Baía de Guanabara: diferenças entre revisões

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|imagem_legenda = Baía de Guanabara [[Imagem de satélite|vista de satélite]] da [[NASA]].
|localização = [[Rio de Janeiro]]
|coordenadas =
|rios =
|oceanos = [[Oceano Atlântico|Atlântico]]
|países = {{BRA}}
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|profundidade = 3-8 m
|profundidade max = 17 m
|volume =
|comprimento da costa =
|ref link =
}}
A '''baía de Guanabara''' é uma [[baía]] oceânica localizada no [[Unidades federativas do Brasil|estado]] do [[Rio de Janeiro]], no sudeste do [[Brasil]].
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== História ==
[[Ficheiro:Rio 1555 França Antártica.jpg|thumb|left|A baía de Guanabara em antigo mapa do século XVI.]]
[[FileImagem:Baia da guanabara (1903).jpg|thumb|left|Vista da baía, circa 1903]]
 
Habitada pelos [[Povos indígenas do Brasil|índios]] [[temiminós]], foi descoberta pela expedição exploradora portuguesa de [[1501]], cujo comando é atribuído por alguns autores a [[Gaspar de Lemos]], em [[1 de Janeiro]] de [[1502]]. Os portugueses a confundiram com a foz de um grande rio, ao qual denominaram "Rio de Janeiro", por ter sido descoberto no mês de janeiro. Os indígenas locais, entretanto, tinham já uma designação [[Língua tupi|tupi]] para a mesma: ''Iguaá-Mbara'' (''iguaá'' = enseada do rio, e ''mbará'' = mar), ou então ''guana'' ("seio") ''bara'' ("mar"), "mar do seio", em referência a seu formato arredondado e à fartura de pesca que proporcionava, ou ainda ''kûárana pará'' ("mar do que se assemelha a enseada", pela junção de ''kûá'', "enseada"<ref name="fflch.usp.br">http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm</ref>, ''rana'', "semelhança"<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 449.</ref> e ''pará'', "mar".<ref name="fflch.usp.br"/><ref name="g1.globo.com">{{citar web|URL=http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/1.html|título=Palavras que vêm das línguas indígenas|autor=Sérgio Nogueira|data=13 de maio de 2014|publicado=Dicas de Português, G1|acessodata=17 de maio de 2014}}</ref><ref name="g1.globo.com"/> O nome é uma alusão ao fato de, na época, a baía não ter a entrada tão estreita como tem hoje, pois o conjunto dos morros Cara de Cão, Pão de Açúcar e Urca formavam uma ilha chamada Ilha da Trindade e não uma península, como ocorre hoje, fruto de um aterramento realizado no século XVI<ref>http://www.urca.net/historia.htm</ref>.)
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{{quote2|...dentro da barra tem uma baía que bem parece que a pintou o supremo pintor arquiteto do mundo, Deus Nosso Senhor".|autor=Padre [[Fernão Cardim]], fins do [[século XVI]]}}
 
O [[relevo]] que a enquadra, de contornos irregulares, conforma um [[porto]] de abrigo natural, favorável à actividade [[economia|económica]] humana, da qual são exemplos as cidades do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]] e de [[Niterói]].
 
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== Geografia ==
A [[baía]] é a resultante de uma [[graben|depressão tectônica]] formada no [[Cenozoico]], entre dois blocos de [[falha geológica]]: a chamada [[Serra dos Órgãos]] e diversos maciços costeiros, menores. Constitui a segunda maior baía, em extensão, do [[litoral]] brasileiro, com uma [[área]] de aproximadamente 380&nbsp;km².{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
 
Considerando-se a sua barra como uma linha imaginária que se estende da ponta de [[Copacabana]] até à ponta de [[Itaipu]], esta sofre um estreitamento entre a ponta da [[Fortaleza de São João]], na cidade do [[Rio de Janeiro]], e a ponta da [[Fortaleza de Santa Cruz]], na de [[Niterói]], com uma largura aproximada de 1.600 metros. Relativamente a meio dessa passagem, ergue-se uma laje rochosa ([[ilha da Laje]]), utilizada desde os colonizadores como ponto de apoio à defesa da barra, o atual [[Forte Tamandaré da Laje|Forte Tamandaré]] (antigo ''Forte da Laje'').{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
 
As profundidades médias na baía são de 3 metros na área do fundo, 8,3 metros na altura da [[Ponte Rio-Niterói]] e de 17 metros no canal de entrada da barra. Na área do fundo, onde desaguam a maior parte dos [[rio]]s, o acúmulo de sedimentos constituiu [[manguezal|manguezais]], envoltos pela [[vegetação]] própria da [[Mata Atlântica]].{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
{{panorama|Panorama Guanabara Bay.jpg|800px|Vista da Baía a partir do [[Morro do Pão de Açúcar]], com destaque para o [[Aeroporto Santos Dumont]] e a [[Ponte Rio-Niterói]].}}
 
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=== Ilhas ===
No interior da baía concentra-se uma grande quantidade de [[ilha]]s e ilhotas, entre as quais se relacionam:
[[FileImagem:Baiaguanabara.jpg|thumb|Vista da [[Ilha_do_Governador|Ilha do Governador]], a maior ilha da baía]]
{{dividir em colunas|cols=3}}
* [[Ilha d'Água]]
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=== Biodiversidade ===
A baía abriga dezenas de espécies [[botânica]]s, [[zoologia|zoológicas]] e [[ictiologia|ictiológicas]]. Entre as espécies que habitam ou procuram a baía de Guanabara para se alimentar ou se reproduzir, destacam-se: [[golfinho]]s, [[Tartaruga|tartarugas-marinhas]], [[bagre]]s, [[parati]]s, [[sardinha]]s e [[tainha]]s.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
 
A baía integrava a rota migratória das [[Baleia franca|baleias francas]] que buscavam as suas águas quentes para procriar, no [[inverno]] austral. Até ao [[século XVIII]], a ''[[Baleação|armação]]'' (caça) de [[baleia]]s foi uma atividade expressiva na baía de Guanabara.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
 
=== Degradação ambiental ===
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[[Ficheiro:Plataformaguanabara.jpg|thumb|Outra plataforma, ao anoitecer]]
 
Diante da perda secular de áreas de [[manguezal]], exploradas sob os mais variados aspectos, a baía atualmente agoniza, vítima da poluição dos esgotos domiciliares e industriais, além dos derrames de óleo e da crescente presença de metais pesados em suas águas. À época do [[Descobrimento do Brasil|Descobrimento]], estima-se que essas áreas cobriam 300&nbsp;km²; dados da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, em [[1997]], indicavam que elas se encontravam reduzidas a apenas cerca de 60&nbsp;km². O padrão de queda da qualidade ambiental na Baía de Guanabara é consensual, apesar de visões contraditórias do problema. A degradação do ecossistema é representada pela significativa diminuição nos níveis de qualidade da água (baía e rios) e formação de gradientes de degradação no ecossistema que seguem tendências norte-sul e leste-oeste. O gradiente norte-sul acontece devido à sua característica estuarina, sendo reflexo do balanço das contribuições continentais (norte) e marinhas (sul). No norte são observados maiores valores de indicadores de poluição como sólidos em suspensão, fosfato, fósforo total, amônia, nitrito, silicato, clorofila ''a'' e coliformes totais e fecais, bem como menores valores de salinidade, oxigênio dissolvido, pH, nitrato e transparência da água. A temperatura também é alta nessa região<ref name=":0">{{citar periódico|ultimo = |primeiro = |titulo = Hydrobiological Characterization of Guanabara Bay|jornal = Coastlines of Brazil|doi = |url = |acessadoem = |autor = Mayr, L.|coautores = Tenenbaum, D.; Villac, M.C.; Paranhos, R; Nogueira, C.; Bonecker, S.; Bonecker, A.|ano = 1989|paginas = 124-138}}</ref><ref name=":1">{{citar periódico|ultimo = |primeiro = |titulo = Evolution (1980-1990) of ammonia and dissolved oxygen in Guanabara Bay. RJ, Brazil|jornal = Proceeding of the Seventh Symposium on Coastal and Ocean Management.|doi = |url = |acessadoem = |autor = Lavrado, H.P.|ano = 1991|coautores = Mayr, LM., Carvalho, V.; Paranhos, R.|paginas = 3234-3245|editora = American Society of Civil Engineers|local = New York}}</ref><ref name=":2">{{citar periódico|ultimo = |primeiro = |titulo = Seasonal patterns of temperature and salinity in Guanabara Bay|jornal = Brasil.Fresenius Environ. Bull.|doi = |url = |acessadoem = |autor = Paranhos, R|coautores = Mayr, L|volume = 2|paginas = 647-652.|ano = 1993}}</ref><ref name=":3">{{citar livro|nome = FEEMA|sobrenome = |título = Qualidade das águas do Estado do Rio de Janeiro, 1987-1989. Baía de Guanabara e rios contribuintes e Baía de Sepetiba e Sub-bacias Adjacentes.|ano = 1991|isbn = |volume = IV}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = |primeiro = |titulo = On the faecal pollution in Guanabara bay, Brazil.|jornal = Fresenius Envir Bull|doi = |url = |acessadoem = |autor = Paranhos, R.|coautores = Nascimento, S.M.; Mayr, L.M.|ano = 1995|volume = |numero = 4|paginas = 352-357.}}</ref><ref name=":4">{{citar livro|nome = FEEMA|sobrenome = |título = Qualidade de Água da Baía de Guanabara 1990/1997. FEEMA, PDBG-Programas Ambientais Complementares.|ano = 1998.|isbn = }}</ref><ref name=":5">{{citar periódico|ultimo = |primeiro = |titulo = Caractéristiques hydrobiologiques de La Baie de Guanabara (Rio de Janeiro, Brésil).|jornal = J. Rech. Oceanog.|doi = |url = |acessadoem = |autor = Valentin, J.|coautores = Tenenbaum, D.; Bonecker, A.; Bonecker, S.; Nogueira, C.; Paranhos, R.; Villac, M.C.|ano = 1999|paginas = 33-41.|numero = 24}}</ref>. Já na região de desembocadura, observa-se o oposto em função da maior influência marinha. Por tais características, nesta região são encontradas as melhores condições ambientais da Baía de Guanabara.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
 
O gradiente leste-oeste é resultado da ocupação humana da orla da baía. A cidade do Rio de Janeiro polarizou o desenvolvimento na região oeste da baía, onde foram realizados mais aterros para o crescimento da cidade, com graves consequências para a circulação das águas. Também como efeito desse crescimento, observou-se um aumento das cargas de esgotos domésticos e efluentes industriais, justamente onde foi reduzida de forma drástica a capacidade de diluição desses dejetos, pela diminuição da circulação da água. Na região oeste, foram observados os maiores valores de todos os indicadores de poluição (fosfato, fósforo total, amônia, nitrito, silicato, clorofila ''a'' e coliformes totais e fecais), bem como os menores níveis de oxigênio dissolvido<ref name=":0" /><ref name=":1" /><ref name=":2" /><ref name=":3" /><ref>{{citar periódico|titulo = Sampling strategies proposed to monitor Guanabara Bay, RJ, Brazil.|autor = Villac, M.C.|coautores = Mayr, L.M.; Tenembaum, D.R.; Paranhos, R.|ano = 1991|jornal = Coastal Zone'91|paginas = 1168-1182|local = New York}}</ref><ref name=":4" /><ref name=":5" />. 
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Além de um gradiente horizontal, a Baía de Guanabara também apresenta um gradiente vertical. Essa estratificação também é função de sua característica estuarina, com um forte componente sazonal. Na época chuvosa (verão) são observadas menores salinidades e maiores temperaturas nas águas de superfície, estas sob maior influência da drenagem das águas do continente. Tal estruturação condiciona uma forte estratificação termohalina, com uma diferença superfície-fundo de até 17º C e 15 S<ref name=":0" /><ref name=":3" /><ref name=":2" /><ref name=":4" />. Já na época seca do ano (inverno), com a menor pluviosidade e temperatura não são observadas grandes variações entre as camadas de superfície e de fundo, causando maior homogeneidade na coluna d’água. Os padrões de estratificação para a salinidade acompanham os descritos para a temperatura<ref name=":0" />.
 
Embora as águas da baía se renovem em contato com as do mar, ela é a receptora final de todos os efluentes líquidos gerados nas suas margens e nas bacias dos 55 rios e riachos que a alimentam. Entre as fontes potenciais de poluição contam-se 14 mil estabelecimentos industriais, quatorze terminais marítimos de carga e descarga de produtos oleosos, dois portos comerciais, diversos estaleiros, duas refinarias de petróleo, mais de mil postos de combustíveis e uma intrincada rede de transporte de matérias-primas, combustíveis e produtos industrializados permeando zonas urbanas altamente congestionadas.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
 
A bacia que drena para a Baía de Guanabara tem uma superfície de 4 000&nbsp;km², integrada pelos municípios de [[Duque de Caxias]], [[São João de Meriti]], [[Belford Roxo]], [[Nilópolis]], [[São Gonçalo (Rio de Janeiro)|São Gonçalo]], [[Magé]], [[Guapimirim]], [[Itaboraí]], [[Tanguá]] e partes dos municípios do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[Niterói]], [[Nova Iguaçu]], [[Cachoeiras de Macacu]], [[Rio Bonito]] e [[Petrópolis]], a maioria localizada na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Esta região abriga cerca de dez milhões de habitantes, o equivalente a 80 por cento da população do estado do Rio de Janeiro e apresentou, no período 1980-1991, a maior taxa de crescimento do País. Mais de 2/3 dessa população, 7,6 milhões de habitantes, habitam na bacia da Baía de Guanabara. A partir da [[década de 1990]], começou a ser objeto de um grande projeto de recuperação ambiental, com verbas do [[Banco Interamericano de Desenvolvimento]] e do Governo do [[Japão]]. O projeto, no entanto, encontra-se atualmente paralisado. Existe a teoria de que se não houver nenhum tipo de poluição aos rios que a alimentam e à própria Baía, as águas levariam o prazo natural de cinco anos para se recuperarem em mais de 90%.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
 
Alguns trechos de suas margens foram aterrados para a construção de [[Porto (transporte)|cais]] e de vias públicas, como o [[Aterro do Flamengo]], a [[Avenida Brasil (Rio de Janeiro)|Avenida Brasil]], a [[RJ-071|Linha Vermelha]], a [[BR-101|Rodovia Niterói-Manilha]], entre outros. Dos 260&nbsp;km² originalmente cobertos por [[manguezal|manguezais]] no entorno da baía, restam hoje apenas 82&nbsp;km². A destruição desta formação vegetal causa a redução da capacidade de reprodução de diversas espécies de vida aquática e intensifica o processo de [[assoreamento]] que, ao longo do tempo, resulta na progressiva redução de profundidade da Baía. Cerca de 400 indústrias, do total de 14 000, são responsáveis pelo lançamento de quantidades expressivas de poluentes na Baía de Guanabara e nos rios da sua bacia.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
 
Durante os [[Jogos Olímpicos de Verão de 2016]], quase {{fmtn|1400}} atletas velejaram nas águas da [[Marina da Glória]] na Baía de Guanabara, nadando na [[praia de Copacabana]] e praticando canoagem e remo nas águas insalubres da [[Lagoa Rodrigo de Freitas]]. Em julho de 2015 a [[agência de notícias]] [[Associated Press]] encomendou quatro rodadas de testes da qualidade da [[água]] em cada um desses locais de competições, e também na água que alcança a areia da [[praia de Ipanema]], que é muito frequentada por turistas, mas onde não será realizado nenhum evento olímpico. Os resultados dos testes indicaram altas contagens de [[adenovírus]], [[rotavírus]], [[enterovírus]] e [[coliformes fecais]] em algumas amostras. Esses são vírus conhecidos por causar doenças estomacais, respiratórias e outras, incluindo [[diarreia]] aguda e [[vômito]]s, além de doenças cerebrais e cardíacas, que são mais graves, porém mais raras. As concentrações dos vírus foram aproximadamente as mesmas que são encontradas no [[esgoto]] puro. A Lagoa Rodrigo de Freitas, que foi declarada segura para remadores e canoístas, apresentou as águas mais poluídas dos locais de competições, com resultados que variam de 14 milhões de adenovírus por litro no extremo inferior a 1,7 bilhão por litro no extremo superior.<ref name="Poluição">{{citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2015/07/1662225-atletas-olimpicos-irao-nadar-e-velejar-em-agua-com-virus-e-bacterias-no-rio.shtml?cmpid=facefolha |título=Atletas olímpicos irão competir no Rio em água contaminada, mostra análise |editor=[[Folha de S.Paulo]] |data=30 de julho de 2015 |acessodata=1 de agosto de 2015}}</ref>