Pela (Macedônia): diferenças entre revisões

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{{geocoordenadas|40_45_36_N_22_31_9_E_type:city(2400)_region:GR-61|40°45'36" N, 22°31'9" O}}
[[FicheiroImagem:Pella location.jpg|thumb|direita|Localização de '''Pela'''.]]
'''Pela''' <sup>[[Acordo Ortográfico de 1990({{langx|grc|Πέλλα||AO 1990]]</sup> ou ''Pélla'Pella''' (do [[Língua grega|grego]]: Πέλλα}}) foi a [[capital]] do antigo reino [[Grécia Antiga|grego]] da [[Macedônia Antiga|Macedônia]], célebre por seus reis [[Filipe II da Macedónia|Filipe]] e seu filho, [[Alexandre, o Grande]]. Situa-se na planície central da região geográfica da Macedônia, entre o [[rio LoudiasLudias]] e o [[Rio Vardar|AxiosÁxio]], sobre uma colina que dava, na [[Antiguidade]], para um lago [[pântano|pantanoso]], e foi povoada inicialmente por gregos e [[bárbaros]].<ref>Hatzopoulos, M. ''Macedonian Institutions Under the Kings'', Atenas, 1996, p. 107.</ref>
 
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== Etimologia ==
Tradicionalmente, a [[etimologia popular]] atribui o nome de Pela a uma variação do [[grego dórico]] [[Apela]], que originalmente designava um lugar cerimonial, onde decisões eram tomadas.<ref>[http://www.perseus.tufts.edu/cgi-bin/ptext?doc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0057%3Aentry%3D%2380486 Πέλλα / Pella], Henry George Liddell, Robert Scott, ''A Greek–English Lexicon''</ref> No entanto, a forma local do [[Língua grega antiga|grego antigo]] não era o dórico, e a palavra coincidiria com um termo grego, ''pélla'', que designa "pedra", se referindo a um marco famoso existente na região quando da fundação da cidade.<ref>Mallory, J.P. and D.Q. Adams. ''[[Encyclopedia of Indo-European Culture]]''. London: Fitzroy and Dearborn, 1997: 432</ref>
 
== História ==
Pela foi fundada por [[Arquelau I da Macedônia|Arquelau]] ([[413 a.C.413–{{AC|413]]–[[399 a.C.]]|x}}) como a capital de seu reino, substituindo a antiga cidade-[[palácio]] de [[Aigéai]]Egas ([[Vergina]]). A cidade foi mencionada pela primeira vez por [[Heródoto]] de [[Halicarnasso]]<ref>Heródoto, ''[[Histórias (Heródoto)|Histórias]]'', VII, 123</ref> no contexto da campanha do [[imperador aquemênida]] [[{{lknb|Xerxes]]|I}}, e por [[Tucídides]]<ref>Tucídides, ''[[História da Guerra do Peloponeso]]'', II, 99,4 e 100,4</ref> no contexto da expansão macedônica e a guerra contra [[Sitalces]], rei dos [[Trácia|trácios]].
 
De acordo com [[Xenofonte]], no início do [[século {{-séc|IV a.C.]]}} Pela era a maior cidade da Macedônia. Atraiu diversos [[artista]]s gregos, como o [[pintor]] [[Zeuxis]], o poeta [[Timóteo de Mileto]] e o [[Dramaturgia|dramaturgo]] [[Eurípides]], que [[Estreia|estreou]] na cidade sua célebre peça ''[[As Bacantes]]'', em [[{{AC|408 a.C.]]|x}}, e acabou por morrer na cidade, enquanto escrevia e produzia sua peça ''Arquelau''. Pela foi o local de nascimento do rei Filipe II, cujo palácio foi recentemente descoberto por [[arqueologia|arqueólogos]], e de seu célebre filho, Alexandre, o Grande, que recebeu na cidade a [[tutoria]] do [[filósofo]] [[Aristóteles]].
 
Na [[Antiguidade]], Pela era uma cidade [[Porto|portuária]], ligada ao [[golfo Termaico]] por um pequeno canal navegável, que acabou sendo [[AterroAterramento marítimo|aterrado]], o que deixou o sítio isolado do [[mar]]. O reinado de [[Antígono Gónatas|Antígono II]] provavelmente representou o auge da prosperidade da cidade, já que foi o seu período que deixou o maior número de restos arqueológicos.
 
Pela foi mencionada por [[Políbio]] e [[Tito Lívio]] como a capital real de [[Filipe V da Macedônia|Filipe V]] e de [[Perseu da Macedônia|Perseu]], durante as [[Guerras Macedônicas]], travadas contra a [[República Romana]]. Nos escritos de Lívio pode ser encontrada a única descrição da aparência da cidade segundo [[Lúcio Emílio Paulo Macedônico]], o [[general]] romano responsável por derrotar Perseu na [[batalha de Pidna]]:
:…[Paulo] observou que não era sem motivo que a cidade havia sido escolhida como residência real. Situa-se na encosta sudoeste de um morro, numa área pantanosa, que se projeta como uma ilha, e está construída sobre uma gigantesca estrutura, forte o bastante para sustentar um muro e prevenir qualquer tipo de dano feito pelas infiltrações da água da lagoa. À distância, parece ser contígua à muralha da cidade, porém na realidade está separada por um canal que flui entre os dois muros e está ligado à cidade por uma ponte. Assim, pode isolar todos os meios de acesso de inimigos externos, e se o rei trancar qualquer um ali, não há qualquer possibilidade de fuga exceto pela ponte, que pode ser guardada bem facilmente..<ref>Tito Lívio, ''História de Roma'', Vol. VI'', XLIV, 46</ref>
 
O famoso poeta [[Arato]] morreu em Pela, por volta de [[{{AC|240 a.C.]]|X}}. Pela foi saqueada pelos romanos em [[{{AC|168 a.C.]]|x}}, e todo o seu tesouro foi levado para Roma.
 
Na [[Macedónia (província romana)|província romana da Macedônia]], Pela foi a capital do terceiro distrito, e possivelmente era a sede do [[governador]] romano. Por ser cruzada pela [[Via Egnácia]]<ref>[[Estrabão]], ''[[Geografia (Estrabão)|Geografia]]'', VII, 323</ref> Pela continuou a ser um ponto importante na rota entre [[Dirráquio]] e [[Salónica|TessalônicaSalonica]]. [[Cícero]] se hospedou na cidade em [[{{AC|58 a.C.]]|x}}, porém a esta altura a sede do governo da província já havia sido transferida para Tessalônica.
 
[[Moeda]]s cunhadas na cidade entre [[45 a.C.|45]] e [[{{AC|30 a.C.]]|x}}, marcadas como Colônia Júlia Augusta Pela ({{langx|la|''Colonia Iulia Augusta Pella''}}) indicam uma possível redução ao status de [[Colônia (história)|colônia]]. O [[imperador romano|imperador]] [[Augusto]] assentou ali [[Camponês|camponeses]] cujas terras ele havia usurpado para dar a seus veteranos de guerra.<ref>[[Dião Cássio]], LI, 4</ref> Ao contrário, no entanto, de outras colônias macedônicas, como [[Filipos]], [[Dion]], e [[Cassandreia]], Pela nunca esteve sob a jurisdição do ''[[ius Italicum]]'' ou [[Lei Romana]]. São conhecidos quatro pares de magistrados coloniais (''IIvirs quinquennales'') deste período.
 
No fim deste século a cidade foi destruída por um [[terremoto]]; [[loja]]s e [[oficina]]s que datam da época da catástrofe foram encontradas, ainda com restos de suas respectivas mercadorias. Uma nova cidade foi construída posteriormente, sobre as ruínas da antiga, o que preservou-as, porém nos arredores do ano de [[{{DC|180|180 d.C.]]x}}, [[Luciano de Samósata]], ao passar por ela, descreveu-a como "insignificante, com pouquíssimos habitantes"<ref>[http://www.tertullian.org/rpearse/lucian/lucian_alexander.htm "Luciano de Samósata: Alexandre, o falso profeta"] {{en}}, ''The [[Tertullian]] Project''</ref> [[DioDião Cristóstomo]] também atestou a ruína da antiga capital de Filipe e Alexandre.<ref>[http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Dio_Chrysostom/Discourses/33*.html#27 ''Or.''&nbsp;33.27]</ref> Na realidade, a cidade romana localizava-se numa localização separada, a oeste da capital antiga, o que pode explicar algumas das contradições encontradas entre as evidências [[Epigrafia|epigráficas]] e testimoniais. No período [[Império Bizantino|bizantino]] o sítio da cidade romana foi ocupado por uma vila fortificada.
 
{{Referências}}