As Mil e Uma Noites: diferenças entre revisões

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Os contos que compõe as ''Mil e uma noites'' são de diversas origens e foram sendo acrescentados e suprimidos ao longo da história da obra, sendo alguns possivelmente originários da Índia, outros da Pérsia e outros do mundo árabe<ref name="IRANICA"/>. As mais antigas referências à obra não mencionam quais contos compunham a coleção e, uma vez que os manuscritos com contos que chegaram até a atualidade são já do século XV, é hoje impossível saber quais eram os contos que compunham as primeiras versões das ''Mil e uma noites'', inicialmente derivados da obra persa ''Hazār afsāna''<ref name="BRILL">[http://www.brill.nl/uploadedFiles/EI3preview.pdf Encyclopedia of Islam 3. Brill, 2007]</ref>. Sobre o estado inicial das ''Mil e uma noites'' o único que se pode afirmar com certeza é que a história básica de Xerazade e Xariar, que unifica a obra, já estava presente desde o século IX.
 
Os estudiosos acreditam que os manuscritos das ''Mil e uma noites'' que existem atualmente são derivados de reelaborações realizadas entre os séculos XIII e XIV no [[Médio Oriente]], à época dominado pelos [[mamelucos]]. O mais famoso e um dos mais completos e antigos dos manuscritos é o utilizado por [[Antoine Galland]] para sua tradução publicada em 1704. Este manuscrito em três volumes, originário da [[Síria]] e conservado hoje na [[Biblioteca Nacional de Paris]] (''arabe'' 3609-3611), data de meados do século XV (alguns pensam que é do séculos XIV)francês e[[Antoine contémGalland]] um(1645-1715), totalque depublicou 282entre noites<ref1704 name="GROTZFELD"/>.e 1717 aindasua um''Mille pequenoet grupoune denuits''. manuscritosA relacionadosprincipal fonte para a esteversão aosde quaisGalland sefoi um omanuscrito nomesírio deem ramotrês síriovolumes, dosescrito manuscritosem árabe, todosque terminandoterminava na noite 282 e deixandonão incompletoapresentava o ''Contofinal. doPara Príncipecompletar Camaralzamana sua obra e daaumentar Princesao Budura''<refnúmero name="GROTZFELD">Grotzfeldde noites, Heinz.Galland ''Theutilizou manuscriptoutros traditiontextos ofárabes, theincluindo Arabianmanuscritos Nights''egípcios in(hoje ''Theperdidos) Arabiancom nightsos encyclopedia, vol.contos 1''.Príncipe ABC-CLIO,Camaralzaman 2004e [http://books.google.com.ar/books?id=EMKSYqUQ4QcC&pg=PA18&dq=%22syrian+branch%22+%22thousand+nights%22&cd=1#v=onepage&q=%22syrian%20branch%22%20%22thousand%20nights%22&f=false]</ref><refa name="CODENHOTO"/>.Princesa UmBudura'' grupoe deo manuscritos''Conto maisde recente,Ganim''. eGalland diferentestambém linguisticamenteincorporou dohistórias ramoque sírio,originalmente foinão compiladose entreencontravam osem séculosnenhum XVIImanuscrito edas XVIII''Mil e constituiuma onoites'' chamadoconhecido. ramoUma egípcio,é pora seremhistória em sua maioria provenientesde ''[[EgiptoSimbad|destaSimbad o regiãomarujo]]<ref name="CODENHOTO">Codenhoto'', Christianetraduzida D.a Resenhapartir dode ''Livrouma dasmanuscrito milárabe eavulso. uma noites.Outra Traduçãofonte de MamedeGalland, Mustafasegundo Jarouche''.o Revistapróprio, defoi Estudosum Árabescontador ede dashistórias Culturaschamado doHanna Oriente Médio. FFLCHDiab, USP.um 2006.[http://www.fflch.usp.br/dlo/tiraz/2006/CODENHOTO_CHRISTIANE_DAMIEN_06.pdf[maronita]]</ref>. Estesde manuscritos[[Alepo]], compiladosque emnarrou-lhe partecontos paracomo atender à demanda europeiao de histórias das ''Mil[[Aladim|Aladim e umaa noitesLâmpada Maravilhosa]]'' apóse o êxito da obra de Galland,''[[Ali chegouBabá ao|Ali númeroBabá dee noitesos doQuarenta título, ou seja, mil e umaLadrões]]''. AEstes compilaçãocontos egípciaincorporados maispor moderna - datada da segunda metade do século XVIIIGalland, e baseque deaparentemente muitasnão traduçõesformavam eparte ediçõesdas posteriores - é referida como ZER (''ZotenbergMil Egyptian'se Recensionuma noites''; ediçãooriginal, críticatornaram-se egípciaextremamente depopulares Zotenberg)e empassaram homenagema aoser estudiosoincluídos Hermannem Zotenberg,árabes autore detraduções importanteseuropeias estudosproduzidas sobre esses manuscritos no final do século XIXposteriormente.<ref name="BRILLSAGARZAZU"/>. O termo "ZER" também é utilizado como sinônimo para o ramo egípcio<ref name="BRILL"/>.
 
Para os padrões atuais, Galland produziu uma tradução fantasiosa, mais uma recriação queqe uma tradução. Além das mistura de fontes para os contos, Galland omitiu e introduziu textos, alterou a fala de personagens e retirou os muitos versos poéticos dos originais. Além disso, Galland não explicitou com precisão que fontes utilizou para sua obra, o que dificulta seu estudo hoje. De qualquer forma, sua versão das ''Mil e uma noites'' foi imensamente popular e foi o ponto de partida para a influência da obra árabe no [[mundo ocidental]] e até mesmo na revalorização que os contos tiveram no [[mundo árabe]].<ref name="SAGARZAZU" />
== Traduções e edições ==
A primeira versão em [[língua árabe|árabe]] das ''Mil e uma noites'', redigida no século IX ou no século anterior, foi uma tradução da obra [[língua persa|persa]] ''Hazār afsāna'', atualmente perdida. Pouco ou nada se conhece dos contos que faziam parte das primeiras versões em árabe, uma vez que estas são conhecidas atualmente apenas por pequenos fragmentos de texto e menções em outras obras e os manuscritos mais antigos da obra conservados atualmente datam já do século XV.<ref name="SAGARZAZU" />
 
Já no século XVIII o interesse despertado pela obra de Galland levou à busca de manuscritos mais "completos" das ''Mil e uma noites'', uma vez que a fonte utilizada pelo francês terminava na noite 282. No [[Egito]] foram produzidas várias compilações de contos que eventualmenteeventualente chegaram a abranger as 1001 noites do título, e baseados nestes manuscritos do ramo egípcio floresceram muitasmutas edições e traduções ao longo do século XIX. Em [[língua árabe]], a primeira [[Impressão|edição impressa]] foi publicada em [[Calcutá]] em 1814-1818 (chamada Calcutá I), seguida de outras publicadas no [[Cairo|Caio]] em 1835 (Bulaq I), Calcutá em 1839-1842 (Calcutá II) e novamente Cairo em 1862 (Bulaq II). Com base nestas edições em árabe foram realizadas importantes traduções a línguas europeias, como ao [[Língua inglesa|inglês]] por John Paine ([[Londres]], 1839-41), [[Edward Lane]] (1882-84) e finalmente [[Richard Francis Burton]] (Londres, 1885). A tradução deste último, chamada ''The'' Book1835 of(ulaq theI), ThousandCalcutá Nightsem and1839-1842 a(Calcutá Night''II) e publicadanovamente Cairo em 101862 volumes,(Bulaq foiII). baseadaCom embase Calcutánestas IIedições eem tornou-seárabe muitoforam influente,realizadas alémimportantes detraduções escandalosaa nalínguas [[Era vitoriana|Inglaterra vitoriana]]europeis, uma vez que''Boo''e Burton, ao contrário de seu predecessor Paine, não censurou as cenas eróticas da obra e inclusive as enfatizou, enfrentando os costumes morais da época. Mais tarde, Burton publicou contos de outros manuscritos das ''Noites'' em um ''Suplemento'' publicado entre 1886 e 1888.<ref name="SAGARZAZU" />Burt
A primeira tradução a uma língua europeia foi realizada pelo [[orientalista]] francês [[Antoine Galland]] (1645-1715), que publicou entre 1704 e 1717 sua ''Mille et une nuits''. A principal fonte para a versão de Galland foi um manuscrito sírio em três volumes, escrito em árabe, que terminava na noite 282 e não apresentava o final. Para completar a sua obra e aumentar o número de noites, Galland utilizou outros textos árabes, incluindo manuscritos egípcios (hoje perdidos) com os contos ''Príncipe Camaralzaman e a Princesa Budura'' e o ''Conto de Ganim''. Galland também incorporou histórias que originalmente não se encontravam em nenhum manuscrito das ''Mil e uma noites'' conhecido. Uma é a história de ''[[Simbad|Simbad o marujo]]'', traduzida a partir de uma manuscrito árabe avulso. Outra fonte de Galland, segundo o próprio, foi um contador de histórias chamado Hanna Diab, um [[maronita]] de [[Alepo]], que narrou-lhe contos como o de ''[[Aladim|Aladim e a Lâmpada Maravilhosa]]'' e o de ''[[Ali Babá |Ali Babá e os Quarenta Ladrões]]''. Estes contos incorporados por Galland, e que aparentemente não formavam parte das ''Mil e uma noites'' original, tornaram-se extremamente populares e passaram a ser incluídos em manuscritos árabes e traduções europeias produzidas posteriormente.<ref name="SAGARZAZU" />
 
Lista extraída da edição inexpurgada de ''As Mil e uma Noites'' da [[Editora Saraiva]] de 1961, em oito volumes, traduzida por [[Nair Lacerda]] (prosa) e [[Domingos Carvalho da Silva]] (poesia) com cotejo de textos árabes por Suleiman Khalil Safady, única tradução brasileira que abrange mil e uma noites consecutivas, seguindo a mesma ordem da tradução clássica inglesa de [[Richard Francis Burton|Richard Burton]]. Embora na obra desfile uma rica galeria de personagenstradrsonagens, os que mais se popularizaram são [[Simbad]], [[Aladim]] e [[Ali Babá]].
Para os padrões atuais, Galland produziu uma tradução fantasiosa, mais uma recriação que uma tradução. Além das mistura de fontes para os contos, Galland omitiu e introduziu textos, alterou a fala de personagens e retirou os muitos versos poéticos dos originais. Além disso, Galland não explicitou com precisão que fontes utilizou para sua obra, o que dificulta seu estudo hoje. De qualquer forma, sua versão das ''Mil e uma noites'' foi imensamente popular e foi o ponto de partida para a influência da obra árabe no [[mundo ocidental]] e até mesmo na revalorização que os contos tiveram no [[mundo árabe]].<ref name="SAGARZAZU" />
 
Já no século XVIII o interesse despertado pela obra de Galland levou à busca de manuscritos mais "completos" das ''Mil e uma noites'', uma vez que a fonte utilizada pelo francês terminava na noite 282. No [[Egito]] foram produzidas várias compilações de contos que eventualmente chegaram a abranger as 1001 noites do título, e baseados nestes manuscritos do ramo egípcio floresceram muitas edições e traduções ao longo do século XIX. Em [[língua árabe]], a primeira [[Impressão|edição impressa]] foi publicada em [[Calcutá]] em 1814-1818 (chamada Calcutá I), seguida de outras publicadas no [[Cairo]] em 1835 (Bulaq I), Calcutá em 1839-1842 (Calcutá II) e novamente Cairo em 1862 (Bulaq II). Com base nestas edições em árabe foram realizadas importantes traduções a línguas europeias, como ao [[Língua inglesa|inglês]] por John Paine ([[Londres]], 1839-41), [[Edward Lane]] (1882-84) e finalmente [[Richard Francis Burton]] (Londres, 1885). A tradução deste último, chamada ''The Book of the Thousand Nights and a Night'' e publicada em 10 volumes, foi baseada em Calcutá II e tornou-se muito influente, além de escandalosa na [[Era vitoriana|Inglaterra vitoriana]], uma vez que Burton, ao contrário de seu predecessor Paine, não censurou as cenas eróticas da obra e inclusive as enfatizou, enfrentando os costumes morais da época. Mais tarde, Burton publicou contos de outros manuscritos das ''Noites'' em um ''Suplemento'' publicado entre 1886 e 1888.<ref name="SAGARZAZU" />
 
== Lista de histórias ==
Lista extraída da edição inexpurgada de ''As Mil e uma Noites'' da [[Editora Saraiva]] de 1961, em oito volumes, traduzida por [[Nair Lacerda]] (prosa) e [[Domingos Carvalho da Silva]] (poesia) com cotejo de textos árabes por Suleiman Khalil Safady, única tradução brasileira que abrange mil e uma noites consecutivas, seguindo a mesma ordem da tradução clássica inglesa de [[Richard Francis Burton|Richard Burton]]. Embora na obra desfile uma rica galeria de personagens, os que mais se popularizaram são [[Simbad]], [[Aladim]] e [[Ali Babá]].
 
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