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'''Senciência''' é a capacidade dos seres de sentir algo de forma conscientemente, [[sensação|sensações]] e [[Sentimento|sentimentos]] de forma [[consciência|consciente]].<ref>SINGER, Peter. ''Vida ética: os melhores ensaios do mais polêmico filósofo da atualidade''. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. ISBN 850001055X. P. 54</ref> CapacidadeEm outras palavras: é a capacidade de ter percepções conscientes do que lhe acontece e do que o rodeia.
 
A palavra ''senciência'' é muitas vezes confundida com ''[[sapiência]]'', que pode significar [[conhecimento]], [[consciência]] ou [[percepção]]. PodemEssas palavras podem ser diferenciadas analisando-se suas raízes [[latim|latinas]]: ''sentire'' é "sentir" e ''sapere'' é "saber". Senciência, portanto, é a capacidade de sentir.
 
[[Imagem:Expression of the Emotions Figure 10.png|.png|thumb|200px180px|rightesquerda|ExpressãoUm animal[[gato]] expressando [[afetividade|afeto]] por um ser humano.]]
Os filósofos chamados "novos [[Misterianista|misterianistas]]", acreditam que a senciência não poderá jamais ser entendida, não importa quanto [[progresso]] seja feito pela [[neurociência]] na compreensão do funcionamento do [[cérebro]],. oO mais famoso misterianista é [[Colin McGinn]]. Eles não negam que a maioria dos outros aspectos da [[consciência]] esteja sujeita à investigação científica, da [[criatividade]] à sapiência ou auto-consciênciaautoconsciência, mas acreditam que ela não pode ser amplamente compreendida [[ciência|cientificamente]].
 
== Senciência Animal ==
{{artigo principal|Consciência animal}}
As sensações como a [[dor]] ou a [[agonia]], ou as [[emoção|emoções]], como o [[medo]] ou a [[ansiedade]], são estados [[subjetividade|subjectivos]] próximos do [[pensamento]] e estão presentes na maior parte das [[espécie (biologia)|espécies]] [[animal|animais]].
 
Um animal é um ser senciente porque tem a capacidade de sentir. Não se questiona que os [[humano]]s são seres sencientes – experienciamos, de forma consciente, sentimentos de muitos tipos diferentes. A questão que tem vindo a ser colocada é sobre se essa mesma capacidade de possuir percepções conscientes dos acontecimentos e da realidade em que estão envolvidos poderá ou não acontecer de igual forma com os outros animais. Enquanto a mente de um humano é, como se pressupõe, mais complexa do que as mentes dos outros animais, alguns autores defendem que estas diferenças são apenas em [[grau]] e não em [[género]], como defendeu [[Charles Darwin]], o precursor da [[biologia]] moderna.<ref name=senc>{{citar web |url=http://www.anda.jor.br/10/06/2009/senciencia |publicado=Anda.jor.br |autor= |obra= |título= |data= |acessodata= }}</ref>
 
Do ponto de vista biológico, a função mais importante do [[cérebro]] é a de gerador de [[comportamento]]s que promovam o [[bem-estar de um animal]]. Nem todos os comportamentos precisam de um cérebro. No entanto, o controle sofisticado do comportamento, baseado num [[sistema sensorial]] complexo requer a capacidade de integração de informações de um cérebro centralizado. Como nós, humanos, os outros animais são também detentores de uma [[mente]] complexa, apesar de diferirem como é evidente, da mente humana, apenas pelo fato de queser sãouma mente menos complexascomplexa (do mesmo modo que a mente de uma criança é menos complexa do que a mente de um adulto humano), e não diferindo porém de género ou tipo de mente, considerando somente que é mais ou menos complexa.
 
Tem-se vindo a descobrir cada vez mais acerca da senciência e das características sencientes de um número cada vez maior de espécies animais. Com evidências fortes de que muitos animais são sencientes, é razoável e prudente, além de ser moralmente[[moral]]mente importante, assumir que todos os animais têm algum grau – pelo menos, um grau mínimo – de senciência.
[[Imagem:Gombe Stream NP Mutter und Kinder.jpg|.png|thumb|200px180px|direita|Divertimento de Chimpanzés[[Chimpanzé]]s.]]
A circustânciacircunstância de assumir que um animal não é senciente, sem qualquer provas que sustentem essa presunção, condicionará inevitavelmente um problema a enfrentar sofresobre a questão [[moral]] e [[ética]] individual. Portanto, assumir que todos os animais são sencientes é o raciocínio mais coerente a considerar.
 
Tem-se descoberto cada vez mais que, seres que se pensava não serem sencientes ou serem apenas basicamente sencientes, são mais complexamente sencientes e mesmo mais [[inteligência|inteligentes]] do que alguma vez se podia imaginar. Tem vindo a crescer cada vez mais o número de {{Carece de fontes2|provas que sustentam a ideia de que as capacidades cognitivas|data=janeiro de 2016}} dos animais são muito maiores, mais complexas e profundas do que tradicionalmente se tem acreditado.
 
Diz-seOrganismos de organismos vivos quesencientes não apenas apresentam [[Reação orgânicaquímica|reações orgânicasquímicas]] ou [[físico-química orgânica|físico-químicas]]diante aosdos processos que afetam o seu corpo (sensibilidade), mas além dessas reações,também possuem um acompanhamento no sentido em que essas mesmas reações são percebidas como estados mentais positivos ou negativos associados a esses processos. É, portanto, um indício de que existe um "eu" que vivênciavivencia e experimenta as sensações. É o que diferencia indivíduos vivos de meras coisas vivas.<ref name=senc/> O modo como as pessoas vêemveem os outros animais é influenciado pela [[educação]] que tiveram e pelas tendências do seu tempo.
O [[filosofia|filósofo]] francês [[René Descartes]] ([[1596]]-[[1650]]) deixou uma duradoura influência com a sua opinião de que os animais eram "máquinas[[máquina]]s" sem [[alma]].
 
A senciência é uma característica que está presente apenas em seres do reino animal. O sinal exterior mais amplamente reconhecido de senciência é a dor e, dessa forma, este conceito – ou a sua ideia – tem sido usado, há algum tempo, como fundamento para a defesa da proteção dos animais não- humanos contra o sofrimento, ou para a atribuição de [[Direitos dos animais|direitos morais aos mesmos]]. Por exemplo, [[Jeremy Bentham]] ([[15 de fevereiro]] de [[1748]] – [[6 de junho]] de [[1832]]), já dizia que o que deveria ser considerado no debate sobre o dever de [[compaixão]] dos seres humanos perante animais não- humanos não era se estes eram dotados de razão ou linguagem, mas se eram capazes de sofrer. Como ele, [[Charles Darwin]] ([[1809]]-[[1882]]) acreditava que a "actividade mental" dos animais era semelhante à dos humanos.<ref>{{citar web |url=http://pt-br.utilitarismoetico.wikia.com/wiki/Senci%C3%AAncia |publicado=Pt-br.utilitarismoetico.wikia.com |autor= |obra= |título=Senciência |data= |acessodata= |língua= }}</ref>
 
A senciência é amplamente reconhecida em todos os animais [[vertebrado]]s – portadores de [[sistema nervoso]] central]] -, o que inclui quase todos os animais utilizados comumente pelo ser humano nas suas atividades (o que está em muito relacionado com a [[Domesticação|exploração animal]]). Esta definição, porém, enfatiza apenas um critério para a existência de senciência: a manifestação (a nós, perceptível) da dor.
 
Existem, porém, outros sinais exteriores que evidenciam que outras espécies de animais experimentam o [[mundo]] de forma individual, como a existência de [[Sistema sensorial|órgãos sensoriais]] que evidenciam uma necessidade de interpretar [[imagem|imagens]], [[som|sons]] ou [[odor]]es captados a partir dos respectivos sentidos. Esse conceito abrange não apenas animais [[vertebrados]], mas também animais [[invertebrados]] como os [[inseto]]s, [[molusco]]s e [[aracnídeo]]s e, portanto, corresponde a todos os animais que são tradicionalmente usados pelo ser humano. Por esta definição, apenas [[Porifera|esponjas]] seriam animais [[não- sencientes]].
 
Pode-se ainda usar o conceito como uma forma de definir todos os seres do [[reino animal]]: é também provável que o conceito de senciência esteja vinculado à própria condição de ser um animal – seres que se separam da sua fonte de provimento ao nascer e precisam buscar o alimento por movimento próprio.<ref>{{citar web |url=http://www.sentiens.net/top/PA_GLOSSARIO_top.html |publicado=Sentiens.net |autor= |obra= |título= |data= |acessodata= |língua= }}</ref>
 
Não se deve confundir senciência com [[autoconsciência]], que é o conceito que define a consciência que o "[[eu (psicologia)|eu]]" tem de ser um indivíduo pensante, separado dos demais seres. Este conceito de origem [[Immanuel Kant|kantiana]] é enfatizado principalmente por [[Peter Singer]], que o emprega para estabelecer um critério [[hierarquia|hierárquico]] entre os seres sencientes cujos interesses entrem em conflito.
 
Por outro lado, a escola [[Behaviorismo|behaviorista]] da [[psicologia]] do [[século XX]] considerava que apenas o [[comportamento]] devia ser estudado, em vez de qualquer emoção ou raciocínio que possa estar na base deste, acerca dos animais. Isto deixou também uma duradoura influência no estudo sobre o [[comportamento animal]]. {{VT|Análise do comportamento}}