradas apenas à medida que afetam a utilidade de tais mercadorias, em que as tornam valores de uso. Mas a troca de mercadorias é evidentemente um ato caracterizado por uma abstração total do valor de uso<ref>MARX, Karl. ''[[O Capital]]'', Capítulo I, Seção 4.</ref>.
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Uma mercadoria, portanto, é algo misterioso simplesmente porque nela o caráter social do trabalho dos homens aparece a eles como uma característica objetiva estampada no produto deste trabalho; porque a relação dos produtores com a soma total de seu próprio trabalho é apresentada a eles como uma relação social que existe não entre eles, mas entre os produtos de seu trabalho(…). A existência das coisas enquanto mercadorias, e a relação de valor entre os produtos de trabalho que os marca como mercadorias, não têm absolutamente conexão alguma com suas propriedades físicas e com as relações materiais que daí se originam… É uma relação social definida entre os homens que assume, a seus olhos, a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. A fim de encontrar uma analogia, devemos recorrer às regiões enevoadas do mundo religioso. Neste mundo, as produções do cérebro humano aparecem como seres independentes dotados de vida, e entrando em relações tanto entre si quanto com a espécie humana. O mesmo acontece no mundo das mercadorias com os produtos das mãos dos homens. A isto dou o nome de fetichismo que adere aos produtos do trabalho, tão logo eles são produzidos como mercadorias, e que é, portanto inseparável da produção de mercadorias."<ref>[http://comunism0.wordpress.com/marx-e-a-liberdade/ Terry Eagleton Marx e a Liberdade]</ref>}}
 
Segundo Marx, oa fetichismoadoração é uma '''relação social''' entre pessoas mediatizada por coisas. O resultado é a aparência de uma relação direta entre as coisas e não entre as pessoas. As pessoas agem como coisas e as coisas, como pessoas.
 
No caso da produção de mercadorias, ocorre que a troca de mercadorias é a única maneira na qual os diferentes produtores isolados de mercadorias se relacionam entre si. Dessa maneira, o [[lei do valor|valor das mercadorias]] é determinado de maneira independente dos produtores individuais, e cada produtor deve produzir sua mercadoria em termos de satisfação de necessidades alheias. Disso resulta que a mercadoria mesma (ou o [[mercado]]) parece determinar a vontade do produtor e não o contrário.