Araucária: diferenças entre revisões

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A '''araucária''' [''Araucaria angustifolia'' (Bertol.) Kuntze 1898] é a espécie arbórea dominante da [[floresta ombrófila mista]], ocorrendo majoritariamente na [[região Sul do Brasil]], mas também sendo encontrada no leste e sul do estado de São Paulo, sul do estado de Minas Gerais, principalmente na [[Serra da Mantiqueira]], na [[Serra Fluminense|Região Serrana do estado do Rio de Janeiro]] e em pequenos trechos da [[Argentina]] e [[Paraguai]], sendo conhecida por muitos nomes populares, entre eles '''pinheiro-brasileiro''' e '''pinheiro-do-paraná'''; é também chamada pelo nome de origem indígena, '''curi'''. A espécie foi inicialmente descrita como ''Columbea angustifolia'' Bertol. 1819.
 
Sua origem remonta a mais de 200 milhões de anos, quando sua população se disseminava pelo Nordeste brasileiro. [[Conífera]] [[dioica]], [[perenifólia]], [[heliófita]], pode atingir alturas de 50m, com um diâmetro de tronco à altura do peito de 2,5 m. Sua forma é única na paisagem brasileira, parecendo uma taça ou umbela. Ocupando uma área original de 200 mil km², a partir do século XIX foi intensamente explorada por seu alto valor econômico, dando madeira utilíssima e sementes nutritivas, e hoje seu território está reduzido a uma fração mínima, o que segundo a [[União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais]] (IUCN) coloca a araucária em ''Perigo Crítico de Extinção''.
 
A araucária, apesar de popular, não é conhecida completamente pela ciência. Diversos estudos vêm sendo feitos recentemente para entendermos melhor a [[ecologia]] e [[biologia]] desta árvore; também são necessários para orientar as urgentes medidas de proteção que ainda precisam ser tomadas para assegurar a sobrevivência desta espécie sensível e altamente especializada em um ambiente que rapidamente vai sendo invadido e destruído pelo homem, mas ainda persistem muitas incertezas e contradições em vários aspectos. Esse conhecimento imperfeito da matéria, que confunde até a conceituação e aplicação das leis ambientais que deviam protegê-la e ainda não conseguem fazê-lo - veja-se o recuo continuado das áreas onde sobrevive - mais as variadas exigências que a planta impõe no cultivo planejado para que possa render bem, desanimam muitos [[reflorestamento|reflorestadores]], que preferem espécies mais bem conhecidas, de crescimento mais rápido e que não demandem tantos cuidados. Entretanto, os estudiosos são unânimes em declarar a necessidade de sua salvação, tanto por sua importância econômica e ecológica como paisagística e cultural. Tornou-se, não por acaso, símbolo do estado do [[Paraná]], deu o nome a [[Curitiba]], e aparece nos brasões das cidades de [[Apiaí]], [[Araucária (Paraná)|Araucária]], [[Caçador]], [[Campos do Jordão]], [[Itapecerica da Serra]], [[Ponta Grossa]], [[Santo Antônio do Pinhal]], [[São Carlos (São Paulo)|São Carlos]], [[São José dos Pinhais]] e [[Taboão da Serra]].
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O [[Género (biologia)|gênero]] ''Araucaria'' fazia parte da [[flora]] terrestre já no período [[Triássico]] e encontrou seu apogeu no [[Gondwana]];<ref name="Koehler"><span class="citation" id="Koehler2009">Koehler, Alexandre Bernardi. [http://www.floresta.ufpr.br/pos-graduacao/defesas/pdf_dr/2009/t267_0296-D.pdf ''Modelagem biométrica e morfometria em povoamentos jovens de Araucaria angustifolia (Bert.) Ktze., em Tijuca do Sul, Estado do Paraná'']. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2009. p. 4. Tese de Pós-Graduação em Engenharia Florestal.</span></ref> hoje é restrito ao [[Hemisfério Sul]] e compreende 19 [[espécie]]s.<ref name="Angeli"/> A espécie ''Araucaria angustifolia'' se originou no início do período [[Jurássico]], há 200 milhões de anos, e sua ocorrência primitiva diverge bastante da atual, sendo encontrados [[fósseis]] no [[Nordeste brasileiro]].<ref name="Angeli"/> Sua expansão para o sul é recente, ocorrendo durante o [[Pleistoceno]] tardio e [[Holoceno]] inicial, possivelmente resultado de uma [[mudança climática]] e de migrações de floras refugiadas nos vales das serras através dos cursos dos rios.<ref>Müller-Starck, Gerhard & Schubert, Roland. [http://books.google.com/books?id=pdin2FGEHHoC&pg=PA94 ''Genetic response of forest systems to changing environmental conditions'']. Springer, 2001. p. 94</ref><ref>[http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=7132&cod_canal=49 ''Registros históricos da Araucária - Entrevista com Hermann Behling'']. Unisinos. Disponível em Amaivos, acesso 24 fev 2011</ref>
 
Foi descrita inicialmente como ''Columbea angustifolia'' por [[Giuseppe Bertolini|G. Bertolini]] em 1819; ''Araucaria brasiliana'' por [[Achille Richard|A. Richard]], em 1822.<ref name="DataBase"/> Hoje sua denominação oficial é ''Araucaria angustifolia'' (Bertol.) [[Carl Ernst Otto Kuntze|O. Kuntze]] 1898, e sua descrição foi publicada na sua ''Revisio Generum Plantarum''. Seu nome genérico deriva de [[Arauco (província)|Arauco]], uma região do [[Chile]], e seu nome específico é uma palavra latina significando "folha estreita".<ref name="Carvalho">Carvalho, Paulo Ernani Ramalho; Medrado, Moacir José Sales & Hoeflich, Vitor Afonso. [http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Araucaria/CultivodaAraucaria/01_taxonomia.htm ''Cultivo do pinheiro-do-paraná'']. Embrapa Florestas, Sistemas de Produção, 7. Versão Eletrônica, Jan./2003</ref> Pertence à ordem [[Coniferae]], classe [[Coniferopsida]], família [[Araucariaceae]].<ref name="Angeli"/> A espécie ''Araucaria angustifolia'' se ramifica em 9 subespécies: ''elegans, sancti josephi, angustifolia, caiova, indehiscens, nigra, striata, semi-alba'' e ''alba''.<ref name="Angeli"/>
 
Popularmente é conhecida como pinheiro-do-paraná, pinheiro-brasileiro, araucária, paraná, pinheiro-branco, pinheiro-chorão, curiúva, pinheiro-elegante, pinheiro-de-ponta-branca, pinheiro-preto, pinheiro-rajado, pinheiro-são-josé, pinheiro-macaco, pinheiro-caiová, pinheiro-das-missões. Os índios a chamavam ''curi''; no comércio internacional, chamam-na de ''Brazilian pine'' ou ''Paraná pine''.<ref name="Carvalho"/><ref name="Angeli"/><ref>Campos, José María & Caribé, José. [http://books.google.com/books?id=4z5m7SW_4AsC&pg=PA105 ''Plantas que ajudam o homem: um guia prático para a época atual'']. Pensamento, 2002. p. 105</ref><ref>[http://educacao.riodasostras.rj.gov.br/rearo/pdf/araucariaangus.pdf ''Araucária Angustifolia (Bert.) O. Kuntze'']. Rede de Educadores Ambientais de Rio das Ostras</ref>
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== Características gerais==
 
É uma [[conífera]] terrestre de solo seco, [[perenifólia]], [[heliófita]], usualmente [[dioica]].<ref name="iucn"/><ref name="Angeli">Angeli, Aline. [http://www.ipef.br/identificacao/araucaria.angustifolia.asp ''Araucaria angustifolia (Araucaria)'']. Departamento de Ciências Florestais - ESALQ/USP, 2003. Disponível no site do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, Piracicaba/SP</ref> Sua forma é inconfundível, com um tronco colunar que pode chegar a 50m de altura e 2,5 m de diâmetro, com uma casca rugosa e persistente de 15&nbsp;cm de espessura, sustentando uma copa de simetria radial em [[candelabro]] ou [[umbela]]. Quando jovens, as árvores têm uma copa em [[cone]].<ref name="Angeli"/><ref name="Andersson"/><ref name="Mecke"/> De regra, porém, não atinge dimensões tão imponentes, com altura variando de 10 a 35m e diâmetro do tronco entre 50 e 120&nbsp;cm, quando adulta.<ref name="Angeli"/>
 
Sua [[Morfologia (biologia)|morfologia]] apresenta variações de acordo com as condições de solo, competição e disponibilidade de luz. O tronco é ortotrópico, [[monopodial]] e com crescimento rítmico indefinido. O padrão de ramificação é também rítmico e os galhos apresentam um desenvolvimento [[siléptico]]. No adulto os galhos são arranjados em [[pseudoverticilo]]s no tronco, sendo predominantemente [[plagiotrópico]]s com uma tendência ortotrópica dos ápices. Os ramos são arranjados nos galhos em pares, mais ou menos no mesmo plano.<ref>[[#Koehler2009|Koehler, 2009]] p. 8</ref> Suas folhas, as [[acícula]]s, são verde-escuras, simples, alternas, espiraladas, lineares a lanceoladas, coriáceas, com ponta terminando em um espinho muito pungente, podendo chegar a 6&nbsp;cm de comprimento por 1&nbsp;cm de largura.<ref name="Angeli"/><ref name="Mecke">Mecke, Roland. [http://books.google.com/books?id=jPAIaetQ3q4C&pg=PA12 ''Insetos do pinheiro brasileiro'']. EDIPUCRS, 2002. p. 12</ref>
 
A casca externa tem cor marrom-arroxeada, é persistente, áspera, rugosa, desprendendo se em lâmina na parte superior do fuste; a casca interna é resinosa, esbranquiçada, cor rosada.<ref name="Carvalho"/> Seu [[sistema radicular]] depende do tipo do solo. Quando em [[latossolo]]s a planta produz uma raiz axial (ou pivotante) de cerca de 1,8m de profundidade, mas cresce como sistema fasciculado em [[litossolo]]s ou solos muito úmidos, com crescimento lateral mais pronunciado.<ref>Da Silva et alii, p. 66-67</ref>
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==Distribuição==
[[Imagem:FlorestaOmbrófilaMista.jpg|thumb|left|Distribuição da floresta ombrófila mista]]A araucária ocorre como a espécie arbórea dominante da [[floresta ombrófila mista]] da [[América do Sul]], entre as [[latitude]]s de 18º e 30º sul. Desenvolve-se, de acordo com Angeli (embora outros autores ofereçam dados ligeiramente diferentes), em [[altitude]]s de 800 a {{fmtn|1800|m}} no norte de sua distribuição, e entre 500 e {{fmtn|1200}} m na parte sul, em regiões de [[Precipitação (meteorologia)|precipitação]] anual uniforme entre {{fmtn|1250}} e {{fmtn|2200|mm}}, e de [[temperatura]]s médias anuais de 10 a 18&nbsp;°C (mas tolera bem temperaturas de até -5&nbsp;°C). Prefere solos profundos, férteis e bem drenados. Também é encontrada em capões isolados em áreas de [[Campo (agricultura)|campo]]. A maior parte de sua área de ocorrência está dentro do Brasil, das serras do [[Rio Grande do Sul]] ao [[Paraná]], com outros pontos até [[Minas Gerais]] e pequenos trechos na [[Argentina]] e [[Paraguai]].<ref name="Carvalho" /><ref name="Andersson">Andersson, Folke. [http://books.google.com/books?id=_YoO8xKYSJAC&pg=PA296 ''Coniferous forests'']. Elsevier, 2005. pp. 296-297</ref><ref name="Da Silva, Helton Damin" /><ref>Shimizu, Jarbas Yukio & De Oliveira, Yeda M. Malheiros. [http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/291018/1/doc04.pdf Distribuição, variação e usos dos recursos genéticos da araucária no sul do Brasil]. ''Documentos URPFCS''. Curitiba: EMBRAPA-URPFCS, nº 4, nov 1981, p. 2</ref> Foi introduzido artificialmente, entre outros lugares, no sul da [[Bahia]], na [[África do Sul]], na [[Austrália]], no [[Quênia]], na [[República Malgaxe]], em [[Portugal]] e em [[Zimbábue]], com comportamento variável.<ref name="Carvalho" />
 
== Ecologia ==
 
=== Papel na Sucessão Biológica ===
As áreas de ocorrência natural apresentam considerável diversificação quanto à [[geologia]] e [[geomorfologia]] dos solos regionais, o que favorece o aparecimento de diferentes associações florísticas, fazendo da mata de araucária não uma formação homogênea e contínua, mas formações vegetais com múltiplas associações que variam de acordo com o estágio de [[sucessão biológica]].<ref name="Da Silva, Helton Damin"/> De acordo com Solórzano-Filho & Kraus,
 
::''"A dinâmica populacional da araucária está fortemente relacionada com o processo de sucessão das Matas de Araucária. A araucária é uma espécie emergente e marcadora da fisionomia da vegetação. Esta espécie, ao colonizar áreas abertas ou de campo, cria condições que facilitam o recrutamento de outras espécies vegetais por meio de sombreamento dado por sua copa. Assim, sob estas desenvolvem-se outras espécies arbóreas e herbáceas formando um sub-bosque. Até este estágio de sucessão, indivíduos jovens de araucária podem ser observados. Com o pleno desenvolvimento do sub-bosque, somente indivíduos adultos de araucária são encontrados formando o extrato superior do dossel, porque as condições de sombreamento impedem o recrutamento de novos indivíduos desta espécie"''.<ref name="Thelma"/>
 
A estratégia de regeneração das araucárias, que combina a dependência de ambientes abertos e bem iluminados com uma longevidade muito alta, as caracteriza como pioneiras de vida longa.<ref>{{citar periódico|ultimo = Souza|primeiro =AF |titulo = Ecological interpretation of multiple population size structures in trees: The case of Araucaria angustifolia in South America|jornal = Austral Ecology|doi = 10.1111/j.1442-9993.2007.01724.x|url = https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/docente/producao.jsf?siape=1837921|acessadoem = |ano = 2007|volume = 32|paginas = 524-533}}</ref><ref name=":0">{{citar periódico|ultimo = Souza|primeiro =AF |titulo = Regeneration patterns of a long-lived dominant conifer and the effects of logging in southern South America|jornal = Acta Oecologica|doi = 10.1016/j.actao.2008.05.013|url = https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/docente/producao.jsf?siape=1837921|acessadoem = |ano = 2008|coautores = Forgiarini, C; Longhi, S; Brena, D|volume = 34|paginas = 221-232}}</ref> Esta estratégia é caracterizada por populações de araucárias adultas dominando extensos trechos florestais e formando um estrato emergente acima das copas de árvores de outra espécies. No interior desta florestas, porém, faltam araucárias jovens, que não conseguem sobreviver e crescer na sombra o suficiente para atingir a idade adulta. Esta estratégia corresponde bem ao Modelo Lozango, proposto para explicar a ecologia das florestas de coníferas da Nova Zelândia e regiões vizinhas, em que grandes coníferas adultas são numerosas nas florestas maduras mas só conseguem regenerar suas populações logo após perturbações em grande escala como tornados e deslizamento de encostas.<ref name=":0" />
 
As araucárias tem uma forte atuação no processo de nucleação.<ref>{{citar periódico|ultimo = Duarte|primeiro = LS|titulo = Role of nurse plants in Araucaria Forest expansion over grassland in south Brazil|jornal = Austral Ecology|doi = 10.1111/j.1442-9993.2006.01602.x|url = |acessadoem = |coautores = Santos, MMG; Hartz, SM; Pillar, VD|ano = 2006|volume = 31|paginas = 520-528}}</ref> Neste processo araucárias estabelecidas em campos e pastagens agem como plantas-enfermeiras, atraindo aves dispersoras de sementes que promovem a colonização do local por outras espécies de árvores. Este processo ajuda a expansão florestal sobre campos naturais e facilita a regeneração de áreas florestais degradadas.
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Entre outros animais que se beneficiam das sementes estão [[quati]]s, [[paca]]s, [[bugio]]s, [[ouriço]]s, [[camundongo]]s, [[esquilo]]s, [[besouro]]s e [[formiga]]s.<ref name="Angeli"/><ref name="Joffe">Joffe, Isabela Antunes. [http://www.mundoverde.com.br/BibliotecaArtigoDetalhe.asp?Id_Artigo=1593 ''Sustentabilidade: Natal Verde'']. Mundo Verde e Informativo</ref> Dá substrato para mais de 50 espécies de [[epífitas]], entre [[plantas vasculares]], [[musgos]] e [[líquen]]s,<ref name="Boelter"/><ref>Fleig, Mariana & Grüninger, Werner. ''Líquens da Floresta com Araucária no Rio Grande do Sul''. EDIPUCRS, 2008. pp. 7-26</ref> e abrigo para os ninhos de 23 espécies de formigas.<ref>Ketterl, J. et alii. Spectrum of ants associated with Araucaria angustifolia trees and their relations to. In ''Studies on Neotropical Fauna and Environment''. Volume 38, nº 3, 2003. pp 199-206</ref> Mantém além disso importantes associações [[Mutualismo (biologia)|mutualísticas]] com cerca de 15 espécies de [[fungos]] sob a forma de [[micorriza]]s, que facilitam a absorção de nutrientes. Os gêneros fúngicos mais encontrados, segundo Zandavalli, Stürmer & Dillenburg, são o ''[[Acaulospora]]'' e ''[[Glomus]]''.<ref>Zandavalli, Roberta Boscaini; Stürmer, Sidney Luiz & Dillenburg, Lúcia Rebello. [http://www.ibot.sp.gov.br/publicacoes/hoehnea/vol35/hoehnea35(1)artigo03.pdf Species richness of arbuscular mycorrhizal fungi in forests with Araucaria in Southern Brazil]. In: ''Hoehnea'' 35(1): 63-68, 2 tab., 2008</ref>
 
Segundo um estudo realizado por Maack em 1968, a área original de ocorrência da araucária representava 36,67% da área do estado do [[Paraná]] (ou {{fmtn|73088.75|km²}}), 60,13% do estado de [[Santa Catarina]] (ou {{fmtn|57331.65|km²}}), 24,6% da área do estado de [[São Paulo]] (ou {{fmtn|53613.23|km²}}) e 17,38% do estado do [[Rio Grande do Sul]] (ou {{fmtn|48967.89|km²}}).<ref name="Da Silva, Helton Damin">Da Silva, Helton Damin et alii. [http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim43/silva.pdf Recomendação de solos para Araucaria angustifolia com base nas suas propriedades físicas e químicas]. In: ''Boletim de Pesquisa Florestal'', Embrapa, n. 43, jul./dez. 2001. p. 63</ref> Está em perigo, pois vem tendo seu ecossistema reduzido e sendo excessivamente explorada, muitas vezes de forma ilegal. Relativamente poucas iniciativas de reflorestamento são realizadas com esta espécie, cujas populações e áreas de ocorrência vêm se reduzindo em pelo menos 50% nos últimos 10 anos.<ref name="Biodiversitas">[http://www.biodiversitas.org.br/florabr/grupo3fim.asp ''Consulta à Revisão da Lista da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção'']. Fundação Biodiversitas</ref> Estes fatos a incluíram na Lista Vermelha da [[IUCN]] como '''em perigo crítico''' (CR).<ref name="iucn"/>
 
A grande redução na população de araucárias ameaça de [[extinção]] não só sua própria espécie, mas muitos outros organismos a ela intimamente associados, como a [[canela-sassafrás]] (''Ocotea pretiosa''), a [[canela-preta]] (''Ocotea catarineneses''), a [[imbuia]] (''Ocotea porosa''), o [[xaxim]] (''Alsophila setosa''), a gralha-azul (''Cyanocorax caeruleus''), o [[macuco]] (''Tinamus solitarius''), os [[inhambu]]s do gênero ''Crypturelus'', a [[Jacutinga (ave)|jacutinga]] (''Pipile jacutinga'')<ref name="Campanili">Campanili, Maura. [http://eptv.globo.com/emissoras/emissoras_interna.aspx?271744 ''SOS Mata de Araucária - A mais bela e imponente árvore do Sul do Brasil ainda tem alguma chance'']. EPTV.com, 21/09/2009 - 18:38</ref> e grande número de epífitas, entre muitos outros.<ref name="Boelter">Boelter, C.R. & Fonseca, C.R. Abundância, riqueza e composição de epífitos vasculares em florestas com araucária e monoculturas arbóreas. In: ''Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil'', 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu - MG / Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, Laboratório de Interação Animal-Planta, pp. 1-2</ref>
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[[Imagem:Araucaria augustifolia.jpg|thumb|Um exemplar plenamente desenvolvido em área urbana]]
 
É uma espécie [[dióica]], com árvores unissexuadas, ocasionalmente encontrando-se exemplares [[monóico]]s, ou seja, com ambos os sexos.<ref name="Angeli"/> Sua reprodução se dá por [[semente]]s. A [[reprodução vegetativa]] espontânea não foi registrada entre os pinheiros-do-paraná, mas a [[enxertia]] é possível.<ref name="Thelma"/> Estatisticamente, o número de indivíduos masculinos e femininos são iguais <ref>Paludo, G.F.; Klauberg, C; Mantovani, A.; Reis, M.S. [http://www.scielo.br/pdf/rarv/v33n6/a13v33n6.pdf Estrutura demográfica e padrão espacial de uma população natural de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze (araucariaceae), na Reserva Genética Florestal de Caçador, Estado de Santa Catarina]. ''Revista Árvore'', vol.33, no.6, 2009</ref>, ou seja, a [[razão sexual]] não difere da unidade. É [[Anemofilia|anemófila]], o que significa que depende do vento para a [[polinização]] de suas flores e posterior geração de novas sementes. A polinização acontece entre agosto e outubro, quando estão maduros os cones de [[pólen]], mas a floração feminina ocorre todo o ano.<ref name="Andersson"/>
 
A araucária não apresenta [[nectário]], mas possui uma gota receptora constituída de uma substância pegajosa e que aparece na superfície do estróbilo, nas reentrâncias deixadas pela junção das [[bráctea]]s escamiformes férteis e estéreis. Os grãos de pólen, caindo sobre esta gota pegajosa, ficam aderidos e encontram umidade para iniciar a formação do tubo polínico.<ref name="Thelma">Soares, Thelma Shirlen. [http://www.revista.inf.br/florestal04/pages/resenhas/revisao01.htm Araucária - O Pinheiro Brasileiro]. ''Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal'', Ano II, nº 3, fev. 2004</ref> Cada pinha pode ter até 500 [[esporófilo]]s, mas em média somente 1 em 20 são férteis.<ref name="Jain">Jain, S. Mohan. [http://books.google.com/books?id=pm4L7lbKbn8C&pg=PA457 ''Somatic embryogenesis in woody plants, Volume 6'']. Springer, 2000. p. 458</ref>
 
As sementes precisam de quatro anos para completar o amadurecimento. As pinhas maduras caem dos galhos entre maio e agosto, quando rebentam e esparramam as sementes do interior em um raio de até 80m em torno da árvore. A disseminação complementar se dá através de animais, que se alimentam delas e as transportam para outros locais.<ref name="Carvalho"/><ref name="Andersson"/> A árvore dá suas primeiras pinhas com 12 a 15 anos, quando em plantios, mas na natureza só inicia a reprodução, de acordo com Angeli, aos 20 anos.<ref name="iucn"/><ref name="Angeli"/> Uma árvore dá em torno de 40 pinhas ao ano, podendo chegar até a 200.<ref name="Carvalho"/>
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Apesar da crença popular de que as araucárias produzem safras abundantes de sementes de forma cíclica, com intervalos de dois a três anos entre grandes safras<ref>{{citar livro|título = O pinheiro brasileiro|sobrenome = Mattos|nome = J.R|edição = 2|local = Lages|editora = Artes Gráficas Princesa|ano = 1994|página = |isbn = }}</ref>, nenhum ciclo de produção foi encontrado por Souza e colaboradores<ref>{{citar periódico|ultimo = Souza|primeiro = A.F|titulo = Seed crop size variation in the dominant South American conifer Araucaria angustifolia|jornal = Acta Oecologica|doi = 10.1016/j.actao.2009.11.001|url = https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/docente/producao.jsf?siape=1837921|acessadoem = |coautores = Matos, DU; Forgiarini, C.; Martinez, J|ano = 2010|volume = 36|paginas = 126-134}}</ref>. Esta pesquisa utilizou dados de produção de sementes coletados durante 13 anos consecutivos em uma propriedade em Santa Catarina, além de dados comerciais da CEASA de Porto Alegre sobre a produção de municípios gaúchos durante um período de cerca de 30 anos. A conclusão foi de que a produção de pinhões é aleatória ao longo do tempo, embora regiões próximas tenham tendência de produzir de forma um pouco sincrônica.
 
As sementes germinam logo após o contato com a terra, o que devem fazer, pois sua viabilidade é de apenas seis semanas e se permanecerem expostas sobre o solo por muito tempo serão quase certamente devoradas. Apenas 0,05% das sementes sobrevive e germina. O broto assim que nasce lança um longa raiz pivotal,<ref name="Angeli"/><ref name="Andersson"/> por isso sua preferência por solos profundos. A profundidade é mais importante do que as características químicas do solo para seu crescimento,<ref>Da Silva et alii, p. 64</ref> mas solos pobres também a prejudicam severamente, a ponto de obrigarem a planta a permanecer com baixa altura e a assumir sua forma senil umbeliforme antes dos 20 anos.<ref>[[#Koehler2009|Koehler, 2009]], p. 9</ref> Sanquetta & Netto afirmam que em áreas de solo raso ou com pedregulho em quantidade, ou de [[lençol freático]] próximo da superfície, as raízes atrofiam e morrem antes dos 5 anos de idade.<ref name="Carvalho"/>
 
Cresce até em áreas de mata densa com muita sombra, mas prefere um sombreamento apenas moderado até os dois anos. Nos primeiros anos a araucária cresce pouco. Logo após que germina e quando está embaixo de uma floresta, o crescimento é de 7&nbsp;cm por ano <ref>Paludo, G.F.; Mantovani, A.; Reis, M.S. [http://www.scielo.br/pdf/rarv/v35n5/a17v35n5.pdf Regeneração de uma população natural de Araucaria angustifolia (Araucariaceae)]. ''Revista Árvore'', vol.35, no.5, 2011</ref> , podendo levar muitos anos até atingir 1 m de altura. Depois sofre um estirão de crescimento até seus 20 e poucos anos, podendo chegar até 1 m ou mais de crescimento em altura num ano. Quanto mais denso o maciço, maior é a rapidez de crescimento. O crescimento diamétrico se intensifica quando a planta atinge 20-30 anos.<ref name="Thelma"/> Brotos e árvores pequenas são muitas vezes destruídos em [[queimada]]s, [[geada]]s severas, acidentes ou devorados por insetos; indivíduos de até 3m de altura ainda podem perecer em frios extremos; os com mais de 40&nbsp;cm de diâmetro já sobrevivem ao fogo.<ref name="Angeli"/><ref name="Andersson"/><ref name="Soares, p. 13">Soares, Ronaldo Viana. [http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/floresta/article/view/6249/4461 Considerações sobre a regeneração natural da Araucaria angustifolia]. ''Floresta'', v. 10, n. 2 (1979), p. 13</ref>
 
Sua vida se estende em média de 200 a 300 anos, e pode chegar até a 500 anos,<ref name="Joffe"/> mas sua dinâmica regenerativa ainda não é bem compreendida. Os resultados das pesquisas não são concludentes e se contradizem. Soares afirma que ela não é uma espécie clímax, o que se provaria pela gradual substituição de antigos povoamentos de araucárias por [[latifoliada]]s;<ref name="Soares, p. 13"/> Imaguire a descreve como espécie secundária longeva, mas de temperamento pioneiro;<ref name="Carvalho"/> pode ser uma espécie pioneira em campos supostos como relictos da vegetação de uma era anterior mais seca; pode também depender de periódicas perturbações no ambiente para poder expandir sua área, como quando das queimadas produzidas pelo homem ou por raios, já que sobrevive melhor ao fogo do que a maioria das [[angiospermas]] que a acompanham nas matas. Sua dependência do fogo é reforçada também pela grande flamabilidade das acículas, sendo esta uma característica típica de vegetais dependentes de fogo. De fato, é possível que a ausência de qualquer perturbação no ambiente leve a evolução do grupo para um clímax dominado por latifoliadas, com expulsão da araucária. A questão de se ela regenera bem no interior das florestas ainda é motivo de disputa.<ref name="Carvalho"/><ref name="Angeli"/><ref name="Andersson"/><ref>Soares, Ronaldo Viana. pp. 15-17</ref> Um estudo de dinâmica populacional em uma floresta conservada e bem desenvolvida em Santa Catarina, encontrou que a regeneração natural não é suficiente para reestabelecerrestabelecer o número de indivíduos adultos que morrem, sendo que a população decresce lentamente<ref>{{Citar periódico|ultimo=Paludo|primeiro=Giovani F.|coautores=Miguel B.|data=2016-03-01|titulo=Inferring population trends of Araucaria angustifolia (Araucariaceae) using a transition matrix model in an old-growth forest|jornal=Southern Forests: a Journal of Forest Science|volume=0|numero=0|paginas=1–7|issn=2070-2620|doi=10.2989/20702620.2015.1136506|url=http://dx.doi.org/10.2989/20702620.2015.1136506}}</ref>. Outro estudo, realizado em 25 áreas no Rio Grande do Sul, constatou que o número de árvores jovens correspondia à intensidade da perturbação florestal no local, o que para De Souza confirma a visão de que a araucária é uma espécie pioneira de vida longa.<ref>[[#De_Souza|De Souza]], p. 42</ref> Segundo Da Silva et alii,
 
::''"A Araucaria angustifolia é uma espécie que tem algumas características de espécies pioneiras, pois apresenta regeneração natural na floresta onde ocorre, podendo com freqüência ocupar áreas de campo (Gurgel Filho, 1980; Rizzini, 1976 e Hueck, 1953). No entanto, segundo Soares (1979), ela não possui características fundamentais das pioneiras, como por exemplo, a mobilidade, tamanho e peso pequeno das sementes, poder germinativo e forma de disseminação, pois as sementes da araucária são grandes, pesadas e com poder germinativo curto"''.<ref name="Da Silva, Helton Damin"/>
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[[Ficheiro:Araucaria angustifolia2.jpg|thumb|left|Árvore bem jovem em cultivo]]
 
As sementes de araucária possuem boa germinação natural, dispensando a quebra de dormência, mas é costumeira a sua imersão em água à temperatura ambiente por 24 a 48 horas para embebição e semear somente os pinhões que afundam, rejeitando-se os que flutuam. A semeadura pode ser direta no campo, com três pinhões por cova, ou em recipiente, com 2 pinhões, colocados na posição horizontal. Segundo Carvalho, a semeadura direta nem sempre proporciona bons resultados, já que as sementes ficam muito vulneráveis ao ataque de animais, sendo mais seguro o uso de viveiros abrigados para produção de mudas. Recomenda que o recipiente para semeadura tenha pelo menos 20&nbsp;cm de altura e 7&nbsp;cm de diâmetro, com volume de substrato de 300 a 500 ml no mínimo. O substrato deve ser bem drenado, homogêneo, de baixa densidade e livre de contaminantes como pragas e doenças. Conforme sua composição, pode ser necessária [[adubação]] adicional. A muda deve permanecer no viveiro até atingir 15 a 20&nbsp;cm de altura. Pode ser plantada a pleno sol em plantios puros ou sob vegetação matricial para conversão ou transformação.<ref name="Thelma"/><ref>Wendling, Ivar & Delgado, Maykon Emanoel. [http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/CNPF-2009-09/43530/1/com_tec201.pdf ''Produção de Mudas de Araucária em Tubetes'']. In: ''Comunicado Técnico 201'', Embrapa, maio, 2008</ref>
 
A árvore se beneficia do espaçamento adequado das mudas, da desrama controlada e, na semeadura, da amputação da ponta da casca da semente que ultrapassa o endosperma, respectivamente acelerando seu crescimento em altura, produzindo madeira mais limpa, sem nós, e favorecendo a germinação e a produção de um sistema radicular forte e direito.<ref>[[#Koehler2009|Koehler, 2009]], p. 10</ref><ref>Moreira-Souza, Milene & Cardoso, Elke Jurandy Bran Nogueira. [http://www.scielo.br/pdf/sa/v60n2/15343.pdf Practical method for germination of Araucaria angustifolia (Bert.) O.Ktze. seeds]. ''Scientia Agricola'', v.60, n.2, abr./jun. 2003. pp. 389-391</ref> Malinovski também recomenda a poda radicular das mudas no método de plantio com raiz nua, a fim de formar sistemas radiculares fasciculados, que ele considera favorecerem o crescimento da planta.<ref>Malinovski, Jorge Roberto. [http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/floresta/search/results Métodos de poda radicular em Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze e seus efeitos sobre a qualidade de mudas em raiz nua]. ''Revista Floresta.'' Universidade Federal do Paraná, Vol. 8, nº 1. 1977. p. 87</ref>
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== Importância econômica e cultural ==
Sua madeira é de alta qualidade e já foi de importância básica para a economia brasileira e possivelmente de toda a [[América do Sul]] ao longo de todo o último século.<ref name="Andersson"/> Sua cor é branco-amarelada e uniforme, com o [[alburno]] pouco diferenciado do [[cerne]]. A textura é fina e uniforme. A madeira é facilmente atacada por fungos e cupins, porém aceita bem tratamentos protetores. Mostra tendência à distorção e rachaduras na secagem natural, exigindo secagem artificial controlada para melhor aproveitamento. Por outro lado, é fácil de trabalhar, indicada para uma grande variedade de produtos, desde o palito de fósforo até o mastro de navio, passando pelos móveis, forros, caibros, caixas, artesanato e muitos outros usos. Como combustível, seus nós em especial apresentam alto poder calorífico, tendo sido largamente usados nos fogos domésticos e em caldeiras de locomotivas e de embarcações, e hoje alimentam os fornos de metalúrgicas.<ref name="Angeli"/><ref>Leão, Regina Machado. [http://books.google.com/books?id=dn8ZLIRTVx4C&pg=PA170 ''A floresta e o homem'']. EdUSP, 2000. p. 173</ref> Também é procurada para fabrico de papel, tendo fibra longa, que confere maior resistência ao papel, e cor clara, que necessita de menos branqueamento químico.<ref name="BRDE"/>
 
A exploração mais intensiva desta árvore dependeu primeiro da abertura de caminhos das suas regiões de ocorrência, geralmente no cimo de serras, até o litoral, onde primeiro o comércio brasileiro se consolidou. Em 1871 foi instalada a primeira grande companhia exploradora, a Companhia Florestal Paranaense, que se aproveitou da projetada construção da [[Rede de Viação Paraná-Santa Catarina|estrada de ferro Curitiba-Paranaguá]], mas a estrada não apareceu logo e a empresa acabou fechando por insuficiência de infraestrutura para o transporte da madeira. Depois da abertura de outras estradas de ferro e ramais, nas décadas seguintes, a exploração da extensa floresta de araucária paranaense se tornou economicamente viável e logo adquiriu importância.<ref name="Carvalho"/>
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[[Imagem:Araucaria seeds.JPG|thumb|Os nutritivos pinhões]]
 
Na mesma época se iniciava a colonização italiana nas serras do Rio Grande do Sul, aparecendo a araucária como uma das grandes fontes de renda inicial para o colono, que, vindo pobre da Europa, ao derrubar as matas, abrindo espaço para a agricultura, logo podia usar a madeira para fazer sua casa e vender o excedente para manter-se nos difíceis primeiros anos da colônia, numa região onde até sua chegada não havia senão floresta virgem.<ref name="Abel"/><ref>Basso, Clarissa Maria Grezzana. [http://www2.uel.br/revistas/direitopub/pdfs/VOLUME_5/num_2/A%20Araucaria%20e%20a%20Paisagem%20do%20Planalto%20Sul%20Brasileiro.pdf A araucária e a paisagem do planalto sul brasileiro]. ''Revista de Direito Público''. Londrina, v. 5, n. 2, p. 1-11, ago. 2010, p. 5</ref> A madeira da araucária se tornou o material mais privilegiado [[Arquitetura colonial italiana no Rio Grande do Sul|na original arquitetura]] que ali floresceu, com ela se produzindo inúmeras edificações de beleza plástica rara e singela, tanto em zona urbana como na rural, muitas delas hoje protegidas pelo poder público dos seus municípios ou do estado. Uma série de casas do centro histórico de [[Antônio Prado]], por sua extraordinária importância, foram tombadas em conjunto em nível nacional pelo [[IPHAN]].<ref name="Bertussi">Bertussi, Paulo Iroquez. Elementos de Arquitetura da Imigração Italiana. In: Weimer, Günter (org). ''A Arquitetura no Rio Grande do Sul''. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987. pp. 122-131</ref><ref>Posenato, Júlio. ''A Arquitetura do Norte da Itália e das Colônias Italianas de Pequena Propriedade no Brasil''. In: Martins, Neide Marcondes & Bellotto, Manoel Lelo. ''Turbulência cultural em cenários de transição: o século XIX ibero-americano''. EdUSP, 2004. p. 51</ref>
 
Durante a [[Primeira Guerra Mundial]], entravado o comércio com a Europa, a araucária passou a abastecer o mercado interno e o argentino, multiplicando-se as serrarias, que se deslocavam à medida que os pinheirais de cada local se esgotavam. Depois da guerra foi melhorado o sistema de transporte, introduzindo-se o caminhão, livrando a indústria madeireira da dependência exclusiva da estrada de ferro e tornando a derrubada descontrolada em todos os estados da [[Região Sul do Brasil]]. Na [[Segunda Guerra Mundial]] a madeira de araucária liderou as exportações do Paraná e foi importante no processo de [[industrialização]] de outros estados.<ref name="Carvalho"/><ref>Malinovski, p. 86</ref> Segundo Hueck, no ano de 1963 representava 92% do total das exportações brasileiras de madeira.<ref name="Koehler, p. 1"/> Em seguida o ciclo madeireiro começou a declinar, à medida que as reservas naturais desapareciam e os primeiros experimentos de [[reflorestamento]] comercial fracassavam.<ref name="Carvalho"/>
 
Suas sementes participavam da dieta de [[indígenas]] que ocupavam a região,<ref name="Joffe"/> e salvaram muitas famílias de [[imigrantes italianos]] da fome no fim do século XIX, quando se iniciava, em condições extremamente precárias, a colonização no Sul, integrando-se prontamente à culinária colonial, ''in natura'' ou transformadas em farinha, pães e massas.<ref name="Abel">[[Maria Abel Machado|Machado, Maria Abel]]. ''Construindo uma Cidade: História de Caxias do Sul - 1875-1950''. Caxias do Sul: Maneco, 2001. pp. 50-51</ref><ref>Molon, Floriano. ''A Influência da Imigração Italiana na Mesa do Brasileiro''. In: Suliani, Antônio (org). ''Etnias & carisma: poliantéia em homenagem a Rovílio Costa''. EDIPUCRS, 2001. pp. 459-461</ref> Atualmente os pinhões são uma forma de agregação de renda ao pequeno produtor rural, auxiliando a fixação do homem na terra.<ref name="DataBase">[http://www.conifers.org/ar/Araucaria_angustifolia.php ''Araucaria angustifolia'']. The Gymnosperm DataBase, 2011</ref><ref name="BRDE">Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. ''[http://www.brde.com.br/media/brde.com.br/doc/estudos_e_pub/IS%202005-01Cultivo%20da%20araucaria%20SC.pdf Cultivo da araucaria angustifolia: análise de viabilidade econômico-financeira]''. Florianópolis: BRDE, 2005. 53 p.</ref> Os pinhões são consumidos preferencialmente assados ou cozidos, mas com farinha de pinhão é possível confeccionar broas, tortas e pães. Também pode ser utilizado para o preparo de suflês, rocamboles e pudins, e é um prato típico das [[Festas Juninas]].<ref name="BRDE"/> Na região de [[Lages]] o pinhão é elemento principal de pratos típicos e existe até uma festa tradicional que leva seu nome, a [[Festa Nacional do Pinhão]]. Sua colheita, porém, é muito trabalhosa, e seu fluxo de comercialização se caracteriza pela baixíssima industrialização e pobre retorno financeiro.<ref>Dos Santos, Anadalvo Juazeiro et alii. [http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/floresta/article/view/2281/1906 Aspectos produtivos e comerciais do pinhão no estado do Paraná]. ''Floresta'' 32(2):164-169</ref>
 
O cultivo planejado da araucária iniciou nas primeiras décadas de século XX. Em meados do século foram iniciadas boas experiências de reflorestamento nas Florestas Nacionais, mas comercialmente, por vários motivos, a espécie ainda é pouco cultivada, apesar de seu alto valor econômico. Parece, contudo, que se adequadamente planejado, o cultivo pode ser efetivamente uma opção rentável, além de oferecer uma série de outros benefícios, tais como abrigo para a fauna, proteção do solo, proteção das águas, material para estudos científicos e educação ambiental, fixação de carbono, valorização de imóveis e fomento ao [[turismo ecológico]].<ref>[[#Koehler2009|Koehler, 2009]], pp. 11-15</ref> Segundo Koehler,
 
::''"Um estudo conduzido pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE, 2005) demonstra que o reflorestamento de araucária pode ser interessante do ponto de vista do retorno financeiro, quando se considera uma produtividade superior a 20 m³/ha/ano. Isto significa que plantar a espécie torna-se economicamente viável somente em sítios de elevada produtividade, quando o foco é a produção de madeira. Do contrário, há motivações econômicas que justificam preferir espécies exóticas de rápido crescimento por parte das empresas de base florestal. Contudo, o mesmo estudo aponta que em termos gerais e mesmo em sítios de baixa produtividade, o cultivo de araucária não gera prejuízos, e isto deve ser considerado sempre que se tem em mente um projeto ambiental, onde poderia ser aplicado não só capital a fundo perdido e recursos próprios, mas também capital oriundo de financiamentos bancários. Na linguagem econômica este seria um investimento pouco atrativo, mas, ainda assim, capaz de gerar enormes ganhos ambientais. Ainda há de se considerar outras possibilidades de geração de receitas com florestas plantadas com araucária, como obtenção de créditos de carbono, tendência das grandes corporações em apoiarem projetos ambientais, agregação de valores aos produtos madeiráveis e não madeiráveis (pinhão), entre outras"''.<ref>[[#Koehler2009|Koehler, 2009]], p. 14</ref>
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Por outro lado, apesar da madeira da araucária ser considerada superior à do ''Pinus'', esta é preferida pelos mercados por não representar risco de infração às leis ambientais vigentes. O comércio de madeira e outros produtos derivados da araucária enfrenta sérios obstáculos, tanto no mercado interno quanto externo, por se tratar de uma árvore nativa incluída na lista de espécies ameaçadas de extinção.<ref>[[#Koehler2009|Koehler, 2009]], pp. 14-15</ref>
 
De suas folhas já se extraíram seis [[biflavonóide]]s que são apontados como agentes contra [[inflamações]] e [[artrite]],<ref name="Yamaguchi"/> além de etil-acetato e n-butanol, de comprovada ação anti[[herpes|herpética]].<ref>Freitas, A. M. et alii. [http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19761825 Antiviral activity-guided fractionation from Araucaria angustifolia leaves extract].''Journal of Ethnopharmacology''. 10 dez 2009; 126(3):512-7</ref> No pinhão também estão presentes [[flavonóide]]s com poder [[antioxidante]]<ref>Giazzon, Ivana et alii. [http://hera.ucs.br:8080/ucs/tplJovensPesquisadores2009/pesquisa/jovenspesquisadores2009/trabalhos/poster/v_IvanaGiazzon.pdf ''Ação antioxidante de sementes de Araucaria angustifolia'']. Projeto Pinhão, Instituto de Biotecnologia da UCS.</ref> e uma [[lectina]] de ação [[anticonvulsivante]].<ref>Vasconcelos, Silvânia Maria Mendes et alii. [http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1525505009002881 Central action of Araucaria angustifolia seed lectin in mice].''Epilepsy & Behavior''. Volume 15, nº 3, jul 2009. pp. 291-293</ref> Na medicina caseira, atribui-se popularmente ao pinhão poderes de combate à [[azia]], [[anemia]] e debilidade do organismo. As folhas cozidas são usadas para combater a anemia e [[tumor]]es provocados por distúrbios [[sistema linfático|linfático]]s. A [[infusão]] da casca mergulhada em álcool é empregada para tratar "[[cobreiro]]s", [[reumatismo]], [[varizes]] e [[distensão muscular|distensões musculares]].<ref name="Angeli"/>
 
Da sua casca também se pode fazer uma beberagem fermentada de sabor agradável, e suas [[cinza]]s contêm grande quantidade de [[potassa]]. A sua [[resina]] pode ser [[destilada]] e se tornar fonte de [[alcatrão]], [[óleo]]s diversos, [[terebentina]], [[verniz]]es, [[acetona]], [[ácido pirolenhoso]] e [[Breu (burseráceas)|breu]], com muitas aplicações industriais.<ref name="Carvalho"/> As árvores jovens também são muito usadas como [[árvore de Natal]].<ref>Patro, Raquel. [http://www.jardineiro.net/br/banco/araucaria_angustifolia.php ''Pinheiro-do-paraná - Araucaria angustifolia'']. Jardineiro.net</ref>
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Estima-se que a floresta de araucária cobriria originalmente {{fmtn|200000|km²}}, tendo diminuído em 97% no último século. Além do corte da araucária para exploração da madeira, seu ecossistema compete em desvantagem com o avanço da fronteira agrícola, os [[reflorestamento]]s são poucos e a espécie perde {{fmtn|3400}} toneladas anuais de sementes para consumo alimentar humano. As populações do Paraguai não são produtoras de sementes, e na Argentina a floresta, que em 1960 tinha 210 000 ha, atualmente tem 1000 ha apenas.<ref name="iucn"/>
 
Um estudo encomendado pelo [[Ministério do Meio Ambiente]] em 2002 concluiu que ''"a floresta ombrófila mista está no fim e, se não for criada, imediatamente, uma série de unidades de preservação, corre-se um grande risco de perder esse ecossistema... Os raros remanescentes florestais nativos são de dimensões reduzidas, encontram-se isolados e com evidentes alterações estruturais"''. Outra pesquisa, realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina, mostrou uma perda de mais de 50% na variabilidade genética da espécie.<ref name="Campanili"/>
 
Em Santa Catarina, o único trecho onde as características estruturais da floresta ombrófila mista foram mantidas é [[Ponte Serrada]], com 7.947 hectares, correspondendo a 0,5% das matas naturais desse ecossistema. No Paraná estimativas de 2009 indicavam 0,8%, mas talvez esse número já esteja desatualizado, pois o ritmo de desmatamento é alto, como advertiu João Medeiros, diretor do Centro de Ciências Biológicas da [[Universidade Federal de Santa Catarina]].<ref name="Campanili"/> Em contrapartida, com as condições climáticas atuais, que estão causando um recuo nas áreas de campo no Sul e Sudeste do Brasil, as araucárias estão podendo colonizar novas áreas,<ref>Puchalski, Ângelo; Mantovani, Marcelo & Dos Reis, Maurício Sedrez. [http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr70/cap14.pdf Variação em populações naturais de Araucaria angustifolia (Bert.) O.Kuntze associada a condições edafo-climáticas]. ''Scientia Florestalis'', n. 70, p. 137-148, abril 2006. p. 145</ref> mas isso não é suficiente. A araucária está na lista de espécies ameaçadas do [[Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]] (IBAMA),<ref name="iucn"/> do [[Instituto de Botânica de São Paulo]]<ref>[http://www.ibot.sp.gov.br/pesquisa_cientifica/restauracao_ecologica/resolu%C3%A7%C3%A3o_%20sma48.pdf ''Resolução SMA 48 - Lista oficial das espécies da flora do Estado de São Paulo ameaçadas de extinção'']. Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, 22 de setembro de 2004.</ref> e da [[Fundação Biodiversitas]].<ref name="Biodiversitas"/> Figura na ''[[Lista Vermelha da IUCN|Lista Vermelha]]'' da [[União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais]] (IUCN) como espécie em perigo crítico de extinção.<ref name="iucn"/>
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[[Imagem:Pinheiro-do-Paraná.jpg|thumb|left|Bosque remanescente de araucárias em [[Almirante Tamandaré (Paraná)|Almirante Tamandaré]], no Paraná]]
 
Por outro lado, muitas áreas com perdas severas ainda podem ser recuperadas,<ref name="Basso"/> e de acordo com Yamaguchi atualmente existem inúmeros projetos visando ao reflorestamento e uso sustentável desse pinheiro,<ref name="Yamaguchi">Yamaguchi, Lydia Fumiko. [http://www.bv.fapesp.br/pt/dissertacoes-teses/1387/potencial-biflavonoides-araucaria-angustifolia-bert/ ''Potencial dos biflavonóides de Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze como antioxidantes e fotoprotetores'']. Universidade de São Paulo, 2004</ref> e é a espécie nativa mais estudada com vistas ao melhoramento e conservação de recursos genéticos por meio da formação de bancos de [[germoplasma]] ''in situ'' e ''ex situ''. Mas as conclusões sobre o melhoramento genético dessa espécie ainda são incertas.<ref name="BRDE"/>
 
Muitas instituições estão voltando sua atenção para a conservação da ''Araucaria angustifolia'', entre elas a [[Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná]] com o projeto "Conservação do Bioma com Araucária", em parceria com o Instituto Agroflorestal, o Instituto Ambiental do Paraná, a Polícia Florestal e as prefeituras municipais.<ref name="Thelma"/> Merecem destaque os trabalhos de pesquisa realizados pelo Laboratório de Ecologia Vegetal da [[Universidade do Vale do Rio dos Sinos]] (Unisinos), em colaboração com a [[Universidade Federal de Santa Maria]], produzindo a primeira descrição em grande escala dos padrões de regeneração natural das araucárias em florestas nativas.<ref>[[#De_Souza|De Souza]], p. 40</ref> Também são importantes as iniciativas da [[EMBRAPA]] e da [[Associação Ecológica de Canela]] (ASSECAN), em [[Canela]], atuando intensamente na proteção e conservação dos resquícios de Mata de Araucária.<ref name="Thelma"/>
 
===Proteção legal===
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[[Imagem:Cachoeira Itaimbezinho.jpg|thumb|200px|Grupo de araucárias à direita, sobre o ''canyon'' do [[Itaimbezinho]], no [[Parque Nacional de Aparados da Serra]]]]
 
A tendência recente tem sido a de proibir qualquer tipo de intervenção no bioma da araucária, mesmo na forma do manejo sustentável autorizado pela Constituição. Porém, a experiência tem demonstrado que se de um lado aumenta o rigor na interpretação da lei, sua aplicação pode se revelar inconsistente ou ineficaz, e a despeito da variada e vasta proteção sacramentada pela lei ainda ocorrem muitas violações e abusos. Na opinião de Paulo de Tarso Pires o problema é ainda mais complexo, dizendo que muitas dessas leis carecem de eficácia jurídica por serem construídas sobre vícios técnicos. Até os limites para exploração autorizados por lei podem estar favorecendo o desaparecimento da espécie, provocado perdas irreparáveis na [[biodiversidade]] da floresta e desestruturando muitos remanescentes florestais.<ref name="Pires">Pires, Paulo de Tarso de Lara. [http://www.universojuridico.com.br/publicacoes/doutrinas/1693/ALTERNATIVAS_JURIDICAS_PARA_A_PROTECAO_DAS_FLORESTAS_DE_ARAUCARIA ''Alternativas jurídicas para a proteção das florestas de araucária'']. Universo Jurídico: Doutrinas, 01/01/2003</ref> Basso diz que somente a lei não conseguirá evitar a extinção da espécie, é preciso que a sociedade adote uma nova consciência ambiental, em direção ao manejo sustentável e racional dos recursos naturais, então o seu fim poderá ser impedido.<ref name="Basso"/>
 
Entre as incongruências da política oficial, apesar de sua importância e de estar em estado de ameaça crítica, há poucas unidades de conservação para seu sensível ecossistema, e o próprio governo federal brasileiro aprovou a criação da [[Usina Hidrelétrica de Barra Grande]], na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, cujo lago inundou uma área de aproximadamente 8.140 hectares onde sobrevivia um dos mais bem preservados e biologicamente ricos fragmentos de floresta ombrófila mista do estado de Santa Catarina.<ref>Prochnow, Miriam. [http://www.apremavi.org.br/mobilizacao/barra-grande/ ''Dossiê Barra Grande'']. Apremavi - Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida. Acesso em 24 fev 2011</ref> As maiores reservas se encontram no [[Parque Nacional de São Joaquim]], com {{fmtn|49300}} hectares;<ref name="Campanili"/> no [[Parque Nacional das Araucárias]], com {{fmtn|12841|ha}};<ref>[http://www.apremavi.org.br/parna-das-araucarias-e-esec-da-mata-preta--projeto-pda/infos-do-parque-nacional-das-araucarias/ ''O Parque Nacional das Araucárias'']. Apremavi - Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida. Página visitada em 30-7-2010.</ref> no [[Horto Florestal (Campos do Jordão)|Horto Florestal de Campos do Jordão]], com 8 341 ha<ref>{{Citar web|url=http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-campos-do-jordao/|titulo=Parque Campos do Jordao - Sistema Ambiental Paulista - Governo de SP|acessodata=2016-03-03|website=www.ambiente.sp.gov.br}}</ref>; na [[Estação Ecológica da Mata Preta]], com {{fmtn|6563|ha}};<ref>Moretto, Samira Peruchi. [http://www.sepex.ufsc.br/anais_6/trabalhos/475.html Araucária: Símbolo de uma Era - o Parque Nacional das Araucárias e a Estação Ecológica da Mata Preta]. In: ''Anais da 6ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão'', Universidade Federal de Santa Catarina, 16 a 19 de maio de 2007</ref> ; na [[Floresta Nacional de Irati]], com {{fmtn|3495|ha}}, e na [[Reserva Florestal de Caçador|Reserva Florestal Embrapa/Epagri de Caçador]], com {{fmtn|1157.48|ha}}.<ref name="DataBase"/><ref name="reserva_epagri_01">{{citar web |url=http://marte.dpi.inpe.br/col/ltid.inpe.br/sbsr/2004/11.21.19.30/doc/1585.pdf|titulo=Diagnóstico da situação do entorno da Reserva Florestal Embrapa/Epagri de Caçador usando imagem de alta resolução Ikonos|autor=Gilberto Kurasz et al.|data=16 de abril de 2005|obra=Anais XII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto|publicado=|acessodata=17 de dezembro de 2011}}</ref> Os parques nacionais de [[Parque Nacional dos Aparados da Serra|Aparados da Serra]]<ref>De Oliveira, Etel et alii. [http://www.sul-sc.com.br/afolha/pag/aparatos2.htm ''Relatório de saída de campo ao Parque Nacional de Aparados da Serra'']. UNESC, 19/11/2000</ref> e do [[Parque Nacional do Iguaçu|Iguaçu]]<ref>Shimizu, Jarbas Y; Jaeger, Peterson & Sopchak, Simone A. [http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim41/shimizu.pdf Variabilidade genética em uma população remanescente de araucária no Parque Nacional do Iguaçu, Brasil]. ''Boletim de Pesquisa Florestal'', Embrapa, n. 41, jul./dez. 2000. p.18-36</ref> têm pequenas áreas de florestas com araucárias. Em parques municipais podemos citar o [[Parque Natural Municipal de Lages|Parque Natural Municipal da Costa Neto]], em [[Lages]],<ref>Klauberg, Carine ''et al.''. [http://www.biotemas.ufsc.br/volumes/pdf/volume231/35a47.pdf Florística e estrutura de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista no Planalto Catarinense]. ''Biotemas'', 23 (1): 35-47, março de 2010</ref>, [[Parque Natural Municipal das Araucárias]], em [[Guarapuava]] <ref>Machado, Fabíola Schützenberger; Da Costa, Andréa Carla & Caiut, José Aurélio A. [http://www.infotrilhas.com/congresso/trab_selecionados/progr_trabalhos.htm ''Proposta de monitoramento de impacto de visitantes no Parque Natural Municipal das Araucárias, Guarapuava - PR'']. I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 7 a 11 de novembro de 2006.</ref> e no [[Apiaí#Parque Natural Municipal Morro do Ouro|Parque Natural Municipal Morro do Ouro]] em [[Apiaí]].