Araucária: diferenças entre revisões
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[[Imagem:Sdohdshjh239823893 027.jpg|thumb|225px|Detalhe da disposição radial da copa]]
[[Imagem:Araucaria angustifolia3.jpg|thumb|Detalhe do tronco, com a casca rugosa típica]]
O [[Género (biologia)|gênero]] ''Araucaria'' fazia parte da [[flora]] terrestre já no período [[Triássico]] e encontrou seu apogeu no [[Gondwana]];<ref name="Koehler"><span class="citation" id="Koehler2009">Koehler, Alexandre Bernardi. [http://www.floresta.ufpr.br/pos-graduacao/defesas/pdf_dr/2009/t267_0296-D.pdf ''Modelagem biométrica e morfometria em povoamentos jovens de Araucaria angustifolia (Bert.) Ktze., em Tijuca do Sul, Estado do Paraná'']. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2009. p. 4. Tese de Pós-Graduação em Engenharia Florestal.</span></ref> hoje é restrito ao [[Hemisfério Sul]] e compreende 19 [[espécie]]s.<ref name="Angeli"/> A espécie ''Araucaria angustifolia'' se originou no início do período [[Jurássico]], há 200 milhões de anos, e sua ocorrência primitiva diverge bastante da atual, sendo encontrados [[fósseis]] no [[Nordeste brasileiro]].<ref name="Angeli"/> Sua expansão para o sul é recente, ocorrendo durante o [[Pleistoceno]] tardio e [[Holoceno]] inicial, possivelmente resultado de uma [[mudança climática]] e de migrações de floras refugiadas nos vales das serras através dos cursos dos rios.<ref>Müller-Starck, Gerhard & Schubert, Roland. [http://books.google.com/books?id=pdin2FGEHHoC&pg=PA94 ''Genetic response of forest systems to changing environmental conditions'']. Springer, 2001. p. 94</ref><ref>
Foi descrita inicialmente como ''Columbea angustifolia'' por [[Giuseppe Bertolini|G. Bertolini]] em 1819; ''Araucaria brasiliana'' por [[Achille Richard|A. Richard]], em 1822.<ref name="DataBase"/> Hoje sua denominação oficial é ''Araucaria angustifolia'' (Bertol.) [[Carl Ernst Otto Kuntze|O. Kuntze]] 1898, e sua descrição foi publicada na sua ''Revisio Generum Plantarum''. Seu nome genérico deriva de [[Arauco (província)|Arauco]], uma região do [[Chile]], e seu nome específico é uma palavra latina significando "folha estreita".<ref name="Carvalho">Carvalho, Paulo Ernani Ramalho; Medrado, Moacir José Sales & Hoeflich, Vitor Afonso. [http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Araucaria/CultivodaAraucaria/01_taxonomia.htm ''Cultivo do pinheiro-do-paraná'']. Embrapa Florestas, Sistemas de Produção, 7. Versão Eletrônica, Jan./2003</ref> Pertence à ordem [[Coniferae]], classe [[Coniferopsida]], família [[Araucariaceae]].<ref name="Angeli"/> A espécie ''Araucaria angustifolia'' se ramifica em 9 subespécies: ''elegans, sancti josephi, angustifolia, caiova, indehiscens, nigra, striata, semi-alba'' e ''alba''.<ref name="Angeli"/>
Popularmente é conhecida como pinheiro-do-paraná, pinheiro-brasileiro, araucária, paraná, pinheiro-branco, pinheiro-chorão, curiúva, pinheiro-elegante, pinheiro-de-ponta-branca, pinheiro-preto, pinheiro-rajado, pinheiro-são-josé, pinheiro-macaco, pinheiro-caiová, pinheiro-das-missões. Os índios a chamavam ''curi''; no comércio internacional, chamam-na de ''Brazilian pine'' ou ''Paraná pine''.<ref name="Carvalho"/><ref name="Angeli"/><ref>Campos, José María & Caribé, José. [http://books.google.com/books?id=4z5m7SW_4AsC&pg=PA105 ''Plantas que ajudam o homem: um guia prático para a época atual'']. Pensamento, 2002. p. 105</ref><ref>
== Características gerais==
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::''"A dinâmica populacional da araucária está fortemente relacionada com o processo de sucessão das Matas de Araucária. A araucária é uma espécie emergente e marcadora da fisionomia da vegetação. Esta espécie, ao colonizar áreas abertas ou de campo, cria condições que facilitam o recrutamento de outras espécies vegetais por meio de sombreamento dado por sua copa. Assim, sob estas desenvolvem-se outras espécies arbóreas e herbáceas formando um sub-bosque. Até este estágio de sucessão, indivíduos jovens de araucária podem ser observados. Com o pleno desenvolvimento do sub-bosque, somente indivíduos adultos de araucária são encontrados formando o extrato superior do dossel, porque as condições de sombreamento impedem o recrutamento de novos indivíduos desta espécie"''.<ref name="Thelma"/>
A estratégia de regeneração das araucárias, que combina a dependência de ambientes abertos e bem iluminados com uma longevidade muito alta, as caracteriza como pioneiras de vida longa.<ref>{{citar periódico|ultimo = Souza|primeiro =AF |titulo = Ecological interpretation of multiple population size structures in trees: The case of Araucaria angustifolia in South America|jornal = Austral Ecology|doi = 10.1111/j.1442-9993.2007.01724.x|url = https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/docente/producao.jsf?siape=1837921
As araucárias tem uma forte atuação no processo de nucleação.<ref>{{citar periódico|ultimo = Duarte|primeiro = LS|titulo = Role of nurse plants in Araucaria Forest expansion over grassland in south Brazil|jornal = Austral Ecology|doi = 10.1111/j.1442-9993.2006.01602.x
Em uma floresta primária são encontrados de cinco a 25 exemplares por hectare.<ref name="Carvalho" /> Mesmo sendo exclusiva da floresta ombrófila mista, a araucária também ocorre em áreas de transição para a [[floresta estacional semidecidual]] e a [[floresta ombrófila densa]]. Está frequentemente associada a outras espécies vegetais, principalmente dos gêneros ''[[Ilex]], [[Podocarpus]]'',<ref name="Angeli" /> ''[[Alchornea]], [[Cordia]], [[Jacaratia]], [[Ocotea]], [[Patagonula]]'' e ''[[Peltophorum]]'', os [[feto arbóreo|fetos arbóreos]] ''[[Alsophila]]''<ref name="Andersson" /> e ''[[Dicksonia]]''.<ref name="Joffe" />
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Entre outros animais que se beneficiam das sementes estão [[quati]]s, [[paca]]s, [[bugio]]s, [[ouriço]]s, [[camundongo]]s, [[esquilo]]s, [[besouro]]s e [[formiga]]s.<ref name="Angeli"/><ref name="Joffe">Joffe, Isabela Antunes. [http://www.mundoverde.com.br/BibliotecaArtigoDetalhe.asp?Id_Artigo=1593 ''Sustentabilidade: Natal Verde'']. Mundo Verde e Informativo</ref> Dá substrato para mais de 50 espécies de [[epífitas]], entre [[plantas vasculares]], [[musgos]] e [[líquen]]s,<ref name="Boelter"/><ref>Fleig, Mariana & Grüninger, Werner. ''Líquens da Floresta com Araucária no Rio Grande do Sul''. EDIPUCRS, 2008. pp. 7-26</ref> e abrigo para os ninhos de 23 espécies de formigas.<ref>Ketterl, J. et alii. Spectrum of ants associated with Araucaria angustifolia trees and their relations to. In ''Studies on Neotropical Fauna and Environment''. Volume 38, nº 3, 2003. pp 199-206</ref> Mantém além disso importantes associações [[Mutualismo (biologia)|mutualísticas]] com cerca de 15 espécies de [[fungos]] sob a forma de [[micorriza]]s, que facilitam a absorção de nutrientes. Os gêneros fúngicos mais encontrados, segundo Zandavalli, Stürmer & Dillenburg, são o ''[[Acaulospora]]'' e ''[[Glomus]]''.<ref>Zandavalli, Roberta Boscaini; Stürmer, Sidney Luiz & Dillenburg, Lúcia Rebello. [http://www.ibot.sp.gov.br/publicacoes/hoehnea/vol35/hoehnea35(1)artigo03.pdf Species richness of arbuscular mycorrhizal fungi in forests with Araucaria in Southern Brazil]. In: ''Hoehnea'' 35(1): 63-68, 2 tab., 2008</ref>
Segundo um estudo realizado por Maack em 1968, a área original de ocorrência da araucária representava 36,67% da área do estado do [[Paraná]] (ou {{fmtn|73088.75|km²}}), 60,13% do estado de [[Santa Catarina]] (ou {{fmtn|57331.65|km²}}), 24,6% da área do estado de [[São Paulo]] (ou {{fmtn|53613.23|km²}}) e 17,38% do estado do [[Rio Grande do Sul]] (ou {{fmtn|48967.89|km²}}).<ref name="Da Silva, Helton Damin">Da Silva, Helton Damin et alii. [http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim43/silva.pdf Recomendação de solos para Araucaria angustifolia com base nas suas propriedades físicas e químicas]. In: ''Boletim de Pesquisa Florestal'', Embrapa, n. 43, jul./dez. 2001. p. 63</ref> Está em perigo, pois vem tendo seu ecossistema reduzido e sendo excessivamente explorada, muitas vezes de forma ilegal. Relativamente poucas iniciativas de reflorestamento são realizadas com esta espécie, cujas populações e áreas de ocorrência vêm se reduzindo em pelo menos 50% nos últimos 10 anos.<ref name="Biodiversitas">
A grande redução na população de araucárias ameaça de [[extinção]] não só sua própria espécie, mas muitos outros organismos a ela intimamente associados, como a [[canela-sassafrás]] (''Ocotea pretiosa''), a [[canela-preta]] (''Ocotea catarineneses''), a [[imbuia]] (''Ocotea porosa''), o [[xaxim]] (''Alsophila setosa''), a gralha-azul (''Cyanocorax caeruleus''), o [[macuco]] (''Tinamus solitarius''), os [[inhambu]]s do gênero ''Crypturelus'', a [[Jacutinga (ave)|jacutinga]] (''Pipile jacutinga'')<ref name="Campanili">Campanili, Maura. [http://eptv.globo.com/emissoras/emissoras_interna.aspx?271744 ''SOS Mata de Araucária - A mais bela e imponente árvore do Sul do Brasil ainda tem alguma chance'']. EPTV.com, 21/09/2009 - 18:38</ref> e grande número de epífitas, entre muitos outros.<ref name="Boelter">Boelter, C.R. & Fonseca, C.R. Abundância, riqueza e composição de epífitos vasculares em florestas com araucária e monoculturas arbóreas. In: ''Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil'', 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu - MG / Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, Laboratório de Interação Animal-Planta, pp. 1-2</ref>
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As sementes precisam de quatro anos para completar o amadurecimento. As pinhas maduras caem dos galhos entre maio e agosto, quando rebentam e esparramam as sementes do interior em um raio de até 80m em torno da árvore. A disseminação complementar se dá através de animais, que se alimentam delas e as transportam para outros locais.<ref name="Carvalho"/><ref name="Andersson"/> A árvore dá suas primeiras pinhas com 12 a 15 anos, quando em plantios, mas na natureza só inicia a reprodução, de acordo com Angeli, aos 20 anos.<ref name="iucn"/><ref name="Angeli"/> Uma árvore dá em torno de 40 pinhas ao ano, podendo chegar até a 200.<ref name="Carvalho"/>
Apesar da crença popular de que as araucárias produzem safras abundantes de sementes de forma cíclica, com intervalos de dois a três anos entre grandes safras<ref>{{citar livro|título = O pinheiro brasileiro|sobrenome = Mattos|nome = J.R|edição = 2|local = Lages|editora = Artes Gráficas Princesa|ano = 1994
As sementes germinam logo após o contato com a terra, o que devem fazer, pois sua viabilidade é de apenas seis semanas e se permanecerem expostas sobre o solo por muito tempo serão quase certamente devoradas. Apenas 0,05% das sementes sobrevive e germina. O broto assim que nasce lança um longa raiz pivotal,<ref name="Angeli"/><ref name="Andersson"/> por isso sua preferência por solos profundos. A profundidade é mais importante do que as características químicas do solo para seu crescimento,<ref>Da Silva et alii, p. 64</ref> mas solos pobres também a prejudicam severamente, a ponto de obrigarem a planta a permanecer com baixa altura e a assumir sua forma senil umbeliforme antes dos 20 anos.<ref>[[#Koehler2009|Koehler, 2009]], p. 9</ref> Sanquetta & Netto afirmam que em áreas de solo raso ou com pedregulho em quantidade, ou de [[lençol freático]] próximo da superfície, as raízes atrofiam e morrem antes dos 5 anos de idade.<ref name="Carvalho"/>
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Durante a [[Primeira Guerra Mundial]], entravado o comércio com a Europa, a araucária passou a abastecer o mercado interno e o argentino, multiplicando-se as serrarias, que se deslocavam à medida que os pinheirais de cada local se esgotavam. Depois da guerra foi melhorado o sistema de transporte, introduzindo-se o caminhão, livrando a indústria madeireira da dependência exclusiva da estrada de ferro e tornando a derrubada descontrolada em todos os estados da [[Região Sul do Brasil]]. Na [[Segunda Guerra Mundial]] a madeira de araucária liderou as exportações do Paraná e foi importante no processo de [[industrialização]] de outros estados.<ref name="Carvalho"/><ref>Malinovski, p. 86</ref> Segundo Hueck, no ano de 1963 representava 92% do total das exportações brasileiras de madeira.<ref name="Koehler, p. 1"/> Em seguida o ciclo madeireiro começou a declinar, à medida que as reservas naturais desapareciam e os primeiros experimentos de [[reflorestamento]] comercial fracassavam.<ref name="Carvalho"/>
Suas sementes participavam da dieta de [[indígenas]] que ocupavam a região,<ref name="Joffe"/> e salvaram muitas famílias de [[imigrantes italianos]] da fome no fim do século XIX, quando se iniciava, em condições extremamente precárias, a colonização no Sul, integrando-se prontamente à culinária colonial, ''in natura'' ou transformadas em farinha, pães e massas.<ref name="Abel">[[Maria Abel Machado|Machado, Maria Abel]]. ''Construindo uma Cidade: História de Caxias do Sul - 1875-1950''. Caxias do Sul: Maneco, 2001. pp. 50-51</ref><ref>Molon, Floriano. ''A Influência da Imigração Italiana na Mesa do Brasileiro''. In: Suliani, Antônio (org). ''Etnias & carisma: poliantéia em homenagem a Rovílio Costa''. EDIPUCRS, 2001. pp. 459-461</ref> Atualmente os pinhões são uma forma de agregação de renda ao pequeno produtor rural, auxiliando a fixação do homem na terra.<ref name="DataBase">
O cultivo planejado da araucária iniciou nas primeiras décadas de século XX. Em meados do século foram iniciadas boas experiências de reflorestamento nas Florestas Nacionais, mas comercialmente, por vários motivos, a espécie ainda é pouco cultivada, apesar de seu alto valor econômico. Parece, contudo, que se adequadamente planejado, o cultivo pode ser efetivamente uma opção rentável, além de oferecer uma série de outros benefícios, tais como abrigo para a fauna, proteção do solo, proteção das águas, material para estudos científicos e educação ambiental, fixação de carbono, valorização de imóveis e fomento ao [[turismo ecológico]].<ref>[[#Koehler2009|Koehler, 2009]], pp. 11-15</ref> Segundo Koehler,
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::''"O morador do planalto quando viaja para outras terras, ao retornar e divisar as primeiras silhuetas da araucária no horizonte, percebe que chegou em sua casa. Esta é sua pátria sentimental, onde tem suas raízes. O viajante ao penetrar no território do planalto sul brasileiro percebe logo que se encontra neste território específico, tão característica é esta árvore, um verdadeiro epônimo do sul. O pinhão imprime na convivência dos moradores, hábitos e momentos inesquecíveis. O homem rural, quer da colônia, quer dos campos e os moradores das cidades da região, sempre terão na sua lembrança o pinhão assado ou cozido no aconchego do lar em dias sombrios de inverno, ou a sapecada de grimpas (ramos secos), quase uma [[festa de São João]] para os habitantes destas paragens. Dizia o eminente biólogo e sacerdote Pe. [[Balduíno Rambo]] que sempre ao contemplar a paisagem desenhada de araucárias sentia-se em sua pátria, fascinado por essa esplêndida taça de verdura cortando o céu azul"''.<ref>Basso, p. 8</ref>
A árvore foi eleita como símbolo do estado do [[Paraná]], sendo sua representação extremamente comum no [[artesanato]] estadual;<ref name="Pinto">Pinto, Mônica. [http://noticias.ambientebrasil.com.br/exclusivas/2006/03/23/23768-exclusivo-sustentabilidade-da-floresta-de-araucarias-arvore-simbolo-do-parana-e-tema-de-evento.html ''Sustentabilidade da floresta de Araucárias – árvore símbolo do Paraná – é tema de evento'']. AmbienteBrasil, acesso 24 fev 2011</ref> deu nome à cidade de [[Curitiba]] através de seu apelativo indígena ''curi'' (''curii-tyba'', em tupi-guarani, significa "muito pinhão", ou "muito pinheiro");<ref>Ferrara, Lucrécia D'Aléssio; Duarte, Fábio & Caetano, Kati Eliana. [http://books.google.com/books?id=rGy91Xd0hdAC&pg=PA96 ''Curitiba: do modelo à modelagem'']. Annablume, 2007. p. 96</ref> é símbolo também da [[Serra da Mantiqueira]]<ref>
== Conservação ==
[[Ficheiro:CasaDeItaloMassotti.jpg|thumb|300px|Propriedade de Italo Massotti em [[Caxias do Sul]], fins do século XIX. Note-se as toras de araucária no chão, diante da casa do colono, que é feita de suas tábuas. Ao fundo, a floresta já devastada, com alguns espécimes ainda de pé. Foto do [[
Estima-se que a floresta de araucária cobriria originalmente {{fmtn|200000|km²}}, tendo diminuído em 97% no último século. Além do corte da araucária para exploração da madeira, seu ecossistema compete em desvantagem com o avanço da fronteira agrícola, os [[reflorestamento]]s são poucos e a espécie perde {{fmtn|3400}} toneladas anuais de sementes para consumo alimentar humano. As populações do Paraguai não são produtoras de sementes, e na Argentina a floresta, que em 1960 tinha 210 000 ha, atualmente tem 1000 ha apenas.<ref name="iucn"/>
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Um estudo encomendado pelo [[Ministério do Meio Ambiente]] em 2002 concluiu que ''"a floresta ombrófila mista está no fim e, se não for criada, imediatamente, uma série de unidades de preservação, corre-se um grande risco de perder esse ecossistema... Os raros remanescentes florestais nativos são de dimensões reduzidas, encontram-se isolados e com evidentes alterações estruturais"''. Outra pesquisa, realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina, mostrou uma perda de mais de 50% na variabilidade genética da espécie.<ref name="Campanili"/>
Em Santa Catarina, o único trecho onde as características estruturais da floresta ombrófila mista foram mantidas é [[Ponte Serrada]], com 7.947 hectares, correspondendo a 0,5% das matas naturais desse ecossistema. No Paraná estimativas de 2009 indicavam 0,8%, mas talvez esse número já esteja desatualizado, pois o ritmo de desmatamento é alto, como advertiu João Medeiros, diretor do Centro de Ciências Biológicas da [[Universidade Federal de Santa Catarina]].<ref name="Campanili"/> Em contrapartida, com as condições climáticas atuais, que estão causando um recuo nas áreas de campo no Sul e Sudeste do Brasil, as araucárias estão podendo colonizar novas áreas,<ref>Puchalski, Ângelo; Mantovani, Marcelo & Dos Reis, Maurício Sedrez. [http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr70/cap14.pdf Variação em populações naturais de Araucaria angustifolia (Bert.) O.Kuntze associada a condições edafo-climáticas]. ''Scientia Florestalis'', n. 70, p. 137-148, abril 2006. p. 145</ref> mas isso não é suficiente. A araucária está na lista de espécies ameaçadas do [[Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]] (IBAMA),<ref name="iucn"/> do [[Instituto de Botânica de São Paulo]]<ref>
[[Imagem:Araucaria-caxias-do-sul2.jpg|thumb|300px|Araucárias em parque privado em Caxias do Sul]]
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===Proteção legal===
A araucária é protegida por lei desde a publicação da ''Carta Régia'' de 13 de março de 1797, que reservava os pinheiros para uso exclusivo da Coroa portuguesa. Contudo, a exploração tomou força e fugiu ao controle, atingindo seu ápice no século XX.<ref name="Koehler, p. 1">[[#Koehler2009|Koehler, 2009]], p. 1</ref> Diante da ameaça iminente de exaustão da espécie, outras leis foram sendo formuladas. A Portaria Normativa DC n° 20 de 27 de setembro de 1976 do [[Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal]], definiu várias medidas para a proteção das sementes, disciplinando a colheita e comercialização do pinhão e o proibindo o abate de árvores com pinhas na época da queda de sementes.<ref>
[[Imagem:AraucariasJBCuritiba.JPG|thumb|left|Araucárias no [[Jardim Botânico de Curitiba]]]]
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A tendência recente tem sido a de proibir qualquer tipo de intervenção no bioma da araucária, mesmo na forma do manejo sustentável autorizado pela Constituição. Porém, a experiência tem demonstrado que se de um lado aumenta o rigor na interpretação da lei, sua aplicação pode se revelar inconsistente ou ineficaz, e a despeito da variada e vasta proteção sacramentada pela lei ainda ocorrem muitas violações e abusos. Na opinião de Paulo de Tarso Pires o problema é ainda mais complexo, dizendo que muitas dessas leis carecem de eficácia jurídica por serem construídas sobre vícios técnicos. Até os limites para exploração autorizados por lei podem estar favorecendo o desaparecimento da espécie, provocado perdas irreparáveis na [[biodiversidade]] da floresta e desestruturando muitos remanescentes florestais.<ref name="Pires">Pires, Paulo de Tarso de Lara. [http://www.universojuridico.com.br/publicacoes/doutrinas/1693/ALTERNATIVAS_JURIDICAS_PARA_A_PROTECAO_DAS_FLORESTAS_DE_ARAUCARIA ''Alternativas jurídicas para a proteção das florestas de araucária'']. Universo Jurídico: Doutrinas, 01/01/2003</ref> Basso diz que somente a lei não conseguirá evitar a extinção da espécie, é preciso que a sociedade adote uma nova consciência ambiental, em direção ao manejo sustentável e racional dos recursos naturais, então o seu fim poderá ser impedido.<ref name="Basso"/>
Entre as incongruências da política oficial, apesar de sua importância e de estar em estado de ameaça crítica, há poucas unidades de conservação para seu sensível ecossistema, e o próprio governo federal brasileiro aprovou a criação da [[Usina Hidrelétrica de Barra Grande]], na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, cujo lago inundou uma área de aproximadamente 8.140 hectares onde sobrevivia um dos mais bem preservados e biologicamente ricos fragmentos de floresta ombrófila mista do estado de Santa Catarina.<ref>Prochnow, Miriam. [http://www.apremavi.org.br/mobilizacao/barra-grande/ ''Dossiê Barra Grande'']. Apremavi - Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida. Acesso em 24 fev 2011</ref> As maiores reservas se encontram no [[Parque Nacional de São Joaquim]], com {{fmtn|49300}} hectares;<ref name="Campanili"/> no [[Parque Nacional das Araucárias]], com {{fmtn|12841|ha}};<ref>
{{Referências|col=2|scroll=s}}
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*[http://www.iucnredlist.org/apps/redlist/details/32975/0 ''The IUCN Red List of Threatened Species 2010.4: Araucaria angustifolia'']. International Union for Conservation of Nature and Natural Resources, 2010.
*Angeli, Aline. [http://www.ipef.br/identificacao/araucaria.angustifolia.asp ''Araucaria angustifolia (Araucaria)'']. Departamento de Ciências Florestais - ESALQ/USP, 2003. Disponível no site do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, Piracicaba/SP.
{{Bases de dados taxonómicos}}
{{Categorização AD e AB de outras wikis}}
{{Artigo destacado}}
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