Luís de Camões: diferenças entre revisões

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Na escassa correspondência autógrafa que sobreviveu esse interesse está declarado explicitamente. Na ''Carta III'' ele narrou a um amigo o hábito das alcoviteiras de Lisboa, que traziam ''"sempre aparadas as palavras para falar com quem se preze disso, cousa que eu tenho por grande trabalho"''. Notou o desprezo de que o falar rústico dos camponeses era objeto e deu uma pitoresca descrição do [[Poliglota|poliglotismo]] que encontrou vigorando em um prostíbulo: ''"Deste dilúvio houveram algumas damas medo e edificaram uma torre de Babilónia, onde se acolheram; e vos certifico que são já as línguas tantas que cedo cairá, porque ali vereis mouros, judeus, castelhanos, leoneses, frades, clérigos, solteiros, moços e velhos (sic)"''. Na ''Carta II'' o poeta descreveu a linguagem das moças da Índia, que de tão rude lhe esfriava o ânimo romântico: ''"Respondem-vos uma linguagem meada de ervilhaca, que trava na garganta do entendimento, a qual vos lança água na fervura da mor quentura do mundo"''.<ref>[http://books.google.es/books?hl=pt-BR&lr=&id=RmDAZBh3Ze4C&oi=fnd&pg=PA365&dq=camoes+castelhano&ots=m1FKJAqjaZ&sig=mC8WcrVOs6lsz7SvjDldj-ZR7H8#v=onepage&q&f=false Verdelho, p. 367]</ref>
 
O seu linguajar literário foi sempre reconhecido como erudito; Faria e Sousa já dissera que Camões não escrevera para ignorantes. A influência do seu modelo repercutiu profundamente sobre a evolução da língua portuguesa pelos séculos seguintes, e durante muito tempo foi um padrão ensinado nas escolas e academias, mas Verdelho considera-o mais próximo da fala de comunicação quotidiana moderna em Portugal do que o português usado, por exemplo, pelos escritores lusos do Barroco ou mesmo por alguns autores contemporâneos. Para o pesquisador a linguagem de Camões mantém uma notável proximidade entre os códigos linguísticos e os códigos poéticos, dando-lhe uma transparência e legibilidade únicas, sem que isso implique um ofuscamento das suasLuís de Camões
fontes clássicas, italianas e espanholas, ou uma redução na sua complexidade e refinamento, prestando-se a elaboradas análises. Cabe notar que se deve a Camões a introdução de uma quantidade de latinismos na linguagem corrente, tais como ''aéreo, áureo, celeuma, diligente, diáfano, excelente, aquático, fabuloso, pálido, radiante, recíproco, hemisfério'' e muitos outros, prática que ampliou significativamente o léxico do seu tempo.<ref>[http://books.google.es/books?hl=pt-BR&lr=&id=RmDAZBh3Ze4C&oi=fnd&pg=PA365&dq=camoes+castelhano&ots=m1FKJAqjaZ&sig=mC8WcrVOs6lsz7SvjDldj-ZR7H8#v=onepage&q&f=false Verdelho, pp. 368-373]</ref> Baião o chamou de um revolucionário em relação à língua portuguesa culta de sua geração,<ref>Baião, José Geraldo Pereira. [http://www.filologia.org.br/revista/ ''O Arauto do Atraso'']. IN ''Revista Philologus''. Ano 13, n° 39, s/pp.</ref> e Paiva analisou algumas das inovações linguísticas trazidas por Camões dizendo:
 
::''Os Lusíadas constituem um testemunho de primeira importância sobre uma mudança (linguística) em curso na época. Camões não se revela apenas como um homem do seu tempo cuja linguagem reflecte a variedade padrão, sobre a qual o corpus metalinguístico quinhentista fornece uma informação específica ao nível da consciência, da práxis escritural e da dimensão normativa. O aumento da amplitude da variação que o texto acusa não é só inerente à diversificação dos conteúdos, à pluralidade de vozes e à policromia de cambiantes. Camões ... identifica a tendência que prevalecerá no futuro, e extrai, daquilo que intui na língua, consequências detectáveis no plano da criação estética.'' <ref>[http://74.125.155.132/scholar?q=cache:H8TnIwZXgucJ:scholar.google.com/+camoes+lingu%C3%ADstica&hl=pt-BR&lr=&as_sdt=2000&as_vis=1 Paiva, p. 329]</ref>