Cacau: diferenças entre revisões

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{{Multitag|mnot|rec|data=novembro de 2014}}
{{Ver desambig}}
{{Nota:|Para outros significados, veja [[Cacau (desambiguação)]].}}
{{Info/Taxonomia
|cor = lightgreen
|reino = [[Plantae]]
|nome = Cacaueiro
|imagem = Cacaueiro - Pará 2015.jpg
|divisão = [[Magnoliophyta]]
|classe = [[Magnoliopsida]]
|ordem = [[Malvales]]
|família = [[Malvaceae]]
|subfamília = [[Sterculioideae]]
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|binomial_autoridade= [[Lineu|L.]]
}}
O '''cacaueiro''' (''Theobroma cacao),'' é a [[árvore]] [[Perenifólia|perenefólia]] que dá origem ao fruto chamado '''cacau'''.
 
Pertencente à família [[Malvaceae]], o cacaueiro é originário da chuvosa [[Bacia do rio Amazonas]], na [[América do Sul]].<ref name=":0">WOOD, G. A. R. History and development. In: WOOD, G. A. R; LASS, R. A; '''Cocoa'''. 4. ed.. Agawam: Blackwell Science. 1985. p. 1-10.</ref>. Em ambientes sombreados de floresta e sem poda humana, sua altura pode chegar a 20 metros, contudo, em condições de cultivo usualmente sua altura varia de 3 a 5 metros.<ref>MÜLLER, M. W.; GAMA-RODRIGUES, A. C. Sistemas Agroflorestais com cacaueiro In: VALLE, R.R, '''Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro'''. Brasilia: CEPLAC/CEPEC, 2012. p. 407-435.</ref>.
 
O cacau é a principal matéria-prima do [[chocolate]], feito por meio da torra e moagem das suas amêndoas secas em processo industrial ou caseiro. Outros subprodutos do cacau incluem sua polpa, suco, geleia, destilados finos e [[sorvete]].
 
== Origem do nome ==
[[FicheiroImagem:Theobroma cacao (cacau) open fruit.jpg|thumb|250px|Corte transversal de um cacau expondo seu interior, com suas sementes cobertas com mucilagem branca. </br>Foto por [[:commons:user:Rodrigo.Argenton|Rodrigo.Argenton]], parte do [[:meta:programa de ilustração|programa de ilustração]].]]
A civilização [[Maia]] e [[México|mexicana]] (principalmente a [[Asteca]]), de mesma raiz, possuía dois vocábulos (''kab'' e ''kaj'') que, numa mesma palavra, formavam a expressão suco amargo picante(''kabkaj'') um sabor bastante [[Pimenta|apimentado]]. Segundo [[História|historiadores]] e desenvolvedores da [[Geografia|geografia]] como o foi [[Américo Vespúcio]], do Novo Continente, o nome atual foi praticamente dado por [[Cristóvão Colombo]], apreciador do [[chocolate]] com gosto [[Pimenta|apimentado]], e foi um dos primeiros a levar o conhecimento ao Velho Mundo, espalhando a planta, por onde andava. Assim, a bebida originada deste suco era nomeada de ''kabkajatl'' (segundo [[Cristóvão Colombo]], onde as três últimas letras desta palavra significavam "líquido". Os espanhóis colonizadores tinham dificuldades de pronunciar a palavra e sempre colocavam um ''hu'' nas palavras dos índios [[México|mexicanos]]. Desta maneira, a palavra acabou transformando-se em ''kabkajuatl'' e, futuramente, pela ação popular, em ''cacauatl''.<ref name=Araquane>AQUARONE, Eugênio. et al. Biotecnologia Industrial. vol.IV. São Paulo: Blucher, 2001.</ref>
 
A ''cacauatl'' foi modificada pelos espanhóis, passando a ser tomada quente e com [[leite]] e [[açúcar]], basicamente, uma vez que se juntou muitos outros produtos para retirar o gosto [[Pimenta|apimentado]], que nem sempre é apreciado pelo consumidor comum. Recebeu, então, um novo nome: ''chacauhaa'' (chacau = quente; haa = bebida). Depois, houve confusão entre as palavras, das bebidas quente e fria, dando origem a palavra chocolate.<ref name="Araquane" />
 
== História ==
{{revisão|Esta seção|Brasil=sim|ciência=sim|data=fevereiro de 2017}}
{{revisão}}
O cacau é originário da bacia hidrográfica do rio Amazonas,<ref name=":0" /><ref>MÜLLER, M. W.; VALLE, R. R. Ecofisiologia do cultivo do cacaueiro . In: VALLE, R.R, '''Ciência, tecnologia e manejo do cacaueiro'''. Brasilia: CEPLAC/CEPEC, 2012. p.31-66.</ref>, tendo sido dispersado para as regiões tropicais da América Central e Norte.<ref name=":0" />.
 
O cacau era considerado pela civilização [[maia]], por ser uma fruta apimentada, um alimento que deveria ser ingerido com "parcimônia e elegância" <sup>referência?</sup>,{{carece de fontes|data=fevereiro de 2017}} devido ao seu sabor amargo; e era dado, diretamente pelos [[deuses]] aos homens; antes de [[Cristóvão Colombo]], era consumido apenas pelos [[Sacerdote]]s da e para a '''[[Ente|Entidade]] [[Sol]] <sup>referência?</sup>'''.{{carece de fontes|data=fevereiro de 2017}} E, de tão importante, virou até moeda de troca o "Cacau" ou "Solaris" (outro nome da mesma moeda). Nessa época, no Brasil colonial, primeiramente e depois com a exportação, a partir de 1808, para toda a [[América Latina]], pois [[Maria I de Portugal|Maria I]] de Portugal, Brasil e Além-Mar aceitava essa "quase-moeda", o "cacau" e/ou "solaris" (casa do sol), como [[crédito]]. Não se fazia o cacau o que conhecemos hoje como [[Chocolate]]. Fazia-se uma bebida de sabor amargo - apimentado, com as sementes torradas e moídas misturadas com água, "semelhante ao preparo do cafezinho", da forma de Cristóvão Colombo), que muitas vezes acrescentava o [[café]] à bebida apimentada sagrada dos mexicanos. Segundo alguns estudiosos, atualmente acrescenta-se a pimenta ao chocolate, para voltar ao sabor de antigamente.
 
Nos nossos dias, o chocolate movimenta globalmente uma economia de 60 bilhões de dólares/ano, enquanto os produtores de cacau ficam apenas com 3,3% da renda gerada.
 
No Brasil, ele foi cultivado primeiramente na [[Amazônia]], onde já existia em estado natural, próximo ao clima do [[México]], devido ao [[rio Amazonas]]. Depois, pelo rio Amazonas, passou para o [[Pará]] e pelo mar chegou finalmente à Bahia, onde melhor se adaptou ao solo e ao ambiente marinho, e causou o chamado "Boomboom" da época de 1930.
 
== Reprodução ==
[[FicheiroImagem:Theobroma cacao2.jpg|miniaturadaimagem|250px|Flores de cacaueiro]]
O cacaueiro é uma planta de clima quente e úmido que prefere o solo argilo-arenoso .Esta árvore possui duas fases de produção de frutos: temporão (março a agosto) e safra (setembro a fevereiro).<ref name="eol">{{Citar web|url=http://eol.org/pages/484592/overview|acessodata=15 de junho de 2015|autor=Encyclopedia of Life|título=Theobroma cacao}}</ref> Sua propagação se dá por [[semente]]s (seminal/sexuada) e de forma vegetativa (assexuada). Por ser uma planta tolerante à sombra, vegeta bem em sub-bosques e matas raleadas sendo, portanto, uma cultura extremamente conservacionista de solos, fauna e flora. Pouco mecanizada, é uma cultura que proporciona um alto grau de geração de emprego. Encontrou no sul da [[Bahia]] um dos melhores solos e clima para a sua expansão.
 
== Cultivo econômico ==
{{Principal|Cacauicultura}}
O cacau é cultivado em cerca de 17 milhões de hectares em todo o mundo.<ref>[http://findarticles.com/p/articles/mi_m1134/is_6_112/ai_105371465/pg_3/ CBS Interactive Business Network]</ref> A produção somada de [[Costa do Marfim]] e [[Gana]] representa 60% da oferta global.<ref name=REUTERS-11-ABR-2014>{{citar web |url=http://www.reuters.com/article/2014/04/11/us-cocoa-gold-westafrica-insight-idUSBREA3A0DP20140411 |título=Gold rush threatens West Africa's cocoa future |acessodata=11 de abril de 2014 |autor=Loucoumane Coulibaly |coautores=Joe Bavier |data=11 de abril de 2014 |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=Reuters |páginas= |língua= |língua2=en |língua3= |lang= |citação= }}</ref> De acordo com a [[Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura|FAO]], os dez maiores produtores mundiais em 2005<ref>[{{Citar web|url=http://www.fao.org/es/ess/top/commodity.html?lang=en&item=661&year=2005|titulo=ESS FAOWebsite ESS : Statistics home|acessodata=2017-02-08|obra=www.fao.org]|lingua=en}}</ref> foram:
 
{| class="wikitable"
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! Posição, País
! Valor<br />(Int'l $1,000*){{Nota de rodapé|Baseado nos preços internacionais no triênio 1999–2001.}}
! Produção<br />(toneladas métricas)
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| 42.500
|}
<nowiki>*</nowiki>Baseado nos preços internacionais no triênio 1999–2001
 
O Estadoestado da Bahia produz atualmente cerca de 95% do cacau do Brasil (país cuja produção corresponde a mais ou menos 5% da mundial, sendo a [[Costa do Marfim]] o maior produtor do planeta, com aproximadamente 40% do total).
 
== Trabalho escravo ==
A [[Costa do Marfim]] é o maior produtor de cacau do mundo, chegando a contribuir com 41% do mercado global .<ref>{{Citar web|url=http://www.ceplac.gov.br/radar/mercado_cacau.htm|titulo=Mercado de Cacau|acessodata=2017-02-08|obra=www.ceplac.gov.br}}</ref>. Em suas plantações ocorre uso de mão de obra [[escravidão|escrava]] e infantil, mais modernamente, uma vez que antigamente (1808 - 1930), na época da riqueza e do "Cacau", era toda assalariada e [[consumidor]]a do [[produto]] que plantavam, seus [[Propaganda|propagandistas]], segundo Dona [[Maria II de Portugal|Maria I]] de [[Brasil]], [[Portugal]] e Além - [[Mar]]. As grandes companhias produtoras de chocolate chegaram a assinar em 2001 um termo onde se comprometiam a extinguir o uso deste tipo de mão de obra nos cacauzeiros até 2008. No entanto o prazo não foi cumprido, e segundo denúncias em 2010 ainda eram utilizados em larga escala.<ref>[http://www.imdb.com/title/tt1773722 www.imdb.com/title/tt1773722]</ref> Autoridades locais e organizações internacionais têm dedicado atenção ao tema desde então.
 
== Cacau e Conservaçãoconservação ==
==== Cacau Cabrucacabruca ====
 
==== Cacau Cabruca ====
Por ser plantado por mais de 200 anos, no Estado da Bahia, à sombra da [[floresta]], o cultivo do cacaueiro foi responsável pela conservação de grandes corredores de [[mata atlântica|Mata Atlântica]]. Este sistema de cultivo é conhecido como "cacau cabruca", corruptela do termo "brocar" (ralear). Nele, o sub-bosque da mata é "brocado" (removido) e substituido por mudas de cacaueiro, tradicionalmente plantadas aleatoriamente. As mudas crescem e passam a produzir seus frutos sob a proteção do vento e sombra das árvores da Mata Atlântica.
 
Em um levantamento realizado em cabrucas por Lobão,<ref>LOBÃO, D. E. '''Agrossistema cacaueiro da Bahia''': Cacau cabruca e fragmentos florestais na conservação de espécies arbóreas. Tese (Doutorado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Jaboticabal, 2007. p.108.</ref> em 2007 no sul baiano, foram encontradas integradas ao sistema cacau-cabruca espécies de árvore consideradas raras, como o jequitibá-rosa (''Cariniana legalis''), o pau-brasil (''Caesalpinea echinata''), que é uma espécie ameaçada de extinção<ref>VARTY, N. Caesalpinia echinata - '''The IUCN Red List of Threatened Species'''. 1998. Version 2014.1. Disponível em: <www.iucnredlist.org>. Acessado em: 25/07/2014.</ref> <ref>BRASIL, IBAMA. '''Instrução normativa Nº06 de 23 de Setembro de 2008'''. Disponível em: <nowiki>http://www.ibama.gov.br</nowiki>. Acesso em 25/06/2014.</ref>, e a gameleira (''Ficus gomelleira''), que é uma espécie de importância sócio-ecológica, já que seus ramos jovens servem de alimento à preguiças e práticas religiosas afro-brasileiras estão associadas a ela.<ref>RASHFORD, J. Candomblé’s Cosmic Trees and Brazilian Ficus species In: VOEKS, R. (ed.); RASHFORD, J (ed.). '''African Ethnobotany in the Americas'''. Springer New York. 2013. p. 311.</ref>. É digno de nota o fato de que maior jequitibá-rosa de que se tem notícia atualmente foi encontrado em um sistema cacau cabruca na região cacaueira da Bahia.<ref>MANSUR, A. ÉPOCA – Blog do Planeta'''. Floresatas de cacau preservam o maior jequitibá do Brasil'''. 2014. Disponível em <<nowiki>http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2014/02/florestas-de-cacau-preservam-o-maior-jequitiba-do-brasil.html</nowiki>></ref>.
 
Recentemente, foi criado o Instituto Cabruca que, junto com outras instituições ambientalistas, vem desenvolvendo projetos de pesquisas e extensão sobre o tema, estudando formas de manter essa vegetação nativa associada ao cacau.
[[FicheiroImagem:Theobroma cacao MHNT.BOT.2004.0.204.jpg|thumb|''Theobroma cacao'' - [[MHNT]]]]
 
== Cacau na mídia ==
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* A telenovela [[Gabriela (2012)|Gabriela]] também mostra a cultura do cacau.
 
{{Notas e referências}}
{{Referências}}
 
== Ligações externas ==
{{Commons|Theobroma cacao}}
* {{Link||2=[http://www.ceplac.gov.br |3=CEPLAC}}]
* {{Link||2=[http://www.lge.ibi.unicamp.br |3=Laboratório de Genômica e Expressão - UNICAMP}}]
* {{Link||2=[http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=125891 |3=Chocolate da Mata Atlântica}}]
* {{Link|en|2=http://r0.unctad.org/infocomm/anglais/cocoa/market.htm#gha |3=Gráficos sobre a produção mundial de cacau}}
* {{Link||2=[http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=219059 |3=Seqüestrar carbono devolvendo-o à sociedade sob a forma de chocolate.}}]
* {{Link|en|2=http://www.worldwatch.org/node/1700 |3=WWI-Worldwatch Institute - Venture Capitalism for a tropical forest}}
* {{Link|en|2=http://www.ucs.louisiana.edu/~khh6430/cacao.html |3=''Theobroma cacao'' (University of Louisiana)}}
* {{Link|en|2=http://www.hort.purdue.edu/newcrop/duke_energy/Theobroma_cacao.html |3=''Theobroma cacao'' (Purdue University)}}
* {{Link|en|2=http://www.botany.wisc.edu/greenhouse/Roomeight-Th.html |3=''Theobroma cacao'' (University of Wisconsin-Madison)}}
* {{Link||2=[http://www.ifcmarkets.com/pt/market-data/COCOA |3=Preços do cacao}}]
 
{{Portal3|Botânica}}
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[[Categoria:Theobroma]]
[[Categoria:Flora da Amazônia]]
[[Categoria:Agricultura na Bahia]]