Sagrado: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
{{Religião}}
Etiquetas: Expressão problemática Provável parcialidade
Desfeita a edição 48650110 de 177.44.15.189, cópia de mitsein.blogspot.com/2012/10/o-sagrado.html
Linha 8:
==Etimologia==
A palavra "sagrado" provém do [[latim]] ''sacrum'', que se referia aos deuses ou a alguma coisa em seu poder. Foi geralmente concebido especialmente, como referindo-se à área em torno de um templo. Já o termo santo vem de ''sanctus'', significando "que tem caráter sagrado, augusto, venerando, inviolável, respeitável, purificador".
 
A Transcendentalidade do sagrado
 
O aspecto objetivo é a força majestosa, maravilhosa, imponente, fascinante ou terrificante, própria dessa realidade.
 
O aspecto subjetivo é a adoração, a reverência, o respeito, a submissão, da parte do homem.
 
Enquanto à qualidade do verdadeiro se responde com a ciência e com a filosofia; à qualidade do belo com a arte e com a estética, à qualidade do bem com a moral, à qualidade do sagrado se responde apropriadamente com a religião.
 
Percepção e representação do sagrado
 
A percepção do sagrado não é obra da razão, nem dos sentidos. É uma ressonância psíquica, um sentimento acompanhado de emoções feitas de reverência, de obséquio, de adoração, de submissão, de fascínio e também de temor.
 
A representação mais comum do sagrado é o mito, isto é, uma representação ou narração fantástica, imaginária, da epifania do sagrado. Diz Mircea Eliade: “Os mitos revelam, pois, sua atividade criadora e desvelam a sacralidade ou simplesmente a ‘sobrenaturalidade’ das suas obras. Em suma, os mitos descrevem as diversas e, às vezes, dramáticas irrupções do sagrado (ou do sobrenatural) no Mundo. É essa irrupção do sagrado que funda realmente o Mundo e que o faz tal como ele é hoje”.
 
Desenvolvimento da consciência do sagrado
 
A representação mitológica do sagrado ocorre no plano emocional-intuitivo (e não no plano lógico-conceitual). Por esse motivo, é mais fácil falar do sagrado por imagens, símbolos, narrativas, do que por conceitos. Historicamente, tanto a cultura humana, tomada globalmente, quanto a cultura de cada população, na fase inicial, vale-se mais da fantasia do que da razão, e da linguagem fantástica mais do que da linguagem lógica.
 
A fase filosófica começa com Platão e Aristóteles, que identificam um caráter sagrado, “divino”, no homem e nas coisas, fazendo uso de um procedimento racional e não mais às imagens e às narrativas. Segundo Platão, a natureza e o homem adquirem valor e assumem uma veste sagrada porquanto participam das Ideias, especialmente da Ideia do Bem (agathón), que ele chama de theion (divino), ou théos (deus). O sagrad (como o verdadeiro, o bem e o belo, o uno etc.) é despojado por Aristóteles, de subsistência autônoma e incorporado, junto com o verdadeiro, o bem e o uno, ao único ser efetivamente subsistente, o Motor imóvel que é puríssima inteligência (noesis). Desse modo, o “sagrado” torna-se também o primeiro princípio do mundo.
 
A representação teológica começa com a revelação mosaica. Por causa dessa revelação, o povo hebreu justifica o caráter sagrado das coisas, do homem, das leis, das instituições, do poder político, etc. Com o cristianismo, a situação não se altera: tudo pode adquirir a qualidade de sagrado (sempre, porém, por iniciativa divina e não pelo arbítrio humano), graças à ação de Cristo. Devido ao seu caráter universalista, o cristianismo se apropria de todas as maneiras de representar o sagrado: do mítico, através da liturgia e da catequese, do teológico, através dos dogmas e preceitos morais, e do filosófico, garantindo um caráter racional, crível. Mas, como observam alguns estudiosos do fenômeno da secularização, o cristianismo começa também a traçar uma linha demarcatória mais precisa entre a esfera do sagrado e a esfera do profano, permitindo que esta afirme a própria autonomia. E, depois da Idade Média, a autonomia do profano em relação ao sagrado assumirá proporções cada vez mais amplas, mediante a autonomia da filosofia, da ciência, da política, do direito, da moral e, afinal, da cultura em geral.
 
Também da análise fenomenológica (como da consciência mitológica, filosófica e teológica) resulta que o sagrado não é uma criação humana: o homem só o descobre porque o sagrado se manifesta. Com essa descoberta, o homem alcança a certeza da existência de uma realidade que transcende e, ao mesmo tempo, sustenta o mundo, guia-o e governa-o, conferindo um sentido à existência humana e à história.
 
Eclipse do sagrado: a secularização
 
A secularização é, essencialmente, a expulsão do sagrado do âmbito do profano, com o objetivo de exaltar o profano na sua mera profanidade. A secularização consiste, pois, na passagem de uma compreensão vertical para uma compreensão horizontal do mundo e da história, ou seja, para uma perspectiva que considera todas as coisas, a vida toda, dentro do horizonte de uma compreensão racional, com a expulsão explícita da religião e da Igreja; é o processo de emancipação do mundo e da história da ligação religiosa, do laço com o sagrado. No conceito de secularização estão presentes dois elementos, um positivo e outro negativo. O negativo é a exclusão de qualquer poder superior, sobrenatural, divino, na interpretação e no uso das coisas e na construção da história; o positivo é a exaltação da autonomia e da maturidade do homem, considerado capaz, mediante os recursos da ciência e da técnica, de dominar o mundo e construir sua própria história.
 
==Fontes==