Revolução Branca (Irão): diferenças entre revisões

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[[Imagem:WhiteRevolution.jpg|250px|thumb|O Xá distribui títulos de propriedade a camponeses, no âmbito da reforma agrária.]]
 
A '''Revolução Branca''' (em [[língua persa|persa]] : انقلاب سفید , ''Enghelāb-e Sefid'') foi um conjunto de reformas lançadas pelo último [[xá]] do [[Irão]] em [[1963]], [[Mohammad Reza Pahlavi]]. Foi chamada de revolução branca por ter sido feita sem sangue.<ref>{{citecitar newsjornal|titletítulo=Iran: The White Revolution|url=http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,842491,00.html|workobra=Time Magazine|accessdateacessodata=8 de maio de 2013|datedata=11 Februaryde fevereiro de 1966}}</ref>
 
O xá queria que estas reformas fossem uma regeneração não violenta da sociedade [[Irão|iraniana]] através de reformas económicas e sociais, com o objetivo de transformar o [[Irão]] numa potência económica e industrial. O xá introduziu conceitos económicos inovadores como a redistribuição dos lucros aos trabalhadores e iniciou projetos industriais financiados pelo Governo, tal como a nacionalização das florestas, das pastagens e dos recursos aquáticos. A reforma mais importante foi a [[reforma agrária]] que fez diminuir o o poder dos grandes proprietários, o que irritou bastante o clero, já que este possuía uma parte dessas propriedades. Socialmente, a "Revolução Branca" deu muitos direitos às mulheres (voto universal e a abolição do uso do [[chador]] , o que também irritou o clero que baseado no [[Corão]] considerava a mulher um ser inferior, permitiu o desenvolvimento do corpo médico e injetou fundos na educação, em particularmente, nas áreas rurais.
 
[[Imagem:Mrpschool.jpg|250px|thumb|Mohammad Reza Pahlavi visita uma escola construída no âmbito da Revolução Branca de 1963. A escolarização foi um dos princípios basilares da dita "revolução"]]
== Génese da Revolução Branca==
 
Depois da queda de [[Mohammed Mossadegh]] em 1953, o Irão conheceu um período de repressão política, visto que o xá mantinha com mão de ferro o seu poder. O [[Tudeh]] (Partido Comunista) já estava banido desde há alguns anos e o mesmo acontecia com a [[Frente Popular (Irão)|Frente Popular]] e outros partidos, a imprensa estava sujeita a uma severa censura e reforçou os poderes da terrível polícia política [[SAVAK]]. As eleições para os [[Majlis d'Iran|Majles]] de [[1954]] e [[1956]] foram observadas de perto pelo regime. O xá nomeou a partir de [[1955]] [[Hossein Ala']] e outros primeiros-ministros que estavam às suas ordens.
 
As tentativas que foram feitas para o desenvolvimento económico e as reformas políticas do país não foram apropriadas. O aumento da entrada do dinheiro devido ao petróleo permitiram ao governo lançar o segundo plano de desenvolvimento (1955-1963) em 1956;foram lançados grandes projetos industriais.
 
[[File:Unrest in Iran.ogv|thumb|[[National Archives and Records Administration|NARA]] Filme sobre a Revolução Branca em 1963.]]
 
Em 1960, o xá anunciou ao Parlamento a reforma que iria fazer no País que consistia em seis pontos fundamentais.<ref>{{Citecitar newsjornal|título=A revolução iraniana de 1978-1979|workobra=[[História]]|lastúltimo =Goes|firstprimeiro =Eunice|datedata=dezembro de 1992}}</ref>
 
* elaboração de uma lei da [[reforma agrária]];
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* formação de corpos de alfabetização.
 
A Revolução Branca foi muito positiva para os direitos da mulheres no [[Irão]]. Além do sufrágio universal, as mulheres ganharam o direito de também serem eleitas para deputadas, poderem ser advogadas e até juízas. A idade do casamento para as mulheres subiu para os 15 anos.<ref>{{Citecitar booklivro|authorautor =Abrahamian, Ervand|yearano=2008|titletítulo=A History of Modern Iran|publisherpublicado=Cambridge University Press|pagepágina=134|isbn=978-0-521-82139-1}}</ref>
 
 
Depois de apresentar a proposta, surgiram fortes protestos no Parlamento, largamente constituído por senhores feudais, membros da burguesia tradicional e do clero. Para calar esses protestos, decidiu que essas propostas seriam votadas não no Parlamento, mas sim através de um referendo popular. Um líder religioso enviou uma carta ao primeiro-ministro de então Emmani que o governo não devia tocar nas terras do clero.<ref>{{Citecitar newsjornal|título=Arevolução iraniana de 1978-1979|workobra=[[História]]|lastúltimo =Goes|firstprimeiro =Eunice|datedata=dezembro de 1992}}</ref> O ayatollah Borujerdi chegou a afirmar que «qualquer medida que limite o tamanho das terras é contrária à lei islâmica». A reforma agrária desagradava ao clero iraniano porque o arrendamento das suas terras a camponeses era uma das suas principais fontes de rendimentos. Os clérigos também se opunham ao estabelecimento do sufrágio universal e justificava-se com uma provisão constitucional de que o Irão era um estado islâmico. Ora o profeta do [[Islamismo]] havia dito que «o homem é superior à mulher» e que Deus o prefere a esta.
 
No tal referendo nos inícios de 1963, o regime anuncia que 5.598 711 pessoas votaram pelas reformas e apenas 4.115 contra as reformas<ref>{{Citecitar booklivro|authorautor =Milani, Moshen M.|titletítulo=The Making of Iran’s Islamic Revolution|locationlocal=Boulder, Colorado|publisherpublicado=Westview Press|yearano=1988|pagepágina=85|isbn=978-0-8133-7293-8}}</ref> Se bem que os resultados aparentem uma grande popularidade, há uma enorme controvérsia em relação à sua exatidão e sucesso, terão havido inúmeras fraudes.<ref name="Bill-34">{{Citecitar journalperiódico|authorautor =Bill, James A.|titletítulo=Modernization and Reform from Above: The Case of Iran| journalperiódico=The Journal of Politics|volume=32|numbernúmero=1|yearano=1970|pagepágina=34}}</ref>Em junho de 1963, o ayatollah [[Ruhollah Khomeini]], um dirigente de [[Qom]] foi preso depois de um discurso em que atacava direta e duramente o Xá (considerando-o um infiel); seguiram-se uma série de tumultos, os mais violentos desde a queda de Mossadegh uma década antes. [[Ruhollah Khomeini]] seria obrigado a exilar-se, primeiro na Turquia e mais tarde em França, de onde regressaria em 1979. O xá reprimiu com violência os tumultos e o governo aparentemente conseguiu derrotar os opositores, mas na clandestinidade o clero começou a preparar a oposição ao Xá e foi o fermento para a [[Revolução Iraniana]] de 1979. O que irritava o clero xiita foi a perda de influência na educação (tendia a ser secular e afastado dos princípios basilares do Islão), economia (perda de rendimentos) e das tradições milenares (os direitos das mulheres).
 
== Balanço ==