Akira Kurosawa: diferenças entre revisões

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Durante os seus cinco anos como diretor assistente, Kurosawa trabalhou com inúmeros diretores, mas a figura mais importante para o seu desenvolvimento, de longe, era Kajiro Yamamoto. De seus 24 filmes como diretor-assistente, ele trabalhou em 17 sob a supervisão de Yamamoto, muitos deles [[comédia]]s encenadas pelo popular [[ator]] [[Kenichi Enomoto]], conhecido como "Enoken."<ref>{{Harvnb|Galbraith|pp=652–658 }}</ref> Yamamoto cultivou o talento de Kurosawa, promovendo-o diretamente de terceiro diretor assistente para diretor assistente chefe depois de um ano.<ref>{{Harvnb|Galbraith|pp=29–30}}</ref> A responsabilidade de Kurosawa aumentou, e ele trabalhava em tarefas como construção de [[cenário]]s e desenvolvimento de filmes, [[locação]] de cenários, revisão de [[script]], ensaios, iluminação, [[dublagem]], edição, [[montagem]] e sub-direção.<ref>{{Harvnb|Goodwin|1994|p=40}}</ref> No último filme de Kurosawa como diretor assistente, ''Horse'' (''Uma'', 1941), Kurosawa cuidou da maior parte da produção, visto que Yamamoto estava ocupado com as filmagens de outro filme.<ref>{{Harvnb|Galbraith|p=35}}</ref>
 
Um importante conselho que Yamamoto deu a Kurosawa foi que um bom diretor precisava dominar a prática de escrever [[roteiro]]s.<ref>{{Harvnb|Kurosawa|1983|p=103}}</ref> Kurosawa logo percebeu que os ganhos potenciais de seus roteiros eram muito mais altos do que ele ganhava como diretor assistente.<ref>{{Harvnb|Goodwin|1994|p=42}}</ref> Kurosawa, mais tarde, iria escrever ou co-escrevercoescrever todos os seus próprios filmes. Ele também frequentemente redigia roteiros para outros diretores. Esses roteiros extras serviriam para Kurosawa como uma alternativa lucrativa que durou bem até a [[década de 1960]], depois que ele se tornou mundialmente famoso.<ref>{{citar web|url=http://www.imdb.com/name/nm0000041/#writer |titulo=Akira Kurosawa |accessodata=9 de agosto de 2010}}</ref><ref>{{Harvnb|Galbraith|pp=658–707}}</ref>
 
===Filmes de Guerra e seu casamento (1942–1945)===
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''[[Yoidore tenshi]]'' é frequentemente considerado a primeira grande obra do diretor. Apesar de o roteiro, assim como todos os trabalhos de Kurosawa dos tempos da ocupação, ter sido forçado a ser reescrito devido à censura americana, Kurosawa sentiu que este foi o primeiro filme no qual ele conseguiu se expressar livremente. É uma história realista de um [[médico]] que tenta salvar um gangster ([[yakuza]]) com [[tuberculose]]. Este foi também o primeiro filme do diretor com Toshiro Mifune, que iria interpretar papéis importantes em todos os dezesseis próximos filmes do diretor, exceto um (''Ikiru''). Apesar de Mifune não ter sido escalado como protagonista em ''Yoidore tenshi'', sua performance explosiva como o ganster dominou tanto o filme que ele desviou o foco do personagem principal, o médico alcoólatra interpretado por [[Takashi Shimura]], que já tinha aparecido em alguns filmes de Kurosawa.
 
Entretanto, Kurosawa não queria abafar a imensa vitalidade do jovem ator, e o personagem rebelde de Mifune conquistou o público do mesmo jeito que a postura desafiadora de [[Marlon Brando]] iria arrebatar o público alguns anos depois. O filme estreou em Tóquio em abril de 1948: aclamado pela crítica e, foi escolhido pelo grupo de críticos da prestigiosa [[Kinema Junpo]] como o melhor filme do ano, o primeiro dos três filmes de Kurosawa a receber essa honra.<ref>{{Harvnb|Kurosawa|1983|pp=161–164}}</ref><ref>{{Harvnb|Bock|p=169}}</ref><ref>{{Harvnb|Galbraith|pp=94–97}}</ref><ref>{{Harvnb|Richie|1999|pp=47–53}}</ref>
 
Akira Kurosawa, com o produtor Sojiro Motoki e seus amigos e diretores companheiros Kajiro Yamamoto, [[Mikio Naruse]] e [[Senkichi Taniguchi]], formaram uma nova produtora independente chamada Eiga Geijutsu Kyōkai (Associação de Artes Cenográficas). Como obra de estreia dessa organização, e primeiro filme dos Estúdios Daiei, Kurosawa escolheu uma [[peça de teatro]] contemporânea escrita por Kazuo Kikuta e, junto com taniguchiTaniguchi, adaptou-a para as telas. Em ''[[Shizukanaru ketto]]'', Toshiro Mifune estrelou como um médico jovem idealista lutando contra a [[sífilis]], uma tentativa deliberada feita por Kurosawa de não deixar o ator muito marcado com o papel de gangstergângster. Lançado em março de 1949, foi um sucesso de bilheteria, mas é geralmente considerado um dos trabalhos menos empolgantes do diretor.<ref>{{Harvnb|Kurosawa|1983|pp=168–169}}</ref><ref>{{Harvnb|Richie|1999|pp=54–57}}</ref><ref>{{Harvnb|Galbraith|pp=100–104}}</ref><ref>{{Harvnb|Yoshimoto|pp=140–146}}</ref>
 
Seu segundo filme, de 1949, que também foi produzido pela Associação de Artes Cinematográficas e lançado pela Shintoho, foi ''[[Cão Danado]]''. A mais célebre das obras de Kurosawa desse período, é um filme de detetive (talvez o primeiro filme japonês importante desse gênero) que explora o ambiente do Japão durante a recuperação dolorosa do pós-guerra através da história de um jovem detetive, interpretado por Mifune, e sua obsessão por sua pistola, roubada por um jovem pobre que a usa para roubar e matar. Adaptado de um romance não publicado de Kurosawa, com estilo de um de seus escritores favoritos, [[Georges Simenon]], foi a primeira colaboração do diretor com o roteirista Ryuzo Kikushima, que mais tarde ajudaria a escrever o roteiro de outros oito filmes de Kurosawa. Uma sequência famosa e sem palavras, que dura mais de oito minutos, mostra o detetive disfarçado como um veterano empobrecido, vagando pelas ruas à procura do ladrão de sua arma; ele empregava vídeos de documentários reais de bairros de Tóquio devastados, filmados pelo amigo de Kurosawa, [[Ishiro Honda]], o futuro diretor de ''Gojira'' (também conhecido como ''[[Gojira (filme de 1954)|Godzilla]]'').<ref>{{Harvnb|Kurosawa|1983|pp=172–177}}</ref><ref>{{Harvnb|Galbraith|pp=108–115}}</ref><ref>{{Harvnb|Richie|1999|pp=58–64}}</ref>