Manuel Marques de Sousa: diferenças entre revisões

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{{Info/MilitarBiografia
{{artigo destacado}}
|bgcolour = #B0C4DE
{{Info/Militar
|nome = O Conde de Porto Alegre
|imagem = Conde de porto alegre 01.png
|imagem_tamanho = 245px255px
|imagem_legenda = Porto Alegre c. 1865
|nome_completo = Manuel Marques de Sousa
|apelidonomes1r = "O Centauro de Luvas" = Apelido
|nomes1d = "O Centauro de Luvas"
|nascimento_data = {{dni|13|6|1804|si}}
|nascimento_local = <br/>[[Rio Grande (Rio Grande do Sul)|Rio Grande]], [[Capitania do Rio Grande de São Pedro|Rio Grande de São Pedro]], [[Ficheiro:Flag Princes of Brazil.svg|link=|20px|border]] [[Estado do Brasil|Brasil]]
|morte_data = {{morte|18|7|1875|13|6|1804}}
|morte_local = [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[Município Neutro]], [[Imagem:Flag of Empire of Brazil (1870-1889).svg|link=|22px|border]] [[Império do Brasil|Brasil]]
|país = [[Império do Brasil]]
|forçanome_mãe = [[ExércitoSenhorinha Inácia da Brasileiro]]Silveira
|nome_pai = [[Manuel Marques de Sousa (2°)|Manuel Marques de Sousa]]
|anos_de_serviço = 1818–1856<br/>1865–1868
|cônjuge-tipo-cônjuge = Esposas
|hierarquia = [[Tenente-general]]
|cônjuge = Maria Balbina Álvares da Gama<br/>Bernardina Soares de Paiva
|batalhas = [[Guerra contra Artigas]]<br/>[[Independência do Brasil]]<br/>[[Guerra da Cisplatina]]<br/>[[Guerra dos Farrapos|Revolução Farroupilha]]<br/>[[Guerra do Prata]]<br/>[[Guerra do Paraguai]]
|filhos = Maria Manuela da Gama Marques<br/>{{nowrap|Maria Bernardina de Paiva Marques}}<br/>Clara de Paiva Marques
|cônjuge-tipo = Esposas
|alma_mater = [[Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho]]
|cônjuge = Maria Balbina Álvares da Gama<br/>Bernardina Soares de Paiva
|paísLealdade = [[Império do Brasil]]
|outros_serviços = [[Lista de ministros do Exército do Brasil|Ministro da Guerra]]
|Serviço = [[Exército Brasileiro]]
|assinatura = [[Ficheiro:Signature of the Count of Porto Alegre.png|180px]]
|anos_de_serviçoTempo de Serviço = 1818–1856<br/>1865–1868
|hierarquiapatente = [[Tenente-general]]
|batalhas Batalhas/Guerras = [[Guerra contra Artigas]]<br/>[[Independência do Brasil]]<br/>[[Guerra da Cisplatina]]<br/>[[Guerra dos Farrapos|Revolução Farroupilha]]<br/>[[Guerra do Prata]]<br/>[[Guerra do Paraguai]]
|assinatura = [[Ficheiro:Signature of the Count of Porto Alegre.png|180px]]
}}
'''Manuel Marques de Sousa, Conde de Porto Alegre''' ([[Rio Grande (Rio Grande do Sul)|Rio Grande]], {{dtlink|13|6|1804}} – [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], {{dtlink|18|7|1875}}), apelidado de "O Centauro de Luvas",{{nota de rodapé|Porto Alegre foi chamado por historiadores de "o Centauro de Luvas" porque era um soldado de cavalaria muito bem-educado e sempre impecavelmente fardado.<ref name=fonttes > {{citar livro|autor=Fonttes, Carlos|título=Regimento Conde de Porto Alegre|local=Uruguaiana|editora=Continente|ano=1994. pp. 124, 128 }} </ref><ref> {{citar periódico|autor=Correia Neto, Jonas|data=2004|título=Atas das sessões do Instituto|jornal=Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro|local=Brasília|editora=Gráfica do Senado|volume=425|página=295}} </ref> }} foi um militar, político, abolicionista e monarquista brasileiro. Ele nasceu em uma família rica e de tradição militar, entrando no exército em 1817 quando ainda era criança. Sua iniciação militar ocorreu na [[Guerra contra Artigas]], que teve seu território anexado e se tornou em 1821 a província brasileira da [[Cisplatina (província)|Cisplatina]]. Ele ficou envolvido durante boa parte da década de 1820 no esforço brasileiro para manter a Cisplatina como parte de seu território, primeiro durante a [[independência do Brasil]] e depois na [[Guerra da Cisplatina]]. No final a província conseguiu se separar e se tornou a nação independente do [[Uruguai]].
 
Alguns anos depois em 1835 suaa província natal de [[Província de São Pedro do Rio Grande do Sul|São Pedro do Rio Grande do Sul]] se rebelou na [[Guerra dos Farrapos|Revolução Farroupilha]]. O conflito durou quase dez anos e Porto Alegre liderou o exército em vários confrontos. Ele teve um papel importante ao salvar a [[Porto Alegre|capital provincial]] dos rebeldes farrapos, permitindo que as forças governamentais conseguissem um fundamental ponto de apoio. Porto Alegre liderou uma divisão brasileira em 1852 na [[Guerra do Prata]] em uma invasão contra a [[Confederação Argentina]] para derrubar [[Juan Manuel de Rosas|seu ditador]]. Recebeu um título de nobreza e foi sucessivamente barão, visconde e por fim conde.
 
Nos anos pós-guerra ele voltou sua atenção para a política e se aposentou como [[tenente-general]], então a segunda maior patente do exército. Ele se afiliou ao [[Partido Liberal (Brasil Império)|Partido Liberal]] nacionalmente e foi eleito [[Câmara dos Deputados do Brasil|deputado]] representando São Pedro do Rio Grande do Sul. Porto Alegre também fundou o Partido Progressista-Liberal no nível provincial – uma coalizão de Liberais como ele e alguns membros do [[Partido Conservador (Brasil Império)|Partido Conservador]]. Ele brevemente serviu como [[Lista de ministros do Exército do Brasil|Ministro da Guerra]]. Porto Alegre voltou ao serviço militar quando estourou a [[Guerra do Paraguai]]. Foi um dos principais comandantes brasileiros durante o conflito e sua participação ficou marcada por importantes vitórias, além de brigas constantes com seus aliados argentinos e uruguaios.
 
Porto Alegre voltou para a carreira política ao final do confronto. Se tornou um grande defensor da abolição da escravatura e patrono da literatura e ciência. Ele morreu em julho de 1875 enquanto servia novamente no parlamento. Era muito estimado até a abolição da monarquia em 1889, caindo na obscuridade por ser considerado muito próximo do antigo regime. Sua reputação foi posteriormente reabilitada até certo ponto por historiadores, com alguns o considerando como uma das maiores figuras militares da história do Brasil.
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Rio Grande de São Pedro era escassamente povoada e estava longe da capital colonial [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], sendo assim frequentemente o alvo de invasões vindas da colônia [[América espanhola|hispano-americana]] vizinha do [[Vice-Reino do Rio da Prata|Rio da Prata]].<ref> {{harvnb|Doratioto|2008|p=24}} </ref> Pela capitania ter de ser autossuficiente, seus habitantes viviam como mercadores, fazendeiros ou rancheiros, enquanto frequentemente também serviam como soldados ou miliciantes. Donos de grandes propriedades de terra como o pai e o avô de Marques de Sousa forneciam comida, equipamentos e proteção para si mesmos e para os familiares que viviam nas suas áreas de controle. Suas principais fontes de defesa eram formadas em sua maioria por trabalhadores convocados para serem soldados.<ref> {{harvnb|Doratioto|2008|p=26}} </ref> Marques de Sousa cresceu em um ambiente hostil, e desde cedo ouviu histórias de guerra que contavam as realizações de seus parentes contra os invasores hispano-americanos.<ref name=rodrigues112 /><ref> {{harvnb|Maul, Antunes & Graça|2005|p=32}} </ref>
 
Sua primeira [[consorte]], Maria Balbina Álvares da Gama, era filha do [[José Maria da Gama Lobo d'Eça|barão de Saicã]]; sua segunda consorte, Bernardina Soares de Paiva, era neta do [[Domingos de Castro Antiqueira|1.º visconde de Jaguari]], prima-irmã do [[Antero José Ferreira de Brito|barão de Tramandaí]] e irmã do comendador [[Israel Soares de Paiva]], que construiu a edificação que posteriormente ficaria conhecida como o [[Solar do Conde de Porto Alegre]] - o comendador Israel Soares de Paiva deixou o solar como herança para sua irmã, Bernardina Soares de Paiva, condessa consorte de Porto Alegre.<ref>[https://www.geni.com/people/Bernardina-Soares-de-Paiva/6000000007184045139 Bernardina Soares de Paiva]</ref><ref>[http://gw.geneanet.org/valdenei?lang=en&pz=valdenei+correa&nz=silveira&ocz=0&p=israel+soares+de&n=paiva Genealogia no site Geneanet]</ref>
 
===Guerra contra Artigas===
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Meses depois em 20 de janeiro de 1818, Marques de Sousa se alistou no [[Exército Brasileiro|exército]] como [[cadete]] no 1.º Regimento de Cavalaria Leve na Divisão de Voluntários Reais. O regimento foi enviado para [[Montevidéu]], a maior cidade da Banda Oriental.<ref> {{harvnb|Almeida|1961|p=113}}; {{harvnb|Dória|1909|p=393}}; {{harvnb|Rodrigues|1990|p=113}} </ref> Ele lutou na Batalha de Pando em 30 de março e na Batalha de Manga perto de Montevidéu em 1 de abril.<ref> {{harvnb|Almeida|1961|p=113}}; {{harvnb|Rodrigues|1990|p=113}}; {{harvnb|Silva|1906|p=501}} </ref> Foi bem sucedido nos dois confrontos e foi promovido em 24 de junho para [[alferes]], sendo também nomeado como adjunto do comandante geral o [[tenente-general]] [[Carlos Frederico Lecor|Carlos Frederico Lecor, Barão da Laguna]] (posterior Visconde da Laguna).<ref name=silva501 /><ref name=rodrigues113 />
 
Anos mais tarde já com certa idade, Marques de Sousa lembrararialembraria-se com carinho sobre sua promoção: "Nunca em minha vida julguei-me tão grande, nem experimentei tal alegria inefável ... como no dia que coloquei meus punhos nas mangas de alferes. Eu andei pelas ruas da cidade, olhando para mim mesmo, presunçoso, acreditando que todos que olhavam com admiração invejavam minha sorte, que todas as damas enamoradas disputavam pela minha mão".<ref> {{citar livro|autor=Carvalho, João Manuel de|título=Reminiscências sobre Vultos e Fatos do Império e da República|local=Amparo|editora=Correio Amparense|ano=1894|página=51 }} </ref> Ele permaneceu na defesa de Montevidéu pelo restante do conflito. A conquista da Banda Oriental se encerrou em julho de 1821, quando [[Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves|Portugal]] declarou o território como uma província do Brasil com o nome de [[Cisplatina (província)|Cisplatina]].<ref> {{harvnb|Almeida|1961|p=114}}; {{harvnb|Maul, Antunes & Graça|2005|p=38}}; {{harvnb|Rodrigues|1990|p=113}} </ref>
 
===Guerras pela Cisplatina===
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{{principal|Guerra do Prata}}
[[Ficheiro:Batalha dos Santos Logares (3 de fevereiro de 1852).jpg|left|thumb|380px|Marques de Sousa (a cavalo, apontando para frente) liderando a 1.º Divisão na [[Batalha de Monte Caseros]].]]
A Assembleia Provincial de São Pedro do Rio Grande do Sul havia sido fechada em 1837 e nenhuma eleição ocorreu devido a Revolução Farroupilha. Com o fim do conflito, Marques de Sousa concorreu a deputado provincial em 1845 e foi eleito para a legislatura que iniciava-se em 1846, porém não era afiliado a nenhum partido.<ref> {{citar livro|autor=[[Fernando Luís Osório|Osório, Fernando Luís]]|título=História do general Osório|local=Rio de Janeiro|editora=Tipografia de G. Leuzinger & Filhos|ano=1894|página=423|volume=1 }} </ref> Ele se casou em 28 de novembro de 1846 com Maria Balbina Álvares da Gama, filha de [[José Maria da Gama Lobo d'Eça|José Gama Lobo de Eça]] (posterior Barão de Saicã).<ref name=almeida116 > {{harvnb|Almeida|1961|p=116}} </ref> A única filha do casal, Maria Manuela da Gama Marques, nasceu menos de um ano e meio depois. Marques de Sousa se tornou brigadeiro interino em 14 de março de 1847 e foi colocado no comando da 2.º Brigada de Cavalaria até abril do ano seguinte. Ele mais tarde foi promovido a brigadeiro permanente em 14 de agosto de 1850.<ref name=almeida116 /><ref> {{harvnb|Silva|1906|p=508}} </ref> Sua esposa morreu em 11 de junho de 1851 durante o parto de uma criança natimorta, deixando-o sozinho para cuidar da filha de três anos.<ref name=almeida116 /><ref> {{harvnb|Maul, Antunes & Graça|2005|p=80}} </ref>
 
Um mês depois em 18 de agosto, [[Juan Manuel de Rosas]], o ditador da [[Confederação Argentina]], declarou guerra contra o Brasil e iniciou a [[Guerra do Prata]]. Marques de Sousa havia sido avisado por Caxias ainda em 27 de julho de 1844 sobre a possibilidade de um conflito armado entre os dois países.<ref> {{harvnb|Souza|2008|p=547}} </ref> O governo brasileiro havia se preparado para a ameaça e formou uma aliança anti-Rosas com o Uruguai e as províncias argentinas dissidentes de [[Corrientes (província)|Corrientes]] e [[Entre Ríos (Argentina)|Entre Ríos]]. Caxias foi nomeado o comandante geral das forças terrestres brasileiras e colocou Marques de Sousa no comando da 2.ª Brigada, parte da 2.ª Divisão.<ref> {{harvnb|Rodrigues|1990|p=123}} </ref> O exército brasileiro cruzou para o Uruguai em setembro.<ref name=siber421 > {{harvnb|Siber|1916|p=421}} </ref><ref name=needell > {{citar livro|autor=Needell, Jeffrey D.|título=The Party of Order: the Conservatives, the State, and Slavery in the Brazilian Monarchy, 1831–1871|local=Stanford|editora=Stanford University Press|ano=2006|página=160|isbn=978-0-8047-5369-2 }} </ref> Enquanto o exército estava acampado no vilarejo de [[Santa Lucia (Uruguai)|Santa Lucia]] perto de Montevidéu, Marques de Sousa foi promovido em 17 de novembro para o comando da 1.ª Divisão.<ref> {{harvnb|Rodrigues|1990|p=124}} </ref> A escolha, feita por Caxias, foi controversa já que existiam dois oficiais mais graduados a frente da linha e que foram ignorados por serem estrangeiros.<ref name=siber421 />
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[[Categoria:Sepultados no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia]]
[[Categoria:Naturais de Rio Grande (Rio Grande do Sul)]]
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