Capital humano: diferenças entre revisões

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'''Capital humano''' é o conjunto de capacidades, conhecimentos, competências e atributos de personalidade que favorecem a realização de [[trabalho]] de modo a produzir valor econômico. São os atributos adquiridos por um trabalhador por meio da educação, perícia e experiência. <ref>{{cite bookcitar livro|lastúltimo = Sullivan |firstprimeiro = Arthur |authorlinkautorlink = Arthur O' Sullivan |coauthors coautor= Steven M. Sheffrin |title título= Economics: Principles in action |publisher publicado= Pearson Prentice Hall |year ano= 2003 |location local= Upper Saddle River, New Jersey 07458 |pages páginas= 5 |url = http://www.pearsonschool.com/index.cfm?locator=PSZ3R9&PMDbSiteId=2781&PMDbSolutionId=6724&PMDbCategoryId=&PMDbProgramId=12881&level=4 |doi = |id = |isbn = 0-13-063085-3}}</ref> Muitas das primeiras teorias econômicas referem-se à [[força de trabalho]], um dos três [[fatores de produção]], como um [[recurso]] homogêneo e facilmente substituível.
 
O conceito de capital humano foi adotado, nos [[anos 1980]], pelos organismos multilaterais mais diretamente vinculados ao pensamento [[neoliberal]], na área educacional, no contexto das demandas resultantes da [[reestruturação produtiva]].
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<blockquote>"O maior aprimoramento nas forças produtivas do trabalho, e a maior parte da habilidade, destreza, e julgamento com o qual é dirigido em qualquer lugar, ou aplicada, parecem ter sido os efeitos da divisão do trabalho".</blockquote>
 
Contemporaneamente, o conceito de capital humano reaparece na [[década de 1950]], nos estudos de [[Theodore Schultz|Theodore W. Schultz]], ([[1902]] - [[1998]]), que dividiu o [[prêmio Nobel de Economia]] de [[1979]] com Sir [[Arthur Lewis]].<ref>[http://209.85.215.104/search?q=cache:iAFyZIXnplUJ:www.scielo.br/scielo.php%3Fpid%3DS0100-15742001000200010%26script%3Dsci_arttext+PAIVA,+Vanilda.+Sobre+o+conceito+de+%22Capital+Humano%22.&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=5&gl=br PAIVA, Vanilda. Sobre o conceito de "Capital Humano". Cadernos de Pesquina. n. 113, São Paulo, Jul.2001]</ref>Nos anos 1960, o conceito foi desenvolvido e popularizado por [[Gary Becker]], derivado dos conceitos de [[capital fixo]] (maquinaria) e [[capital variável]] (salários). O "capital humano" (capital incorporado aos seres humanos, especialmente na forma de [[saúde]] e [[educação]]) seria o componente explicativo fundamental do [[desenvolvimento econômico]] desigual entre países. Entretanto, a idéia de aplicar o conceito de "[[capital]]" a seres humanos, no sentido de transformar pessoas em capital para as [[empresa]]s, contrariava frontalmente o pensamento [[humanismo|humanista]] que marcou a [[esquerda política|esquerda]] no [[pós-guerra]].
 
Considera-se que [[William Arthur Lewis]] tenha criado a área de [[economia do desenvolvimento]] - e consequentemente a ideia de capital humano - quando escreveu, em [[1954]], ''Economic Development with Unlimited Supplies of Labour''.<ref>[ftp://ftp.uic.edu/pub/depts/econ/wpaper/cchis/docs533/Economic%20Development%20with%20Unlimited%20Supplies%20of%20Labour%20-%20Arthur%20Lewis.pdf ''Economic Development with Unlimited Supplies of Labour'']. Por W. Arthur Lewis</ref> Mas a expressão "capital humano" não foi utilizada, devido a sua conotação negativa, até ser discutida pela primeira vez por [[Arthur Cecil Pigou]]:<br />
"Existe investimento em capital humano, assim como investimento em [[capital]] material. Então, na medida em que isto seja reconhecido, a distinção entre economia do [[consumo]] e economia do [[investimento]] fica borrada. Pois, até certo ponto, o consumo é o investimento em capacidade produtiva pessoal. Isto é especialmente importante com relação às crianças: reduzir indevidamente os seus gastos de consumo pode reduzir muito a sua eficiência na vida futura. Mesmo para nós, adultos, após descermos uma certa distância na escala de riqueza, de modo a estarmos além da região de luxos e confortos "desnecessários", uma restrição no consumo pessoal é também uma restrição no investimento.<ref>[[Arthur Cecil Pigou|Pigou, Arthur Cecil]] ''A Study in Public Finance'', 1928, Macmillan, London, p. 29</ref>
 
O uso do termo na [[economia neoclássica|literatura econômica neoclássica]] foi introduzido com o artigo ''Investment in Human Capital and Personal Income Distribution'' de [[Jacob Mincer]], publicado no ''The Journal of Political Economy'', em 1958.<ref>Mincer, Jacob ''Studies in Human Capital''. [https://books.google.com.br/books?id=Exx8_r-RpQkC&pg=PA3&lpg=PA3&dq=%22Investment+in+Human+Capital+and+Personal+Income+Distribution%22&source=bl&ots=dAcTl0R7gX&sig=kKCcB2craNSOmlMhjfL8qvvrURc&hl=pt-BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q=%22Investment%20in%20Human%20Capital%20and%20Personal%20Income%20Distribution%22&f=false 1. "Investment in Human Capital and Personal Income Distribution"]. Edward Elgar Publishing, 1993.</ref> Depois, [[Theodore Schultz]] também contribuiu para o desenvolvimento do tema.
 
A mais conhecida aplicação da ideia de "capital humano" na economia é a de Mincer e [[Gary Becker]], da [[Escola de Chicago (economia)|Escola de Chicago]] de [[economia]]. O livro de Becker intitulado ''Human Capital'', publicado em 1964, foi uma referência por muitos anos. Segundo essa visão, o capital humano é semelhante aos "[[meio de produção|meios físicos de produção]]", tais como fábricas ou máquinas: o indivíduo pode investir em capital humano (via educação, treinamento, tratamento médico) e o resultado que obterá depende, em parte, da [[taxa de retorno]] sobre do capital humano que esse indivíduo possui. Assim, o capital humano seria um meio de produção, no qual um investimento adicional gera resultados adicionais. O capital humano é substituível, mas transferível como [[terra (economia)|terra]], [[trabalho]] ou [[capital fixo]].
 
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==A abordagem das Nações Unidas==
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O conceito de capital humano tem relativamente mais importância em países com mão-de-obra excedentária. Estes países são naturalmente dotados com mais mão de obra devido à alta taxa de natalidade nestas condições. O trabalho excedente nesses países é o recurso humano disponível com mais abundância do que o recurso de capital tangível. Este recurso humano pode ser transformado em capital humano com entradas efetivas de valores educacionais, de saúde e morais. A transformação de recursos humanos primitivos em recursos humanos altamente produtivos com estas entradas é o processo de formação de capital humano. O problema da escassez de capital tangível dos países superavitários de mão de obra pode ser resolvido através da aceleração da taxa de formação de capital humano com investimentos privados e públicos em educação e saúde das suas economias nacionais. O capital tangível financeiro é um instrumento eficaz de promoção do crescimento econômico da nação. O capital humano intangível, por outro lado, é um instrumento de promoção integral do desenvolvimento da nação porque o capital humano está diretamente relacionado com o desenvolvimento humano, e quando há desenvolvimento humano, o progresso qualitativo e quantitativo da nação é inevitável <ref> [[Mahbub ul Haq|Haq, Mahbub ul]], ''Reflection on Human Development''. Delhi: Oxford University Press, 1996 </ref>. Essa importância do capital humano é explícita na abordagem alterada das Nações Unidas para avaliação comparativa do desenvolvimento económico das diversas nações da economia mundial.
 
As Nações Unidas publicaram o [[Relatório de Desenvolvimento Humano]]<ref>{{citecitar web|lastúltimo =Human Development Report|firstprimeiro =UNDP|titletítulo=HDR|url=http://hdr.undp.org/en/}}</ref> sobre o desenvolvimento humano em diferentes países com o objetivo de avaliar a taxa de formação de capital humano nesses países. O indicador estatístico de estimativa de Desenvolvimento Humano de cada nação é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). É a combinação do "Índice de Esperança média de Vida", "Índice de educação" e o "Índice de Rendimento". O índice de Esperança média de vida revela o padrão de saúde da população no país, índice de educação revela o padrão de ensino e a taxa de alfabetização da população; e o índice de rendimento revela o padrão de vida da população. Se todos estes índices têm a tendência de crescimento durante um longo período de tempo, é refletido em tendência crescente no IDH. O Capital Humano é desenvolvido pela educação, saúde e qualidade de vida. Portanto, os componentes do IDH a saber são o, Índice de Esperança média de Vida, Índice de Educação e Índice de Rendimento estão diretamente relacionadas à formação do capital humano dentro da nação. IDH é o índice de correlação positiva entre a formação de capital humano e o desenvolvimento econômico. Se o IDH aumenta, existe uma maior taxa de formação de capital humano em resposta ao aumento do nível de educação e saúde. Da mesma forma, se o IDH aumenta, o rendimento per capita da nação também aumenta. Implicitamente, o IDH revela que quanto maior formação de capital humano, devido à boa qualidade de saúde e educação, maior será o rendimento per capita da nação. Este processo de desenvolvimento humano é a base sólida de um processo contínuo de desenvolvimento econômico da nação por um longo período de tempo. Este significado do conceito de capital humano na geração de desenvolvimento económico a longo prazo da nação não pode ser negligenciada. Espera-se que as políticas macroeconômicas de todas as nações se centram na promoção do desenvolvimento humano e desenvolvimento econômico posterior. O capital humano é o pilar desenvolvimento humano e do desenvolvimento económico em todas as nações.
 
== Ver também ==
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== Bibliografia ==
* {{cite bookcitar livro|autor author=Gary S. Becker|yearano= 1964, 1993, 3rd ed.| titletítulo=Human Capital: A Theoretical and Empirical Analysis, with Special Reference to Education|publisher publicado= Chicago, University of Chicago Press| isbn = 978-0-226-04120-9}} ([http://www.press.uchicago.edu/cgi-bin/hfs.cgi/00/12426.ctl UCP descr])
* {{cite journalcitar periódico|authorautor =[[Ceridian UK Ltd.]] |titletítulo=Human Capital White Paper |yearano=2007|formatformato= [[PDF]] |url=http://www.ceridian.co.uk/hr/downloads/HumanCapitalWhitePaper_2007_01_26.pdf|accessdateacessodata=2007-02-27}}
* Samuel Bowles & [[Herbert Gintis]] (1975). "The Problem with Human Capital Theory--A Marxian Critique," ''American Economic Review'', 65(2), pp.&nbsp;74–82,
* Sherwin Rosen (1987). "Human capital," [[The New Palgrave: A Dictionary of Economics]], v. 2, pp.&nbsp;681–90.