Guarda pretoriana: diferenças entre revisões

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{{revisão-sobre|História|data=Março de 2008}}
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[[Imagem:Proclaiming claudius emperor.png|300px|thumb|''Proclamação de [[Cláudio]] (a direita) como [[imperador romano]]'' pela guarda pretoriana, no ano {{DC|41|x}}, <small>por [[Lawrence Alma-Tadema]]</small>]]
 
A '''guarda pretoriana''' ([[latim]]: ''Praetoriani'') era o grupo de [[legionário]]s experientes encarregados da proteção do pretório (''praetorium''), parte central do acampamento de uma [[legião romana]], onde ficavam instalados os oficiais. Com a tomada do poder por [[Otaviano]], transformou-se na guarda pessoal do [[imperador romano|imperador]].
 
== Origem ==
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== História ==
A história da guarda pretoriana começa nos últimos anos do {{AC|{{séc|I}}|x}} e nos primeiros do {{DC|{{séc|I}}|x}} com [[Otaviano]], mas sua real história é muito mais antiga. Ao construir-se um acampamento, que em maior parte dos casos era semelhante a uma pequena cidade, com ruas e uma praça pública (fórum), marcava-se primeiro o local onde se localizaria o
[[pretório]], desenhando-se depois a disposição do acampamento em função desse ponto.
 
Durante a [[República Romana|república]], a escolta dos comandantes do exército estava a cargo dos extraordinários (''extraordinarii''), uma unidade especial selecionada de entre as unidades das [[legião romana|legiões]]. A noticia convenientemente documentada que temos de uma guarda pessoal criadas ''ad hoc'', especialmente para o caso, é do ano de {{AC|138|x}}, ano em que [[Cipião Emiliano Africano]] foi para [[Numância]] com seu exército e uma [[coorte]] formada por 500 amigos que formaram sua escolta pessoal. Desde que eles acamparam próximo ao [[Pretório]], eles receberam o nome de guarda pretoriana. Embora depois da guerra a unidade tenha sido dissolvida junto com o resto do exército, a partir de então os comandantes romanos alistados para as campanhas, formaram unidades especiais para sua proteção. Estas guardas pretorianas não tinham características distintivas especiais e eram formadas por legionários romanos ou auxiliares.
 
Diante da morte de [[Júlio César]], [[Otaviano]] e [[Marco Antônio]] conservaram a guarda pretoriana que de acordo com [[Apiano]] alcançou 8.000 homens, o que nos dá 16 coortes. Mesmo em um tempo em que havia dúzias de legiões espalhadas pelo mundo, esse é um número considerável. Depois da vitória sobre Antônio, Otaviano fundiu o seu exército como de Antônio em um ato simbólico que pretendia retomar a situação anterior à morte de [[Júlio César]], ou seja um exército unido e sem discórdias.
 
Pelo ano {{AC|13|x}}, Otaviano, agora [[Augusto (título)|Augusto]], imperador de Roma, regulamentou a guarda pretoriana como uma unidade especial militar, cuja função era a proteção da família imperial. Um legionário tinha que servir naquela época por 16 anos nas legiões, porém se completasse serviço na guarda o tempo era baixado para 12 anos {{semcarece de fontes|data=abril de 2017}}. De acordo com [[Tácito]], no ano {{DC|5|x}} foi adotado 20 anos nas legiões e 16 anos na guarda. Depois da vitória de Otaviano, agora "dono do mundo", foi desmobilizado a maioria do gigantesco exército que tinha participado nas guerras civis deixando umas trinta legiões para operação e reduzindo o número de coortes pretorianas a nove, de acordo com Tácito. Segundo [[Suetônio]], três dessas coortes era para os ambientes de [[Roma]] enquanto as outras seis eram distribuídas pela [[Província romana|província]] da [[Itália (província romana)|Itália]].
 
Até o ano {{DC|2|x}}, o comando de cada coorte da guarda pretoriana estava a cargo de um [[tribuno]] da ordem equestre, um cavaleiro, mas Augusto unificou o controle em dois tribunos, os prefeitos pretorianos. O tribuno de serviço ia todas as tardes a casa de Augusto, por volta da hora oitava, para receber do imperador em pessoa, a senha do dia.
 
No ano de {{DC|23|x}}, com [[Tibério]] como imperador, inaugurou-se o [[Acampamento pretoriano|acampamento permanente]] da guarda pretoriana, chamado ''castra praetoria'', localizado nas cercanias de Roma,<ref name=Castra /> na colina do [[Viminal]]. As impressionantes muralhas deste acampamento ainda podem ser vistas em Roma. O acampamento da guarda ocupava uns 17 hectares, aproximadamente dois terços de um acampamento da legião. Provavelmente tinha a capacidade para aproximadamente 4.000 homens, embora os arqueólogos descobriram estruturas, de amplificações dos barracões de dois pisos e alojamentos dentro das próprias muralhas, o que pode levar a crer que se podia aquartelar cerca de 12.000 homens sem problemas.
 
Considera-se Tibério como um segundo fundador da guarda pretoriana, e por ter sido ele o criador do acampamento pretoriano. A guarda pretoriana passou usar como símbolo o escorpião, que era o signo de Tibério, como distintivo da unidade militar, nos seus escudos e no seu estandarte, o [[vexilo]].
 
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Uma vez que a guarda era uma unidade militar, sua organização era parecida com a de uma [[legião romana|legião]], visto que poderia entrar em combate a qualquer momento.
 
Provavelmente a proporção de cavaleiros na guarda pretoriana era de três turmas (a unidade de 30 cavaleiros) para cada [[coorte]] durante o reinado de [[Augusto]] {{nwrap|r.|{{AC|27|x}}|{{DC|14|x}}}}, de cinco turmas durante o resto do {{DC|{{séc|I}}|x}} e até de dez turmas durante o {{séc|III}}. Os melhores cavaleiros eram enviados para um centúria especial e eles formaram a unidade de elite da guarda pretoriana, chamada de espetaculares augustos (''speculatores augusti''), que formavam a guarda mais próxima do imperador. Eles eram o seu escudo pessoal, sempre a sua volta, os seus homens de extrema confiança.
 
Augusto, como já foi comentado, fixou o serviço em dezesseis anos em vez dos vinte anos das legiões. Com isso se um legionário adquirisse a transferência para as guardas e tivesse servido dez anos na legião, ele só tinha que servir outros seis na guarda.
 
Augusto fixou, pelo ano {{AC|27|x}}, o salário de seus guardas em duas vezes mais que os legionários comuns recebiam. Além disso, sabemos que, no ano {{DC|14|x}}, um guarda recebia três vezes mais que um legionário, cerca de 720 denários de prata anuais, contra 225 de um legionário, uma diferença que perdurou até o fim da existência da guarda, e que não agradava muito aos homens das legiões. Tibério, por sua vez, instituiu um hábito ruim: as gratificações.
 
No ano {{DC|31|x}}, foi descoberto e abortado um complô do prefeito da guarda, [[Sejano]]. Tibério, agradecido pela fidelidade dos seus homens, deu {{formatnum|1000}} denários para a cada guarda. Depois do assassinato de [[Calígula]], a guarda forçou o [[Senado romano|senado]] a reconhecer [[Cláudio]] como imperador e este os recompensou com um extra equivalente a cinco anos de pagamento. Este hábito de "presentear" os guardas se tornou uma tradição, o que não é de estranhar, já que para cada posição na guarda, havia milhares de candidatos.
 
Os pretorianos geralmente chegavam a guarda através de seus serviços nas legiões. Eles tinham que ser muito bem recomendados, passar em alguns exames, conhecimentos e testes físicos exaustivos e servir como candidato ou próbato (''probatus'') por um certo tempo, antes de ser destinado como dedicado como ''miles gregarius'' para o serviço em uma das ''coortes''. Depois de anos de serviço poderia se tornar ''inmunis'', ou o guarda especializado em tarefas de escritório ou técnico, e dai ascendeu até principal (''principalis''), com salário dobrado, tesserário, o guarda que cuidava da senha, optio, o segundo em comando da centúria ou [[signífero]], que quer dizer porta-estandarte.
 
Cada uma destas ascensões significava incremento de salário e privilégios somados. Se eles fossem realmente bons eles podiam se tornar centuriões, o sonho de todo guarda. Sabemos que alguns membros da ordem equestre, os cavaleiros de Roma, deixaram o seu estado expressamente para poder galgar esta posição, desde que os funcionários inferiores pudessem ser só plebeus.
 
Os tribunos pretorianos alcançaram o seu cargo depois de terem passado por todos os escalões. Primeiro deveriam se tornar centurião da guarda, depois de um tempo de serviço poderiam pedir a transferência para exército e servir nas legiões até alcançar a categoria de [[primipilo]], e depois que voltassem a Roma onde podia ser encarregado de uma coorte urbana, os ''Vigiles'', o oficial podia finalmente ser um tribuno pretoriano, membro da ordem equestre, cavaleiro romano. Como se pode ver o sistema foi montado para atrair o que as legiões tinha de melhor entre os seus oficiais. Como o tribunado só durava um ano, o oficial podia optar em se aposentar ou continuar a sua carreira nas legiões, como oficial superior.
 
O poder político adquirido por estas tropas durante os anos que se seguiram à sua criação era devido principalmente ao poder de ser a única tropa permanente com permissão de circular na cidade de [[Roma]] e em seus arredores. Além desta razão, há também o fato da proximidade que estes soldados desfrutavam de seus imperadores, o conhecimento que tinham sobre eles e os privilégios recebidos durante o tempo em que exerceu de sua função dentro da guarda pretoriana, que incluía um salário avantajado e possibilidades de ascensão.
 
Com o tempo, e com a própria natureza ambiciosa dos homens que os levou a desvios por dinheiro e poder. Os membros da guarda começaram a abusar do poder político que detinham, utilizando-o de maneira inescrupulosa para escolher quais os imperadores deveriam permanecer e quais deveriam sair do comando, de acordo com seus interesses. As negociatas internas na guarda passaram a afetar por completo o governo dos imperadores, chegando ao cúmulo de haver assassinatos encomendados e executados pelos membros dentro da própria cúpula do governo. O que antes servia para proteger os imperadores acima de tudo, passou a ser uma ameaça constante contra eles.
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Segundo [[Edward Gibbon]], foi [[Diocleciano]] quem, tendo em vista a necessidade de reformas, desmobilizou a guarda pretoriana. Tal ação foi executada de forma deliberada e imperceptível ao longo de vários anos. A guarda foi substituída por um grupo de veteranos fiéis a ele, os chamados "[[Jovianos]]". Seu colega [[Maximiano]], tinha uma força similar, os "[[Herculianos]]". Ambas eram originárias de duas legiões da [[Ilírico (província romana)|Ilíria]], e sua fidelidade a seus senhores era excepcional. Os nomes atribuídos a elas tem sua origem na identificação de Diocleciano com [[Júpiter (mitologia)|Júpiter]] - ou ''Jove'' - e de Maximiano com [[Hércules]]. Talvez outros imperadores, como [[Galério]], [[Constâncio Cloro]] e Maximino tenham adotado esse tipo de guarda.
 
Existe ainda o lema da guarda pretoriana, que resume tudo isso: "A guarda pretoriana cuidará de César, enquanto César cuidar dos interesses de Roma; Quando César não mais cuidar de Roma, haverá outro César".{{semcarece de fontes|data=abril de 2017}}
 
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<ref name=Castra>{{Citar web|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Gazetteer/Places/Europe/Italy/Lazio/Roma/Rome/_Texts/PLATOP*/Castra_Praetoria.html|título=Castra Praetoria|acessodata=14-08-2014|língua3língua=en}}</ref>
 
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