Ministério das Relações Exteriores (Brasil): diferenças entre revisões

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|endereço = [[Palácio Itamaraty]], [[Eixo Monumental|Esplanada dos Ministérios]], Bloco H, [[Brasília]], [[Distrito Federal (Brasil)|Distrito Federal]]
|data de criação= {{dtlink|28|7|1736|idade}}
|atual ministro = [[Marcos Galvão]] {{small|(interino)}}<ref>{{citar web |url=http://g1.globo.com/politica/noticia/ministro-jose-serra-pede-demissao.ghtml |titulo=Ministro José Serra pede demissão|publicado=G1|autor=Luciana Amaral |data=22 de fevereiro de 2017|acessodata=22 de fevereiro de 2017}}</ref>
|cargo = secretário-geral
|atual cargo = Marcos Galvão
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O Ministério das Relações Exteriores tem atuado incisivamente no cumprimento destas regras. O projeto de implementação de programas e projetos de [[cooperação técnica a países em desenvolvimento]] (CTPD), de iniciativa da [[Agência Brasileira de Cooperação]], subordinada ao MRE, visa conceber e desenvolver programas e projetos de cooperação horizontal do Brasil que irão contribuir para a transferência, disseminação e utilização de conhecimentos técnicos e da experiência acumulada pelo Brasil, de forma a apoiar a capacitação de recursos humanos nos países destinatários, o fortalecimento de suas instituições, e o desenvolvimento econômico e social.<ref>{{Citar web|url=http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/|titulo=Home|acessodata=2017-01-03|obra=PNUD Brasil}}</ref> Com a transferência de tecnologia e ''know how'' na área de desenvolvimento o Brasil contribui para a melhoria das condições de vida nos demais países.
 
Somando-se às MDMs, o [[Consenso de Monterrey]],<ref>{{citar web|url=http://www.un.org/esa/ffd/monterrey/MonterreyConsensus.pdf|titulo=Monterrey Consensus for Financing for Development|data=22 de março de 2002|acessodata=3 de janeiro de 2017|publicado=ONU|ultimo=|primeiro=}}</ref> resultado da [[Conferência Internacional sobre Financiamento e Desenvolvimento]] promovida pelas Nações Unidas em 2002, veio enfatizar a importância da atuação das partes envolvidas no processo econômico proposto pelas MDMs. A ideia é que os países desenvolvidos prestem apoio aos países em desenvolvimento aumentando os [[fluxos de ajuda oficial]] e [[investimentos diretos no estrangeiro]] ao mesmo tempo em que aliviam a dívida externa e abrem seus mercados para que estes países tenham condições de melhorar suas políticas próprias e condições de governança.
 
O maior problema, contudo, é a dificuldade que os países desenvolvidos têm em encontrar as melhores formas de implementação das MDMs. O grande obstáculo tem sido conseguir aumentar o crescimento per capta dos países em desenvolvimento. Segundo as estimativas do Ministério das Relações Exteriores<ref>{{Citar web|url=http://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1053|titulo=Ministério das Relações Exteriores|acessodata=2017-01-03|obra=www.itamaraty.gov.br}}</ref> da forma como as políticas têm sido implementadas as metas somente serão atingidas em 2147, isto é, quase 150 anos depois do esperado. Para o [[secretário-geral da ONU]], [[Kofi Annan]], o aumento das doações para o desenvolvimento nos últimos anos é "encorajador", mas não há a perspectiva de dobrar, o que, segundo a maioria das estatísticas, é necessário para atingir os objetivos.<ref>{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20091002035802/http://www.onu-brasil.org.br/view_news.php?id=669|titulo=Nações Unidas no Brasil|data=2009-10-02|acessodata=2017-01-03}}</ref>
 
De acordo com a [[Declaração do Milênio]] apresentada acima, o desafio central enfrentado hoje é a necessidade de assegurar que a globalização se torne uma força positiva para todos os povos do mundo.
 
A participação do Brasil tem sido bastante incisiva neste sentido. No âmbito interno a preocupação tem sido a prioridade máxima do governo brasileiro. Desde 2003, quando [[Luiz Inácio Lula da Silva]] assumiu a [[Presidência da República]], foram lançados, além do "[[Programa Fome Zero]]", uma série de outros programas sociais combinando-se medidas estruturais e emergenciais como a distribuição de alimentos e transferência de renda. O mais interessante é que além da participação estatal, as empresas privadas têm se mostrado bastante envolvidas no sentido de atingir as metas de desenvolvimento.
 
Muito embora o Brasil seja um [[país em desenvolvimento]], e, portanto, a princípio "alvo" das metas, preocupa-se além das questões internas, também com as externas cooperando na medida do possível com as metas estabelecidas em âmbito internacional. A mobilização de apoio político e financeiro com vistas a atingir os objetivos das MDMs de erradicar a pobreza e a fome, tornou-se um dos principais focos da política externa brasileira.
 
Em abril de 2008 foi realizada na sede do Ministério das Relações Exteriores, o Palácio do Itamaraty, em Brasília, a [[30ª Conferência Regional da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação]] (FAO) com o objetivo de revisar as ações nos países da [[América Latina]] nos dois últimos anos e planejar os focos de atuação dos anos seguintes. Mais uma vez foi reforçada a necessidade iminente de investimentos para acabar com a fome e a pobreza. Por meio da promoção de eventos desta natureza o Itamaraty busca, além de estreitar as relações com os organismos internacionais, também reafirmar o comprometimento do Brasil com as questões de relevância mundial.
 
Conforme a ótica das autoridades brasileiras, a campanha contra a pobreza e a fome vai além da resolução pura e simples do problema. Não se trata de medida paliativa, mas de fase de um processo complexo de desenvolvimento integrado com vistas a atingir um sistema multilateral de comércio justo e equilibrado, aumento no fluxo de investimentos e estabelecimento de projetos adequados de sustentabilidade e amortecimento da [[dívida externa]] dos [[países em desenvolvimento]].<ref name=":0" />
 
Segundo o [[Presidente Lula]]<ref name=":1">{{Citar web|url=https://www.flickr.com/photos/worldeconomicforum/374705913/|titulo=Luiz Inacio Lula da Silva - World Economic Forum Annual Meeting Davos 2007|acessodata=2017-01-03|obra=Flickr}}</ref> é necessário reconciliar o [[crescimento econômico]] com a [[justiça social]]. A partir desta ideia é que [[Lula]], com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, responsável pelas negociações e condução dos projetos em âmbito nacional, sugeriu às autoridades internacionais a criação de um fundo internacional com a finalidade de combater a pobreza e a fome. Foi então que surgiu em parceria com a [[Índia]] e a [[África do Sul]] o Mecanismo [[IBAS]]<ref name=":2">{{Citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u64289.shtml|titulo=Folha Online - Brasil - Leia a íntegra do pronunciamento de Lula na ONU - 21/09/2004|acessodata=2017-01-03|obra=www1.folha.uol.com.br}}</ref><ref name=":3">{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20091016031730/http://www2.mre.gov.br/dai/ibas.htm|titulo=Fórum de Diálogo Índia - Brasil - África do Sul|data=2009-10-16|acessodata=2017-01-03|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> de [[Alívio à Fome e à Pobreza]], no âmbito do [[PNUD]]. O [[IBAS]] tem como principal objetivo reproduzir e disseminar projetos sociais nas áreas de saúde, educação, saneamento, segurança alimentar etc. os quais serão conduzidos pelos órgãos competentes da [[Organização das Nações Unidas]] (ONU). Não há nenhum tipo de tendência competitiva com os demais fundos existentes, a intenção apenas é de complementá-los.
 
Em 2004 foi criado em [[Genebra]], Suíça, um Grupo Técnico com o objetivo de explorar novas fontes de financiamento aos projetos de erradicação da pobreza. A expectativa é que os trabalhos desenvolvidos pelo grupo possam contribuir para os esforços globais na mobilização de recursos adicionais ao desenvolvimento de acordo com as resoluções da ONU.
 
Em linhas gerais, percebe-se que o Brasil encontra-se fortemente empenhado em contribuir para a diminuição da pobreza e da fome no mundo. A estratégia do Brasil, por meio da atuação do Itamaraty, para atingir este objetivo é discutir com os demais países a respeito das contribuições de governos e instituições privadas de forma a implementar mecanismos financeiros viáveis, visando atingir um consenso sobre as possíveis medidas a serem implementadas acerca das MDMs até o final da próxima década.
 
==== Assistência humanitária ====
O [[Grupo Interministerial sobre Assistência Humanitária Internacional]] (GIAHI),<ref name=":1" /> coordenado pelo Ministério das Relações Exteriores foi criado em 2006 tem como objetivos coordenar os esforços brasileiros de ajuda humanitária internacional e formular propostas legislativas que visem à implementação de ações humanitárias internacionais por parte do Brasil. Os programas desenvolvidos pela GIAHI, com o apoio de outros 11 ministérios que lidam com assistência humanitária, têm demandado significativa cooperação internacional, sobretudo os de maior abrangência sócio-geográfica como o [[Fome Zero]], o [[Programa Nacional de Alimentação Escolar]], o [[Programa de Aquisição de Alimentos]], o [[Seguro Garantia-Safra]], entre outros.
 
Os principais parceiros do Brasil na garantia da assistência humanitária internacional são a [[Organização das Nações Unidas]], por meio de seu escritório para assuntos humanitários ([[OCHA]]) e a [[Organização dos Estados Americanos]] (OEA). A atuação conjunta ocorre nas áreas de assistência alimentar, no sentido de promover a compra local da agricultura familiar para posterior distribuição dos alimentos e contribuição para o desenvolvimento local. (contexto amplo e global)
 
No tocante à assistência humanitária a participação do Itamaraty tem sido significativa. O Ministério tem promovido diversos seminários, congressos e encontros internacionais com vistas a debater temas como a segurança alimentar, direitos humanos e agricultura familiar.
 
As Diretrizes Voluntárias para o [[Direito à Alimentação Adequada]],<ref name=":2" /><ref name=":3" /> por exemplo, são fruto destes encontros. Aprovadas por mais de 180 países, permitem aos gestores públicos contar com parâmetros que protejam, promovam e proporcionem a garantia dos direitos do homem à alimentação. A atuação brasileira, por meio da atuação do Ministério das Relações Exteriores e demais órgãos ligados à segurança alimentar e assistência humanitária, foi de suma importância na negociação dessas Diretrizes. Participaram também do seu processo de elaboração e negociação do plano a [[Relatoria das Nações Unidas para o Direito à Alimentação]], os países da [[América Latina]] e [[Caribe]], da [[África]], do [[Oriente Médio]], [[Ásia]], [[Suíça]] e [[Noruega]], além da sociedade civil internacional.<ref>{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20091016031730/http://www2.mre.gov.br/dai/ibas.htm|titulo=Seminário sobre Assistência Humanitária Internacional|data=2009-10-16|acessodata=2017-01-03|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
O Ministério das Relações Exteriores, em conjunto com o [[Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional]] da [[Presidência da República]], atua de maneira significativa nas negociações internacionais referentes a ações de combate à fome e à pobreza e com a promoção da segurança alimentar. Por meio do [[Projeto de Lei Orgânica de Segurança Alimentar]] busca-se mecanismos para proteger os produtos brasileiros dentro do contexto do comércio internacional. Trata-se da identificação de "produtos sensíveis", adotada pela [[Organização Mundial do Comércio]], que deve incluir, segundo a proposta brasileira, não apenas fatores comerciais na precificação dos produtos, mas também critérios que protejam a agricultura familiar e os programas de desenvolvimento rural.
 
Assim, podemos perceber a grande preocupação brasileira com as questões referentes à assistência humanitária, no tocante à garantia da alimentação adequada aos indivíduos, bem como a grande preocupação do Ministério das Relações Exteriores em atuar como mediador entre as políticas e projetos brasileiros e os organismos internacionais e demais países nas negociações a respeito do tema, com vistas a atingir níveis satisfatórios de assistência à população mundial.
 
==== Biocombustíveis ====
Atualmente, além da tradicional demanda de energia dos países desenvolvidos, como os [[Estados Unidos]], há crescente demanda por energia nas economias emergentes, tais quais [[China]] e [[Índia]], especialmente da [[energia derivada do petróleo]]. Conjuntamente ao aumento da demanda, há ainda o já conhecido clima de instabilidade política nas principais regiões produtoras de [[combustíveis fósseis]] no mundo. Por essas razões, os altos preços dos combustíveis fósseis no mercado internacional não devem ser reduzidos num futuro próximo. Sabendo disso, a preocupação com a questão energética é uma das prioridades de maior relevância do Ministério das Relações Exteriores. Há a crescente busca por fontes alternativas de energia, sendo que o Brasil é um dos líderes em matéria de [[energias renováveis alternativas]] aos combustíveis fósseis.
 
O país tem muito a acrescentar na discussão, pois é detentor de importante conhecimento acumulado na área de [[biocombustíveis]], especialmente no uso de [[etanol]] de [[cana-de-açúcar]] como combustível automotivo. A matriz energética brasileira é considerada uma das mais limpas do mundo, sendo basicamente proveniente, do [[petróleo]], do [[carvão mineral]], das [[hidrelétricas]], [[álcool]] e de outras [[fontes renováveis]] como, por exemplo, o [[vento]] na região nordeste. De acordo com dados do próprio Ministério das Relações Exteriores mais de 45% de toda a energia consumida no país provém de fontes renováveis, enquanto a média de participação dessas fontes na matriz energética dos países desenvolvidos é de aproximadamente 10%.
 
A questão dos biocombustíveis tem obtido especial destaque nos primeiros meses de 2008 em razão da alta no preço dos alimentos. Diversas notícias e estudos têm sido divulgados alegando que há uma relação entre o aumento da produção de biocombustíveis com a diminuição da oferta de alimentos.
 
[[Delfim Netto]], em recente artigo divulgado no [[Valor Econômico]], comenta as constantes acusações da União Europeia e da ONU de que a produção brasileira de cana-de-açúcar com a finalidade de produzir etanol estaria comprometendo importantes setores alimentícios, atribuindo parte da culpa da alta dos alimentos ao Brasil.<ref>{{Citar web|url=https://www.biodieselbr.com/noticias/em-foco/delfim-netto-independencia-alimentar-etanol-13-05-08.htm|titulo=Delfim Netto: Independência alimentar e etanol|acessodata=2017-01-03|obra=www.biodieselbr.com|ultimo=Econômico|primeiro=Valor}}</ref>
 
Há previsões feitas pelo [[International Food Policy Research Institute]] (IFPRI), de [[Washington, D.C.]], mostrando que, em 2010 e 2020, se os preços do [[petróleo]] continuarem subindo, o que parece ser a tendência, os preços de importantes produtos agrícolas se elevarão nas proporções bastante preocupantes.
[[Imagem:Mretabela.jpg|centro|600px]]
 
Contudo, o Brasil alega não que não há relação direta entre a produção de [[etanol]] e a alta no preço dos alimentos, pois o Brasil conjuntamente ao aumento na produção de cana-de-açúcar tem também aumentado a produção de alimentos.
 
Esta é justamente a tese que [[Delfim Netto]] defendeu no artigo acima citado. De acordo com o autor, graças às pesquisas que realizou, o Brasil criou uma eficiente agricultura tropical que permite que se produza mais, e com menos terras. Dos 850 milhões de hectares, o Brasil tem cerca de 350 milhões de [[terras agricultáveis]], das quais menos de 2,5% estão ocupadas com [[cana-de-açúcar]]. O mesmo ocorre com a produção de grãos que ocupa menos de 75% das terras próprias para sua produção.
 
O [[presidente Lula]] tem sido incisivo na defesa dos [[biocombustíveis]], especialmente com o intuito de reduzir a [[poluição do ar]] e incentivar a economia nacional. Quando confrontado com questões referentes às altas dos alimentos o Presidente tem se mostrado indignado com as acusações, alegando que há diversos outros motivos para as altas dos alimentos, como, [[subsídios agrícolas]] dos países europeus, [[desvalorização do dólar]], e aumento da procura, fatores que não possuem nenhuma relação com a produção de biocombustíveis brasileiros.
 
O Ministério das Relações Exteriores tem dado importantes passos na promoção dos biocombustíveis, seja incentivando a produção nacional, ou mesmo realizando conferências sobre inovações na área. No ano de 2006, por exemplo, o MRE organizou o [[Seminário da Comunidade Sul-americana de Nações Sobre Biocombustíveis na Perspectiva Socioambiental]]. Nele estavam doze países da América do Sul com o propósito de conhecer a experiência brasileira com biocombustível e como esta é eficiente para a sustentabilidade ambiental.<ref>{{Citar web|url=https://www.biodieselbr.com/noticias/biodiesel/seminario-sobre-biocombustiveis-reune-paises-sul-americanos-08-08-06.htm|titulo=Seminário sobre biocombustíveis reúne países sul-americanos|acessodata=2017-01-03|obra=www.biodieselbr.com|ultimo=Safras}}</ref>
 
Memorandos entre Brasil e outros países também são foco da política do MRE. Em 2007 foi firmado com os [[Estados Unidos]] memorando com o intuito de compartilhar experiências bem sucedidas de cada país na produção de biocombustíveis sustentáveis. Neste instrumento, os países expressaram a intenção de cooperar no desenvolvimento e na difusão dos biocombustíveis.<ref>{{Citar web|url=http://www.defesanet.com.br/zz/br_usa_biofuel.htm|titulo=DefesaNet|acessodata=2017-01-03|obra=DefesaNet}}</ref>
 
==== Ciência e tecnologia ====
O Ministério das Relações Exteriores possui um Departamento responsável pelos assuntos de Ciência e Tecnologia (DCT). Sua função básica é promover a cooperação entre o Brasil e outros países no que se refere a tais assuntos.
 
Os meios utilizados para se alcançar tal cooperação são variados. Destaca-se a negociação de instrumentos jurídicos que oficializam e legalizam a cooperação científica e tecnológica entre os países. Estes instrumentos podem ser [[Acordos-Quadro]] que desenham as linhas gerais que vão guiar o relacionamento do Brasil com os demais países em matéria de ciência e tecnologia, devendo ser aprovado no [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso Nacional]], ou podem ser [[Ajustes Complementares]] que são atos internacionais aplicados a áreas específicas do conhecimento, por exemplo, energia e genética. ''É por meio de Ajustes Complementares que as partes vão decidir o que será necessário para a implementação eficaz de programas e projetos de cooperação''.<ref>{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20110408084943/http://www2.mre.gov.br/cgfome/|titulo=Portal da CGFOME|data=2011-04-08|acessodata=2017-01-03}}</ref> Como estes ajustes possuem respaldo nos [[Acordos-Quadro]] não necessitam da aprovação do [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso Nacional]].
 
Ainda cabe distinguir a cooperação oficial, que é executada sob instrumentos jurídicos assinados entre os Governos e a cooperação interinstitucional, feita entre as instituições, sob responsabilidade única destas.
 
Além dos mecanismos bilaterais de cooperação citados acima, o MRE promove trocas de informações e ajudas com mais de um país ao mesmo tempo, por meio de foros, congressos e acordos multilaterais. O [[Prosul]] - [[Programa Sul-americano de Apoio às Atividades de Cooperação em Ciência e Tecnologia]] tem por objetivo apoiar atividades de cooperação em [[Ciência e Tecnologia]] (C&T) na América do Sul que contribuam, de forma sustentada, para o desenvolvimento científico e tecnológico da região, mediante a geração e apropriação de conhecimento e a elevação da capacidade tecnológica dos países, em temas selecionados por sua relevância estratégica e que levem à melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos (artigo dois da Portaria MCT nº 872, de 20.12.2001) é um exemplo de como atua o MRE, especificamente a Divisão de Ciência e Tecnologia, no suporte a pesquisas e desenvolvimentos multilateralmente.
 
==== Meio ambiente ====
O Meio Ambiente e sua preservação são temas de enorme relevância para o Ministério das Relações Exteriores. O [[desenvolvimento sustentável]] ocupa um dos pontos de maior importância da agenda internacional brasileira, sendo o MRE fundamental para efetivar a política nacional de preservação ambiental numa perspectiva de cooperação internacional.
 
A unidade do Itamaraty responsável pelos assuntos relacionados ao meio ambiente é o Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais. Por meio dela, o MRE celebra parcerias internacionais de cooperação na preservação do [[meio ambiente]], realiza congressos, se atualiza na pauta internacional sobre as inovações na defesa do meio ambiente, e auxilia o [[Poder Executivo]] em suas políticas públicas.
 
Atualmente, uma das maiores preocupações do MRE é o [[aquecimento global]], sendo que no ano de 2007, em congresso sobre o meio ambiente promovido pelo Itamaraty, o Ministro das relações exteriores [[Celso Amorim]] considerou a criação de um embaixador especial para cuidar do assunto das mudanças climáticas:'' "Certamente é um tema de grande importância, eu estaria mesmo considerando no meu âmbito a criação do cargo de embaixador especial para mudança de clima. Nós temos que pensar, porque é um tema de grande importância. Há mitos, mas há também muitas verdades, e nós temos que levar em conta isso e agir da maneira adequada"''
 
É importante notar que o Brasil está em crescente desenvolvimento, e é fundamental o estudo do meio ambiente para conciliar o desenvolvimento das indústrias e produção em geral com a proteção da fauna e flora. O MRE busca, por meio das [[relações internacionais]], garantir a [[sustentabilidade]] do desenvolvimento brasileiro, bem como mitigar os efeitos negativos do crescimento do país. É ainda importante ressaltar que o MRE atua juntamente com outros ministérios na proteção do meio ambiente, como o próprio [[Ministério do Meio Ambiente (Brasil)|Ministério do Meio Ambiente]].
 
Um bom exemplo da atuação do Ministério das Relações Exteriores é a importação de [[pneus]] usados e remodelados. Em 1991 o Brasil, preocupado com as questões ambientais, proibiu a importação de pneus nestas condições. Entretanto, em razão das respostas dadas por outros países à sua medida, foi obrigado a retroceder em parte. Em 2002 o Brasil voltou a importar [[pneus remodelados]] do [[Uruguai]] por conta de uma ação proposta no [[Tribunal Arbitral do MERCOSUL]]. Depois foi a vez de ceder à [[União Europeia]], que entrou com representação contra o país na [[Organização Mundial do Comércio]] (OMC), alegando a criação de barreira comercial contra o produto europeu.
 
Segundo o Itamaraty, a [[Europa]] tem se deparado com leis impeditivas da disposição de pneus em aterros sanitários e semelhantes. Sua posição é justificada também nos custos elevados de eliminação da borracha sem, contudo, prejudicar o meio ambiente. Porém isto não justifica a importação do produto, uma vez que são 40 milhões de pneus novos produzidos em território brasileiro, contra 2,5 bilhões de carcaças espalhadas pela Europa e 3,5 bilhões nos Estados Unidos. Em outras palavras, se o Brasil fosse abrir as portas para a importação de pneus usados teria, além de um grave dano ao meio ambiente, um abalo significativo à produção nacional.
 
Por conta desta série de conflitos é que o Ministério das Relações Exteriores sugeriu, durante a reunião com parlamentares da representação brasileira no [[Parlamento do MERCOSUL]] em fevereiro de 2008, que fosse criada uma norma única para todos os países do bloco de forma a solucionar a questão da importação de pneus usados e remoldados. Segundo o diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, uma norma desta natureza proibiria a importação de pneus naquelas condições provenientes de países de fora do bloco. Assim, os pneus usados no Brasil, por exemplo, poderiam ser exportados para os demais países do [[MERCOSUL]], remoldados lá, e comercializados novamente no Brasil, diminuindo o passivo ambiental das nações que compõem o MERCOSUL.
 
=== A carreira diplomática ===
O ingresso na carreira de '''diplomata''' se dá mediante concurso público de âmbito nacional organizado pelo [[Instituto Rio Branco]] ('''IRBR'''). Importante ressaltar que somente os [[brasileiro nato|brasileiros natos]] podem participar do concurso, cuja aprovação habilitará o ingresso na classe inicial da carreira de diplomata (Terceiro Secretário), bem como à matrícula no '''Curso de Formação do Instituto Rio Branco'''.
 
A carreira de '''diplomata''' do [[Serviço Exterior Brasileiro]] divide-se em diversas classes: Terceiro-Secretário, primeiro cargo após a aprovação no concurso público. Os cargos seguintes na carreira são: Segundo-Secretário, Primeiro-Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe ([[Cônsul]]) e Ministro de Primeira Classe ([[Embaixador]]).
 
Dentre os '''Ministros de Primeira Classe''' ([[Embaixador]]) ou, eventualmente, também os de segunda classe ([[Cônsul]]), será escolhido o [[Chefe de Missão Diplomática Permanente]], a mais alta autoridade brasileira no país em que estiver sediado. Excepcionalmente, poderá ser designado para exercer esta função, brasileiro nato, não pertencente aos quadros do MRE, maior de 35 (trinta e cinco anos), de reconhecido mérito e com relevantes serviços prestados ao País.
 
Para preenchimento do [[Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro]] devem ser seguidas algumas regras. Os ministros de primeira e segunda classe, bem como os conselheiros deverão ocupar os cargos com esta mesma denominação. Na eventualidade de ausência de pessoal, o primeiro-secretário ocupará o cargo de conselheiro, e o segundo-secretário o de primeiro-secretário.
 
====Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata====
 
O CACD<ref>{{citar web|url=http://www.institutoriobranco.mre.gov.br/pt-br/concurso_de_admissao_a_carreira_diplomatica.xml|titulo=Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata|data=|acessodata=3 de janeiro de 2017|publicado=Instituto Rio Branco|ultimo=|primeiro=}}</ref> é o processo seletivo para ingresso na carreira de diplomata no [[Brasil]]. Desde 1996, vem sendo realizado com a regularidade de pelo menos uma vez por ano. Sucede o exame vestibular para admissão no Curso de Preparação à Carreira de Diplomata (CPCD), o qual vigorou até 1995. Desde a edição de 2002, o CACD é realizado com a colaboração do Centro de Seleção e Promoção de Eventos da [[Universidade de Brasília]] (CEBRASPE/UnB). Trata-se de concurso de abrangência verdadeiramente nacional, pois todas as fases são aplicadas em todas as capitais estaduais e no [[Distrito Federal]].
 
A aprovação no CACD habilita o candidato a ingressar no cargo de terceiro secretário da carreira de diplomata de acordo com a ordem de classificação obtida e a matricular-se no Curso de Formação do Instituto Rio Branco, que é em nível de mestrado com duração de dois anos letivos. O treinamento durante a carreira é intenso e contínuo. Afinal, o diplomata tem de ser capaz, entre outros, de bem representar o Brasil perante a comunidade de nações; colher as informações necessárias à formulação de nossa política externa; participar de reuniões internacionais e, nelas, negociar em nome do Brasil; assistir as missões no exterior de setores do governo e da sociedade; proteger seus compatriotas; e promover a cultura e os valores de nosso povo. O aluno do CACD será preparado para tratar – tendo sempre como ponto de referência os interesses do país – de uma série de temas, que vão desde paz e segurança, normas de comércio e relações econômicas e financeiras até direitos humanos, meio ambiente, tráfico ilícito de drogas, fluxos migratórios; passando, naturalmente, por tudo que diga respeito ao fortalecimento dos laços de amizade e cooperação do Brasil com seus múltiplos parceiros externos. No exercício de suas funções de defender os interesses do Brasil no exterior e de contribuir para o entendimento entre os países, o diplomata tem de estreitar a coordenação não só com seu governo, mas também com a sociedade da qual provém. Essa noção de diplomacia pública, que orienta as atividades do Itamaraty, constitui a principal fonte de renovação e, ao mesmo tempo, de legitimidade da carreira diplomática.
 
== Estrutura institucional ==
A estrutura institucional do Ministério das Relações Exteriores em Brasília é composta pelo Gabinete do Ministro de Estado e pela Secretaria-Geral das Relações Exteriores, à qual estão subordinadas nove Subsecretarias: Subsecretaria-Geral Política I (SGAP-I), Subsecretaria-Geral Política II (SGAP-II), Subsecretaria-Geral Política III (SGAP-III), Subsecretaria-Geral da América do Sul, Central e Caribe (SGAS), Subsecretaria-Geral de Assuntos Econômicos e Financeiros (SGEF), Subsecretaria-Geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia (SGAET), [[Departamento das Comunidades Brasileiras no Exterior|Subsecretaria-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior]] (SGEB), Subsecretaria-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial (SGEC) e Subsecretaria-Geral do Serviço Exterior (SGEX).
* [[Lista de ministros das Relações Exteriores do Brasil|Ministro das Relações Exteriores –]] [[José Serra]]<ref>{{Citar periódico|titulo=Novo ministro das Relações Exteriores, José Serra abandona quarto mandato em 21 anos|jornal=Extra Online|url=http://extra.globo.com/noticias/brasil/novo-ministro-das-relacoes-exteriores-jose-serra-abandona-quarto-mandato-em-21-anos-19290055.html|idioma=pt-BR}}</ref>
* [[Secretário-Geral das Relações Exteriores do Brasil|Secretário-Geral das Relações Exteriores]] – Embaixador [[Marcos Galvão (diplomata)|Marcos Galvão]]<ref>{{Citar web|url=http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/o-ministro-e-demais-autoridades/secretario-geral-das-relacoes-exteriores/643-secretario-geral-das-relacoes-exteriores|titulo=Secretário-geral das Relações Exteriores|acessodata=2017-01-03|obra=www.itamaraty.gov.br}}</ref>
* Subsecretário-Geral Político I – Embaixador Fernando Simas Magalhães<ref>{{Citar web|url=http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/o-ministro-e-demais-autoridades/subsecretaria-geral-politica-i/654-subsecretaria-geral-politica-i-sgap-i|titulo=Subsecretário-geral de Assuntos Políticos Multilaterais, Europa e América do Norte|acessodata=2017-01-03|obra=www.itamaraty.gov.br}}</ref>
* Subsecretário-Geral Político II – Embaixador [[José Alfredo Graça Lima]]<ref>{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20140409100128/http://www.itamaraty.gov.br/o-ministerio/curriculos/subsecretario-geral-politico-ii/view|titulo=Subsecretário-Geral Político II —|data=2014-04-09|acessodata=2017-01-03}}</ref>
* Subsecretário-Geral Político III – Embaixador Fernando José Marroni de Abreu<ref>{{Citar web|url=http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/o-ministro-e-demais-autoridades/subsecretaria-geral-politica-iii/657-subsecretaria-geral-politica-iii-sgap-iii|titulo=Subsecretário-geral da África e do Oriente Médio|acessodata=2017-01-03|obra=www.itamaraty.gov.br}}</ref>
* Subsecretário-Geral da América do Sul, Central e do Caribe – Embaixador Paulo Estivallet de Mesquita<ref>{{Citar web|url=http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/o-ministro-e-demais-autoridades/subsecretaria-geral-da-america-do-sul-central-e-do-caribe/659-subsecretaria-geral-da-america-do-sul-central-e-do-caribe-sgas|titulo=Subsecretário-geral da América Latina e do Caribe|acessodata=2017-01-03|obra=www.itamaraty.gov.br}}</ref>
* Subsecretário-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior – Embaixador Carlos Alberto Simas Magalhães<ref>{{Citar web|url=http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/o-ministro-e-demais-autoridades/subsecretaria-geral-das-comunidades-brasileiras-no-exterior/660-subsecretario-geral-das-comunidades-brasileiras-no-exterior|titulo=Subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras e de Assuntos Consulares e Jurídicos|acessodata=2017-01-03|obra=www.itamaraty.gov.br}}</ref>
* Subsecretário-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial – Embaixador Sergio Luiz Canaes<ref>{{Citar web|url=http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/o-ministro-e-demais-autoridades/subsecretaria-geral-de-cooperacao-cultura-e-promocao-comercial/661-subsecretaria-geral-de-cooperacao-cultura-e-promocao-comercial-sgec|titulo=Subsecretário-geral de Cooperação Internacional, Promoção Comercial e Temas Culturais|acessodata=2017-01-03|obra=www.itamaraty.gov.br}}</ref>
* Subsecretário-Geral de Assuntos Econômicos e Financeiros – Embaixador Carlos Márcio Cozendey <ref>{{Citar web|url=http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/o-ministro-e-demais-autoridades/subsecretaria-geral-de-assuntos-economicos-e-financeiros/648-subsecretaria-geral-de-assuntos-economicos-e-financeiros-sgef|titulo=Subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Financeiros|acessodata=2017-01-03|obra=www.itamaraty.gov.br}}</ref>
* Subsecretário-Geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia – Embaixador [[José Antonio Marcondes de Carvalho]]<ref>{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20140409121024/http://www.itamaraty.gov.br/o-ministerio/curriculos/subsecretaria-geral-de-energia-e-alta-tecnologia/view|titulo=Subsecretário-Geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia —|data=2014-04-09|acessodata=2017-01-03}}</ref>
* Subsecretária-Geral do Serviço Exterior – Embaixadora Maria-Theresa Lazaro<ref>{{Citar web|url=http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/o-ministro-e-demais-autoridades/subsecretaria-geral-do-servico-exterior/662-subsecretaria-geral-do-servico-exterior-sgex|titulo=Subsecretária-geral do Serviço Exterior|acessodata=2017-01-03|obra=www.itamaraty.gov.br}}</ref>
 
== Sede atual ==
{{Artigo principal|Palácio Itamaraty}}
 
[[Imagem:Itamaraty.jpg|thumb|[[Palácio Itamaraty]], edifício projetado por [[Oscar Niemeyer]]]]
 
Sua sede atual é o [[Palácio dos Arcos]], localizado em [[Brasília]], mais conhecido como "Palácio Itamaraty", um edifício [[Arquitetura moderna|modernista]] projetado por [[Oscar Niemeyer]]. O nome Itamaraty vem de sua [[Palácio do Itamaraty (Rio de Janeiro)|antiga sede]], na ex-capital da república (Rio de Janeiro), um refinado casarão [[Arquitetura neoclássica|neoclássico]] originalmente pertencente a [[Francisco José da Rocha Leão]], Conde de Itamarati.
 
''Itá'', em [[Língua tupi|tupi]], significa "pedra"; ''mará'' vem do tupi ''pará'', que significa "mar" e ''ti'' significa "água".<ref>{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20060207160819/http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm|titulo=CURSO DE TUPI ANTIGO|data=2006-02-07|acessodata=2017-01-03}}</ref> Portanto, "Itamaraty" significa, traduzido do tupi, "água de mar de pedra". A ortografia da palavra Itamarati foi atualizada desde, pelo menos, o [[Formulário Ortográfico de 1943]], passando a ser escrita com "i" em vez de "y", o que não se verifica no nome dos edifícios, que ainda mantêm a ortografia arcaica. Na prática, a obediência à nova regra ortográfica é ignorada seja pelos órgãos de governo como pela imprensa.
 
== Histórico ==
[[Imagem:Itamaraty Rio.png|thumb|esquerda|[[Palácio do Itamaraty (Rio de Janeiro)|Palácio do Itamaraty]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], antiga sede do Ministério das Relações Exteriores.]]
 
O Ministério das Relações Exteriores, mais conhecido como Itamaraty, tem três momentos bastante relevantes que definiram como o órgão seria estruturado posteriormente.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Almeida|primeiro=Paulo Roberto de|titulo=04) Carlos Delgado de Carvalho, História Diplomática do Brasil (1998)|jornal=Carlos Delgado de Carvalho, História Diplomática do Brasil|url=http://www.academia.edu/5547329/04_Carlos_Delgado_de_Carvalho_Hist%C3%B3ria_Diplom%C3%A1tica_do_Brasil_1998_}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.estantevirtual.com.br/b/flavio-mendes-de-oliveira-castro/historia-da-organizacao-do-ministerio-das-relacoes-exteriores/1774353182|titulo=Livro: Historia da Organizacao do Ministerio das Relacoes Exteriores - Flavio Mendes de Oliveira Castro|data=|acessodata=2017-01-03|obra=Estante Virtual|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
O primeiro foi a assinatura do [[Tratado de Madrid (1750)|Tratado de Madri]], em 1750, que negociava questões de fronteira estabelecidas pelo [[Tratado de Tordesilhas]]. Este momento refere-se não a uma política externa do Brasil, mas a uma condução de interesses portugueses na sua maior colônia. Havia, porém, um brasileiro em destaque no panorama diplomático. O "avô dos diplomatas brasileiros" [[Alexandre de Gusmão]], santista, dirigia a política externa portuguesa, que na época consistia em afastar os assuntos das Américas das questões sucessórias na Europa. O auge de sua atuação nesse sentido consistiu na celebração entre Portugal e Espanha do Tratado de Madri de 1750, em que se resolviam as questões territoriais na América, observando-se a efetiva ocupação de cada potência. Assim, as incursões dos bandeirantes no território que hoje pertence ao Brasil foram reconhecidas juridicamente para delimitar as fronteiras.
 
O segundo momento histórico relevante foi a mudança da [[família real]] para o Brasil, em 1808, quando a sede do Império foi transferida de Lisboa para o Rio de Janeiro, em decorrência das [[Guerra Peninsular|invasões napoleónicas]] na [[Península Ibérica]]. Transferiu-se toda a burocracia, funcionários e tradições da política exterior para o Brasil, situação que influenciou indiscutivelmente a posterior estruturação das instituições brasileiras.
 
Por fim, o terceiro momento relevante foi a participação do MRE no processo de reconhecimento da [[independência do Brasil]], a partir de [[1822]]. A relevância deste momento ultrapassa a criação das instituições diplomáticas verdadeiramente brasileiras – colocou em teste pela primeira vez a capacidade de negociação internacional dos diplomatas a serviço de [[Pedro I do Brasil|D. Pedro I]], que tiveram de conseguir o reconhecimento da independência do Brasil perante todas as potências mundiais.
 
A partir daí, e desde a sua criação nos primórdios da [[Secretaria dos Negócios Estrangeiros]] em 1822, o Itamaraty definiu alguns princípios fundamentais de atuação como a solução pacífica de controvérsias e a não intervenção. Enfim, com o término da [[2ª Guerra Mundial]] e consequente criação da ONU em 1945, consolidou sua participação em fóruns internacionais.
 
Os diplomatas de maior destaque na história do Ministério das Relações Exteriores foram o [[Visconde do Uruguai]], o [[Barão do Rio Branco]] e [[Osvaldo Aranha]], entre outros. Cabe uma sucinta descrição da importância destes três diplomatas para o MRE:
 
=== O Visconde do Uruguai ===
[[Imagem:Visconde do Uruguai.jpg|thumb|direita|140px|Visconde do Uruguai.]]
[[Imagem:Baraodoriobranco.gif|thumb|direita|140px|Barão do Rio Branco.]]
[[Imagem:Oswaldo Aranha.jpg|thumbnail|direita|140px|Osvaldo Aranha.]]
 
{{Artigo principal|Paulino José Soares de Sousa}}
Sua administração tentou organizar o corpo diplomático brasileiro através do [[Regulamento Paulino de Souza]] (1852), criando um sistema de garantias a serem desfrutadas por diplomatas apenas se estes cumprissem os requisitos legais. Tais requisitos referiam-se basicamente à formação dos diplomatas, exigindo que estes fossem bacharéis em Direito, versados em línguas estrangeiras, entre outras exigências. Além disso, através de mais um decreto de 1852, estruturou o número e as categorias das missões diplomáticas espalhadas pelo mundo.
 
Além disso, o Visconde do Uruguai teve papel fundamental na negociação, com o Império Francês de Napoleão, das fronteiras territoriais entre Brasil (Amapá) e a Guiana Francesa. Apesar da missão comandada pelo Visconde não ter sido bem sucedida, abriu espaço para a posterior negociação, mediada pelo Conselho Federal Suíço, em que se resolveu definitivamente a questão do Amapá.
 
=== O Barão do Rio Branco ===
{{Artigo principal|Barão de Rio Branco}}
O Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior) assumiu o cargo de chanceler em 1902. Percebeu que havia uma defasagem nos quadros do Itamaraty, razão pela qual ampliou o número de funcionários, modernizou a biblioteca e a seção de cartografia, além de investir na beleza do próprio palácio para receber hóspedes estrangeiros.
 
Nas questões territoriais, foi na gestão do Barão do Rio Branco que várias questões de fronteiras foram efetivamente resolvidas, incluindo a disputa pela fronteira entre Amapá e Guiana Francesa, iniciada pelo Visconde do Uruguai. Além dessa questão, foram resolvidas disputas com [[Argentina]], [[Bolívia]] e [[Uruguai]], sendo pela atuação do Barão do Rio Branco que os contornos do Brasil como atualmente conhecemos foram sendo moldados.
 
===Osvaldo Aranha===
{{Artigo principal|Osvaldo Aranha}}
O chanceler Osvaldo Aranha, cuja administração cobre o período de 1938-1944, teve papel fundamental na condução da política externa brasileira durante a [[Segunda Guerra Mundial]]. Aranha precisou, primeiro, coordenar a neutralidade brasileira frente o conflito, pois as relações diplomáticas eram mantidas tanto com o Eixo como com os Aliados. Essa postura neutra foi abandonada frente ao ingresso dos [[Estados Unidos]] na guerra, o que colocou a comunidade das Nações Americanas em situação difícil – em 1942, o Brasil declarou guerra ao Eixo.
 
Além da atuação na Segunda Guerra Mundial, Osvaldo Aranha ainda pôde assinar nos EUA várias convenções de matéria financeira (crédito, pagamentos e amortizações e câmbio). Por fim, reestruturou o Ministério das Relações Exteriores, incorporando em um só quadro os dois grandes quadros de funcionários: completou-se a fusão das carreiras diplomática e consular pelo Decreto-lei nº 791/38.
 
==Ver também==
{{Wikcionário|MRE}}
* [[Ministérios do Brasil]]
* [[Instituto Rio Branco]] (IRBr)
* [[Lista de ministros das Relações Exteriores do Brasil|Lista de ministros das Relações Exteriores]]
* [[Embaixadas do Brasil]]
* [[Barão do Rio Branco]]
* [[Palácio do Itamaraty (Rio de Janeiro)]]
* [[Política externa do Brasil]]
* [[Oficial de chancelaria]]
* [[Departamento das Comunidades Brasileiras no Exterior]]
 
{{Referências|col=2}}
 
==Ligações externas==
*{{Link|pt|2=http://www.mre.gov.br|3=Sítio oficial}}
*{{Link|pt|2=http://www.institutoriobranco.mre.gov.br|3=Sítio oficial do Instituto Rio Branco}}
 
{{Relações exteriores do Brasil}}
{{Ministérios do Brasil}}
 
{{DEFAULTSORT:Ministerio Das Relacoes Exteriores (Brasil)}}
[[Categoria:Ministérios do Brasil|Relacoes Exteriores]]
[[Categoria:Relações exteriores do Brasil]]
[[Categoria:Instituições governamentais de política externa]]