História da Itália: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:SheCapitoline she-wolf suckles RomulusMusei andCapitolini RemusMC1181.jpg|thumb|upright=0.8|left|A [[lupa capitolina]], símbolo da [[Roma Antiga]].]]
A Itália influenciou bastante o desenvolvimento cultural e social de toda a Europa mediterrânea, bem como teve muita influência sobre a cultura europeia, pois importantes culturas e civilizações existiram no país. No terceiro milénio a.C., foi povoada por populações mediterrâneas que ali se estabeleceram com o nome de [[lígures]] (na península) ou [[sicanos]] (na [[Sicília]]). No segundo milénio a.C., com as migrações indo-europeias, instalou-se uma civilização específica, dita "[[Terramares|dos terramares]]", na planície do [[Rio Pó|Pó]]; os últimos a chegar, os [[vilanovianos]], praticavam a incineração e faziam uso do [[ferro]] Em aproximadamente {{AC|1000|x}}, dois grupos [[Povos itálicos|itálicos]] (ou italiotas) constituíram o cerne da população da Itália. No século VIII a.C., os [[etruscos]] instalaram-se entre o Pó e a [[Campânia]], dominando a região central da [[península Itálica]] durante séculos; os [[Grécia Antiga|gregos]] estabeleceram [[Colônia (história)|colônias]] e postos comerciais na Sicília e na costa meridional da Itália ([[Magna Grécia]]). No século IV a.C., os [[celta]]s ocuparam a planície do Pó. A civilização etrusca conheceu seu apogeu nos séculos VI e V a.C.
 
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{{Artigo principal|[[Império Romano]]}}
[[Imagem:Statue-Augustus.jpg|thumb|esquerda|upright=0.6|O imperador [[Augusto]], na [[Augusto de Prima Porta|Estátua da Prima Porta]]]]
[[Imagem:RomanRomanEmpire Empire map117-pt.svg|thumb|upright=1.0|O [[Império Romano]]]]
 
O '''Império Romano''' é a fase da história da [[Roma Antiga]] caracterizada por uma forma [[autocracia|autocrática]] de governo. O Império Romano sucedeu a [[República Romana]] que durou quase 500 anos ({{AC|509|x}} – {{AC|27|x}}) e tinha sido enfraquecida pelo conflito entre [[Caio Mário]] e [[Lúcio Cornélio Sula]] e pela [[Segunda Guerra Civil da República de Roma|guerra civil]] de [[Júlio César]] contra [[Pompeu]].<ref group=nota>Durante estas lutas, centenas de senadores morreram, e o [[senado romano]] foi renovado com legalistas do [[primeiro triunvirato]] e depois do [[segundo triunvirato]].</ref> Muitas datas são comumente propostas para marcar a transição da república ao império, incluindo a data da indicação de Júlio César como ditador perpétuo {{AC|44|x}}), a vitória do herdeiro de [[Augusto|Otaviano]] na [[Batalha de Áccio]] (2 de setembro de {{AC|31|x}}), ou a data em que o senado romano outorgou a Otaviano o título honorífico [[Augusto (título)|augusto]] (16 de janeiro de {{AC|27|x}} a.C.).<ref group =nota>[[Augusto]] oficialmente proclamou ter salvo a República Romana e cuidadosamente disfarçou seu poder sob formas republicanas: [[Cônsul (Roma Antiga)|cônsules]] continuaram a ser eleitos, [[tribuno]]s dos plebeus continuaram a servir a justiça, e senadores ainda debatiam na cúria romana. Porém, era Otávio, e cada um de seus sucessores após ele, quem influenciava tudo e controlava as decisões finais e, em última análise, tinha as [[legiões romanas|legiões]] para garanti-lo, caso fosse necessário.</ref> Otávio incorporou a [[Gália Cisalpina]] à Itália, empurrando as suas fronteiras para o Norte.
 
A partir de Augusto, a Itália tornou-se o centro de um vasto império, que ela dirigia e que a alimentava. O [[cristianismo]], introduzido no século I e perseguido durante muito tempo, triunfou no século IV em Roma, que se tornou a sede do papado.
 
[[Imagem:Roman Empire map.svg|thumb|upright=1.0|O [[Império Romano]]]]
No século IV, o [[Imperador romano|imperador]] [[Constantino I|Constantino]] reconstruiu e ampliou a cidade grega de [[Bizâncio]], chamando-a de "Nova Roma". Após sua morte, a cidade foi renomeada [[Constantinopla]] (atual [[Istambul]]) e gradualmente transformou-se na capital do Império, originando o que mais tarde seria chamado de [[Império Bizantino]]. [[Roma]] permaneceu como capital do [[Império Romano do Ocidente|Império do Ocidente]] até sua queda em {{DC|476|x}}. Após a morte do imperador [[Teodósio I]], em {{DC|395|x}}, o império foi definitivamente dividido em dois.
 
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| header =
| align = left
| image1 = CharlemagneKarl der Grosse Frankfurt Historisches Museum.jpg
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| caption1 = [[Carlos Magno]], estátua em [[Frankfurt]]
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{{Artigo principal|[[Renascimento]]}}
 
[[Ficheiro:Possible Self-Portrait of Leonardo da Vinciself.jpg|thumb|upright=0.6|Autorretrato de [[Leonardo da Vinci]].]]
O [[Renascimento]] é a ponte entre e [[Idade Média]] e a [[Idade Moderna|Era Moderna]]. O saber passou a ser o centro de todas as atenções nesta época. A Itália ofereceu à humanidade nestes séculos contribuições de homens notáveis em muitos campos do conhecimento, como por exemplo: na [[Pintura]] e [[Escultura]]: [[Michelangelo]], [[Rafael Sanzio|Rafael]], [[Ticiano]], [[Tintoretto]] e [[Leonardo da Vinci]]; na [[Arquitetura]]: [[Filippo Brunelleschi]]; na [[Física]]: Leonardo da Vinci, talvez o gênio mais eclético da [[humanidade]]; nas [[Ciência Política|Ciências Políticas]]: [[Maquiavel]]; nas [[contabilidade|Ciências Contábeis]]: [[Luca Pacioli]].
 
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As insurreições liberais e nacionais não obtiveram resultado em 1820, 1831 e 1848. As novas forças do ''Risorgimento'' criaram esperanças de independência dos governos austríaco e francês. O [[Reino da Sardenha]] (com [[Carlos Alberto da Sardenha|Carlos Alberto]] e, mais tarde, [[Vítor Emanuel II]] e seu ministro [[Conde de Cavour|Cavour]]) assumiu a sua liderança e obteve o apoio da França. Em 1859, as tropas franco-sardas derrotaram a Áustria (campanha da Itália), que foi obrigada a deixar a [[Lombardia]]. Em 1860, a França recuperou Nice e a Saboia. A união dessas regiões com o Piemonte deu origem a movimentos revolucionários na Itália central e no [[Reino de Nápoles]], conquistado por [[Giuseppe Garibaldi|Garibaldi]] (general e herói italiano).
Em 1861, houve a proclamação do [[Anexo:Lista de reis da Itália|reino da Itália]], tendo Vítor Emanuel como soberano e [[Turim]] (substituída por [[Florença]] a partir de 1865) como capital. Em 1866, o reino ampliou-se com a inclusão do [[Vêneto]], graças à ajuda [[Reino da Prússia|prussiana]]. A unificação completa do país, entretanto, foi concluída apenas em 20 de setembro de 1870, quando [[Roma]] foi conquistada, tornando-se a capital. Em consequência da unificação, a Itália desenvolveu amplamente seus recursos econômicos e militares.
 
[[Ficheiro:With Victor Emmanuel.jpg|thumb|upright=1.0|[[Giuseppe Garibaldi]] e [[Vítor Emanuel II]], por [[Sebastiano De Albertis]] (1828-1897).]]
Em 1861, houve a proclamação do [[Anexo:Lista de reis da Itália|reino da Itália]], tendo Vítor Emanuel como soberano e [[Turim]] (substituída por [[Florença]] a partir de 1865) como capital. Em 1866, o reino ampliou-se com a inclusão do [[Vêneto]], graças à ajuda [[Reino da Prússia|prussiana]]. A unificação completa do país, entretanto, foi concluída apenas em 20 de setembro de 1870, quando [[Roma]] foi conquistada, tornando-se a capital. Em consequência da unificação, a Itália desenvolveu amplamente seus recursos econômicos e militares.
 
Em 1876, o chefe de governo passou a ser [[Francesco Crispi]], anticlerical e hostil à França. Vítor Emanuel II foi sucedido por [[Humberto I]] (1878), assassinado em 1900, e por [[Vítor Emanuel III]].
 
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{{Principal|Fascismo}}
{{Mais informações|Antifascismo}}
[[Ficheiro:Benito Mussolini in 1937Duce.jpg|thumb|esquerda|100px150px|[[Benito Mussolini]].]]
A Itália participou da [[Primeira Guerra Mundial]] ao lado dos [[Tríplice Entente|Aliados]] (1915 a 1918), satisfazendo apenas parte das suas ambições com a conquista de [[Trentino]] e do [[Alto Adige]] (ou [[Tirol Meridional]]), e depois [[Fiume]].
 
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== A república ==
{{Artigo principal|[[Itália republicana]]}}
{{multiple image
[[Ficheiro:Aldo Moro br.jpg|thumb|upright=0.8|O primeiro-ministro [[Aldo Moro]], sequestrado e morto pelas [[Brigadas Vermelhas]].]]
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| header = Primeiro-ministros recentes
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| caption1image1 = [[Silvio Berlusconi]] (2010) cropped.jpg
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| caption1 = [[Silvio Berlusconi]]
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| caption2 = [[MarioMatteo MontiRenzi]]
| image3 = Paolo Gentiloni - Festival Economia 2016.jpg
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| caption3 = [[EnricoPaolo LettaGentiloni]]
}}
Em 1944, com a abdicação de [[Vítor Emanuel III da Itália|Vítor Emanuel III]], seu filho, [[Humberto II da Itália|Humberto II]], tornou-se lugar-tenente geral do reino. Em 1946, depois do efêmero reinado de Humberto II, a [[república parlamentarista]] foi proclamada na Itália após um [[plebiscito]] (2 de junho de 1946). A [[Assembléia Constituinte]] redigiu o rascunho da [[Constituição]] que entrou em vigor em 1 de janeiro de 1948. A campanha eleitoral que se seguiu à aprovação da mesma coincidiu com uma intensificação da [[Guerra Fria]] e levou a Itália à beira da [[guerra civil]].
 
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Apesar da instabilidade política e de numerosas dificuldades de ordem social, a Itália recuperou-se amplamente no plano econômico e acabou por se tornar membro fundador da [[Comunidade Econômica Europeia]] ([[CEE]]) - atual [[União Europeia]] - e da [[Organização do Tratado do Atlântico Norte]] ([[OTAN]]), fundada em 4 de abril de 1949. Em 14 de dezembro de [[1955]], a Itália tornou-se um membro da [[Organização das Nações Unidas]] (ONU).
 
[[Ficheiro:Aldo Moro br.jpg|thumb|upright=0.8|esquerda|O primeiro-ministro [[Aldo Moro]], sequestrado e morto pelas [[Brigadas Vermelhas]].]]
 
Entre 1958 e 1968, os [[Democracia Cristã (Itália)|democratas-cristãos]], com [[Amintore Fanfani|A. Fanfani]] e depois [[Aldo Moro]], foram os artífices de um "milagre" econômico que, todavia, não impediu o avanço eleitoral da esquerda. Em 1963, os elementos moderados do [[Partido Socialista Italiano]] (PSI) sob a direção de [[Pietro Sandro Nenni]], concordaram em fazer parte de um governo de centro-esquerda, fato que não ocorria desde 1947. O democrata-cristão Aldo Moro formou então um governo de coalizão com a participação de quatro partidos e ele mesmo assumiu o cargo de [[primeiro-ministro]]. Entre 1968 e 1972, a instabilidade política fez os governos se sucederem em ritmo acelerado. A classe política, vista como [[Corrupção política|corrupta]], foi ficando cada vez mais isolada do resto da sociedade.
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O [[Partido Comunista Italiano]] ajustou-se com sucesso à democracia, mas durante a década de 1970 o [[terrorismo]] político, apoiado inclusive pela [[Máfia]] {{carece de fontes}}, organização criminosa de origem secular, passou a criar grande insegurança, realizando [[sequestro]]s e atentados políticos. O mais emblemático foi o sequestro e assassinato do ex-primeiro-ministro Aldo Moro pelas [[Brigadas Vermelhas]] em 1978. Este assassinato provocou uma profunda reformulação política na Itália, onde os governos da república, formados desde 1946, por coalizões dominadas pelos democratas cristãos, evidenciavam sua incompetência, sofrendo acusações de corrupção. Para restabelecer a ordem, os partidos políticos buscaram realizar a aliança mais ampla possível, que foi obtida com o "[[compromisso histórico]]" (1976-1979), união no poder dos comunistas e democratas-cristãos.
 
[[Ficheiro:Cossiga Francesco.jpg|thumb|esquerda|upright=0.78|[[Francesco Cossiga]]]]
 
Em 1981, [[Giovanni Spadolini]], líder do Partido Republicano, tornou-se o primeiro-ministro. As crises do governo de 1983 levaram à formação de um novo governo sob a direção de [[Bettino Craxi]], o primeiro chefe de governo socialista desde a guerra. Em 1984, sob sua direção, o governo firmou um acordo com o [[Vaticano]] com o qual a [[religião católica]] deixou de ser a oficial do país.
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Francesco Cossiga convocou uma reforma contra a Máfia. Este processo foi longo e penoso, provocando inclusive o assassinato do juiz [[Giovanni Falcone]], responsável pela prisão de mafiosos. Em 1988 e 1989, vários brigadistas foram condenados à prisão.
 
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| image1 = Berlusconi incaricato premier 2008 - 2.jpg
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| caption3 = [[Enrico Letta]]
}}
Em 1991, o [[Partido Comunista Italiano]] transformou-se em [[Partido Democrático de Esquerda]]. Intensificou-se a luta contra a Máfia. A partir de então, em 1992, o país aprofundou com sucesso a "''[[Operação Mãos Limpas]]''", expulsando da vida política e econômica do país personalidades envolvidas com a Máfia e a [[Corrupção política|corrupção]].