Orfismo (culto): diferenças entre revisões

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[[Imagem:DSC00355 - Orfeo (epoca romana) - Foto G. Dall'Orto.jpg|thumb|300px|Mosaicos órficos foram encontrados em muitas moradias romanas]]
[[File:DSC00355 - Orfeo (epoca romana) - Foto G. Dall'Orto.jpg|thumb|300px|Mosaicos órficos foram encontrados em muitas moradias romanas]]'''Orfismo''' (mais raramente '''orficismo''') (grego antigo: Ὀρφικά) é o nome dado a um conjunto de crenças e práticas religiosas<ref name="Skinner2013">"Embora existiam poemas atribuídos a [[Orfeu]] circulando no séclo V e comunidades de adoradores desses poemas, não existia uma religião coerente chamada 'Orfismo'."{{cite book|author=Marilyn B. Skinner|title=Sexuality in Greek and Roman Culture|url=http://books.google.com/books?id=mR4NAAAAQBAJ|date=8 July 2013|publisher=John Wiley & Sons|isbn=978-1-118-61081-7|page=164}}</ref> originárias do mundo grego helenista bem como pelos [[trácios]],<ref name="LaetHerrmann1996">{{cite book|author1=Sigfried Jan De Laet|author2=Joachim Herrmann|title=History of Humanity: From the seventh century BC to the seventh century AD. Volume III.|url=http://books.google.com/books?id=WGUz01yBumEC&pg=PA183|publisher=UNESCO|isbn=978-92-3-102812-0|pages=182–183}}</ref> associada com a literatura atribuída ao poeta mítico [[Orfeu]], que desceu ao [[Hades]] e voltou. Poesia contendo crenças distintamente órficas foram rastreadas até o século 6 a.C.<ref>Backgrounds of Early Christianity by Everett Ferguson,2003,page 162,"Orphism began in the sixth century B.C"</ref> ou pelo menos até o século 5 a.C., e escritas do século 5 a.C. aparentemente se referem a "Órficos".<ref>[[W. K. C. Guthrie]], ''The Greeks & Their Gods'' (Beacon, 1954), p. 322; [[Geoffrey Kirk|Kirk]], Raven, & Schofield, ''The Presocratic Philosophers'' (Cambridge, 1983, 2nd edition), pp. 21, 30-31, 33; Parker, "Early Orphism", pp. 485, 497</ref> Fontes clássicas, como Platão, referem-se a "iniciadores em Orfeu" (Ὀρφεοτελεσταί), e ritos associados, embora o quanto a literatura "órfica", em geral está relacionada a esses ritos ainda não é certo.<ref>Parker, "Early Orphism", pp. 484, 487.</ref>
 
 
[[File:DSC00355 - Orfeo (epoca romana) - Foto G. Dall'Orto.jpg|thumb|300px|Mosaicos órficos foram encontrados em muitas moradias romanas]]'''Orfismo''' (mais raramente '''orficismo''') (grego antigo: Ὀρφικά) é o nome dado a um conjunto de crenças e práticas religiosas<ref name="Skinner2013">"Embora existiam poemas atribuídos a [[Orfeu]] circulando no séclo {{séc|V}} e comunidades de adoradores desses poemas, não existia uma religião coerente chamada 'Orfismo'."{{cite book|author=Marilyn B. Skinner|title=Sexuality in Greek and Roman Culture|url=http://books.google.com/books?id=mR4NAAAAQBAJ|date=8 July 2013|publisher=John Wiley & Sons|isbn=978-1-118-61081-7|page=164}}</ref> originárias do mundo grego helenista bem como pelos [[trácios]],<ref name="LaetHerrmann1996">{{cite book|author1=Sigfried Jan De Laet|author2=Joachim Herrmann|title=History of Humanity: From the seventh century BC to the seventh century AD. Volume III.|url=http://books.google.com/books?id=WGUz01yBumEC&pg=PA183|publisher=UNESCO|isbn=978-92-3-102812-0|pages=182–183}}</ref> associada com a literatura atribuída ao poeta mítico [[Orfeu]], que desceu ao [[Hades]] e voltou. Poesia contendo crenças distintamente órficas foram rastreadas até o século 6 a.C.{{-séc|VI}}<ref>Backgrounds of Early Christianity by Everett Ferguson,2003,page 162,"Orphism began in the sixth century B.C"</ref> ou pelo menos até o século 5 a.C.{{-séc|V}}, e escritas do século 5 a.C.{{-séc|V}} aparentemente se referem a "Órficos".<ref>[[W. K. C. Guthrie]], ''The Greeks & Their Gods'' (Beacon, 1954), p. 322; [[Geoffrey Kirk|Kirk]], Raven, & Schofield, ''The Presocratic Philosophers'' (Cambridge, 1983, 2nd edition), pp. 21, 30-31, 33; Parker, "Early Orphism", pp. 485, 497</ref> Fontes clássicas, como Platão, referem-se a "iniciadores em Orfeu" (Ὀρφεοτελεσταί), e ritos associados, embora o quanto a literatura "órfica", em geral está relacionada a esses ritos ainda não é certo.<ref>Parker, "Early Orphism", pp. 484, 487.</ref>
==Origem==
Não está claro, em especial, a relação do orfismo a fenômenos relacionados dentro da religião grega, como [[pitagorismo]], os [[mistérios de Elêusis]],<ref>Siehe dazu Fritz Graf: ''Eleusis und die orphische Dichtung Athens in vorhellenistischer Zeit'', Berlin 1974, S. 1–8.</ref> várias manifestações de culto a [[Dionísio]] e a filosofia religiosa do pré-socrático [[Empédocles]]. No século {{-séc|V a.C.}} [[Heródoto]] relatou a proibição do sepultamento do morto vestindo roupas de lã, uma disposição funeral que chamou de órfica. <ref>Heródoto 2.81.</ref>
 
== Peculiaridades ==
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== Evidências ==
 
As visões e práticas órficas foram testemunhadas por [[Heródoto]], [[Eurípides]] e [[Platão]]. A maioria das fontes de ensinamentos e práticas órficas é atrasada e ambígua, e alguns estudiosos afirmam que o orfismo tenha sido na verdade uma construção de uma data mais recente do que se acredita. Porém, os [[papiros Derveni]], descobertos há poucos anos, permitem datar a mitologia órfica em quatro séculos AECa.C. ou até uma data mais antiga que essa. Outras inscrições encontradas testemunham a antiga existência de um movimento com as mesmas crenças centrais que foi mais tarde associado com o nome do orfismo.
 
== Mitologia ==
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As [[teogonia]]s órficas são trabalhos genealógicos como a Teogonia de Hesíodo, mas os detalhes são diferentes. O relato principal é: Dionísio (na sua encarnação de Zagreus) é o filho de [[Zeus]] e Perséfone; ele foi assassinado e fervido pelos [[Titã]]s. Zeus lançou um raio nestes e [[Hermes]] salvou o coração de Zagreu. As cinzas resultantes geraram a humanidade pecaminosa, composta dos corpos dos Titãs e de Dionísio. A alma do homem (fator dionisíaco) é portanto divina, enquanto o corpo (fator titânico) aprisiona a alma. Declarava-se que a alma retornaria repetidamente à vida, atada à roda do renascimento. O coração de Dionísio é implantado na coxa de Zeus, e este então engravida a mortal Semele com o re-nascido Dionísio.
 
A [[Teogonia Protogonos]], perdida, composta cerca de {{AC|500 AEC|X}}, só é conhecida através de comentários encontrados em [[papiro]]s e de referências nos autores clássicos, como [[Empédocles]] e [[Píndaro]]. A "Teogonia Eudemiana ", também perdida, foi composta no século {{-séc|V AEC}}, e teria sido o produto de um culto sincrético ''Baco-Curético''. A ''Teogonia Rapsódica'' , também perdida, composta na idade helenística, incorporava os trabalhos anteriores, e ficou conhecida através de sumários nos escritos de autores neo-platonistas. Já os [[Hinos Órficos]], 87 [[poema]]s hexamétricos de extensão mais curta, foram compostos no final da era helenística ou início da era imperial romana.
 
== Escatologia ==
 
As fontes epigráficas demonstram que a mitologia ''órfica'' sobre a morte e ressurreição de Dionísio estava associada a crenças em uma vida pós-morte abençoada. Tábuas de ossos encontradas em [[Ólbia (Ucrânia)|Ólbia]] ({{AC|{{-séc|V}}|x}}) traziam inscrições curtas e enigmáticas do tipo: ''Vida. Morte. Vida. Verdade. Dio(nísio). Órficos''. A função dessas tábuas não se sabe qual era.
Folhas douradas encontradas em túmulos de [[Túrio]], [[Hipônio]], [[Tessália]] e [[Creta]] ({{AC|{{-séc|IV}}|x}}) davam instruções ao morto. Quando ele chegasse ao Hades, deveria tomar cuidado para não beber do [[Rio Letes]] (''Esquecimento''), mas do poço de ''Mnemósine'' ("Memória"), e deveria dizer aos guardas: ''Eu sou o filho da Terra e do Céu Estrelado. Estou com sede, dê-me algo para beber da fonte de Mnemósina.'' Outras folhas douradas diziam: "Agora você está morto, e agora você renasce neste mesmo dia, três vezes abençoado. Diga a Perséfone que o próprio Baco redimiu você."
 
== Pitagorismo ==
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== Os papiros Derveni ==
{{Ver artigo principalAP|[[Papiro de Derveni]]}}
Os papiros Derveni compõem um pergaminho antigo grego que foi encontrado em 1962. É um tratado filosófico que é um comentário alegórico em um poema órfico, uma teogonia que diz respeito ao nascimento dos deuses, produzido no círculo do filósofo [[Anaxágoras]], na segunda metade do século {{séc|V}} Antes da Era Comum, tornando-o ''a mais importante nova peça de evidência sobre a filosofia e religião gregas a vir à tona desde a Renascença'' (Janko, 2005). Ele data de cerca de 340 A.E.C., durante o reinado de [[Filipe II da Macedônia]], sendo o mais antigo [[manuscrito]] sobrevivente da [[Europa]]. Ele foi finalmente publicado em 2006.
 
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