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[[FileImagem:Gaius Iulius Caesar Vatican.jpeg|thumb|Busto de [[Júlio César]], o mais conhecido membro da família romana [[Júlia (gente)|Júlia]], de estatuto patrício.]]
[[FileImagem:Daniele IV Dolfin (Tiepolo).jpg|thumb|Daniele Dolfin, patrício de [[Veneza]].]]
 
Os '''patrícios''' eram os [[cidadão]]s que constituíam a [[aristocracia]] da [[Roma Antiga]], equivalendo a uma forma de [[nobreza]] hereditária. O patriciado existiu ao longo de toda a [[história de Roma]], desde o [[Reino de Roma|período régio]] até à [[queda do Império Romano|queda do Império]], e em sua essência pouco se modificou em suas características básicas, embora seu poder e influência tivessem variado ao longo dos séculos. As famílias patrícias eram as descendentes das [[fundação de Roma|fundadoras de Roma]], indicando que seu prestígio datava de antes da fundação da cidade, quando a região era governada pelas principais famílias das antigas tribos itálicas. A palavra patrício deriva justamente do [[latim]] ''patres'', que significa "pais". Das cerca de 130 famílias patrícias originais, no início da [[República Romana|República]] a admissão de novas famílias foi proibida, bem como o casamento com [[plebe]]us, decorrendo uma progressiva redução em seu número em virtude da extinção de várias [[Gente (Roma Antiga)|gentes]]. No ano de {{AC|367|x}} eram 22 gentes patrícias, compostas por 81 famílias. No final da República eram 14 gentes, com cerca de 30 famílias, mas [[Júlio César]] instituiu uma lei possibilitando o ingresso de novas famílias.<ref name="Patrizio"/><ref name="Fraccaro">Fraccaro, Plinio. [http://www.treccani.it/enciclopedia/patriziato_(Enciclopedia-Italiana)/ "Patriziato"]. ''Enciclopedia Italiana'', 1935</ref>
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No entanto, na era republicana vários cargos públicos importantes se tornaram acessíveis à plebe, incluindo o de senador, perdendo o patriciado parte de sua força política, mas preservando significativo prestígio e influência, especialmente quando pertencentes às famílias mais tradicionais.<ref>[http://www.treccani.it/enciclopedia/patriziato/ "Patriziato"]. ''Enciclopedia Treccani''</ref><ref name="Patrizio"/> Preservaram também o monopólio dos cargos de [[rei das coisas sagradas]], de [[sálio]]s, dos três [[flâmines principais]], e de [[príncipe do senado]]. Mantiveram ainda o privilégio de foro especial,<ref name="Patrizio">[http://www.treccani.it/enciclopedia/patrizio/ "Patrizio"]. ''Enciclopedia Treccani''</ref> e aparentemente só eles podiam contrair o matrimônio solene conhecido como ''[[confarreatio]]''.<ref name="Fraccaro"/>
 
[[Vespasiano]] {{nwrap|r.|69|79}} foi o primeiro [[imperador romano|imperador]] a pertencer à [[plebe]], mas assim que ascendeu à dignidade imperial o senado concedeu-lhe o estatuto, providência repetida para todos os seus sucessores que caíam na mesma situação. No âmbito do senado, era apanágio dos patrícios serem escolhidos como ''[[interrexinter-rei]]'', e somente aos senadores patrícios cabia a ''[[auctoritas patrum]]'', que significava a confirmação das deliberações das assembleias populares, mas no {{AC-séc|século III|x}} o privilégio havia se tornado mera formalidade. [[Constantino]] {{nwrap|r.|306|337}} revitalizou o patriciado, mas apenas como distinção honorária, pessoal e vitalícia, não extensiva à família. Mesmo assim, esses novos patrícios tinham o direito de precedência sobre os oficiais e [[Cônsul (Roma Antiga)|cônsules]]. [[Zenão I|Zenão]] (r. 474-475; 476-491) restringiu o título para os [[Prefeito do pretório|prefeitos pretorianos]] e [[prefeito urbano|urbanos]] de [[Constantinopla]], para os [[mestre dos soldados|mestres dos soldados]] e os cônsules.<ref name="Fraccaro"/> No fim do [[Império Romano do Ocidente]] os patrícios recuperaram poder e virtualmente monopolizaram as funções da administração pública.<ref name="Patrizio"/> No [[Império Bizantino]] indicou uma dignidade da corte.<ref>Kazhdan, Alexander (ed.). ''Oxford Dictionary of Byzantium''. Oxford University Press, 1991, p. 1600</ref>
 
A partir da [[Idade Média]], em grande parte da [[Europa Ocidental]], mas especialmente na [[Península Itálica|Itália]], [[Germânia]] e [[Frância|França]], passou a ser um título usado para denominar a nobreza urbana que governava uma [[comuna]], cidade ou uma república aristocrática, contrapondo-se à autoridade dos nobres da tradição [[senhor feudal|feudal]] e detendo, assim como ocorreu na Roma Antiga, relevantes privilégios hereditários e monopolizando o poder e as maiores riquezas. Este novo patriciado baseava sua riqueza principalmente em atividades mercantis e profissionais.<ref name="Patrizio"/><ref>[http://www.treccani.it/enciclopedia/patriziato_(Dizionario-di-Storia)/ "Patriziato"]. ''Dizionario di Storia'', 2011</ref> Na Germânia e nos [[Países Baixos]] os patrícios foram conhecidos em muitos locais pelo título de [[burguesia|burgueses]], termo que neste caso difere da definição [[marxista]].<ref>Clarke, M. V. ''The Medieval City State: An Essay on Tyranny and Federation in the Later Middle Ages''. Routledge, 2015, s/pp. </ref><ref>Kamen, Henry. ''Early Modern European Society''. Routledge, 2005, pp. 93-109</ref>